
07 | Magnus Bane
ʚ˚꒰ 𝟎𝟕 ┋𝐓𝐇𝐄 𝐎𝐓𝐇𝐄𝐑 𝐒𝐈𝐃𝐄 !¡ ˑ·˚
❛❛𝑨 𝒗𝒆𝒓𝒅𝒂𝒅𝒆 𝒅𝒐́𝒊, 𝒎𝒂𝒔 𝒂 𝒎𝒆𝒏𝒕𝒊𝒓𝒂 𝒕𝒆 𝒅𝒆𝒔𝒕𝒓𝒐́𝒊.❜❜
( 𝐂𝐀𝐏𝐈́𝐓𝐔𝐋𝐎 𝐒𝐄𝐓𝐄 )
⁕꒰ ▎𝑴𝒂𝒈𝒏𝒖𝒔 𝑩𝒂𝒏𝒆 ˚‧₊
Saindo do banheiro, enrolada em sua toalha branca, Alexia entrou em seu closet indo direto à procura de suas roupas, pegando uma calça jeans preta, uma blusa branca, uma jaqueta de couro preta e seus fieis coturnos pretos.
Era sexta-feira, alguns minutos passados das cinco horas da tarde. A festa, que seria na boate conhecida como “Pandemonium” – justamente o lugar onde Jace, Izzy e Alec haviam conhecido Clary, exatamente um mês atrás – aconteceria na noite de sábado.
Dois dias haviam se passado e por mais que Alexia tivesse ficado horas e horas acordada, enfurnada dentro daquele escritório, todas as informações que ela havia conseguido coletar não eram o suficiente e quando conseguia algo sólido sempre a levava para o mesmo lugar, ou melhor dizendo, para a mesma pessoa. Então, nesse caso, ela teria que fazer algo o qual ela esperava que não seria necessário.
Já devidamente vestida e maquiada, Alexia saiu de seu closet e foi ao banheiro novamente, apenas para deixar a toalha molhada. Pegou sua estela e seu celular, ambos em cima da cama, e saiu de seu quarto, seguindo caminho pelo corredor que a levava até o escritório.
— Alexia!?
Ela olhou para trás ao ouvir seu nome ser chamado, logo Sophia e Thomas caminhavam ao seu lado, a acompanhando.
— Conseguiu descobrir alguma coisa? — Indagou Sophia.
— Deve ter conseguido, né? Quase não vimos você fora do quarto esses dois dias. — Disse Thomas, recebendo um olhar cansado da amiga.
— Apesar dos meus esforços e de ficar horas acordada, me sustentando na base do café, as informações que eu consegui sempre me levam para o mesmo lugar, Magnus Bane.
Sophia e Thomas se entreolharam.
Assim que Alexia adentrou o escritório, seguiu diretamente para a mesa e se sentou atrás dela, ligando seu notebook e vendo seus dois amigos se sentarem de frente pra ela.
— Falou com a sua mãe?
— Falei, mas não comentei nada relacionado com as memórias da Clary. — Respondeu a pergunta de Sophia. — Se eu falasse sobre isso ela iria querer os detalhes e se eu falasse os detalhes ela saberia que o Magnus estaria envolvido e se ela soubesse que o Magnus estava envolvido ela tomaria a frente a situação e acabaríamos ficando de mãos atadas.
— E então, o que vai fazer?
— Vou ligar 'pro Magnus e marcar um encontro com ele amanhã, no Pandemonium, pra tentar conseguir a ajuda dele.
— Olha, não é querendo ser pessimista e nem nada do tipo, mas só porque você e o Magnus se conhecem não quer dizer que ele vai ajudar sem pedir algo em troca. Até porque a ajuda não é pra você e sim pra Clary, as memórias são dela.
Alexia suspirou, Thomas não estava errado, ela sabia disso. Magnus podia ser um conhecido seu, podia ter lhe ajudado de várias maneiras, mas ela sabia que dessa vez seria diferente. Sabia que Magnus pediria algo em troca, um pagamento, afinal ele estaria “prestando seus serviços”. E, o ponto mais crucial no momento, ele estaria arriscando sua vida se fizesse isso.
— Eu sei, conheço aquele feiticeiro. E também sei exatamente o que usar como moeda de pagamento.
— Tem certeza que quer fazer isso? Envolver mais gente nessa história? Ainda mais o Magnus. — Sophia a olhou com certa preocupação.
— Eu queria que não fosse necessário, Soph, mas tudo o que eu faço só me leva 'pro mesmo lugar, é sempre a mesma resposta, é como se eu estivesse andando em círculo. — Um suspiro escapou de seus lábios. Alexia apoiou seus braços na mesa, olhando para a ruiva. — Além do mais, estamos falando do Magnus Bane, aquele feiticeiro já se envolveu em situações muito mais complicadas do que a que estamos enfrentando agora.
— Bom, então é torcer pra que ele não nos peça algo que possa estar fora do nosso “orçamento”. — Thomas fez aspas com os dedos.
Alexia estava prestes a falar algo relacionado com o comentário feito pelo rapaz, quando o toque de seu telefone em seu bolso chamou sua atenção.
— E por falar nele. — Disse ela, mostrando o nome de Magnus brilhando na tela do aparelho.
— Já falou com ele?
— Mandei mensagem dizendo que precisávamos conversar.
— Bom, a hora é agora então.
— Vamos deixar você sozinha, qualquer coisa manda mensagem ou liga pra gente. — Disse Sophia, recebendo uma confirmação silenciosa de Alexia.
Assim que os dois saíram, Alexia apertou a opção de aceitar a chamada e pôs o telefone em sua orelha, ouvindo a voz de Magnus Bane.
— Sabia que eu nem ao menos deveria falar com você. — Disse o feiticeiro, irritado. — Descubro que você tá em Nova York há quase um mês e nem ao menos teve a consideração de vir me visitar.
— “Oi” pra você também, Magnus.
Ela sorriu.
— Não me venha com suas ironias, mocinha. — Alexia soltou uma leve risada ouvindo os protestos de Bane do outro lado da linha. — É sério mesmo que você tá em Nova York?
— É sim. A Clave me mandou pra cá e de uma maneira da qual eu jamais imaginaria.
— Como assim?
— Senhor Bane, saiba que você está falando com a atual diretora do Instituto de Nova York.
Alexia franziu o cenho e olhou brevemente para a tela de seu telefone para se certificar de que a chamada ainda estava ativa quando a ligação ficou em completo silêncio por alguns segundos.
— O QUE? — Ela se assustou, afastando o celular de sua orelha quando o feiticeiro gritou. — É sério?
— Eu também fiquei surpresa, ainda mais por ser justo aqui. Não imaginei que quando eu voltasse seria de uma maneira tão abrupta e sendo “obrigada”.
— E... Como foi?
Alexia passou a língua entre os lábios, girando a cadeira onde estava sentada até que ela ficasse de frente para a janela, tendo a visão da cidade às exatas seis e meia da tarde, onde o sol já se prepara para se esconder entre os prédios.
— Estranho e repentino. — Respondeu, sabendo exatamente a que se referia a pergunta de Magnus.
— E como tá agora?
— Continua estranho. Ainda não paramos pra conversar, não tivemos tempo. E também, eles precisavam assimilar as coisas. Sabe... Assimilar o fato de eu 'tava de volta depois de dois anos sem verem a minha cara.
— E como você tá?
— Sinceramente, eu não sei. — Um suspiro saiu por seus lábios, sendo ouvido por Magnus.
Alexia sentiu seu corpo ficar tenso sobre o estofado da cadeira, suas pernas estavam inquietas. Nem ela mesma sabia como ela estava em relação a tudo aquilo, eram tantas coisas acontecendo ao mesmo tempo que nem ao menos tinha tempo para pensar em si mesma.
— Tá acontecendo muita coisa ao mesmo tempo que eu nem ao menos sei o que pensar.
— Sabe que se quiser um lugar pra ficar e espairecer a mente pode vir pra cá.
— Eu sei, obrigada Magnus. — Ela sorriu. — Mas, esse não é o assunto do qual quero falar agora.
— Eu imagino mesmo que não seja.
Alexia se levantou, dando apenas alguns pequenos passos até estar próxima da janela. Seus olhos fixos nas luzes da cidade.
— Você sabe o que tá acontecendo, não sabe? Valentine, a busca pelo Cálice Mortal...
— É... — Murmurou baixinho. — De verdade, eu nunca acreditei que ele tivesse morrido, é como dizem, demônios não são fáceis de matar.
— Não são mesmo.
Alexia suspirou, enquanto sua mão direita segurava o telefone contra seu ouvido, sua mão direita passava por entre os fios de seus cabelos. Este era um claro sinal seu de inquietação.
— Magnus... Você conhece alguém com o nome Jocelyn Fray?
— Hum... Jocelyn é um nome comum, já conheci muitas Jocely's, mas nenhuma com esse sobrenome.
Ela sorriu anasalado. Já conhecia perfeitamente bem a maioria de seus joguinhos.
— E que tal Fairchild? Jocelyn Fairchild. Conhece esse nome?
Magnus ficou em silêncio. Por mais que Alexia não pudesse vê-lo no momento, ela sabia que ele tinha uma expressão nada contente em seu rosto.
— Sim, conheço.
— Magnus... Eu vou te fazer uma pergunta e, por favor, só me responda com “sim” ou “não”, sem rodeios. — Esperou por alguma resposta, mas quando não obteve nada ela apenas umedeceu os lábios e continuou. — Foi você que apagou as memórias da Clary?
— Sim, fui eu. — Respondeu, da maneira que ela havia lhe pedido.
— Existe uma maneira de devolvê-las?
— Talvez sim, talvez não.
Alexia moveu seus pés para longe de onde estava, andando de um lado para o outro da sala. Bane e seus joguinhos.
— Olha, eu sei que isso pode ser arriscado como qualquer outra coisa no nosso mundo, mas recuperar as memórias da Clary é a única maneira que temos de encontrar o Cálice Mortal e impedir Valentine.
Silêncio, era apenas isso que havia restado. Magnus apenas ouvia as palavras de Alexia, mas não dizia nada. Ele estava ciente de toda a situação a qual o Mundo das Sombras se encontrava atualmente e no quanto ele corria perigo.
Magnus era esperto, um feiticeiro muito esperto. Estava vivo a séculos, conhecia perfeitamente bem os perigos que já havia rondado por esta terra. Sempre colocando a si mesmo e a sua segurança em primeiro lugar, como estava fazendo agora.
Ele sabia que devolver as memórias de Clary poderia ser um risco, não somente para a própria Clarissa como também para todo mundo. Valentine era astuto, sempre um passo à frente de todos. Mas ele também conhecia Alexia, confiava nela e em suas escolhas.
— Saiba que você será recompensado por isso.
— O que Clary tem a me dar?
— Não o que ela tem a te dar e sim o que eu tenho a te dar.
— Uuh, isso é novidade.
Mesmo não o vendo, Alexia sabia que um sorriso zombeteiro estava plantado em seu rosto.
Ela se encostou na ponta da mesa, cruzando seus pés no chão e voltando a olhar para o lado de fora, através da janela.
— O ano de 1857 te lembra alguma coisa? — Indagou ela, erguendo uma de suas sobrancelhas e sorriu ladino.
— Quando e onde?
A mulher soltou uma leve risada com a pressa de Magnus após sua pergunta.
— Amanhã, no Pandemonium.
— Você já sabia que eu iria pra lá, não sabia? — Ele franziu as sobrancelhas.
— Conheço você, Bane. — Do outro lado do telefone, Magnus sorriu de canto. — Te vejo amanhã, feiticeiro.
— Te vejo amanhã, híbrida.
Após o encerramento da ligação, que durou aproximadamente vinte minutos, Alexia deixou o celular em cima da mesa, cruzando seus braços frente ao corpo e ainda mantendo seu olhar fixo nas luzes do lado de fora.
Ela apoiou as mãos na madeira da mesa, cada uma ao lado de seu corpo. Apesar de estar cansada, sem forças, Alexia ainda tinha esperança de que aquilo poderia funcionar, de que eles conseguiriam encontrar o Cálice e impedir Valentine. Esse era o seu maior desejo.
Seus passos até a sala de comando eram firmes, havia pedido para que Thomas e Sophia reunissem todos, pois ela tinha um anúncio a fazer. De longe ela já podia ver a presença de todos ali, no mesmo lugar de dois dias atrás.
Sophia e Isabelle estavam sentados na ponta da mesa enquanto a Lightwood e a Lovelance conversavam entre si, provavelmente sobre algo relacionado a maquiagem ou roupa – já que as duas haviam encontrado uma paixão em comum entre elas –, enquanto Thomas se mantinha em pé, ao lado de sua parabatai, mexendo nos fios longos e avermelhados da mulher, ouvindo a conversa.
Jace e Clary estavam ali perto, conversando um com o outro. Clarissa ainda estava confusa com tudo o que estava acontecendo em sua volta e fazia inúmeras perguntas para o loiro que respondia de muito bom grado. E Alec, por mais que estivesse perto o suficiente para ouvir a conversa dos dois, estava com sua mente em outro lugar que nem ao menos notou quando Alexia se aproximou, anunciando sua presença.
— Vocês podem me acompanhar? Por favor.
Thomas e Sophia foram os primeiros a se levantarem e seguirem os passos de Alexia. Isabelle e Jace se entreolharam e logo foram atrás da Carstairs, sendo acompanhados por Clary. Já Alec ficou alguns segundos aéreo, pensativo, antes de se levantar e seguir o mesmo caminho de Alexia.
De início, eles ficaram confusos ao verem que a morena os havia guiado em direção à sala de armas, mas em questão de segundo ficaram curiosos ao verem ela se abaixar no chão, pegar sua estela e abrir o cofre do Instituto, onde lá era guardado os itens de mais importância e valor e era justamente onde estava o que Alexandra procurava.
— Nossa! Isso é de verdade? — Isabelle arregalou os olhos, vendo Alexia pegar um colar em suas mãos.
— É sim. — A Carstairs se levantou, aproximando-se. — Um Rubi Burmese, não aquecido, de quatro quilates.
Explicou, mostrando a joia em suas mãos. Apesar de suas correntes prateadas brilharem na luz, o que mais chamava atenção era a pedra do Rubi.
— É lindo. — Disse Izzy, pegando a joia em suas mãos e a analisando minuciosamente.
Sophia, que estava ao seu lado, também ficou fascinada com o objeto.
— A pedra é encantada com um feitiço que alerta a pessoa que o está usando sobre a presença de demônios.
— E por que tá mostrando isso pra gente? — Jace arqueou uma sobrancelha, curioso.
— Porque é isso que vamos usar como o “pagamento” do Magnus. — Explicou Alexia. — Esse colar tem um grande significado pra ele, já que o comprou na década de 1850 como um presente para sua amante naquela época, Camille Belcourt.
— Espera, Camille e Magnus eram amantes? — Clary arregalou os olhos surpresa.
— O feiticeiro é pegador. — Jace sorriu em tom brincalhão.
— O encontro tá marcado pra amanhã, à noite, no Pandemonium. — Comunicou a Carstairs.
— Vai seguir com o meu plano? — Indagou Jace.
— Não, vou seguir com o meu plano. — O loiro arqueou uma de suas sobrancelhas. — Encontramos com o Magnus, fazemos a troca do colar com as memórias da Clary e depois cada um segue seu caminho. Simples, rápido e fácil.
— Nunca é simples, rápido e fácil. Já deveria saber disso. — Murmurou Alec.
Desde que havia entrado naquela sala ele se manteve calado, na verdade, desde o momento em que Sophia e Thomas os havia chamado na sala de comando.
Dois dias que sua mente não parava quieta, desde a “conversa” que teve com Alexia na sala de treinamento. As palavras dela não saiam de sua cabeça. Você não entenderia.
O que ele não entenderia? Eram tantas perguntas, mas nenhuma resposta. E ele precisava de respostas.
— Mas dessa vez vai ser, simples, rápido e fácil. — Disse ela, confiante. — Tem que ser.
— Então, agora é esperar até amanhã. — Disse Thomas, chamando a atenção de Alexia.
— Exatamente. — Alexia pegou o colar que ainda estava nas mãos de Izzy e o guardou novamente no cofre. — Estejam prontos amanhã às oito, quem se atrasar fica pra trás.
Foi tudo o que ela disse antes de todos saírem dali e seguirem cada um para seus devidos quartos.
O dia havia passado rápido, até demais em vista aos olhos de Aexia. Já eram sete e meia da noite, faltavam apenas trinta minutos para as oito horas, horário o qual eles sairiam.
Alexia estava enfiada dentro de seu closet, procurando por sua jaqueta em meio às suas roupas. Ela usava uma saia de couro preta que ia poucos centímetros abaixo da metade de suas coxas.
Na parte de cima ela usava um corset azul marinho de alças finas que acentuava perfeitamente em seu corpo, deixando sua cintura devidamente marcada. Nos pés, uma bota preta de salto plataforma. E em seu rosto, uma maquiagem leve, deixando em destaque o batom vermelho em sua boca.
Alexia guardou sua estela e seu celular no bolso de sua jaqueta, assim que a vestiu, e logo em seguida saiu do quarto, seguindo em direção à sala de armas, onde havia marcado de encontrar todo mundo antes de sair.
No meio do caminho, ela acabou encontrando Thomas, que também seguia na mesma direção. Ele assobiou quando viu a garota, sorrindo antes de se aproximar dela.
— Tem namorado, gatinha?
— Sério? — A morena o olhou horrorizada.
Ele apenas deu de ombros, sorrindo da amiga e seguiu caminho, puxando ela junto.
Assim que passaram pela porta da sala de armas, acabaram dando de cara com Isabelle e Alec. Eles pareciam conversar sobre algo e acabaram se surpreendendo quando viram Alexia entrar.
— Oi. — Ela os cumprimentou, educadamente.
— Oi, Alexia. — Isabelle sorriu simpática.
Ela cutucou o irmão disfarçadamente, o repreendendo com o olhar.
— Oi, Alexia. — Sua voz saiu um pouco baixa, mas o suficiente para que a garota ouvisse.
A Carstairs sorriu como resposta.
— Gostei do vestido, combina com você. — Comentou Alexia, enquanto se aproximava do estoque de adagas, olhando de soslaio para a roupa que Isabelle trajava.
Um vestido prata, cheio de lantejoulas brilhantes e uma tiara, tão brilhante quanto seu vestido.
— Obrigada. — A Lightwood a olhou contente.
Alexia pegou duas adagas, guardando cada uma delas em suas botas, dentro de suas meias. Thomas se aproximou do estoque de Espadas de Serafim, pegando uma delas e guardando no bolso de sua calça, junto de algumas shurikens, que ele as guardou, cuidadosamente, em sua jaqueta.
Em segundos a atenção dos quatro shadowhunters foi em direção à porta, por onde passou Sophia, entrando elegantemente com seus saltos vermelhos.
— Desculpa a demora, eu não 'tava encontrando meu batom.
Thomas pôs as mãos na cintura, semicerrando os olhos na direção de sua parabatai que apenas deu de ombros e seguiu para o lado de Isabelle, pegando algumas pequenas armas e as guardando em suas roupas.
— Jace e Clary estão prontos? — Perguntou Alexia, se abaixando perto ao lado do cofre que fica escondido no chão e o abrindo, pegando o colar que ela havia deixado ali.
— Já devem estar vindo. — Respondeu Isabelle.
Alexia olhou as horas em seu celular, vendo que faltavam dez minutos.
Ela se levantou, fechando o cofre e indo para perto de Thomas e Sophia, que terminaram de arrumar suas armas, e se encostou numa parede ali perto. Ela brincava, descontraidamente, com o anel prateado da família Carstairs em seu dedo, tentando não demonstrar nenhuma reação ao sentir o olhar de Alec sobre si.
Alexander estava nervoso, ele disfarçava, mas sua irmã já havia percebido. Por mais que ele tentasse, não conseguia ficar muito tempo sem manter seu olhar nela. Ela era como um imã para seus olhos.
— Vamos?
Alexia ergueu seus olhos quando ouviu a voz de Jace, ele estava parado na porta com Clary ao seu lado.
— Eu posso levar o colar? — Isabelle perguntou para Alexia, um pouco tímida, de início.
Alec franziu o cenho na direção da irmã, assim como Jace e a Carstairs a olhou surpresa, erguendo uma de suas sobrancelhas.
— “Eu posso ir usando o colar”, você quer dizer, certo?
A Lightwood sorriu culpada, mas se surpreendeu quando viu Alexia tirar a joia do bolso de sua jaqueta e lhe entregar.
— Só 'tô deixando porque combina com a sua roupa.
Isabelle o pegou, colocando em seu pescoço logo em seguida. Ela sorriu, alegre e agradecida.
— Vamos logo, antes que o Magnus acabe mudando de ideia.
Murmurou Alec, saindo da sala e sendo acompanhado pelos outros segundos depois.
— Que bicho mordeu ele dessa vez? — Jace olhou para Isabelle, que caminhava ao lado dele e de Clary.
— É o Alec, o que você acha que foi dessa vez? — Ela sorriu, indicando, disfarçadamente, com os olhos para a morena que vinha logo atrás junto de Thomas e Sophia.
Jace não disse nada, apenas seguiu caminho até o elevador onde Alexander os esperava e em poucos minutos eles já caminhavam pelas calçadas de Nova York em direção à boate.
Jace e Clary caminhavam juntos, enquanto o loiro respondia às inúmeras perguntas que a Fairchild lhe fazia. Isabelle e Sophia iam agarradas uma na outra. Thomas e Alexia seguiam lado a lado, trocando palavras um com o outro. Já Alec seguia atrás deles, com uma expressão de poucos amigos em seu rosto.
Entretanto, no momento em que seus olhos captaram o instante em que a mão da Carstairs percorreu o braço de Ashdown até entrelaçar com o dele, o Lightwood mudou sua expressão no mesmo segundo, sentido um nó se formar em sua garganta.
Ele apertou os passos, seguindo na frente de todo mundo.
— É melhor nos apressarmos.
Isabelle franziu o cenho ao ver seu irmão eufórico daquele jeito, caminhando em passos pesados e apressados na frente de todos. Ela trocou alguns olhares com Jace, que também não havia entendido nada daquilo e apenas deu de ombros.
— Ele é bem estressadinho, né? — Thomas sussurrou no ouvido da Carstairs.
Ela apenas suspirou, olhando para ele e para Alec, que agora estava bem mais à frente. Eles apertaram os passos, tentando acompanhar o rapaz.
Enquanto Jace, Izzy e Clary esperavam na fila da boate, Thomas, Sophia Alec e Alexia saíram para dar uma conferida no perímetro.
— Tudo limpo. — Informou Alec, voltando para perto dos três.
Segundos depois voltaram os três amigos.
— Não vi nada de estranho em um raio de um quilômetro. — Disse Thomas. — A não ser um cara que 'tava gritando com o taxista, chamando ele de homofóbico e depois ficou agarrado em um hidrante que 'tava vestido de noiva.
Todos olharam pra ele com uma expressão confusa em seus rosto, vendo o rapaz sorrir depois de contar os acontecimentos que ele havia presenciado.
— Você é estranho.
Sophia soltou uma leve risada com o comentário de Jace.
— Acham que vermelho é minha cor? — Isabelle entrelaçou seu braço com o de Sophia e passou as pontas de seus dedos sobre o pingente em seu pescoço.
— Olha, com um corpo desses, qualquer cor é sua cor. — Respondeu Clary, olhando para a morena.
— Faz sentido. — Sorriu convencida. — Caramba! Eu faço esse cordão ficar muito melhor.
Alexia reprimiu um riso com a fala da Lightwood. Nossa, como ela sentia falta de ouvir Isabelle sempre se gabando de suas roupas.
— Será que dá pra tirar? — Alec a repreendeu. — Eu tenho certeza que o Magnus Bane não vai querer baba no colar quando fizermos a troca.
— Você é sempre tão bem humorado, sabia? — Ironizou Thomas, olhando para Alec que lhe lançou um olhar nada agradável.
— Thomas! — Alexia o repreendeu, puxando levemente o braço do rapaz que estava entrelaçado com o dela.
— O que? — Ele deu de ombros.
— Eu não teria tanta certeza disso, maninho. — Izzy sorri maliciosa. — A maioria dos homens gostam quando admiro as joias.
— Pelo amor dos anjos, Isabelle! — Exclamou Sophia, fazendo uma cara de nojo.
— Eu gostaria de não ter entendido isso. — Alexia apertou os olhos, fazendo uma expressão de nojo.
A pequena “briga” entre Izzy e Alec continuou até que eles entrassem na boate. Estava lotado, a música estava alta e várias luzes coloridas piscavam ao mesmo tempo, tudo aquilo apenas fazia com que Alexia tivesse flashes de seu passado rondando por sua mente no momento. Ela sorriu, disfarçadamente.
— Jace, eu e você levamos a Clary até o Magnus. — Anunciou Alexia.
Jace a olhou surpreso, mas não disse nada, apenas concordou.
— Thomas e Sophia, vão lá pra cima e chequem o local. Alec e Izzy, vocês ficam aqui embaixo. — Disse, autoritária. — Tomem cuidado. Se misturem, mas mantenham suas armas prontas.
Thomas e Sophia logo fizeram o que Alexia havia mandado. Antes de se afastar, Isabelle devolveu o colar para Alexandra.
Alexia guardou o colar em seu bolso e aproveitou para certificar se sua adaga estava em uma posição fácil de ser tirada. Ela olhou ao redor, procurando pelo feiticeiro e logo o encontrou sentado próximo à mesa do DJ, enquanto se admirava no pequeno espelho em sua mão.
— Ali tá ele. — Disse para Jace e Clary.
Por impulso, Jace segurou na mão da garota e a guiou, junto de Clary, até onde Magnus estava. Alexia se assustou ao sentir a mão de Wayland segurando a sua, mas aquilo a fez lembrar do quanto ele sempre era protetor consigo, não importava o local ou a situação.
Jace nem ao menos havia se dado conta do que tinha feito, era uma mania que ele sempre teve quando ele e Alexia saiam em alguma missão ou para qualquer outro lugar. Era umas das formas a qual ele sentia que a protegia e ela também se sentia protegida com aquele simples gesto.
— Magnus!? — Ela o chamou, assim que se aproximou.
O feiticeiro ergueu o olhar na direção da voz que o havia chamado, e um sorriso ladino nasceu em seu rosto ao vê-la.
— Alexandra. — Cantarolou o nome dela, se levantando e indo ao seu encontro. — É bom vê-la novamente. Vejo que veio acompanhada. — Olhou para Jace ao lado dela que ergueu uma sobrancelha em direção ao feiticeiro.
— Magnus Bane. — Clary deu um passo à frente, demonstrando autoconfiança. — Então foi você que roubou as minhas lembranças?
— Fiz isso a pedido de sua mãe, ela sabia o risco, Clary Fairchild. — Retrucou. — Você virou uma linda mulher, por sinal.
Jace viu Alexia tirar a joia de seu bolso e no momento que Magnus a viu seus olhos brilharam. Ela estendeu a mão para entregar o colar ao Bane, mas foi segurada pelo loiro.
— As lembranças. — Disse ele, alertando sobre o que realmente importava.
— Tá tudo bem, Jace. — Ela olhou em seus olhos, lhe passando confiança. E ele confiava nela.
Devagar, ele soltou sua mão e Magnus pegou o colar.
— Amor verus non moriator, o verdadeiro amor nunca morre. — Ele leu o nome que estava gravado no exterior do pingente, na parte de trás. — Ai, como eu senti falta dessa joia. — Suspirou, aliviado.
— Agora é sua vez de pagar. Cadê as minhas lembranças.
— Eu gostaria de poder recuperar a sua memória, mas eu não estou mais com ela.
Alexia arregalou os olhos com essa informação.
— O que? Onde elas estão?
— Eu alimentei o demônio da memória com elas, por segurança.
— Você me enganou. — Alexia deu um passo em sua direção. — Disse que poderia recuperar as memórias da Clary.
— Você me perguntou se havia alguma maneira de devolvê-las e eu disse que talvez sim ou talvez não. — Ele tocou a ponta do nariz da morena. — Seja esperta, minha pequena. Eu te ensinei a ser esperta.
— Magnus...
Ela fechou as mãos em punho, suas unhas sendo forçadas contra a sua palma, controlando a raiva que começava a emanar em seu corpo.
— Por que fez isso? — Indagou Jace.
— Pra proteger a Clary e o Cálice. — Respondeu, como se fosse óbvio. — Se Valentine me capturasse ele poderia me torturar pra conseguir as lembranças dela, assim como torturou a Dot.
— Torturou? — Clary arregalou os olhos, em choque. — Ela tá bem?
— Você não sabe? Dot está morta.
— C-como assim? Como sabe disso? — Sua voz saiu trêmula.
— Não consigo mais sentir a magia dela. Valentine a matou porque ela não traiu a sua mãe. — Explicou.
— Meu Deus...
Apenas de ouvir aquele nome e o que ele havia feito, vendo como Clary estava por perder uma amiga, Alexia sentia o ódio crescer dentro de si.
— Venha comigo, Clary. — Magnus se aproximou da garota, pondo a mão em seu ombro. — Meu esconderijo pode te oferecer a proteção que nenhum shadowhunter jamais poderia.
Jace sorriu irônico e Alexia ergueu as sobrancelhas.
— É sério, Magnus?
— Não. — Clary se desvencilhou de seu toque. — Eu não vou a lugar nenhum com você.
— Não seja boba, a sua mãe iria querer que viesse.
— Então recupera as minhas lembranças do demônio pra quem você deu. — Ela deu um passo à frente, em desafio.
— Valentine está te caçando também, cada minuto que estamos fora da proteção do meu esconderijo é um minuto que ele fica mais perto de nos achar.
Magnus se afastou, apenas para ter espaço o suficiente para abrir um portal que o levaria para longe dali.
— Venha comigo. — Estendeu a mão para Clary. Ela apenas olhou para Jace e Alexia, ambos se mantinham lado a lado, apenas olhando tudo aquilo. — Eu não vou oferecer de novo.
— Não. — Disse confiante. — Eu não vou fugir dos meus problemas e você também não deveria.
— Escuta, Magnus, eu te ajudei a ter o seu colar de volta, então me ajuda a-
— CUIDADO!
A atenção dos quatro ali foi voltada para Thomas, no andar de cima. Antes mesmo que eles pudessem entender o que estava acontecendo, uma flecha – atirada por Alec – passou entre eles e atingiu um homem logo à frente, que estava pronto para atacá-los.
Sophia e Isabelle correram até eles enquanto Alec foi diretamente até o corpo do homem, agora caído no chão, verificando o local, se certificando se tinha mais alguém ou não.
Thomas pulou lá de cima.
— Magnus!?
Alexia chamou pelo feiticeiro quando o viu se afastar e correr em direção ao portal que ele havia aberto.
— NÃO!
Clary ainda tentou segurá-lo, mas não adiantou. Tudo o que ela conseguiu foi arrancar um dos botões da roupa que ele usava.
Alexia suspirou, frustrada.
— Ele tem uma runa do Ciclo na base do pescoço. — Informou Thomas, abaixado ao lado do corpo do homem.
— Não tem mais ninguém, ele 'tava sozinho. — Disse Alec.
— Eles sabem onde estamos, aqui não é mais seguro, precisamos voltar para o Instituto. — Sophia se pronunciou, olhando para Alexia que ainda estava paralisada em meio a toda essa situação.
Alexia estava nervosa, aflita, seu tinha acabado de ir por água abaixo. Estava na estaca zero, não tinha nada. Suas esperanças haviam se esvaído.
Ela não abriu para falar nada, se manteve quieta, em silêncio. Ela apenas deixou um longo e frustrado suspiro sair de sua boca e logo em seguida seguiu para fora dali. Seus passos eram pesados e, apesar da música alta, era possível ouvir o som de seus saltos batendo pesadamente no chão.
Todos apenas a olharam confusos, sem entender o motivo dela apenas ter saído sem dizer nada. Mas Thomas, conhecendo bem a amiga que tinha, sabia que aquilo não era um bom sinal.
— Vamos embora. — Jace os chamou.
O loiro segurou Clary pelo braço, a puxando em direção à saída dos fundos, por onde Alexia havia saído, sendo acompanhado pelos outros.
— Acha que a Alexia vai conseguir resolver isso? — Sophia sussurrou no ouvido de seu parabatai.
— Sinceramente, eu acho que ela vai surtar.
|19.07.2024|
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