𝟯𝟴. the invader
𝗝𝗨𝗡𝗘 𝟭𝟳, 𝟮𝟬𝟯𝟰
ᥫ᭡𝐌𝐀𝐓𝐓...
Os treinos estão cada vez mais intensos. Com o calendário de jogos prestes a ser retomado, o preparador físico parece determinado a extrair o máximo de cada jogador. Sinto o cansaço no corpo, mas a mente está longe, ainda presa aos últimos dois dias em Vermont com Lilith. É impossível ignorar o impacto daquele tempo que tivemos juntos. Tudo parece mais claro agora: quero estar com ela, construir algo real, sólido, mas para isso, sei que preciso começar pelo começo. Fazer as coisas direito. Um primeiro encontro decente.
Foi pensando nisso que, enquanto estava fora da cidade, tive uma ideia que não consegui tirar da cabeça. Um presente que fosse ao mesmo tempo simples e significativo, algo que mostrasse a Lilith que eu a escuto, que a conheço e quero descobrir todas as suas camadas, que presto atenção nos detalhes. A lembrança do carro dela veio quase de imediato, especialmente porque foi o cenário para um dos nossos primeiros momentos no futuro. Mas eu também quero mais. Quero que esse presente tenha um toque pessoal, algo que a faça sorrir enquanto quebra a cabeça para descobrir o que estou propondo. Foi aí que cheguei a conclusão; projetar uma frase ou cena do filme favorito dela a partir dos farois do chaveiro.
No começo, parecia uma ideia impossível. Até ri de mim mesmo, achando que era algo fora do alcance. Mas, em 2034, poucas coisas parecem realmente impossíveis. Encontrei uma gráfica que trabalha com impressoras 3D de última geração e enviei o pedido. O resultado superou todas as minhas expectativas. Quando peguei o chaveiro finalizado, vi o cuidado nos detalhes: o formato exato do carro, os farois que projetam a cena de O Diário de Bridget Jones que ela provavelmente sabe de cor. Sinto um misto de orgulho e ansiedade, imaginando a reação dela.
Ontem, assim que chegamos à cidade – e depois de deixá-la em casa, obviamente –, passei na gráfica para buscar o presente e, sem perder tempo, o deixei em um lugar onde Aspen pudesse pegá-lo. Hoje, lá pela hora do almoço, mandei uma mensagem para Aspen, explicando exatamente o que fazer. Agora, enquanto aguardo no intervalo dos treinos, tento imaginar Lilith recebendo o presente. Será que ela já descobriu o que é? Será que está tentando adivinhar para onde vou levá-la? Um sorriso me escapa enquanto penso nisso. Até o treinador chamar pelo meu nome e eu encará-lo com a maior expressão de bobão do mundo.
❄︎ ❄︎ ❄︎
Batuco os dedos no volante enquanto enfrento o tráfego da cidade grande. A música soando no carro abafa o barulho lá fora, mas a movimentação visual me deixa estressado o suficiente.
Concentrado no trânsito, o susto que tomo é inevitável quando a voz robotizada corta a música para anunciar: "Tentativa de invasão detectada" e continua, recitando o endereço da minha casa na Acorn Street.
— O quê? — digo, esperando uma resposta coerente do assistente virtual do carro, mas tudo o que recebo de volta é a mesma mensagem se repetindo, de novo e de novo.
Meu coração acelera, meus dedos se fecham ao redor do volante e eu peço para ver imagens das câmeras de segurança da casa. E é quando descubro que estão desativadas há semanas por falta de manutenção.
Olho para o retrovisor e para os lados, tentando encontrar uma rota para sair do engarrafamento que de repente se forma ao meu redor. Antes que eu possa solicitar que o GPS calcule um desvio do centro até minha casa, tenho que frear abruptamente quando um SUV aparece do nada e cruza na minha frente.
— Tá maluco, caralho!?
Buzino frenético até o veículo desaparecer de vista, tomado pela agonia de encontrar uma saída desse trânsito.
Os pneus cantam no asfalto enquanto acelero pelas ruas de Boston. O painel do carro pisca incessantemente, o assistente virtual disparando notificações em um tom impessoal, como se o fato de alguém ter forçado o portão da minha casa fosse um evento corriqueiro.
— Ligue para Lilith — ordeno, a voz seca, o sangue pulsando nas têmporas.
O telefone começa a chamar, mas a tensão só cresce quando percebo que ela não atende. O relógio no painel me lembra do que ela disse mais cedo: sairia com Aisha e Sarah, nossa vizinha. Tento me convencer de que está tudo bem, mas o instinto grita outra coisa. E as notificações chegando também.
— Então ligue para Aspen — digo, o tom mais urgente.
O carro desvia por outro cruzamento, cortando o tráfego pesado. As chamadas vão todas para a caixa postal, e meu coração está batendo tão forte que sinto o som pulsando nos ouvidos. Cada nervo no meu corpo está em alerta máximo, cada movimento no volante é automático, puro reflexo. A adrenalina toma conta, quente e cortante, afastando qualquer traço de ansiedade paralisante. Só há o desespero – e a necessidade de chegar a tempo para saber o que está acontecendo.
Quando viro a esquina da minha rua, vejo o portão escancarado. Algo em mim se parte. Paro o carro no meio da via, as portas destrancando antes mesmo que o motor se cale. Não penso em desligar o veículo; só corro. O portão está torto, as dobradiças retorcidas. A visão me dá um choque, mas não me impede de prosseguir.
É quando chego à entrada da casa que o vejo. De costas, um homem magro, vestido com roupas escuras e gastas, está forçando a porta principal. O som das dobradiças cedendo é seguido por um grito abafado – Aspen. O homem força a superfície de madeira uma última vez e a porta se abre; consigo ver de relance a figura da garota jogada no chão. Meu peito aperta, os pés ganham velocidade.
— Ei! — grito, a voz rasgando o ar. O homem se vira de repente, os olhos cravando em mim, antes de avançar como um animal encurralado.
Ele é mais alto, mas não tem a mesma força. Consigo segurá-lo no primeiro golpe, desviando para o lado e usando meu ombro para empurrá-lo.
— Quem diabos é você? O que quer aqui? — grito, mas ele não responde.
Seus movimentos são rápidos, desesperados. Ele tira algo do bolso, e o brilho da lâmina me paralisa por um segundo. Antes que eu possa reagir, ele me empurra contra a parede com força, a faca encostando no meu pescoço.
O frio do metal contra a pele dispara um alerta em cada fibra do meu corpo. Seguro o pulso dele com força, tentando afastar a lâmina antes que ela chegue a rasgar minha pele.
— Aspen! — grito, o nome escapando como um apelo. Do outro lado da porta, ouço sua voz abafada, mas está tremida, desesperada, chamando por alguém. Não consigo entender, e o som só faz meu coração bater ainda mais rápido.
O homem não cede. Seus olhos estão fixos nos meus, selvagens, como um predador acuado. Ele pressiona mais, e o metal parece queimar na base do meu pescoço. Meu peito sobe e desce em respirações frenéticas enquanto cada segundo se arrasta como uma eternidade.
Então, tudo em mim explode. A adrenalina toma o controle, apagando o medo. Com um impulso desesperado, uso a força do meu corpo para desviar o braço dele para o lado, o movimento abrupto fazendo a lâmina raspar no meu ombro. Uma dor aguda corta minha concentração, e eu solto um resmungo entre os dentes.
Mas não há tempo para hesitar. O homem perde o equilíbrio por um segundo, o bastante para eu empurrá-lo para trás, tirando-o do alcance da porta. Estou lutando com tudo que tenho contra um desconhecido – pela minha vida e pela dela.
Com um último impulso, acerto o homem com o cotovelo, bem na lateral do rosto. Ele cambaleia, os movimentos vacilantes, e aproveito para derrubá-lo no chão com o peso do meu corpo. Seguro seus braços, mas ele ainda tenta se debater, grunhindo como um animal encurralado. Um golpe rápido e seco no rosto faz seus movimentos cessarem. O barulho é de ossos se partindo e sinto minhas mãos vacilarem, minha cabeça ecoando aquele som aterrorizante. O corpo dele fica mole sob mim. Por um segundo, tudo que consigo ouvir é o som da minha respiração ofegante.
Jogo o homem desacordado para o lado e levanto-me rapidamente, pegando o celular no bolso. Meus dedos tremem enquanto ligo para a polícia. A voz automática do atendente soa distante enquanto dou meu endereço. A casa agora está em silêncio, exceto pelo alarme ainda acionado e pelos passos cautelosos que me levam até Aspen.
Ela está sentada no chão, perto da porta. As mãos apertam o braço com força, como se tentasse conter a dor. Lágrimas grossas e brilhantes escorrem por suas bochechas, caindo em suas roupas e no chão em pequenas gotas.
— Aspen — digo, me ajoelhando ao lado dela, tentando não soar tão desesperado quanto me sinto. — Não se mexa muito, tá? Ajuda está a caminho.
A voz do atendente retorna na linha. "Senhor, você conhece o invasor?"
Abro a boca para responder, para dizer que não. Mas então, Aspen levanta os olhos para mim. A expressão dela é uma mistura de medo e choque, e quando fala, sua voz é apenas um sussurro trêmulo.
— Josh. Joshua Eaton.
As palavras dela me atingem como um soco. Meu peito aperta, e o nome ecoa na minha cabeça enquanto tento processar se já ouvi falar nele antes. Joshua Eaton. O nome parece carregar um peso que não consigo explicar, mas pelo olhar sombrio de Aspen, é evidente que isso é mais do que apenas um desconhecido invadindo nossa casa.
Repito o nome para o policial que me atende pelo telefone, minha voz ainda tremendo com a adrenalina que não consigo dissipar. Quando desligo a ligação, as sirenes já cortam o silêncio da rua, ficando cada vez mais altas.
A polícia chega rapidamente, movendo-se em uma espécie de coreografia há muito ensaiada. São práticos e rápidos. Dois agentes algemam Joshua, que começa a recobrar a consciência, murmurando algo que não consigo entender. Quero perguntar mais, exigir respostas, mas sou interrompido quando um dos agentes se aproxima.
— Senhor Sturniolo, precisamos que preste depoimento sobre o que aconteceu — ele diz, com o tom calmo e profissional, mas sem margem para negociação. Seus olhos desviam brevemente para Aspen, que ainda está sentada perto da porta. — A menina está ferida?
— Sim. Vou levá-la para o hospital — respondo, tentando passar por ele, mas o policial ergue a mão para me deter.
— Uma ambulância já foi chamada, senhor. Podemos cuidar dela. O senhor precisa permanecer aqui para prestar depoimento.
Respiro fundo, tentando não perder a paciência.
— Eu não vou deixar ela ir sozinha.
— Qual o parentesco entre vocês dois? — ele pergunta, ajustando o caderno de anotações em suas mãos.
Antes que eu possa responder, Aspen ergue a cabeça e, com uma voz firme apesar das lágrimas, diz:
— Ele é meu pai.
As palavras dela pairam no ar, deixando todos em silêncio por um instante. Quero agradecer a demonstração de afeto. E chorar pela culpa avassaladora que aflora em meu peito. E também dizer que não é o momento para passar informações falsas para a polícia. Antes que o policial possa questionar mais, Aspen continua:
— E se vocês querem um depoimento completo, é melhor me ouvirem. E ligar para minha mãe. Celeste.
O policial hesita, mas acaba assentindo.
— Certo. Vamos cuidar disso. O senhor pode levá-la ao hospital, uma equipe irá acompanhá-los e recolher as informações que precisamos lá. Sua casa também precisará ser interditada por algumas horas.
Eu apenas balanço a cabeça, já indo até Aspen para ajudá-la a levantar.
— Vamos resolver isso depois — murmuro para ela, a voz baixa, mas carregada de preocupação.
Quando entramos no carro, minha mente ainda está rodando, tentando juntar as peças. Assim que ligo o motor, pego o celular e disco para Celeste. Ela atende após alguns toques.
— Matt?
— Preciso que nos encontre no Hospital Central de Boston, agora. E, Celeste... — minha voz endurece, o controle se esvaindo. — Nós vamos ter uma conversa muito séria.
Sem esperar resposta, desligo a ligação e acelero. Aspen está ao meu lado, quieta, mas o olhar fixo em frente deixa claro que ela está lutando contra algo maior. Com o trauma que acabou de vivenciar.
O silêncio pesa como chumbo entre nós. Olho para Aspen de relance, e o modo como ela encara a estrada à frente me deixa inquieto. Parece que está ali, mas também longe, presa em um lugar que não consigo alcançar.
Solto um suspiro, apertando o volante.
— Eu podia ter chegado antes — murmuro, mais para mim mesmo, mas o som preenche o espaço. — Eu devia ter pego um atalho quando saí do centro de treinamento.
Aspen vira a cabeça lentamente para me olhar, os olhos ainda vermelhos e úmidos.
— Não faça isso, Matt — diz, sua voz firme, mas cansada. — Não tente dividir a culpa. O único culpado aqui é Josh.
Uma lágrima escorre pelo rosto dela, e meu coração aperta tanto que quase dói fisicamente.Até esqueço que estou com um corte no ombro. Aperto o volante com mais força, querendo dizer algo, mas sem encontrar as palavras certas.
— Por que ele faria algo assim? — pergunto, finalmente.
Ela dá de ombros, o movimento pequeno e quase imperceptível.
— Se ele não consegue mais afetar a minha mãe, tentou ferir algo que é mais importante para ela.
Não a forço a falar mais, não agora. A cada minuto que passa, o hospital fica mais próximo, e meu único foco é garantir que ela receba os cuidados de que precisa.
Quando estaciono no Hospital Central de Boston, saio apressado, ajudando Aspen a entrar na emergência. Uma enfermeira rapidamente a leva para o atendimento enquanto vou até a recepção dar os dados dela. O som dos teclados e as vozes abafadas ao redor são apenas ruído de fundo enquanto preencho o formulário.
Assim que termino, pego o celular e ligo para Lilith. O telefone chama algumas vezes antes de ela atender.
— Matt? — A voz dela soa animada, provavelmente ainda nas compras com as meninas. Nem sei que postura adotar para lhe contar o que aconteceu na última hora.
— Lilith, é sério — digo de imediato, tentando manter a voz estável, mas a tensão se infiltra em cada palavra. — Preciso que você ouça com calma, tá?
Há um momento de silêncio antes que ela responda, o tom mais preocupado.
— O que aconteceu?
Seguro o celular com força, respirando fundo.
— Aspen está no hospital. Estamos no Central de Boston.
— O quê? O que aconteceu com ela? — A voz dela sobe uma oitava, e posso sentir a aflição dela do outro lado da linha.
— Ela... — Paro por um instante, escolhendo as palavras. Não quero deixá-la nervosa quando sei que ela ainda precisa dirigir todo o caminho até aqui. — Houve um incidente. Um homem invadiu nossa casa. Ela conhece esse cara, na verdade. E acho que a sua mãe também. Aspen está machucada, mas está sendo atendida. Ela vai ficar bem, mas eu precisava que você soubesse.
Há um silêncio pesado do outro lado, e quando Lilith finalmente responde, sua voz está trêmula.
— Um homem invadiu a casa? Ela está machucada? Meu Deus, Matt... Por que não me ligou antes? Que horas isso tudo aconteceu?
— Acabamos de chegar no hospital, Lily. Vem para cá e eu te explico melhor. Já falei com a sua mãe — digo, tentando acalmá-la, mesmo que eu mesmo não esteja totalmente tranquilo.
— Claro que vou. Estou indo agora.
Ela desliga antes que eu possa dizer mais alguma coisa. Respiro fundo, tentando manter a calma, e volto para a área de emergência. Pela janela da sala de exames, vejo Aspen sentada, enquanto a equipe médica ajusta os equipamentos para verificar possíveis contusões na cabeça. Seu olhar parece perdido, os olhos fixos em algum ponto no teto. Sinto um aperto no peito, mas antes que possa afundar nos meus pensamentos, ouço passos apressados atrás de mim.
Quando me viro, vejo Celeste correndo pelo corredor, os olhos arregalados e cheios de pavor. Ela larga a bolsa no chão sem pensar duas vezes e entra na sala de atendimento, ignorando qualquer tentativa de barrá-la.
— Aspen! — a voz dela sai embargada enquanto se aproxima da filha.
Ela se ajoelha ao lado de Aspen e a envolve em um abraço apertado, mas cuidadoso com o braço enfaixado. Aspen parece congelar por um momento antes de relaxar nos braços da mãe, as lágrimas voltando a escorrer silenciosamente.
Fico parado na porta, observando a cena. Apesar da tensão no ambiente, há algo profundamente humano ali – algo que me faz perceber que, por mais complicada que seja a relação delas, o amor é inegável.
Uma enfermeira entra na sala e, com um tom educado mas firme, pede para Celeste sair para que possam continuar o tratamento. Celeste reluta por um momento, mas se levanta, limpando as lágrimas com as costas da mão. Ela sai para o corredor, os olhos vermelhos e inchados, e pega a bolsa que havia jogado no chão.
Eu a sigo, cruzando os braços enquanto a encaro.
— Precisamos conversar.
Ela me olha, parecendo cansada e derrotada.
— Eu sei.
— O que aquele homem estava fazendo na minha casa, Celeste? — pergunto, direto. — O que ele quer?
Ela hesita, desviando o olhar, mas eu não cedo.
— Celeste. Fala.
Ela solta um suspiro trêmulo, os olhos se enchendo de lágrimas novamente.
— Josh... ele tem me ameaçado há dias.
Franzo a testa, tentando entender.
— Por quê?
— Por dinheiro — ela admite, a voz quase um sussurro. — Ele diz que tem uma dívida pendente comigo. Mas isso já está pago, Matt. Eu juro. Ele só... ele só está usando isso como desculpa para me perseguir.
Minha mandíbula se aperta.
— E você não achou que deveria nos contar sobre isso? Ou prestar queixa na polícia?
Ela balança a cabeça, desesperada.
— Eu tentei resolver. Fui à polícia, pedi uma ordem de restrição. Mas... — Ela pausa, lutando para manter a compostura. — Eles não me levam a sério.
— Por quê? — pergunto, a voz mais fria do que eu pretendia.
Celeste fecha os olhos por um momento, como se reunir forças para responder.
— Porque eu já passei por uma clínica de reabilitação, Matt. Tenho um histórico ruim, uma assistente social na minha cola. E estou no meio de um processo judicial pela guarda compartilhada de Aspen. A justiça acha que sou... — Ela engole em seco. — Uma mãe desequilibrada.
Solto um suspiro longo, passando a mão pelo rosto. As peças começam a se encaixar, mas isso só faz minha raiva aumentar.
— E agora ele invadiu a minha casa, Celeste. Machucou a Aspen. Isso não é só sobre você mais.
Ela assente, os ombros caindo, completamente derrotada.
— Eu sei. Eu sinto muito.
— Nós vamos resolver isso. Mas eu preciso que você nos diga tudo. Sem esconder nada de Lilith e eu.
Celeste me encara por um momento, sua expressão é um misto de culpa e preocupação. Quando ela abre a boca para dizer alguma coisa, um policial nos encontra no corredor.
— Matthew Sturniolo? Lilith Nadin? Proprietários da residência na Acorn Street? Sou o oficial Edgar Davidson.
A voz firme do policial nos faz virar ao mesmo tempo.
— Celeste Nadin — corrige a mulher ao meu lado. — Mãe da Lilith e da Aspen.
O oficial Edgar Davidson faz uma pausa, o olhar atento alternando entre nós. Automaticamente, nossos olhares se voltam para a sala de exames. Através da janela, Aspen está deitada sobre a maca, os olhos fixos na cena do lado de fora, atentos e sérios, como se estivesse tentando decifrar o que acontece.
Davison ajeita o cinto do uniforme, voltando-se para nós com uma expressão profissional.
— Certo. Gostaria que me acompanhassem, por favor.
Celeste hesita por um momento, como se quisesse argumentar, mas acaba assentindo lentamente. Eu troco um último olhar com Aspen e sigo o policial, esperando que ela tenha entendido que eu faria de tudo para voltar para perto dela o mais rápido possível.
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