~23~
POV: Lalisa Manoban
Krabi|16/01/2024
Hoje é aniversário da Jennie. Já está um pouco tarde, são sete horas da noite aqui na Tailândia. O fuso horário daqui é horrível para quem mora na América. Vou ter que me acostumar de novo.
Jennie pensa que esqueci o aniversário dela, mas, na verdade, estou planejando fazer algo.
Chegamos por volta das cinco da tarde, Jennie capotou assim que chegou. Enquanto ela dormia, reservei um restaurante para jantarmos e fui ao shopping comprar um presente para ela.
Um não, vários.
- Já se arrumou? - apareci na porta do banheiro, fazendo-a dar um pulo e quase furar o olho com o lápis. - Ui! Tome cuidado com isso. Vai ficar cega se não usar corretamente - adentrei o banheiro e fiquei encarando ela pelo reflexo.
- Eu tava usando ele corretamente até você chegar.
- Vou embora, então. Vou ir comer alguma coisa, pelo visto cê vai demorar mais.
- Estou quase terminando, já te encontro.
- Você disse isso nas últimas 6 vezes que eu vim perguntar se estava pronta.
- Por que você não vai se arrumar? - olhei minha roupa.
- Mas eu já estou pronta.
Ela riu.
- Eu não vou sair com você vestida com o uniforme do Brasil - ela voltou a passar o lápis no olho.
- Tá bom... Eu vou trocar.
Saí do banheiro cabisbaixa, apenas escutando a risada nasal da Jennie diminuir conforme eu andava.
Coloquei uma roupa mais adequada. Iríamos em um restaurante bem chique aqui em Krabi.
Bom, por ser uma cidade turística, meio que as coisas são mais caprichadas. Mais caras também. Mas, dinheiro não é um problema para mim.
Coloquei uma calça sarja preta, uma camisa de botão preta por dentro da calça, e um blazer por cima. Logo coloquei um Air Force branco. De acessórios, coloquei uma corrente prata combinando com uma pulsera, alguns anéis e o meu relógio de ponteiro.
Fui até o espelho, arrumei meu cabelo e alinhei minha franja. Logo dei um sorriso e admirei o quanto eu sou linda.
Peguei os presentes de Jennie e fui espera-la na sala. Liguei meu vídeo game e fui jogar The Last Of Us. Meio que eu passei na loja de eletrônicos e comprei um monte de jogos.
Depois de um tempo, ouvi alguém limpar a garganta, assim, virei-me para trás e me deparei com a mulher mais linda de todo o universo.
- Uau! - fiquei boquiaberta e sem reação.
- Você morreu - ela apontou para a TV.
- O quê? - olhei para a tela grande e eu tinha morrido. - NÃOOOOOOOO!!!! - levantei para fazer meu drama. Logo escutei Jennie rindo.
- Você é muito ruim.
- Na verdade, você que me distraiu com a sua beleza.
- Eu não tenho culpa de ter nascido linda.
Jennie está vestindo um vestido preto e colado, junto com um salto da mesma cor, fazendo ela ficar do meu tamanho. Seu rosto está disfarçado com maquiagem. Ela também colocou cílios postiços, unhas postiças, batom vermelho. De acessórios ela colocou uma correntinha que tinha um J, algumas pulseiras e só.
O que mais me chamou atenção além de o seu vestido colado, resaltando todas as curvas do seu corpo, e o seu cabelo liso no topo e ondulado nas pontas, foi o delineado de gatinho.
Puta merda!
Esta mulher é perfeita.
- Lalisa?! Tá aí?
Balancei a cabeça retomando meus sentidos.
- Você está linda!
- Você também está, Manoban - ela entrelaçou seus braços em meu pescoço, fazendo eu rodear os meus braços pelo o seu quadril fino e bem desenhado.
- Eu tenho um presente pra você.
- Qual presente?
Fui até o sofá e peguei uma caixa.
- Aqui!
Ela começou a abrir. Quando viu o que era, ficou boquiaberta e sem reação alguma.
- iPhone 15? Puta merda, Lalisa! Assim você vai acabar me mimando demais.
- Mas eu quero te mimar. Eu quero que você seja a minha Jennie mimadinha que todo mundo odeia. Assim, só eu poderei ter o seu amor - ela me olhou e sorriu, entendendo a minha intenção.
- Egoísta...
***
Depois de algum tempo no restaurante, esperando nossos vinhos, eles finalmente chegaram.
- Khob khun kha! - agradeci fazendo o wai logo após de o garçom nos entregar o vinho.
- Tailandês... Isso vai ser difícil - Jennie disse e eu ri.
- Nao, não. Vamos lá. Repita comigo: Khob khun - disse lentamente.
- Kob kun.
- Não. Khob khun!
- Kob kun.
- Assim não, Jennie. Quando você foi falar, você tem que assoprar ao mesmo tempo. Khob Khun! Entendeu?
- Khon khun!
- Isso, garota!
- Khob khun kha! - ela fez o wai igual a mim. Sorri ao vê-la feliz daquele jeito. Sem se preocupar com o Kai e nem com ninguém.
Depois de um tempo jogando conversa a fora, resolvemos pedir nosso jantar.
- O que você quer, Mandu?
- Escolhe você. Não estou entendendo nada desse cardápio - ela disse, confusa.
- Como você está aqui faz poucas horas, irei pedir o prato mais famosos pelos turistas. Este prato não tem tanta pimenta como os outros.
Pedi um Pad Thai para ela e um Tom Yum Going - sopa picante de camarão - para mim.
- Jennie, eu passei na casa dos seus pais antes de ir pra sua e peguei isso - entreguei o ursinho Kuma para ela.
- Por isso que eu não estava achando ele. Estava na casa dos meus pais. Obrigada, Lili. Você é a melhor - seus olhinhos brilharam.
Ela queria chorar.
Provavelmente por ter lembrado de como era quando ela era apenas uma criança que não corria risco de morte.
- Quando o nosso filho nascer, vou dar esse ursinho para ele. Assim, sempre quando ele sentir falta de mim ou medo, poderá abraçar o Kuma.
Encarei ela e só então percebi que estava sorrindo de orelha a orelha. Olha a mulher que eu tenho em minha frente.
O garçom trouxe nossos pratos e deixei que Jennie o agradecesse.
- Khob khun kha - ela fez o wai e sorriu para o moço.
- Aee!!! Muito bem, JenJen. Muito bem! - bati palmas silenciosas, arrancando uma risada da garota.
***
Depois de um tempo, voltamos para casa.
- Jennie, vamos dar uma volta pela praia? - perguntei assim que estacionei o carro.
- Pode ser.
Saímos do carro e caminhamos um pouco até a praia, que ficava em frente a minha... que ficava em frente a nossa casa.
Jennie tirou os saltos e eu tirei os meus tênis, assim podendo sentir a areia gelada ter contato com nossos pés. Jennie riu ao ter esse contato com os grãos finos entre seus dedos.
Começamos a caminhar beira à praia, contando piadas; conversando sobre coisas aleatórias, contando histórias de quando éramos criança.
- Sabe, sempre quando eu olho para a lua, eu lembro que existe alguém com o mesmo poder que ela - disse, olhando para o céu.
- Sério? - assenti. - E quem é esse alguém?
- Você...
Não desviei o olhar da lua enquanto andávamos.
- E qual poder temos em comum?
- Brilhar... O brilho de vocês iluminam os caminhos mais escuros e sombrios da minha vida. A beleza de ambas é tão... maravilhosa. Tão maravilhosa que eu não consigo passar um segundo sem admira-la.
- Tá falando da lua?
- Não. De você - mirei meu olhar da lua para Jennie que se encontrava em meu lado, me olhando com suas pupilas dilatadas.
Meu estômago revirou, um calor imenso atingiu meu corpo, os nossos olhares se cruzaram, ambas com as pupilas dilatadas, um arrepio fizeram meus pelos levantarem, meu sangue ferveu caminhando pelas minhas veias a caminho do meu coração, que batia incontrolavelmente.
Desviei meu olhar por não saber o que fazer. Olhei a lua novamente, na esperança de que ela me dissesse se eu deveria ou não agir.
- A lua tá linda hoje...
- As estrelas também - ela me respondeu.
Sorri e criei coragem para fazê-la parar de andar.
- O que foi?
Nada disse, apenas me ajoelhei em sua frente e tirei uma caixinha de aliança do meu bolso.
- Jennie Kim - abri a caixinha, revelando dois pares de aliança prata -, você aceita namorar comigo?
Uma lágrima pingou dos olhos da Kim. Eu estava tremendo por inteira. Minhas coxas comeram a doer incontrolavelmente. Não pude controlar meu nervosismo. A cada tempo que passava, o silêncio reinava entre nós. O único barulho que escutávamos, era o som das ondas agitadas, mais ansiosas para uma reposta do que eu. Na verdade, eu me superei. Estava ficando cada vez mais evidente o quanto eu tremia. Jennie percebeu isso e começou a sorrir.
- É óbvio que eu aceito, Lalisa Manoban!!!
- Oi!? E-Eu nunca cheguei nessa parte. O-O que eu faço? - gaguejei a frase inteira.
- Você coloca a aliança no meu dedo e eu coloco no seu. Simples - ela sorriu, me ajudando a levantar.
Ela colocou a aliança em meu dedo numa tranquilidade. Já eu... Quase que eu não acertei o buraco. Foi difícil fazer a aliança entrar no dedo dela.
Jennie percebendo a minha dificuldade, segurou minha mão e a guiou, fazendo-me conseguir colocar a aliança.
- Estamos namorando?
- Estamos.
- Não é um sonho?
- Não.
Eu não parava de olhar para a areia. Quando raciocinei que estávamos namorando, peguei Jennie no colo e comecei a gira-la sem parar. Recebi tapas, beliscões, xingamentos, mas nada que me fizesse parar. Apesar de tudo, sua risada soou como uma melodia para os meus ouvidos.
Coloquei ela no chão quando comecei a perder minhas forças.
Saí correndo para onde a água estava chegando e gritei com todas as minhas forças e a minha voz rouca:
- EU TÔ NAMORANDO A JENNIE KIM, PORRA!!! EU TÔ NAMORANDO A GAROTA DOS MEUS SONHOS!!!! TÁ LIGADA NO QUE EU CONQUISTEI, LUA??? ELA É MELHOR DO QUE QUALQUER TROFÉU DO MUNDO, CARALHO!!!!!!!
Ouvi Jennie se aproximar de mim, rindo.
- Ok, amor, acho que a lua já entendeu - a encarei, chorando. - Você está chorando, meu amor? O que foi?
Amor...
Ela me chamou de meu amor!!
- CHAM RÀK KHUN - gritei e a beijei.
Nosso beijo se conectou mais do que o microfone e a vocalista, mais do que o Sol e a Lua em um eclipse, mais do que os personagens de Doramas que Jennie assiste.
Começamos com um selinho macio, gostoso, sem segundas intenções. Meu polegar estava massageando seu queixo. Sua cabeça estava um pouco inclinada para cima, suas mãos estavam ao lado do seu corpo.
Pedi passagem para língua, na esperança de começarmos um beijo lento e sem malícia alguma. Apenas carinho, amor e paixão. Levei minha mão livre a sua cintura quando ela moveu suas mãos até meu pescoço, descansando uma lá e levando a outra até os meus fios negros, para começar a fazer um carinho suave e gostoso.
A forma como nossas cabeças se movimentavam, como nossas línguas se conectavam de uma forma surpreendente, jamais vista antes. A onda de calor que nos atingiu assim que colamos nossos corpos, fez um calor imenso dominar meu corpo. As nossas cabeças indo para lados contrarios ajudava bastante também.
Aquilo foi como beijo de novela. Como se tivéssemos ensaiado para que saísse perfeito e sem erros.
A Lua até beijou o mar
Pra não ficar de vela
Os quatro pedidos de amor:
Eu, você, o mar e ela...
Nos separamos por falta de ar. Antes de nos afastarmos, encerrei nosso beijo com um selinho e logo após sorrimos uma para a outra enquanto eu massageava seu queixou com meu polegar.
Começamos a caminhar mais um pouco, até cansarmos. O papo entre nós fluia como se fosse algo natural.
- Está com frio? - ela assentiu. Tirei meu blazer e coloquei sobre seus ombros. - É melhor voltarmos.
- Por favor - seu queixo estava tremendo.
Vendo isso, abracei ela de lado, tentando trazer mais calor para a mesma.
- Eu estou com muito frio, acho que vou ter que ser a conchinha menor - ela fingiu tristeza em seu tom.
- Mas lá dentro tem aquecedor.
- Quem manda aqui sou eu, não você. Então, eu escolho ser a conchinha menor.
- Quem disse? Você não manda em mim.
- Ah, é? Beleza, então. Vai dormir no sofá - ela tirou meu braço que estava ao redor do seu pescoço, e começou a andar de braços cruzados na minha frente.
- Eu tava brincando, amor.
Ela não parou de andar.
Abracei-a por trás, arrancando gargalhadas gostosas de se ouvir. Também recebendo um lindo sorriso gengival. O sorriso que eu tanto amava ver.
- Eu fui seu ursinho provisório, lembra? Agora você vai ser minha ursinha. A diferença é que vai ser pra sempre.
- Claro que vai ser pra sempre - ela virou a cabeça para me olhar e então eu roubei um selinho dela.
Apressei-me em correr.
- Lalisa Manoban, volta aqui! - ela disse alto, correndo atrás de mim e rindo.
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