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𝟯𝟬. marjorie & daisies

𝗝𝗨𝗡𝗘 𝟭, 𝟮𝟬𝟯𝟰






ᥫ᭡𝐋𝐈𝐋𝐈𝐓𝐇...

Os últimos dias têm sido tranquilos. Depois do meu aniversário no sábado, Matt e eu passamos mais dois dias nos deliciando com o bolo que sobrou da festa. Na quarta-feira, Aspen chegou bem no dia que o último pedaço de bolo foi parar na barriga de Matt. Ele teve a cara de pau de negar que foi ele, mesmo com glacê verde e branco no canto da boca. Ri tanto que quase chorei.

Desde então, tudo parece estar em harmonia. Estou finalmente conseguindo passar mais tempo com Aspen, o que me deixa feliz. Também está quase no fim do ano letivo dos meus alunos, o que significa menos estresse para mim e para eles. E, claro, Matt tem sido uma companhia constante, me fazendo rir o tempo todo. Sinto que estamos nos conectando de uma maneira diferente a cada novo dia.

Hoje é quinta-feira e estou de folga. O dia começou com uma ansiedade leve, mas não por conta do trabalho ou de algo ruim. Estamos esperando Aspen acordar porque temos um presente especial para dar a ela. Eu mal consegui dormir direito, nervosa sobre a reação dela. Matt, surpreendentemente, está calmo e me tranquiliza com aquele sorriso confiante.

— O pior que pode acontecer é ela não gostar, e aí você joga a culpa em mim — ele brinca, me arrancando uma risada.

Nos preparamos há dias para isso. Na terça-feira à noite, enquanto Matt aproveitava o limite infinito dos seus cartões no shopping para comprar o presente, eu liguei para a minha mãe. Precisava entender mais sobre os treinos de patinação artística da Aspen, saber onde ela estava treinando e o que podíamos fazer para colocá-la de volta no esporte. Depois de conversar com minha mãe, tudo ficou mais claro, e decidimos assumir a responsabilidade por suas aulas e também pela treinadora.

Agora, ao lado de Matt, com sacolas e um grande pacote de presente sobre a mesa de centro, estou ansiosa e emocionada. Ouço passos na escada. Aspen finalmente surge no nosso campo de visão e, ao nos ver com sorrisos enormes no rosto, seus olhos brilham.

Ele para no meio da sala, encarando Matt e eu com uma mistura de curiosidade e confusão. Ela estreita os olhos, olhando para o pacote sobre a mesa e então nos pergunta, quase cantarolando: 

— O que significa tudo isso? Presente de aniversário meses atrasado ou de Natal meses adiantado?

— Não se preocupe com isso. Eu e sua irmã temos algo para te dar — responde Matt, solta uma risadinha leve e, colocando um dos braços atrás das minhas costas.

Ele olha para mim, com um olhar de incentivo, me empurrando para dar o próximo passo. Tomo uma respiração profunda, meu coração batendo mais rápido enquanto encontro as palavras certas para começar. 

— Aspen... — começo, tentando manter minha voz firme, mas ao mesmo tempo carinhosa. — Eu não consegui parar de pensar no que conversamos no meu aniversário, sobre a patinação artística. E eu vi o quanto você ama isso. Quanto mais cedo você puder voltar, mais chances terá de competir em grandes eventos, de talvez se tornar uma atleta profissional, se é isso o que você quer. — Ela me observa, atenta, e percebo uma leve tensão em seu corpo, então me apresso a esclarecer: — Mas eu não estou tentando te pressionar, ok? Não quero que você se sinta obrigada a seguir isso para sempre. Eu só... só quero que você tenha todas as oportunidades e que faça o que te faz feliz.

Aspen ainda me observa, processando o que estou dizendo. Eu me inclino, pego o pacote em cima da mesa e o entrego para ela. 

— Abra, por favor.

Ela hesita por um segundo, mas então começa a rasgar o papel. À medida que o papel cai, seus olhos se arregalam ao ver os patins novos brilhando diante dela, com as lâminas reluzindo sob a luz. 

— Nós encontramos uma treinadora em Nova York que acredita no seu potencial depois que consegui umas filmagens suas para mostrar a ela — digo, sem conseguir segurar o sorriso. — Ela está disposta a vir até aqui algumas vezes por semana para te treinar. — Aspen continua olhando para os patins, mas agora há mais perguntas no seu olhar, e antes que ela possa falar, me adianto: — Mãe está de acordo, e... eu e Matt vamos cuidar de tudo. As aulas, os patins, o que mais você precisar. Está tudo resolvido.

Ela finalmente levanta o olhar para mim, um tanto surpresa. 

— Eu... eu não sei como agradecer por isso. — Ela pausa, ainda processando. — Mas... a patinação artística pede muito mais. Viagens, alguém para me acompanhar enquanto menor de idade... E se eu quiser competir em duplas, vou precisar de um parceiro. Tem um evento juvenil em Nova York daqui a três semanas que eu adoraria participar, mas... eu não estou pronta.

Sinto um aperto no coração ao ver a dúvida nos olhos dela, mas me aproximo e coloco a mão suavemente em seu ombro. 

— Você vai estar pronta, Azzy. Três semanas é tempo suficiente se você confiar em si mesma. — Dou um leve sorriso, esperando que isso a tranquilize. — E quanto às viagens, competições, parceiro... estou disposta a fazer tudo isso com você. Nós vamos encontrar um jeito, e eu vou estar do seu lado em cada passo.

Aspen coloca os patins de volta na caixa e, sem hesitar, me abraça com força. Sinto seus braços ao redor de mim, apertando como se estivesse tentando transmitir toda a gratidão que suas palavras não conseguem expressar. Sua voz embargada sussurra um "obrigada", e eu seguro as lágrimas que ameaçam cair também.

— A treinadora quer te conhecer o mais cedo possível — a voz de Matt vem de trás de nós. — Você quer mesmo fazer isso?

Aspen se vira para ele, ainda com os olhos brilhando de emoção. 

— Sim! — responde sem hesitar.

— Ótimo — ele sorri. — Vou avisar a ela. Se der tudo certo, seu primeiro treino será amanhã, e eu estarei lá por você.

Meu coração palpita diferente vendo o quão envolvido Matt está em agradar Aspen. Ele embarcou na minha ideia sem nem questionar, foi só eu dizer para ele o que estava pensando em fazer e ele se tornou o maior entusiasta da ideia.

Sem aviso, Aspen corre para abraçá-lo também, enterrando o rosto em seu peito enquanto solta um "muito obrigada" entre risos e lágrimas. Matt a envolve com os braços, sua expressão mais suave do que nunca.

Quando ela finalmente se afasta, enxugando os olhos e ainda sorrindo, Matt e eu trocamos um olhar. É um momento breve, mas que me faz ferver por dentro com a possibilidade de estar me apaixonando por esse homem.

❄︎  ❄︎  ❄︎

Tenho conseguido visitar minha avó Marjorie todos os dias na casa de repouso, e isso tem me deixado tão feliz. Apesar do Alzheimer, a nova medicação tem permitido que ela se mantenha em um estado intermediário. Não está totalmente curada, claro, mas também não está perdida para a doença como temia que pudesse ficar. Ela se lembra de mim sem que eu precise me apresentar, às vezes, das histórias antigas, e, nos momentos mais claros, conversamos como antigamente. Nesses dias, me sinto imensamente grata por poder compartilhar tempo com ela.

Essa semana em especial foi repleta de atividades que encheram meu coração de felicidade. Levá-la para tomar sorvete fora do Sweet Magnolias foi um dos pontos altos. Seguindo à risca as orientações das enfermeiras e médicos, tomamos todos os cuidados possíveis, e, por um breve momento, ela parecia estar completamente imersa no prazer simples de saborear sua sobremesa favorita. Também passamos algumas horas pintando panos de prato, como costumávamos fazer quando eu era criança, rindo das manchas que fazíamos sem querer e conversando sobre a vida. Ela até relembrou de um dos livros favoritos do meu avô, e passamos uma tarde lendo juntas. Eu podia sentir a conexão que ela ainda tem com ele, mesmo após tantos anos de sua partida – e quando a memória falha, ela imagina que ele ainda está entre nós. Foi emocionante. E claro, fizemos as unhas juntas, algo que ela também me ensinou, um toque de vaidade que traz um brilho diferente em seus olhos.

Foram dias tão preciosos para mim, e até agora Matt tinha sido gentil o suficiente para me deixar sozinha com ela, sabendo como esse tempo é importante. Mas hoje, ele me perguntou se poderia ir comigo. Eu não pude e nem queria realmemte recusar. Saber que ele se importa o suficiente para querer estar com a vovó tanto quanto eu, me faz perceber o senso de lealdade dele.

Matt é o melhor amigo perfeito.

Enquanto passamos numa floricultura, porque ele insiste em levar flores para Marjorie, eu o observo. Ele se inclina sobre os arranjos, analisando cada flor como se estivesse escolhendo a peça mais importante de sua coleção de joais. E, de repente, uma lembrança me atravessa. As flores que ele me deu no meu aniversário.

— Matt — chamo, num tom leve, enquanto ele segura um buquê de margaridas. Ele levanta a cabeça e me olha, um sorriso de canto já pronto. — Aqueles lírios que você me deu no meu aniversário... foi só por causa do meu apelido ou tinha alguma outra razão?

Ele solta uma risada baixa, como se não estivesse esperando a pergunta, mas não perde o tom descontraído.

— Pra ser honesto? Foi por causa do apelido — ele responde, coçando a nuca de leve. — Pensei que faria sentido. Lily, lírios... Só rezei para que fossem as suas favoritas.

Eu não consigo segurar o sorriso. Claro que foi. Ele estava tentando acertar, e é a coisa mais doce que já vi.

— Você deu sorte — digo, brincando. — Porque são, sim, as minhas favoritas. Mas não só por causa do nome. — Dou um passo em sua direção, sentindo uma nostalgia que me aquece o peito. — Quando eu era criança, meu avô costumava me surpreender com flores, principalmente lírios, no meu aniversário. Ele me fazia encontrar flores por todos os lugares que eu passasse naquele dia. Virou uma tradição nossa.

Matt abre um sorriso enorme, e meu estômago revira sob o foco dele. Ele não responde logo, mas quando o faz, sua voz é baixa, quase como um segredo só entre nós dois.

— Não quero me gabar, mas sou bom nessas coisas.

— Ah, sim. — Reviro os olhos enquanto ele segue na frente para pagar pelas flores. — Você deve ter muita experiência em agradar as mulheres.

— Sabe como é, 27 anos não são 27 meses.

Depois disso, ele explica para a balconista que acha que as margaridas combinam com o sorriso de Marjorie, e embora a garota não faça ideia de quem ele esteja falando, ela o ouve hipnotizada. Tenho quase certeza que ela não desgrudou os olhos dele mais por causa da beleza do que pelo que dizia, mas não serei a pessoa que dirá isso a ele.

Quando chegamos ao Sweet Magnolias, as funcionárias nos recebem com seus sorrisos educados de sempre. Eu já estou acostumada com a cordialidade delas, mas hoje parece que o mundo inteiro está conspirado para lembrar o quão encantador Matt é. Assim que passamos pela recepção, uma das funcionárias mais velhas, que conheço desde que vovó veio ficar aqui, Judith, sempre me cumprimenta rapidamente, mas agora desvia o olhar para Matt e abre um sorriso nostálgico.

— Matt, querido! — exclama, ajustando os óculos no nariz. — Ainda me impressiono com o quanto você cresceu, rapaz! Como vai sua mãe? — ela pergunta, colocando uma pasta debaixo do braço como se precisasse prestar total atenção em Matt agora. Mary Lou ainda faz trabalhos voluntários na casa de repouso de vez em quando, e por isso não é surpresa que Judith tenha visto Matt crescer.

— Ela está ótima, sempre fala de vocês quando vem aqui — ele diz, carismático e com um sorriso que parece brilhar mais do que o necessário.

Eles encerram o assunto não muito depois disso, e eu agradeço por não ficar mais um minuto parada no meio do corredor sem saber o que fazer. Mas o que realmente começa a me irritar é quando as funcionárias mais novas, que mal tiram os olhos de Matt desde que entramos, começam a se aproximar, lançando olhares que deixam bem claro o que estão pensando. Não me lembro se da última vez que estive aqui com ele foi assim, mas agora tenho a impressão de estar muito mais incomodada com a atenção que ele recebe.

Elas nem parecem gostar tanto de hóquei para estarem tão em cima dele assim.

— Matt, você está ainda mais bonito com esse corte novo de cabelo! — diz uma delas, com uma voz melosa, enquanto mexe distraidamente em uma prancheta.

Eu tenho que revirar os olhos internamente. Corte novo? Ele está com o mesmo corte desde a semana passada. Será que é só impressão minha ou elas realmente estão procurando motivos para elogiá-lo? De repente, parece que todas as mulheres do mundo decidiram se reunir para paparicar o homem que está ao meu lado, com uma aliança no dedo. Não posso evitar o calor subindo ao meu rosto — uma mistura de irritação e incredulidade. E claro, Matt, sendo o Matt que tem um ego enorme, apenas sorri de volta, com uma expressão fácil e despreocupada, como se nem notasse as atenções exageradas.

— Obrigado — ele responde com um tom leve, sem dar muita importância, mas isso não impediu a mulher de continuar sorrindo daquele jeito.

Puxo o braço dele, apressando-nos para chegar na ala que vovó está antes que alguém faça mais alguma pergunta idiota como: “Para quem são essas flores?”, só para poder falar com ele.

Eu me sinto irritada. Ou talvez... mais do que irritada. Por que, de repente, tudo gira em torno dele? Será que é só comigo que ele não percebe o efeito que causa? Cruzo os braços, tentando disfarçar meu desconforto, enquanto outra funcionária mais nova, Rachel, também lança um elogio qualquer sobre como o suéter dele realça os ombros assim que chegamos ao pátio de cimento. Ela está abrindo os sombreiros das mesas onde os idosos estão sentados aproveitando a brisa fresca, mas ainda encontra tempo para dar uma boa olhada em Matt.

Ótimo, agora até o suéter dele está recebendo mais atenção do que, literalmente, a pessoa ao lado dele.

Respiro fundo e me forço a sorrir, tentando ignorar o pequeno buraco que começa a se abrir dentro de mim. Dizer que isso é ciúmes parece demais, porém não encontro outra forma de classificar o sentimento.

Dou as costas para Matt e suas admiradoras e sigo até onde vovó está sentada.

Ao me aproximar, noto que vovó tem nas mãos seus instrumentos de crochê. As agulhas se movem habilidosamente entre seus dedos, enquanto uma revista, aberta sobre a mesa ao lado, parece servir de referência. Me esforço para enxergar o que ela está costurando, mas é difícil identificar de imediato. A peça ainda é pequena, incompleta. Sento na cadeira ao lado, chamando-a antes de tocar em seu ombro.

— Vovó?

Os olhos de Marjorie se erguem para mim, e por um breve momento, vejo uma luz de reconhecimento que aquece meu coração. Mas esse calor é rapidamente dissipado quando ela sorri e diz:

— Que bom que você veio, Celeste!

Sinto minha expressão vacilar, mas rapidamente coloco um sorriso no rosto, mesmo que seja forçado.

— Não, vovó. Sou eu, a Lily. — Minha garganta se aperta ao corrigir, com o máximo de suavidade que consigo reunir.

Vejo um lampejo de confusão passar por seus olhos, como se ela estivesse lutando para forçar sua mente a cooperar. Então, ela balança a cabeça ligeiramente e solta um pequeno riso.

— Oh, claro que é você, querida. Desculpe sua avó. Estou tão distraída com o crochê que nem percebi você chegar.

Assinto, tentando não deixar a aflição tomar conta. Aponto para o trabalho em suas mãos, curiosa.

— O que está fazendo, vovó?

O rosto dela se ilumina de novo, e com um orgulho visível, ela levanta de seu colo um sapatinho de bebê verde-limão. É pequeno e delicado, brilha na luz suave da tarde. Meu coração dá um salto no peito. Não preciso nem perguntar para entender que ela estava costurando o outro par antes de eu interromper.

— Sapatinhos de bebê... — murmuro, tentando esconder a surpresa e, de certo modo, a preocupação que me invade. — Para quem, vovó?

Marjorie apenas sorri, encantada com seu próprio trabalho, enquanto eu fico em silêncio esperando por sua resposta. Então, como se estivesse em outro lugar, ela começa a falar, sua voz suave, perdida em lembranças.

— Quando você me mostrou as fotos do seu bebê, eu senti como se fosse 1989 de novo. — Ela sorri, e seus olhos brilham de nostalgia. — A ultrassonografia não tinha uma qualidade tão boa naquela época, mas eu só sabia chorar vendo um monte de borrões que deveriam mostrar o meu bebê.

Fico surpresa pela clareza com que ela se lembra, especialmente sobre algo tão recente quanto minha gravidez, que nem existe mais.

— Então a senhora sabia? Eu te contei? — Minha voz sai hesitante.

Ela ri, empolgada, como se fosse óbvio.

— Lembro, sim! Como é que eu poderia esquecer?

Meus pensamentos se embolam. Por que eu compliquei as coisas dizendo algo assim para uma paciente com Alzheimer? E como vou dizer para ela que não terá nenhum bebê para usar os sapatinhos que ela costura daqui a alguns meses?

— Eu… é, eu não lembrava.

Vovó ri novamente, com um brilho brincalhão nos olhos. Ela parece tão lúcida assim.

— Memória ruim realmente corre nessa família, não é?

Antes que eu pudesse responder, vejo Matt se aproximando. Ele vem de longe, observando-nos com o olhar atento. Sua expressão calma, mas concentrada, me diz que ele nota a mudança no meu humor.

Com um sorriso tranquilo, ele se abaixa ao lado de vovó e entrega o buquê de margaridas.

— Trouxe isso para você, Marjorie.

Ela se levanta, os olhos brilhando de emoção, enquanto o abraça com todo o carinho que consegue reunir.

— Ah, você é sempre tão atencioso, querido!

Matt sorri, satisfeito.

— Fico feliz que tenha gostado. Mas, na verdade, trouxe mais uma coisa...

Com um movimento ágil, ele tira o celular do bolso e, após poucos toques, uma música começa a tocar. Reconheço a melodia no mesmo instante, e pela expressão de vovó, ela também. Be My Baby toca do alto-falante do celular.

Matt estende a mão para ela, que aceita sem hesitar. Marjorie deixa as flores comigo e, com uma habilidade que me surpreende, começa a dançar com ele no centro do pátio. A música parece contagiar o ambiente. Outros idosos se levantam, buscando seus pares, e logo risadas e conversas suaves enchem o ar. Todos dançam, como se estivessem mergulhados em uma cápsula do tempo onde só havia alegria.

Eu me deixo levar pelo momento, sorrindo para vovó enquanto ela flutua para lá e para cá com Matt à medida que outras músicas começam e terminam. Até sou convidada para dançar, e quando vejo, já estou rodopiando nos braços de um senhor que tem certeza de que estamos na década de 70.

O tempo passa depressa, e logo o aviso do fim do horário de visita ecoa pelos funcionários. Matt e eu nos despedimos de vovó, que insiste em me abraçar várias vezes antes de finalmente deixarmos a casa de repouso. Estamos caminhando de volta para o carro quando ele quebra o silêncio.

— Conversa difícil?

Distraída em minha mente, me volto para ele.

— O quê?

— Vi você conversando com sua avó. A forma como sua expressão mudou... pareceu um daqueles momentos complicados.

Solto um suspiro. Não estou triste com a conversa que tive com vovó, mas falar sobre o bebê sempre abre portas para processar tudo de novo.

— Sim, foi. Ela está fazendo um sapatinho de bebê. Para o bebê. — Não preciso repetir para que Matt entenda, seu rosto tornando-se mais expressivo. — Parece que, de algum jeito, isso vai sempre voltar para nós, sabe?

Matt fica quieto por um instante, como se estivesse escolhendo as palavras certas.

— Lilith, você não deveria ficar presa nisso. Sua avó tem pouca noção do que está acontecendo e talvez você tenha contado para ela justamente por isso, para ver como era dizer isso em voz alta. Sem esperar que ela realmente se lembrasse.

— É, talvez. Ela saber disso só me pegou de surpresa, acho… Mas, fico feliz de poder passar todo o tempo que posso com ela.

— Também fico feliz por isso. E por poder mostrar minhas habilidades como dançarino, claro.

Reviro os olhos, mas não consigo evitar sorrir.

— Claro, senhor exibido. Como se os olhares e conversas fiadas das mulheres para cima de você não tivessem sido o suficiente, não é?

Ele parece surpreso, quase boquiaberto, como se tivesse detectado o tom de ciúmes em minha voz.

— Bem... isso serviu para me mostrar que você é ciumentinha.

— Eu? Ciumenta? — Já estou pronta para negar, mas ele me envolve com um dos braços por trás, fazendo com que eu tropece um pouco à frente.

Rimos juntos enquanto tento me afastar, mas no fundo, o calor do abraço dele me faz querer ser envolvida assim todos os dias.

— Não é ciúmes! — protesto, rindo. — Só achei desrespeitoso darem em cima de você com a suposta noiva ao lado!

— Não sabia que você tinha esse lado, Lily — diz ele, provocador, com um sorriso.

Eu empurro de leve seu ombro, mas não consigo parar de sorrir. Terminamos a caminhada de volta para o carro com provocações trocadas, mas que não criam nada além de uma tensão que me faz dormir sozinha à noite, com ele só entrando no quarto quando eu já estou em um sono profundo.

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