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𝟮𝟵. hide and seek with cars

𝗠𝗔𝗬 𝟮𝟲, 𝟮𝟬𝟯𝟰













ᥫ᭡𝐋𝐈𝐋𝐈𝐓𝐇...

Eu sei que pareço o tipo de garota que toma a iniciativa, que é decidida o suficiente para se aproximar, fazer o primeiro contato, conseguir números de telefone e beijar o cara. Mas a verdade é que nunca fiz nada disso. Além disso, sou uma mulher agora, não mais só uma garota.

Só beijei três pessoas na vida. Nash Shane, meu primeiro beijo e motivo de muitas piadas no meu grupo de amigas quando elas descobriram que o segundo nome dele era Monica. Andrew J. Turner – ou A.J, como o chamavam – que me levou ao baile de primavera no nosso primeiro ano do ensino médio e com quem meio que namorei por alguns meses só porque o pai dele nos levava para surfar do outro lado da ilha o tempo todo. E Sabrina Meadows, a última pessoa por quem me apaixonei antes de vir para Boston. Éramos melhores amigas, até eu descobrir que gostava de meninas e contar isso para ela. Naquela noite, ela me beijou, alimentando a minha paixão, só para depois quebrar meu coração. Nunca mais nos falamos.

E agora estou beijando Matt em frente a todos os nossos amigos e família. Não deveria parecer tão eletrizante. Mas, quando ele passa a mão pela lateral do meu rosto e seu polegar roça suavemente o meu queixo, sinto um arrepio subir pela minha espinha. É rápido. Intenso.

Ele se separa de mim, como se estivesse coreografando o final perfeito do beijo para receber os aplausos, igual a um rei sendo aclamado por seu cortejo após uma coroação. Meus olhos seguem os dele, que desviam rapidamente, mas antes que eu possa pensar sobre o que isso significa, ele envolve minha cintura com um dos braços, a proximidade me deixando tonta por um segundo.

— Você é boa no exibicionismo — murmura ao meu ouvido, e o calor da voz dele me faz querer fechar os olhos. — Mas da próxima vez que quiser me beijar, tenta não bater o dente no meu.

Sinto meu corpo inteiro se desarmar. Claro que foi só uma piada para ele. Nada do que aconteceu foi sincero. O discurso, nem mesmo um beijo na frente de todo mundo, nada disso ele levou a sério. Meus dedos formigam, e eu avalio se socar seu ombro em retaliação destruiria toda a ilusão de casal apaixonado que acabamos de construir.

A plateia ainda aplaude, e antes que eu possa decidir, Matt empurra o microfone para mim. Balanço as mãos de imediato, recusando.

— Você já disse o suficiente. Mais uma vez, obrigada pela presença de todos. E... soltem a música! — falo com um sorriso que espero ser convincente o suficiente para encerrar o momento.

Os convidados gritam, animados, e eu aproveito a euforia para me virar para Matt. Meu sorriso falso se desfaz, e eu sussurro:

— Você é um idiota de marca maior.

Ele não parece nem um pouco afetado. Pelo contrário, sussurra de volta, brincalhão:

— Numa escala de 1 a 10, o quão brava você ficaria se eu te puxasse para a pista de dança agora?

Minha mente vacila. Há algo sincero por trás do tom dele. E, por um segundo, fico confusa. Ele quer dançar comigo. Ele realmente fez essa festa para mim, e de repente me lembro do beijo... de como foi ele quem hesitou antes e eu que finalizei o contato. Mas não posso pensar nisso agora. Preciso entender por que Matt está agindo assim.

— Por que você fez tudo isso? — pergunto, de repente, meu tom mais suave, sem o sarcasmo.

O olhar dele se suaviza, o sorriso que antes era zombeteiro agora vira algo mais terno.

— Porque eu queria te dar uma festa. Algo para te distrair do que passamos nos últimos dias. Você merece isso, Lily. Eu sei que estamos com todas essas emoções confusas, com essa coisa da vida adulta, e de descobrir que tínhamos algo e que o perdemos... e não tenho ideia de como vão ser os próximos dias. Mas você merece ter uma memória boa disso tudo. — Ele faz uma pausa, como se estivesse escolhendo as palavras com cuidado. — Merece um aniversário feliz, não importa a linha do tempo em que a gente esteja.

Essas palavras me atingem de um jeito que não estou pronta para processar. A sinceridade nos olhos de Matt me deixa vulnerável, como se, por um instante, ele pudesse enxergar além da minha fachada. Ele fez isso por mim. Não pela encenação. Não por parecer o noivo perfeito. Mas porque, de algum modo, ele sabia que eu precisava disso.

E talvez, eu também tenha beijado Matt por algo mais do que manter as aparências.

É por isso que, mesmo confusa, eu cedo à dança. Matt me puxa em direção ao centro da festa, e quando ouço a batida familiar de uma música animada da Kesha, solto uma risada interna de alívio. Nick, perto da mesa de som, dança com os braços no ar enquanto sugere mais algumas músicas para o DJ, garantindo que o clima da festa continue enérgico. Agradeço mentalmente por não ser uma música lenta, dessas que exigiriam que dançássemos muito próximos. Isso seria demais para mim agora.

A noite avança e, por mais que Matt e eu nos afastemos para conversar com outros convidados, ele nunca sai completamente da minha visão periférica. Em lados opostos do terraço, ele ainda está lá. E, quando perguntas sobre o casamento surgem entre os amigos, faço o possível para desviar, enquanto Matt continua inventando detalhes cada vez mais absurdos. Agora o nosso casamento intimista é numa praia em Barbados, com pé na areia e coquetéis temáticos inspirados no filme Procurando Nemo. Estou me perguntando como é que as pessoas estão comprando as ideias mais infantis e absurdas que saem da boca dele, mas os convidados adoram.

Aproveito os aperitivos que Matt encomendou – comida mexicana e uns mini-hambúrgueres tão bons que já perdi a conta de quantos comi. Em algum momento, Aspen aparece e nos sentamos juntas, conversando sobre tudo porque descobri que, quando não está sendo uma típica adolescente reclusa e misteriosa, ela ainda guarda uma paixão especial por falar pelos cotovelos igual a quando aprendeu as primeiras palavras. Ela me conta que prefere patinação no gelo ao surf, mas sinto que evita entrar em detalhes sobre o porquê de ter parado com as aulas. Acho que a mãe não consegue pagar, os uniformes, as lâminas dos patins, e a treinadora. E, embora eu esteja vendo que não será Aspen a me pedir qualquer coisa, decido naquele instante que darei um jeito nisso. Ela merece continuar.

Entre uma conversa e outra, acabo esbarrando em Chris, que me abraça apertado e me deseja feliz aniversário. Seu desconforto é evidente, e sei que ele está guardando algo.

— O que está acontecendo com Matt? — Ele pergunta de repente, com a voz baixa, como se não quisesse ser ouvido por mais ninguém.

— Como assim? — pergunto de volta, franzindo a testa.

Chris coça a nuca, um hábito que parece dividir com o irmão quando estão nervosos.

— Não sei... Ele veio falar comigo mais cedo, e não parece só cordial, sabe? Ele parecia sincero.

Me pego encarando Chris por um segundo, sem saber muito bem como responder a isso. Mas, digo da perspectiva de quem está tentando enxergar todos os lados da situação.

— Três anos é muito tempo para repensar escolhas e erros, Chris — respondo, tentando fazê-lo também enxergar por outras perspectivas. — E é isso que está acontecendo com Matt. Ele está se dando conta do que realmente importa.

Chris não parece convencido, mas está pensativo. Dou um pequeno aperto de afeto em seu braço antes de me afastar.

❄︎  ❄︎  ❄︎

O barulho dos últimos convidados arrumando os resquícios da festa se mistura ao som distante da cidade. Eu os observo recolherem o lixo, rindo e comentando sobre a noite, enquanto ajudo a empilhar alguns pratos. Florence chama Sadie, sugerindo que está na hora de irem embora, mas Sadie, com um brilho nos olhos, se vira para ela:

— Ah, amor, está muito cedo para encerrar a festa! Agora que só tem a gente aqui, podemos pensar em algo divertido, não acha?

Me surpreendo ao ver que até Chris e Angel ainda estão aqui. Angel, parecendo se agradar da ideia, se adianta com um sorriso.

— Que tal esconde-esconde com carros? — Chris franze o cenho, pronto para protestar, mas antes que ele possa dizer qualquer coisa, Angel levanta a mão: — Calma, Chris. Eu não vou. Mas vocês podem ir, pelos velhos tempos.

Hunter solta uma risada saudosa.

— Nossa, há quanto tempo não fazemos isso?

— Acho que desde as férias de verão do nosso primeiro ano de faculdade — Nick comenta, sorrindo com a lembrança enquanto joga mais um copo de plástico dentro do saco de lixo.

— O que seria esconde-esconde com carros? — pergunta Aisha, com uma sobrancelha arqueada.

Fico aliviada por não ser a única a não saber o que diabos é isso.

— Basicamente, — Me viro para Sadie quando ela começa. — A gente se divide em duplas com os carros, e sorteamos uma dupla para procurar enquanto as outras se escondem pela cidade. As duplas escondidas dão dicas da localização até serem encontradas.

Florence balança a cabeça com um sorriso divertido estampado no rosto.

— Engraçado ver gente de quase trinta anos empolgada para brincar de esconde-esconde de carro. Mas vamos nessa, tô dentro.

— Ainda bem que não bebi hoje! — Nate comemora com um soquinho no ar.

Todos parecem embarcar na ideia, enquanto eu observo em silêncio. Matt se vira para mim.

— O que você acha?

Eu dou de ombros, um sorriso de canto de boca surgindo.

— Acho que será uma ótima vitória para a aniversariante!

Nate se anima, esticando a mão para um hi-five comigo.

— É isso aí! Mas não vamos aliviar pra você.

Decidimos que Angel será a juíza e responsável por sortear quem vai começar a procurar. Hunter, Chris e Nick formam um trio, já que Angel ficará de fora. Matt e eu somos os escolhidos para começar a busca. Ele está claramente empolgado quando nos acomodamos no carro, esperando a mensagem com a primeira pista.

— Então, qual é a dessa brincadeira? — pergunto, curiosa.

Matt sorri, os olhos fixos no celular antes de passá-lo para mim, já que é ele quem conduzirá o carro.

— Começou logo quando Angel tirou a carteira. A gente queria ajudar Sadie a perder o medo de dirigir, e surgiu essa ideia de fazer uma espécie de caça ao tesouro com os carros. Ao longo do tempo adaptamos para um esconde-esconde, daí virou uma tradição.

Sorrio, surpresa e tocada pelo gesto. Não consigo evitar pensar em como encontrei Sadie, um dia antes do meu turno na biblioteca que mudou tudo, claramente passando mal. Quando volto à realidade, o celular de Matt no meu colo vibra com a primeira pista.

Angel: Nate e Aisha entre o dia e a noite.

Mostro a tela para ele, e nós falamos juntos:

The Afternoons.

O clube de dança, mais ao norte do centro, parece uma escolha óbvia. Seguimos para lá, mas antes que cheguemos, Matt retoma o assunto de Sadie.

— Ela estava definitivamente passando por algo. Não queria que ninguém soubesse.

— O que você acha que era? — pergunto, enquanto o caminho até o clube de dança encurta.

— A mãe dela é narcisista e o pai, omisso. Crescer num ambiente assim foi complicado pra ela. Comer uma refeição completa era praticamente um crime, e deixar de fazer o cabelo ou as unhas mesmo que uma única vez, era motivo de ridicularização.

Sinto um aperto no peito. Nunca imaginaria que Sadie, que sempre pareceu a estudante perfeita aos meus olhos, passasse por isso.

— Você acha que ela escolheu as profissões dela por causa do que viveu?

Matt acena com a cabeça, concordando.

— Com certeza. Tudo o que Sadie queria era ajudar pessoas que passavam pelo mesmo. Mas ela nunca quis que a gente soubesse dos problemas dela.

Quando volto a olhar para o celular, percebo que demoramos tempo demais. Agora é nossa vez de nos esconder. Matt sorri, com a mente já a mil.

— O que acha do Aquário de Nova Inglaterra? Essa hora deve estar tranquilo e tem árvores o suficiente na rua para camuflar o carro.

Concordo com a cabeça.

— Boa ideia. E qual vai ser a dica?

Matt joga a responsabilidade para mim com um sorriso malicioso.

— Já fiz a minha parte. Agora é com você.

Penso por um momento, olhando para a expressão desafiadora que ele me oferece.

— “Onde os peixes estão à vista, mas nunca se afogam.”

Ele sorri, aprovando a escolha.

— É até filosófico! Amei.

Mando a mensagem para Angel enquanto seguimos em silêncio pelo caminho até o Aquário. Não pensei muito no beijo enquanto estávamos conversando sobre outras coisas, mas agora que o silêncio paira sobre nós, é inevitável não voltar para aquele momento. Eu me vejo beijando Matt na frente de mais de cinquenta pessoas – incluindo Martina, que parece sempre se envolver demais no nosso relacionamento, como se fôssemos protagonistas de uma novela das nove – e perco o fôlego novamente.

Matt quebra o silêncio.

— Cadê esse pessoal? Você já mandou a pista?

Sinto os dedos dele afundarem no meu colo ao tentar pegar o celular que estava ali descansando. Prendo a respiração quando os dedos dele roçam de leve no tecido do meu vestido, e não consigo evitar imaginar como seria a mão dele em minha coxa enquanto sua outra mão continua no volante, tamborilando os dedos ou fazendo curvas com uma precisão irritantemente perfeita.

De repente, sinto o impulso de afastar esses pensamentos e, sem pensar muito, eu praticamente grito.

— Eu preciso de ar!

Matt leva um susto óbvio, e antes que ele possa dizer qualquer coisa, saio do carro, caminhando pela rua pouco iluminada. Assim que sinto o vento gelado no rosto, já me arrependo de ter saído no meio dessa ventania repentina. Meus cabelos voam descontroladamente, e caminho até a esquina, onde um tronco solitário de uma árvore se destaca no meio da grama delimitada pelo concreto. Me sento ali, tentando recuperar o fôlego, e poucos minutos depois Matt se junta a mim.

Ele se senta ao meu lado, e eu pergunto se demos uma dica ruim.

— Não, na verdade, foi bem óbvia. Se eles não aparecerem em cinco minutos, mando outra — ele responde, olhando as horas no celular.

Balanço a cabeça, observando a rua vazia à nossa frente. Tento, com todas as minhas forças, afastar os pensamentos que me turvam a mente. A neblina está um pouco gelada, mas eu permaneço ali, firme.

— Posso te fazer uma pergunta? — Matt quebra o silêncio.

Eu dou de ombros.

— Pode.

— O que você acha que tem para consertar aqui? Eu tenho as minhas questões com Chris, com o que deixei de fazer, talvez até com o hóquei. Mas, e você?

Respiro fundo, sentindo a tensão interna se acumular.

— Eu acho que tem a ver com Aspen, com a nossa mãe... e com Marjorie.

Matt parece surpreso com a resposta.

— Com Marjorie?

Dou uma risada sem humor, e as palavras saem como um desabafo.

— Tenho pensado muito na minha avó nos últimos dias. Não tive tempo para ir vê-la todos os dias como fazia antes. Sadie me disse que eu visito ela quase todos os dias agora, e a funcionária da casa de repouso comentou que Celeste está sempre lá. E, sabe, mesmo quando eu era só uma adolescente lidando com responsabilidades cruéis demais para minha idade, eu nunca deixei de visitar minha avó, nem que fosse por meia hora. Era doloroso vê-la naquele estado, mas... eu queria estar lá, perto dela. E agora, como adulta, talvez eu tenha colocado outras prioridades na frente de visitá-la.

Sinto a garganta apertar.

— Você acha que estou sendo mórbida?

Matt me olha por um momento e sorri de leve.

— Um pouco. Mas você sabe o que tem que fazer agora. E eu vou providenciar as flores para que a gente volte a visitar Marjorie como o Matt do futuro fazia.

Brinco, tentando aliviar o clima.

— Assim é difícil te achar irritante a maior parte do tempo.

Ele sorri, despreocupado.

— Você só precisava me dar uma chance.

Nosso olhar se cruza, e por um instante, me pergunto o que mais ele quis dizer com isso. Ele tira a jaqueta de couro e a coloca sobre meus ombros sem dizer uma palavra. O calor da jaqueta contrasta com o vento gelado, e eu agradeço internamente. Quando ele parece prestes a dizer algo, um farol invade nossa visão. É uma picape, super moderna, e vejo que é Chris ao volante.

Nick grita de dentro do carro:

— Que porra de pista filosófica foi aquela?

Eu caio na gargalhada, enquanto Matt e Chris trocam um olhar de cumplicidade. Eles se acenam com a cabeça, e eu quase posso jurar que vejo Chris retribuir um sorriso de canto. O sorriso de Matt, por outro lado, está escancarado, como se ele tivesse ganhado a noite.

Quando voltamos para o carro, não resisto a perguntar.

— Então as coisas estão caminhando entre vocês?

Matt parece pensativo por um segundo, mordendo o interior da bochecha antes de abrir um sorriso cansado, mas contente.

— Acho que melhor do que eu imaginava.

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