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𝟳. secret section

𝗝𝗔𝗡𝗨𝗔𝗥𝗬 𝟭𝟵, 𝟮𝟬𝟮𝟰



































ᥫ᭡𝐋𝐈𝐋𝐈𝐓𝐇…

Estamos presos na biblioteca há cerca de duas horas.

Quando finalmente consegui falar com a minha mãe, vinte minutos após várias chamadas não atendidas, fiquei aliviada ao saber que ela está em casa. Celeste não me deixou fazer as recomendações sobre a hora de dormir de Aspen, nem me permitiu perguntar o que ela havia preparado para o jantar da criança, o que me deixou irritada e preocupada.

A discussão com Matt não foi suficiente para liberar todos os meus sentimentos negativos sobre essa inconveniência. No entanto, após esfriar a cabeça, comecei a perceber que talvez eu tenha passado dos limites com o que disse. Agora, também não tenho como me desculpar; Matt está concentrado nos diversos livros à sua volta e, vez ou outra, escreve algo em seu caderno.

Ele estava usando um dos computadores de pesquisa até uma hora atrás, mas a internet caiu e as luzes piscaram tantas vezes que não parece mais seguro tentar ligar os eletrônicos novamente.

A recepção está na penumbra, meu celular está descarregando e eu não trouxe o carregador, e já completei todas as três páginas que restavam da revista de caça-palavras que achei perdida em minha mochila. Começo a ficar entediada e miserável; se eu pudesse pelo menos ouvir música…

Penso em limpar as estantes mais próximas ou reorganizar os livros jogados nos carrinhos de aço da biblioteca, mas meu expediente já acabou e não quero realmente trabalhar para passar o tempo.

É quando me lembro que a biblioteca possui uma espécie de seção secreta que eu nunca visitei. Diferente dos filmes, essa não está cheia de livros mágicos, proibidos ou até raros; pelo que soube com a bibliotecária sênior que trabalha no turno da manhã, nessa seção secreta estão guardados os registros importantes de Boston: dados históricos de séculos passados, de pessoas importantes, monumentos construídos e destruídos, e árvores genealógicas que remontam aos primeiros habitantes da cidade. Estamos falando de uma das cidades mais antigas dos Estados Unidos, e mesmo que o conteúdo não seja mágico, a história deve ser fascinante.

Começo a procurar as chaves nas gavetas do balcão. Apesar de não saber se tenho autorização para explorar a seção secreta, os outros funcionários nunca fizeram questão de escondê-la de mim, e a bibliotecária sênior já até me mostrou onde guardam as chaves. Quando as encontro, solto um barulhinho de empolgação e tenho certeza que isso chamou a atenção de Matt, pois agora ele coça a garganta e me olha desconfiado.

— Está tudo bem?

Por um momento, chego a me perguntar se ele realmente falou comigo, mas, pela forma como começa a me olhar cada vez mais estranho, tenho certeza de que é óbvio que ele só poderia estar falando com a única outra pessoa presa nesta biblioteca. O segurança não conta, pois não o vejo em lugar algum desde que nos recomendou não sair no meio da nevasca. Provavelmente, ele está dormindo no quartinho da zeladoria, como faz toda noite quando deveria estar cumprindo seu turno.

— Está, sim. E você?

— Estou bem.

Balanço a cabeça, porque não sei mais o que acrescentar ou como distraí-lo do fato de que achei só um pouquinho fofo como ele parece estar genuinamente preocupado. Talvez eu só não esteja enxergando seu rosto direito e tirando conclusões precipitadas das expressões que capto.

Dou a volta no balcão e vou em direção aos corredores que dão acesso à escada que nos leva ao subsolo, onde fica a seção secreta. Antes que eu desapareça do seu campo de visão, Matt chama meu nome.

— Lilith. O que você está fazendo? — Sua voz é um sussurro, como se ele soubesse que estou prestes a me meter em algo que não devia.

— Você realmente quer saber ou só está perguntando porque não quer ficar aqui sozinho?

É óbvio que não quero que ele me siga. Mas estamos meio que sozinhos em uma biblioteca pouco iluminada, o que é o cenário perfeito para um filme de suspense de quinta categoria, razão pela qual é compreensível que eu o esteja provocando até que ele me siga.

Matt revira os olhos e fecha o caderno com um baque. Bingo!

— Você é irritante até o último fio de cabelo, sabia? Acho que eu não deveria estar preocupado com você dando de cara com um serial killer que vive nas sombras dessa biblioteca.

— Acho que você não deveria assistir a tantos filmes de terror, Matthew.

Enquanto caminhamos pelos corredores empoeirados, o som dos nossos passos ecoa pelo ambiente vazio. O lugar está mais silencioso do que deveria, como se as paredes absorvessem qualquer ruído que tentasse escapar.

— Sério, Lilith, o que tem lá embaixo? — Matt pergunta, sua voz baixa e hesitante, como se estivesse arrependido de ter me seguido.

— Um antigo depósito de livros e documentos importantes da cidade. E algumas outras coisas que você não vai acreditar. — Respondo sem olhar para trás.

— Se você acha que eu vou me impressionar com algumas pilhas de livros velhos, pode esquecer — ele diz, tentando soar desinteressado, mas consigo perceber a ponta de curiosidade em seu tom.

Paramos diante de uma porta de madeira maciça, tão velha que parece ter sido esquecida pelo tempo. As dobradiças enferrujadas rangem quando a empurro com cuidado, revelando uma escada em espiral que desce para o subsolo.

— Última chance de voltar, Matthew. — Provoco, segurando a porta aberta.

— Você está fazendo tudo isso para me punir pelos últimos acontecimentos entre nós dois, Lilith? O seu plano é me levar para esse lugar secreto e me prender lá? Olha que eu vi todas as temporada de You.

— Primeiro de tudo, não existe “nós dois”. Segundo, eu não teria todo esse trabalho para me vingar ou “punir” você. E terceiro, eu realmente acho injusto como essa série acabou com a personagem mais interessante da história. A Love merecia mais.

Descemos juntos, e cada degrau nos leva mais fundo na escuridão. O ar está mais frio aqui embaixo, e a sensação de estar sendo observado se torna quase palpável. Finalmente chegamos ao fim da escada, onde uma luz fraca com acionamento por sensor se acende acima de nossas cabeças e revela um portão de ferro que nos separa da sala oval. Tenho que confessar que fico aliviada por não ver uma redoma de vidro com um ser humano preso dentro dela.

— Isso parece mesmo ser só uma pilha de livros velhos — Matt debocha atrás de mim, mesmo que esteja enxergando pouquíssimo do interior da sala.

É então que eu desejo que uma parede secreta se abra em meio às prateleiras e nos leve ainda mais fundo, revelando um círculo de pedras com símbolos gravados que fazem parte de uma seita oculta, ou sei lá. Mas obviamente nada disso acontece e eu começo a procurar a chave do portão de ferro.

— A gente ainda não sabe o que tem aqui dentro. Não julgue livros velhos e empoeirados pela capa.

— Como assim a gente não sabe? Você nunca veio aqui embaixo?

— Não tenho muito tempo para explorar os cantos secretos desse lugar quando tenho que trabalhar e atender pessoas que não encontram um livro de astrofísica no setor da astrofísica.

— Por que uma biblioteca precisa de três setores diferentes para física, astrofísica e astronomia?

Matt não parece ser o estereótipo jogador-popular-sem-cérebro, mas essa pergunta me faz duvidar que ele não saiba como funciona uma biblioteca.

— Pode calar a boca e ligar a lanterna do seu celular para me ajudar a procurar a chave desse portão?

— Quando você começar a ser menos autoritária, quem sabe. — Quando me viro para olhá-lo com raiva, descubro que ele já está me encarando do mesmo jeito. Os braços cruzados me enfurece ainda mais. — Um “por favor” não vai te matar, princesa.

— Para com esse apelido. Não sou uma das suas namoradas.

Ele faz uma imitação caricata de mim e pega o celular do bolso, ligando a lanterna no meu rosto.

— Ótimo — murmuro, desviando os olhos da luz. — Se continuar assim, vai acabar iluminando o próprio ego. Agora, me ajude a encontrar a chave.

A lanterna balança, e Matt aponta a luz para as minhas mãos. Além da chave que usei para abrir a porta que deu na escada, há outras quatro no molho. Pego a que parece ser feita do mesmo material do portão e faço a primeira tentativa. Coloco a chave na fechadura, e o portão se abre com um rangido agudo que ecoa pelas paredes de pedra.

O espaço é maior do que imaginei, com fileiras de estantes que se estendem para todos os lados, fugindo da percepção oval que aparenta ter do lado de fora. No centro, vejo uma mesa de madeira gasta, uma única poltrona bege-amarelada e um candelabro que já viu dias melhores.

— Uau — Matt murmura, finalmente deixando o sarcasmo de lado. — Isso é impressionante.

— Achei que você não ficasse impressionado com velharia e poeira.

— É que agora não parece ser só velharia e poeira. Isso é... quase mágico.

Ele está certo. Há algo de quase mágico nesse lugar, uma sensação de que cruzamos um limiar invisível. Caminho até a mesa e olho para os livros, alguns com capas de couro desgastadas, outros com títulos gravados em línguas que não reconheço.

— Você tem certeza que alguém já esteve aqui antes? — Matt pergunta, a voz mais baixa, como se temesse quebrar o silêncio.

Olho para ele, entendendo exatamente o que quis dizer com essa pergunta.

— Tem algo de imaculado aqui, não é? Está tudo tão… intocado.

E, por um momento, o ambiente pesado entre nós parece suavizar, como se o mistério à nossa volta fosse suficiente para nos unir temporariamente. Sem dizer mais uma palavra, eu e Matt pulamos nas estantes, atraídos pelo súbito interesse em páginas amareladas e capas com teias de aranha acumulada.

A luz que ilumina a sala ainda é a que está do lado de fora do portão de ferro e eu tenho que me esforçar para enxergar os títulos gravados no couro das capas. Matt tem a lanterna do próprio celular e eu considero subir de volta para pegar o meu, mesmo que esteja prestes a descarregar por completo.

Os registros são realmente antigos. Quando puxo um livro manuscrito cujo conteúdo são certidões de nascimento, a primeira página está datada em 1782. A curiosidade que me cerca é contagiante a cada nova informação lida.

Há também muitos recortes de jornais e revistas, notícias de supostas traições governamentais e outras mais inofensivas, como aberturas de escolas e construções de museus por toda região de Massachusetts.

Lembro-me da presença de Matt quando a poltrona range sob seu peso. Ele tosse por causa da poeira que sobe ao seu redor e se vira para mim quando nota que estou o olhando.

— Jura que pensou que seria uma boa ideia se sentar aí? — Estreito meus olhos para ele. — Deixa eu adivinhar… Você não pensou, só fez.

— Só cansei de ficar em pé, cacete — Ele tensiona a mandíbula, tentando não se mexer na poltrona para não espalhar mais poeira. Então ele me lança um sorriso malicioso, que sei diferenciar dos outros sorrisos porque é assim que sorriu para Angel naquela noite. — E me parece que você está procurando motivos para falar comigo, não é, princesa?

— Você deveria ter tanta noção quanto tem de ego, Matthew.

— Meu nome nunca soou com tanto desgosto. Pode me chamar de Matt.

— Prefiro Matthew.

— Você sempre age com tanta petulância assim?

— Nisso nós somos parecidos! Quer dizer, pelo menos eu falo na cara das pessoas — digo, de modo inocente. É o suficiente para fazê-lo petrificar no lugar.

Matt para de fingir que está concentrado no livro em seu colo e se não for um truque da  minha mente, acho que o vejo engolir em seco.

— Como é?

Solto uma risada nasal e planejo ignorá-lo, mas ele continua me olhando intensamente até que eu fique incomodada sob seu olhar analítico e meio assustado.

— Sério? Mister Whettam? — É o nome assinado pela pessoa que escreve as matérias mais ácidas e cheias de opiniões petulantes –  e corretas, tenho que admitir – no jornal do colégio. O engraçado é que a maioria delas fala sobre a grande estupidez da hierarquia escolar, e eu nunca teria imaginado que o autor por trás de palavras tão coerentes fosse alguém da classe mais alta, se não fosse pelo nome muito óbvio: Mister Whettam. O que parece um sobrenome inventado, é, na verdade, o nome de Matt embaralhado. — Fico surpresa que ninguém tenha sacado isso ainda.

Não preciso dar mais explicações; Matt parece seguir minha linha de raciocínio e, por fim, sabe que eu sei quem é o crítico do jornal de nossa escola.

— Eu… Eu não sou petulante pelas costas das pessoas.

— Pelo que me lembro, você escreveu que eu sou a “perfeita garota mistério” e que “veríamos por quanto tempo esse personagem iria durar” — começo a dizer, lembrando-me das palavras usadas para me descrever. — É algo bem atrevido para se dizer, e você fez isso pelas minhas costas.

— Não achei que você se importasse tanto com a opinião dos outros.

— É difícil não me importar quando as pessoas são tão estúpidas naquele lugar.

— Se você odeia tanto a escola, por que não se transferiu para outra?

— Por que você não se transferiu? Você tem sempre muito o que dizer sobre aquelas pessoas.

— Porque eles são estúpidos! — Ele cospe a última palavra como se fosse o nome do responsável por envenenar seu café da manhã.

É engraçado como percebo, assim que paro para respirar, que estamos concordando em nossa discordância. Matt suspira uma risada, notando o mesmo.

— Olha, me desculpa…

— Não — respondo, interrompendo-o. — Não peça desculpas pelo que você pensa.

Até porque em algumas coisas você está certo, penso comigo mesma.

Ele abre um sorriso e vejo uma breve hesitação, como se não quisesse revelar mais nenhum de seus pensamentos para mim.

— Você quer mandar até no que devo me desculpar ou não.

— É força do hábito.

O silêncio que segue parece se estender por um tempo mais longo do que realmente dura. As prateleiras ao nosso redor preenchem a falta de conversa com segredos de uma cidade que já existiu, de pessoas que viveram suas vidas muito antes de nós. Por um breve momento, sinto o peso do passado e de como ele ainda influencia o presente, inclusive a estranha conexão que parece estar se formando entre eu e Matt. Mas não quero admitir isso, nem para mim mesma.

Enquanto Matt para em pé ao meu lado, posso perceber que ele também está sendo afetado por esse lugar, ainda que tente disfarçar com sarcasmo ou piadinhas. Há algo diferente em sua expressão agora, uma seriedade que eu não esperava ver.

— Então, você não acha que Mister Whettam é preocupantemente imaturo e que claramente sofre de crises de raiva não resolvidas... sem falar na baixa autoestima? — ele emenda, tentando suavizar o clima e talvez esconder qualquer vulnerabilidade que tenha deixado escapar.

Seus olhos evitam os meus por um instante, e percebo que ele está buscando alguma forma de continuar a conversa, mesmo que me pareça repentino sua vontade de validar tudo o que escreve.

— Os destinatários geralmente merecem ouvir tudo aquilo — digo, recebendo toda a atenção dele. — E, sim, talvez a dosagem seja exagerada em alguns casos e fica muito evidente que Mister Whettam só é tão corajoso porque se esconde atrás de um alter-ego… Mas, você faz bons pontos quando reclama da infraestrutura da escola e de como as líderes de torcida estão tentando mascarar o racismo com uma capitã negra depois do chapisco que levaram do seu jornal.

Ele solta uma risada, dessas que todo o seu corpo balança e você fica aliviado por poder se distrair das tragédias do mundo real. Eu solto uma risada também, e quando estamos os dois rindo, não é esquisito ou incomum. Então a risada dele é substituída por uma careta horrorizada de compreensão e ele desvia o olhar como se eu pudesse passar pulgas para ele. De repente, é criminoso que alguém nos veja fazendo tanto contato visual assim – mesmo que sejamos as únicas almas vivas aqui.

— Estou começando a ficar entediado. Será que já podemos ir embora?

Abro a boca, mas logo fecho. É melhor deixar que ele mude de assunto mesmo, além do mais, não estou tão interessada assim em sua vulnerabilidade.

— Só se você estiver tentando se matar de hipotermia — digo, enfiando mais um livro de volta na prateleira e pegando outro, mantendo o olhar no rosto de Matt.

— E você se importaria se eu morresse?

— Seria burocrático presenciar isso, sabe?

Matt revira os olhos e posiciona a lanterna do celular para baixo, iluminando as grandes letras gravadas na superfície de couro do livro em minhas mãos. É então que consigo ler Árvore Genealógica - Vigésimas Famílias, e me saltam ainda mais aos olhos os anos correspondentes aos registros deste livro: 1859 - 2059.

— Matt… — Minha voz é um sussurro em meio à penumbra.

— 2059. — Ele repete. — Deve ser um desses diários a serem preenchidos ao longo dos anos, não é? A maior parte dos livros aqui são manuscritos…

Sei que ele está tentando se convencer, porque é difícil admitir que acabamos de esbarrar em um livro aparentemente novo, sem qualquer sinal de desgaste pelo tempo, e cujas folhas estão todas preenchidas com nomes e datas de nascimento de pessoas até 2059.

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