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𝟮𝟳. happy birthday, lily

𝗠𝗔𝗬 𝟮𝟲, 𝟮𝟬𝟯𝟰











ᥫ᭡𝐋𝐈𝐋𝐈𝐓𝐇...

O som do despertador ecoa no quarto como um martelo pesado, batendo forte contra minha cabeça. É como se minhas pálpebras estivessem coladas, lutando para permanecer fechadas, recusando-se a deixar a luz fraca da manhã entrar. Com esforço, abro um dos olhos e, sem pensar muito, acerto o despertador com um soco de punho fechado. A visão ainda está embasada, mas consigo distinguir o horário e a data piscando em neon azul: 7:10 AM, 26 de maio.

Meu aniversário.

Suspiro, tentando distinguir se estou sentindo o peso da idade ou da bagunça de ontem. Coloco os pés para fora da cama, o chão frio me acordando um pouco mais. Passo a mão no rosto inchado, arrependida de ter me rendido aos encantos da vida adulta – e da pequena coleção de bebidas que eu e Matt orgulhosamente temos. E ele... Ele é até engraçadinho quando não está sendo um pé no saco.

Uma memória da noite anterior me invade: nós dois, como duas crianças, pulando no sofá da sala com copos na mão, sem a menor preocupação de derramar as bebidas enquanto cantávamos as músicas do Flo Rida a plenos pulmões, como se o amanhã não existisse.

Tomara que os vizinhos não tenham ouvido essa presepada. O pensamento me arranca um riso nervoso, imaginando a vergonha que sentiria se soubesse que arruinamos a boa reputação que parece ter caído sobre nós, mesmo sem nos esforçarmos para isso.

Enquanto me levanto, percebo algo que me escapa em meio à ressaca: a ausência de Matt. O lado dele da cama está vazio. Forço os olhos, ainda pesados, e vejo um papelzinho amassado em cima do travesseiro dele. Pego o bilhete e, ao ler a caligrafia meio torta, solto uma risada baixa, contaminada pelo gesto simples que de alguma forma aquece meu coração.

“Precisei sair cedo, mas fiz ovos mexidos e seu waffle sem graça e sem açúcar. Tenha um bom dia no trabalho, princesa :) x Matt”

Passo os dedos pelo papel, sentindo um nó se formar na garganta. Como algo tão pequeno pode mexer tanto comigo? Balanço a cabeça, tentando espantar a onda de sentimentos que ameaçam me afogar. Talvez a ressaca esteja deixando tudo mais intenso do que deveria. Não sou do tipo que se deixa levar tão facilmente, mas aqui estou eu, quase chorando por um bilhete e um café da manhã com ovos mexidos e waffles sem açúcar preparados exclusivamente para mim.

Coloco o bilhete de lado, estico o corpo e caminho em direção ao banheiro, sentindo cada músculo gritar em protesto. Acho que é melhor eu aproveitar o luxo desta casa o quanto posso, porque certamente sentirei falta da cama confortável e do jogo de lençóis 1000 fios quando voltar para minha realidade.

Depois de me arrumar, com uma maquiagem leve para esconder as olheiras, caminho até a cozinha, onde a luz matinal atravessa as janelas. O cheiro dos ovos mexidos e waffles sem graça, como Matt os descreveu, já preenche o ar. Coloco uma porção no prato e me sento à mesa, olhando para a refeição como se estivesse vendo algo fora do lugar. O gesto é simples, quase casual, mas mexe comigo de uma forma que não consigo explicar.

Começo a comer devagar, ainda me acostumando com a ideia de que este é meu aniversário de 28 anos. Na semana passada, eu ainda estava alguns meses longe dos 18. Agora, sou lembrada constantemente de que estou mais perto dos 30 do que dos 20, especialmente pelo jeito que tudo parece tão diferente.

Assim que entro no carro, sou saudada por Nexa.

— Bom dia, Lilith. Feliz aniversário! Eu criei uma playlist especial para você, com todas as músicas do One Direction que você ama. — A voz artificial da assistente virtual soa como se estivesse sorrindo. Eu rio, apertando o volante com força, enquanto os primeiros acordes de What Makes You Beautiful enchem o carro.

Ouvindo a playlist que Nexa, meu software de navegação, escolheu especialmente para mim, eu me pego rindo sozinha. Claro que até o carro sabe que meu gosto musical ficou congelado no tempo, com ou sem viagem no tempo.

Ao chegar à escola, a rotina de lidar com os alunos me faz esquecer que é meu aniversário. Estou focada em relembrá-los do projeto final, mas oferecendo um tempo para que também estudem para as outras matérias. Percebo como os rostos deles estão mergulhados em suas próprias preocupações, e de alguma forma, me sinto conectada a essa fase. É como se eu também estivesse começando algo novo, tentando encontrar o equilíbrio entre quem eu era e quem estou me tornando.

Depois que a aula termina, vou até a sala dos professores para dar uma pausa. Assim que entro, vejo um buquê enorme de lírios brancos em cima da mesa. Levo um susto, parando de repente, enquanto meus olhos se fixam nas flores. São lindas, com uma pureza e elegância que me desarmam.

Antes que eu possa me recompor, Martina, minha colega de trabalho, a mesma que me ajudou a encontrar minha sala, surge de trás de uma pilastra com um sorriso sonhador.

— Feliz aniversário, Lilith! — diz ela, com aquele tom de voz doce. — Essas flores são para você. Recebi mais cedo, mas esperei o momento certo para entregá-las.

— Para mim? — pergunto, surpresa, enquanto meu coração acelera. Aproximo-me, tocando os lírios suavemente, tentando entender quem poderia ter enviado algo tão especial.

— É claro que são para você! — Martina ri, como se fosse óbvio. — Espero que seu dia esteja sendo maravilhoso.

Sorrio, mesmo que confusa. Quem teria enviado algo assim? Será que Matt...?

— Obrigada, Martina.

Espero que ela desapareça pela porta antes de me aproximar das flores, que, no fundo, eu sei exatamente quem é o remetente delas.

A confirmação vem rapidamente quando meus dedos encontram um cartãozinho no meio do buquê. É a mesma caligrafia do bilhete que encontrei pela manhã, só que dessa vez, ele assinou como Mr. Whettam. Meu coração dá um pequeno salto, e não consigo evitar sorrir enquanto abro o cartão com cuidado.

"Espero que esteja tendo um bom dia até agora... O que acha de jantarmos no restaurante da esposa de Sadie? Ouvi dizer que é o melhor da cidade! Ah, e eu fiz uma pergunta retórica. Sairemos de casa às 18h. Até mais tarde, Lily."

Meu rosto cora violentamente, e a memória me toma de assalto. A última pessoa que me deu flores foi meu avô. Ele tinha uma tradição especial em todos os meus aniversários: fazer com que eu encontrasse flores em qualquer canto da casa. Flores sob minha cama, no armário do banheiro, debaixo do talher no café da manhã, e até dentro da minha mochila. Cada uma me surpreendia de um jeito único, mas os lírios brancos sempre foram meus favoritos.

Será que Matt sabia disso? Será que ele procurou saber ou foi apenas uma grande coincidência? A lembrança do meu avô traz uma onda de nostalgia tão forte que meus olhos começam a se encher de lágrimas. Mas dessa vez, elas escorrem sem eu poder contê-las, enquanto um sorriso enorme toma conta do meu rosto. É como se estivesse sendo abraçada pelas memórias e pela generosidade inesperada de Matt.

O celular vibra no bolso da minha calça jeans. Limpo as lágrimas rapidamente antes de colocar o bilhete de volta no meio das flores e atendo a chamada ao ver o nome Celeste no visor.

— Oi, mãe — digo, tentando manter a voz estável.

— Feliz aniversário, minha querida! — A voz da minha mãe soa alegre do outro lado da linha. — Como está sendo seu dia?

— Até agora está sendo muito bom — respondo, minha voz um pouco abafada pelas emoções que ainda tento absorver.

— Que ótimo! — Celeste continua. — Escuta, eu estava pensando... Que tal almoçarmos juntas hoje? Podemos ir naquele restaurante japonês que eu e Aspen costumamos frequentar aos fins de semana. Parece a oportunidade perfeita para você finalmente conhecê-lo.

— Ah... — Hesito, tentando encontrar uma desculpa rápida. A verdade é que a ideia de um almoço com minha mãe soa como enfrentar problemas que eu poderia procrastinar mais um pouco para dar conta. — Parece legal, mãe.

— Ótimo! Podemos passar para buscar a Aspen na escola — Celeste se apressa em completar, antes de acrescentar rapidamente: — E ela volta para os estudos assim que o almoço acabar, claro.

Sinto o leve tom de culpa na voz dela. É como se ela tivesse se traído, preocupada em não me dar a impressão de que está relaxando em incentivar Aspen a levar os estudos a sério. O silêncio que se segue é um pouco constrangedor, mas inevitável. Respiro fundo e cedo à insistência. Talvez eu esteja exagerando nas preocupações.

— Tudo bem, posso passar para te buscar — digo, finalmente cedendo. — E depois pegamos Aspen.

— Estarei pronta e te esperando!

— Certo, mãe. Até daqui a pouco.

Desligo o telefone e encaro a tela por um momento. Não posso evitar a sensação de não saber o que esperar desse almoço
Mas, talvez, seja parte do processo… De consertar as coisas frágeis nesse futuro. Fingir que tudo está bem até que, quem sabe, em algum momento, fique mesmo.

❄︎  ❄︎  ❄︎

O almoço com minha mãe e Aspen não foi nada do que imaginei. Ver minha mãe sorrir com tanta leveza e serenidade, sem aquele peso que sempre parecia acompanhá-la, me abalou mais do que esperava. Aspen, por outro lado, parecia tão completa, tão segura ao olhar para nós com uma admiração quase infantil. Era como se eu estivesse de volta no tempo, quando ela tinha apenas três anos, e não essa menina adolescente que, de alguma forma, ainda me vê como uma referência.

A conversa fluiu mais facilmente do que imaginei, e as risadas vieram sem esforço. Já estava envolvida nas trivialidades e momentos leves quando minha mãe saiu da mesa para atender uma ligação. Observei-a pela janela, do lado de fora do restaurante, e seu rosto despreocupado desapareceu assim que atendeu o telefone. Seus gestos nervosos denunciavam uma discussão. O contraste entre o riso anterior e aquela tensão me atingiu, como se fossem duas versões da mesma pessoa lutando para coexistir.

Ela vestia uma jaqueta de couro que combinava com as botas vermelho-cereja, e sua blusa estampada de manga longa junto com o jeans escuro me lembravam o estilo da Rachel, de Friends – uma versão da minha mãe que eu vi poucas vezes em sua sobriedade durante minha infância. Quando meu olhar foi desviado pela expressão cabisbaixa de Aspen, que também notou a ausência repentina de sua mãe, tentei distraí-la comentando sobre o restaurante. Falei que adorei a comida e que precisávamos voltar outro dia. Aspen apenas sorriu, meio de lado, mas aceitei aquilo como um pequeno triunfo.

Depois de deixar Aspen na escola, o silêncio sinuoso toma conta do carro enquanto levo minha mãe de volta para casa. Cada quilômetro parece se arrastar, mas crio coragem para perguntar o que está martelando na minha cabeça:

— Foi você quem contou ao Matt sobre a tradição do vovô de me dar flores no meu aniversário?

Ela olha para mim com uma expressão de surpresa, como se tivesse esquecido completamente.

— Oh, meu Deus! Ele fazia isso, não é? Eu nem me lembrava.

— Então você não disse nada a ele? — pergunto, mais para confirmar o que eu já sei.

— Não, Matt nem mencionou flores, querida.

Engulo a vontade de dizer que, claro, ela não se lembra. Estava sempre bêbada demais na maioria dos meus aniversários para perceber os pequenos gestos do vovô. Fico calada. O resto do caminho é igualmente silencioso, até que paro na frente da casa dela. Minha antiga casa.

— Feliz aniversário de novo, Lily — ela diz, inclinando-se de forma desajeitada por cima do câmbio do carro para me abraçar. Eu retribuo o gesto com o mesmo desconforto, antes de vê-la fechar a porta e entrar.

Volto para a escola para os últimos períodos. E o dia passa sem grandes surpresas, mas assim que o sinal final toca, eu estou tão apressada para sair quanto os alunos. Talvez até mais.

Não posso negar que estou curiosa para saber o que Matt quer com todos esses gestos durante o dia. Vê-lo pessoalmente vai ser um pouco estranho, considerando que eu não estou entendendo nada do que isso significa. Não é que eu não goste do meu aniversário ou não queira comemorá-lo só por causa dessa inconveniência de "fomos trazidos para o futuro", mas quero entender por que ele está tão empenhado em fazer o meu dia especial.

Quando chego na rua de casa, vejo o carro de Matt estacionado. Murmuro para mim mesma um: "Ok, só aja naturalmente", sem entender por que estou tão apreensiva para vê-lo. Entro em casa e começo a chamá-lo enquanto subo as escadas, mas ele só responde quando já estou no corredor, do banheiro que a gente divide na suíte.

Tento encontrar alguma pista de que roupa ele está planejando usar para esse tal jantar, mas não tem nada em cima da cama. Vou para o meu lado do closet, procurando algo que sirva para a ocasião. Puxo um vestido que não lembro de ter visto antes – o que não me surpreende porque isso aqui está abarrotado de roupas e não sei dizer em que momento me tornei tão consumista. Ele é lindo. O tecido é um cetim marfim, suave, com bordados pretos delicados. As flores e vinhas intricadas formam desenhos elegantes que se encontram no centro do corpete, criando um visual clássico e sofisticado. Ele tem um ar vintage, mas de um jeito moderno. Nas costas as alças se encontram formando um X e o decote em V termina à um palmo acima do cóccix. A seda cai em ondas suaves até os pés, fazendo com que eu, mesmo sem tê-lo vestido ainda, me sinta pronta para uma noite especial.

No momento em que estou analisando o vestido, Matt sai do banheiro. Ele está abotoando os punhos da camisa social branca, e o cheiro do shampoo dele chega até mim, mesmo à distância. O cabelo está úmido, e ele parece incrivelmente relaxado enquanto termina de se arrumar. Apesar de não estar usando a jaqueta de couro preta que o vejo jogar em cima da cama, a camisa branca e o jeans escuro lhe dão um ar descontraído, mas muito bem arrumado. Ele me olha por um instante, e eu prendo a respiração involuntariamente.

— Oi — digo.

Ele sorri como se tivesse ganhado na porra da loteria.

— Oi. Nós temos mesa reservada, mas quis começar a me arrumar mais cedo para não atrapalhar você a se arrumar — ele diz, com naturalidade, como se essa casa não tivesse outros três banheiros à minha disposição e não precisássemos dividir um.

— Uma hora e meia é tempo mais que o suficiente para eu me arrumar.

Estou abraçada ao vestido como se ele fosse um escudo protetor contra o clima no qual Matt me envolve. Se trata de um clima leve, pacífico e harmônico, ainda assim, tenho receio dele.

— Isso porque você não está contando com o tempo que vamos levar no trânsito até lá.

— Ok… então eu tenho por volta de…

— Uma hora para estar pronta e saindo de casa — ele completa.

— É melhor eu ir tomar banho, então.

Passo por ele para ir até o banheiro, mantendo uma distância segura. Tento evitar soltar um suspiro quando sinto mais de perto o perfume natural pós-banho exalando dele, evidenciando o quão cheiroso ele está antes mesmo de aplicar qualquer perfume. No banho, não demoro muito, porque decido que quero fazer escova no cabelo. Ao vasculhar o armário, encontro uma dessas escovas secadoras super potentes. Ela é silenciosa e fácil de manusear, o que me ajuda a modelar o cabelo sem esforço. Gosto do resultado, as ondas caem de forma natural sobre os meus ombros.

Já com a pele completamente seca, pego o vestido do cabide e me desvencilho da toalha para vesti-lo. O tecido desliza suavemente sobre o meu corpo, e o caimento é ainda melhor do que imaginei. Fecho o zíper invisível na parte de trás, logo acima da bunda, e dou uma olhada no espelho. O vestido emoldura minha silhueta de um jeito que beira o pecaminoso, se posso admitir. Dou um pequeno sorriso de aprovação.

Na maquiagem, sigo uma linha natural, nada muito elaborado. Apenas troco o protetor labial do dia a dia por um batom cor de caramelo. Saio do banheiro segurando a barra do vestido com cuidado para não pisar nela antes de calçar os sapatos, que ainda não escolhi.

Matt, que estava distraído no celular, levanta o olhar e solta um assobio. Reviro os olhos, mas ele faz uma palhaçada, aplaudindo e pedindo:

— Dá uma voltinha!

— Muito engraçado — murmuro, apesar de não conter um leve sorriso.

Ele se diverte com a própria encenação, como se eu estivesse em um grande desfile.

— Já estourou o tempo? — pergunto, imaginando que o limite de sessenta minutos já foi ultrapassado.

Matt olha para o relógio em seu pulso de forma tão rápida que duvido que ele tenha mesmo conferido.

— Você está com tempo.

— Que ótimo, porque ainda não escolhi os sapatos.

— Precisa de ajuda? — ele pergunta, com um tom de falsa seriedade.

Eu rio, mas aceito a oferta.

— Claro.

— Sério? Está rindo da minha cara? — ele finge ficar ofendido. — Eu tenho senso de estilo, sabia? Confia em mim, não vou te decepcionar.

— Vai em frente, então — digo, curiosa para ver o que ele vai escolher.

Matt passeia pelas opções, analisando cada par com uma dedicação e confiança que me faz achar ainda mais graça. Finalmente, ele escolhe um par de saltos pretos, com tiras finas que se entrelaçam delicadamente no tornozelo. O salto é alto, mas não exagerado, e as tiras em couro envernizado adicionam um toque elegante, combinando perfeitamente com o vestido.

— Esses — ele diz, com confiança.

Calço os sapatos e eles realmente caem como uma luva. Me viro para procurar alguns acessórios. Coloco uma pulseira no alto do antebraço, um colar discreto e brincos tão delicados quanto.

Meus olhos caem sobre o anel de noivado, separado das outras joias, em uma espécie de pedestal. Tomo um minuto para decidir se devo usá-lo ou não. "Vou estar em público", penso. "O que as pessoas pensariam se eu não o usasse? O que Matt pensaria?"

Respiro fundo e, por fim, coloco o anel no dedo.

Matt retorna ao quarto – nem vi o momento em que ele saiu –, agora vestindo sua jaqueta de couro, o que completa o visual dele melhor do que eu esperava. Ele me olha de cima a baixo e sorri, satisfeito.

— Você está pronta?

— Acho que sim — respondo, sem saber ao certo se estou falando do visual ou do que essa noite pode trazer.

Saímos de casa na primeira hora da noite em Boston, onde a cidade começa a se transformar. Alguns estabelecimentos ainda recolhem os protetores de sol que acolhem mais clientes nas calçadas, enquanto outros já acendem os letreiros luminosos, iluminando suavemente as ruas. A noite está serena, mas agradável o suficiente para não precisar de casaco, e o movimento na cidade está tranquilo, com o tráfego fluindo sem pressa.

No caminho, Matt começa a cantarolar Look At That Woman do Role Model, o que me faz sorrir. A música parece tão ele. De alguma forma, se Matt fosse compositor, é esse tipo de canção que ele escreveria. Despreocupada, perco a noção do tempo enquanto observo a paisagem urbana se transformar em uma mistura de prédios altos e ruas arborizadas. Então, noto que estamos dirigindo há mais tempo do que imaginei ser necessário para chegar ao centro da cidade.

— Ei, não era no centro que a Sadie disse que era o restaurante da Florence? — pergunto, cruzando os braços.

Matt hesita por um segundo, o que só me faz estreitar os olhos.

— Ah, estamos pegando um atalho — ele responde rapidamente, mas seu tom não me convence.

Sinto que há algo mais, mas decido não pressionar. Afinal, como se fosse combinado, exatos dois minutos depois, chegamos ao destino. Ele estaciona em frente a um prédio de tijolos, coberto por uma vegetação densa que desce pela fachada, criando uma visão quase bucólica em meio à cidade.

— É no terraço — Matt diz, adiantando-se para abrir a porta do carro para mim.

— Obrigada — respondo, oferecendo um sorriso enquanto olho para cima, procurando algum sinal de que há um restaurante ali. Mas não vejo nada que indique que estamos no lugar certo.

Enquanto entramos no elevador e ele aperta o botão para o último andar, o silêncio entre nós é confortável. Estou tranquila, mas algo dentro de mim começa a se agitar. Um andar antes do terraço, algo finalmente me atinge com força. A festa surpresa. A festa que o Matt do futuro estava planejando para a Lilith do futuro.

E agora tudo faz sentido.

Quando as portas de metal do elevador se abrem, sou recebida por um estrondoso "Surpresa!" de todos os lados. Champanhe estoura, confetes caem do teto, e sou envolvida pelos sorrisos de amigos e familiares que estão reunidos ali, todos rindo e comemorando. Matt apenas sorri, com aquele olhar cúmplice, estendendo a mão para mim.

— Feliz aniversário, Lily — ele diz suavemente, antes de entrelaçar os dedos nos meus quando aceito sua mão.

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