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𝟯𝟳. mother's daughter

𝗝𝗨𝗡𝗘 𝟭𝟳, 𝟮𝟬𝟯𝟰






ᥫ᭡𝐋𝐈𝐋𝐈𝐓𝐇...

Paro na frente da porta da casa da minha mãe com as sacolas de supermercado cortando meus braços. Durante dois dias em Vermont, Matt conseguiu o impossível: me convencer de que não adianta tentar seguir em frente sem encararmos o que ficou para trás. E agora aqui estou eu, pronta para tentar reabrir uma das feridas que mais me doem. Tudo o que envolve a minha mãe é complexo, mas se quero voltar para o tempo onde eu deveria estar, acho que preciso entender melhor como ela também foi capaz de mudar.

Respiro fundo e toco a campainha. Ouço passos e, em seguida, a porta se abre.

Minha mãe me encara por alguns segundos, o olhar dela indo direto para as sacolas em minhas mãos. A desconfiança está estampada no rosto dela, mesmo que tente esconder com um sorriso educado.

— Olá, filha. Entre — ela diz, se afastando para me dar espaço. — Aspen ainda está no quarto, terminando de se arrumar.

Dou um passo hesitante para dentro, sentindo o peso da tensão pairando entre nós. Vou direto para a cozinha e começo a descarregar as compras no balcão. Tento parecer tranquila, mas o olhar dela seguindo minhas costas é um pouco desafiador.

— E isso tudo? — ela pergunta finalmente, de braços cruzados.

Sinto meu estômago revirar, mas mantenho o sorriso. Talvez não tenha sido delicado da minha parte trazer comida como se ela não estivesse sendo capaz de manter a si mesma e Aspen bem alimentadas. Além do mais, não falamos sobre eu ter descoberto as mensalidades atrasadas da casa de repouso, e acho que se eu tocar nesse assunto agora, irá criar uma impressão ainda pior da boa intenção que tenho em vir aqui hoje.

— São... para você. — Levanto uma sacola como se isso fosse suficiente para explicar. Quando o olhar dela não suaviza, me apresso a continuar: — Pensei que talvez pudesse fazer aquele Bajan Black Cake. Você sabe... o seu sempre fica perfeito. Eu nunca consegui acertar a receita.

Ela arqueia uma sobrancelha, mas começa a tirar as coisas das sacolas.

— Bem, ainda bem que trouxe tudo o que é necessário — comenta, tirando um pacote de frutas cristalizadas. — Mas você sabe que esse não é um bolo que se faz de última hora, não é?

— Eu sei. — Tento soar casual, mas minha voz sai um pouco nervosa. — Pensei que talvez pudéssemos fazer juntas... Eu tenho tempo!

Ela para por um momento e me olha como se tentasse decifrar minhas intenções. Por fim, dá de ombros.

— Certo. Faz tempo que não te vejo na cozinha.

Eu rio baixinho, aliviada por ela não ter recusado a ideia. Começo a ajudar a guardar as coisas no armário, e o silêncio entre nós é quebrado apenas pelo barulho das embalagens.

— E você? Como tem estado? — pergunto, tentando parecer despretensiosa.

Ela dá de ombros.

— Cansada. Sai direto do expediente e vim pra cá. Assim que Aspen sair com você, provavelmente vou dormir o dia inteiro.

Assinto, sem saber exatamente como responder. É difícil para mim criar empatia genuína quando ela sempre parece tão distante, mas tenho que tentar porque até nisso somos iguais.

— Você conseguiu fazer as trocas que havia comentado?

Por causa dos testes para encontrar um parceiro de patinação para Aspen que está acontecendo em Nova York, mamãe e ela passaram os últimos dois dias na "Big Apple". Para isso, Celeste teve que fazer algumas trocas de turno no trabalho para conseguir acompanhá-la. Esta semana, as viagens para a cidade dos arranha-céus é por nossa conta – não que isso seja um problema para Matt, que está deslumbrando com a ideia de passar mais tempo com minha irmã.

— Consegui, sim. Mas para cobrir os custos da viagem, preferi pegar mais um turno noturno ontem mesmo quando chegamos.

— Faz sentido. Você merece descansar.

Ela então me observa, os olhos semicerrados, e sinto que estou sendo analisada.

— Mas tem algo diferente em você... — ela comenta, inclinando levemente a cabeça. — Está com um ar mais leve. Além disso, sua pele está mais corada.

Eu sinto meu rosto esquentar na hora, e minha cabeça volta direto para Vermont e para os momentos a sós com Matt. Deus, pareço uma adolescente sendo pega no flagra depois de dormir com o namorado pela primeira vez.

— Foram os dias em Vermont — digo rapidamente, desviando o olhar para a pia.

Ela solta uma risadinha, que soa estranhamente genuína.

— Ah, claro. Pelo visto, foram muito proveitosos.

— Não precisa dizer desse jeito, mãe.

— E de que jeito eu disse? — ela provoca, tirando um pacote de açúcar de uma das sacolas.

— Você sabe muito bem o que quero dizer — resmungo, mas não consigo evitar um sorriso.

Ela ri, mas logo muda o tom, como quem tenta parecer casual.

— Isso quer dizer que você e Matt estão bem?

— Melhor do que nunca. — Minha resposta sai sem hesitação, e sinto uma pontada de orgulho ao dizer isso. — Acho que nunca estive tão segura em um relacionamento.

Minha mãe me olha por um instante, como se estivesse considerando minhas palavras, e finalmente sorri.

— Fico feliz por você.

Há um momento de silêncio, e eu sinto uma coragem repentina borbulhar dentro de mim. Talvez seja o fato de que estamos conseguindo conversar sem se estranhar, mas resolvo perguntar:

— E você? Está saindo com alguém?

Ela para de guardar as coisas e se vira para me encarar, surpresa.

— Por que quer saber?

Dou de ombros, tentando parecer casual, embora meu coração esteja acelerado. Os namoros da mamãe sempre foram da minha conta porque eu prezava por quem ela colocava dentro de casa. Vovô nunca permitiu que Celeste trouxesse qualquer um para morar conosco quando ela tinha uma filha moça e uma mãe idosa, e eu continuei seguindo esses passos quando ele se foi.

— Sei lá... você é jovem, bonita...

Ela ergue uma sobrancelha, e me apresso a continuar:

— Quero dizer, mais jovem que a maioria das mães, certo? Achei que talvez pudesse ter alguém especial por aí.

Ela ri baixinho e balança a cabeça.

— Não, Lilith. Não estou saindo com ninguém. Nem tenho tempo para isso.

— Certo, justo — murmuro, me sentindo um pouco tola por ter perguntado.

Ela se aproxima e pousa a mão levemente no balcão.

— Mas é interessante você perguntar isso.

— É?

— Sim. — Ela me olha com uma expressão que não consigo decifrar. — Porque agora não é como se você estivesse me supervisionando.

— E eu não estou, mãe. Você... mudou. Não parece necessário ficar preocupada com quem você está saindo.

— Eu sei que você ainda fica apreensiva em ter mais alguém em casa, mas acredite em mim quando digo que eu não colocaria minha filha em perigo desse jeito. — Vejo quando ela engole em seco, os olhos nunca deixando os meus. — Não mais.

A sinceridade dela me atinge como um soco no estômago, e por um momento não consigo encontrar palavras. Mas antes que eu consiga reagir, ela suspira e dá de ombros, como se já estivesse acostumada com aquele tipo de vulnerabilidade entre nós ser passageira.

— Percebi que Aspen estava sabendo demais sobre as pessoas com quem eu estava saindo, mesmo que ela não tenha conhecido nenhum deles. Então, fiquei mais ocupada com o trabalho e... automaticamente dei um tempo nisso.

— Como ela ficava sabendo?

Minha mãe dá uma risada curta e sem graça, mas há um toque de amargura escondido nela.

— Ela é esperta. E tem todas as minhas contas vinculadas às dela... Ou seja lá o que vocês jovens conseguem fazer com a tecnologia de hoje em dia.

Ela tenta soar bem-humorada, mas eu percebo o resquício de tristeza na voz dela. É sutil, mas inconfundível. Há algo profundamente errado em saber que Aspen se preocupa tanto com nossa mãe. Mais do que deveria, talvez mais até do que eu me preocupo agora. E não é difícil imaginar o porquê.

Sei o que minha irmã nunca me contou, porque é o mesmo que nunca contei para ninguém. Sei que Aspen cresceu observando nossos escombros, talvez esperando sempre o próximo desmoronamento. Eu só não sei exatamente qual das memórias de minha infância ela também foi sujeitada – se ao vômito no carpete da sala, às internações em clínicas de reabilitação ou aos silêncios cheios de desculpas esfarrapadas. Ainda assim, acho que é natural para quem viveu o que vivemos desenvolver uma espécie de paranoia.

— Vou falar com ela sobre isso — digo, a garganta ardendo à medida que as palavras saem. — Você é a mãe, não o contrário.

Celeste me encara, seus olhos revelando uma mistura de culpa e gratidão. Ela desvia o olhar, como se precisasse de um momento para processar, e balança a cabeça levemente.

— Eu agradeço o apoio, filha. — Sua voz soa mais baixa agora, quase um sussurro. — E obrigada por tudo o que você fez por essa família quando era nova demais para entender o que significava ter responsabilidades.

Aquelas palavras batem em mim como uma onda inesperada, e por um momento, tudo que consigo fazer é murmurar:

— Mãe...

Ela levanta o olhar, mas dessa vez há uma intensidade diferente ali. Não há desvio, nem hesitação.

— Nunca vou me perdoar pelo que te fiz passar, Lilith.

Eu sinto meu peito apertar, e a cozinha parece menor de repente.

— Você era uma criança — ela continua, a voz tremendo levemente. — E eu... uma inconsequente. Posso até ter sido inocente quando entrei nessa vida, mas depois eu escolhi. Escolhi o que tornaria tudo mais difícil para as pessoas ao meu redor. E não foi justo com você.

Eu tento dizer alguma coisa, mas ela levanta uma mão, me pedindo para esperar.

— Se algum dia você conseguir olhar para mim de uma forma que não seja com pena... e me perdoar... então, terei paz.

As palavras dela pairam no ar como um peso impossível de ignorar. Ela está me olhando como se minha absolvição pudesse curar anos de feridas abertas. Só que eu não sou Deus, e a magnitude desse pedido me assusta.

Por um momento, sinto o impulso de dizer algo para aliviar a tensão. Mas não consigo. Não agora.

— Não é pena, mãe — murmuro, minha voz embargada. — É amor. Mesmo quando eu queria odiar você, nunca consegui.

Ela respira fundo, desviando o olhar como se lutasse contra as próprias emoções.

— Obrigada, querida — diz, por fim.

O silêncio entre nós agora não é desconfortável. É como se algo pesado tivesse sido tirado do caminho, dando espaço para o que quer que venha a seguir.

Celeste limpa a garganta e sorri, um sorriso pequeno, mas genuíno.

— Você realmente está com tempo? Podemos começar a preparar o bolo.

De repente me lembro de quem ela era antes de tudo começar. É uma memória distante, mas quente – a mãe que me contava histórias para dormir e dividia o sorvete favorito dela enquanto assistíamos O Diário de Bridget Jones pela milionésima vez.

Eu respiro fundo e sorrio de volta.

— Estou sim. Espero que eu consiga aprender a fazer esse bendito bolo dessa vez.

Ela ri como se a ideia de ensinar algo tão simples a mim fosse uma pequena vitória.

— Bem, se você comprou tudo certo, talvez tenha chance.

Eu reviro os olhos, mas meu sorriso denuncia que estou gostando dessa troca, desse momento. Talvez seja apenas um bolo. Ou talvez seja mais do que isso – um passo, uma tentativa de reconstrução.

❄︎  ❄︎  ❄︎

Estou sentada no sofá com o notebook no colo, ajustando a lista de afazeres da semana, quando Aspen aparece na sala. Ela caminha casualmente até mim, com aquele olhar de quem está prestes a aprontar alguma. Sem dizer nada, estende a mão, e eu olho para o que ela está segurando.

— O que você e Matt estão aprontando? — pergunto, pegando o pequeno objeto de sua mão.

Não é só um chaveiro. É um mini carro de metal que parece uma versão reduzida e caprichada do meu próprio carro. Nexa, a assistente virtual do veículo, ficaria impressionada com a riqueza de detalhes.

— Como você sabe que foi ideia do Matt? — ela pergunta, com um sorriso arteiro.

— Intuição. Ele é romântico, mas ultimamente está adorando bancar o misterioso. Esse era o meu papel, sabia? — digo, erguendo o chaveiro como se o estivesse acusando de ser cúmplice.

Aspen dá de ombros, pegando Shelby, a jabuti, que está cruzando o tapete felpudo da sala com uma determinação invejável.

— Ele só me mandou mensagem pedindo para te dar isso e falar que você precisa descobrir o que significa até amanhã às oito da noite.

— Ótimo. Agora, além de romântico e misterioso, ele está brincando de enigma. — Reviro os olhos, mas sorrio, admirando o chaveiro.

Aspen apenas ri e continua acariciando Shelby.

— Você vai se atrasar para encontrar a Sarah e a Aisha.

Eu franzo a testa, confusa, e depois arregalo os olhos quando me lembro do compromisso que marquei com elas para comprar os últimos itens para o 4 de julho e, claro, roupas combinando para a data.

— Droga! — exclamo, fechando o notebook e subindo correndo para o quarto.

Ao chegar lá, deixo o chaveiro na cabeceira da cama, mas não antes de descobrir que os faróis do pequeno carro acendem ao pressionar um minúsculo botão na parte de baixo.

— Muito criativo, Matt... — murmuro, rindo enquanto imagino o que ele está planejando. Talvez um carro novo? Ou algo mais inusitado?

Depois de me trocar, desço as escadas, já gritando:

— Aspen, mantenha as portas fechadas, ok? O Matt não deve demorar para chegar em casa!

Paro ao chegar na porta de entrada e vejo Aspen no último degrau da varanda, brincando com Shelby enquanto a jabuti explora o paralelepípedo com a mesma determinação de antes.

— Ah, você está aqui... — digo, suspirando com alívio.

Aspen me olha por cima do ombro, sem perder o ritmo dos passos de Shelby.

— Você é meio doida, sabia?

Dou uma risada, me aproximo e beijo sua testa com carinho.

— E você é a minha irmã favorita.

Ela revira os olhos com um sorriso discreto, e eu saio de casa, fechando a porta atrás de mim, já pensando no que Matt pode estar planejando com aquele chaveiro.  

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