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𝟮. doing too much

𝗝𝗔𝗡𝗨𝗔𝗥𝗬 𝟭𝟲, 𝟮𝟬𝟮𝟰























ᥫ᭡𝐌𝐀𝐓𝐓...

Não sou bom com datas importantes ou cumprir horário.

Chegar atrasado na aula de biologia já é quase tradição. Devo confessar que essa é a terceira vez consecutiva que me apresento à porta da sala com atraso de pelo menos cinco minutos. E olha que voltamos da pausa para as festas de fim de ano há pouco menos de duas semanas.

A verdade é que a minha relação com horários e compromissos é tão desastrosa quanto um experimento científico mal conduzido – e falando nisso, não posso esquecer de começar a pensar no meu projeto para a Feira de Ciências. Tenho o talento raro de conseguir me atrasar para tudo, desde encontros até compromissos que deveriam ser fundamentais para minha sobrevivência escolar. E isso inclui, claro, as aulas de biologia com o professor Hobbes.

Bart Hobbes é o tipo de professor que, quando está bravo, transforma o ambiente de sala de aula em um verdadeiro campo minado de genes, células e organismos. No entanto, por algum motivo inexplicável – que, na verdade, eu sei explicar bem –, ele finge não se importar com os meus atrasos. Isso se deve ao fato de ele ter uma queda pela minha mãe, embora todos saibam que ela é casada e que a relação com o professor Hobbes foi, no máximo, profissional, quando ela trabalhou como secretária na Somerville High há alguns anos.

E eu sei que isso é estranho, para não dizer totalmente fodido da parte dele, mas a verdade é que tenho me aproveitado do fato de que ele ainda me deixa entrar e assistir às aulas, mesmo depois de dar as desculpas mais esfarrapadas do mundo.

Não olho para ninguém em específico enquanto faço meu caminho para o único lugar vazio na bancada ao lado de Angelina. Estamos usando o laboratório para as aulas de biologia desde que uma aluna do segundo ano quase explodiu a sala durante a apresentação de um experimento. Desde então, todos foram obrigados a encontrar um par para se sentar nas bancadas duplas. Não precisei reivindicar minha parceria com Angelina formalmente; ela guardou o lugar para mim e, sem saber que ela havia feito isso, apenas me sentei e estou aqui desde então.

— Está tudo bem — ela fala baixinho. — Faltam só mais quatro meses para a formatura.

Solto uma risada e olho para ela por cima dos ombros encolhidos. Angel tira do bolso da saia jeans um pequeno saquinho transparente com Skittles e meus olhos brilham com a possibilidade de comer uma porção moderada de doces industrializados logo pela manhã, ignorando minha corrida matinal no parque e a boa forma que eu deveria manter por causa do hóquei.

— Parecemos dois traficantes desse jeito.

Ela balança os ombros enquanto coloca algumas unidades da bala em minhas mãos.

— Hippies, traficantes, criminosos de colarinho branco… É tudo a mesma coisa no final das contas.

Quero rir da sua piada e sei que isso não a ofenderia, mas tenho tentado fazer com que Angelina seja menos crítica com os próprios pais – embora eles provavelmente pratiquem todas as atividades anteriormente citadas por ela.

Depois da aula de biologia, eu enfrento – sozinho – mais três aulas com professores tão cansados e mal humorados quanto o sr. Hobbes até sermos todos liberados para a meia hora de almoço.

Ao entrar no refeitório, o burburinho é muito mais alto do que o normal, já que as mesas externas estão fora de uso devido ao frio intenso do inverno. Localizo meus irmãos, Nick e Chris, e meus amigos, Angelina, Sadie e Hunter, ocupando uma mesa no meio da confusão.

Sou pego de surpresa pelo nível de intimidade que temos neste grupo quando ouço Angel falar detalhadamente sobre seu encontro noturno com Cora Redding no último fim de semana. Nick ri da minha cara quando paro estatelado ao lado da mesa e Hunter me puxa pelo braço, fazendo com que eu sente no banco ainda tentando digerir o assunto.

— Loucura o que vocês conseguem conversar na hora do almoço de uma segunda-feira — digo, enfiando as batatinhas que roubei da bandeja de Sadie na boca.

Também peguei essas mesmas batatinhas, mas ela é a única normal desse grupo que também não entope suas refeições de ketchup, e consequentemente, a única de quem posso roubar batatinhas.

— Eu estava tentando fazer ela parar de falar! — Chris grita com as mãos nos ouvidos e recebe um peteleco fraco de Angel.

— Ok, então podemos mudar o foco da nossa conversa para você. — Sadie sorri e bate na minha mão com um delay de pelo menos um minuto após eu ter comido suas batatinhas.

— Não, por favor, vamos falar de mim só um pouquinho.

Nate anuncia sua chegada jogando a mochila debaixo da mesa e exibindo a expressão mais sofrido do mundo. Ele é um ano mais novo e, por isso, obviamente, não se formará conosco. Há dias em que me preocupo com a sobrevivência do meu amigo em um ano inteiro sem a nossa companhia, mas em outros momentos, toda a coragem que um garoto de 1,69 metros precisa ter para estar no time de hóquei, me garante que ele ficará bem.

Hoje, pelo jeito, é um desses dias em que seus problemas não têm nada a ver com a falta de amigos veteranos no ano que vem.

— O que aconteceu, Nate? Roubaram suas roupas no vestiário de novo? — Hunter diz, entrando no modo amigo super protetor e capitão rabugento.

Hunter é contra qualquer pegadinha feita pelos jogadores do time, especialmente porque são incentivadas e vistas como “espírito esportivo” pelo próprio pai dele, também conhecido como nosso treinador, Phil Hughes.

— Isso também aconteceu, mas não é disso que estou falando. — Ele balança a cabeça e Nick está pronto para protestar quando é atingido por uma nova informação: — Acho que estou apaixonado, gente.

Antes que meus pensamentos processem o que acabei de ouvir, Nate lança um olhar nada discreto para Lilith Nadin, que atravessa o refeitório à procura de um lugar para se sentar. Ela está agarrada à sua bandeja como se fosse um colete salva-vidas, mas não parece intimidada com a multidão.

É mais como se realmente não estivesse a fim de ter seu almoço derrubado no chão por um dos engraçadinhos da mesa dos jogadores de lacrosse, que dança aleatoriamente no meio do corredor. Só depois percebo que eles estão jogando verdade ou desafio, o que não deixa de ser menos vergonhoso.

— Você não está falando sério. — Chris quase explode em uma risada alta, mas usa o bom senso para não fazê-lo e chamar atenção desnecessária.

— Qual é a graça?

Chris imediatamente levanta as mãos após enfiar dois tomates cereja na boca para evitar responder Nate.

— Nate, você é provavelmente a segunda pessoa mais desencanada dessa mesa. É óbvio que vamos duvidar quando você aparece com uma nova paixão a cada duas semanas — diz Sadie, erguendo uma sobrancelha como se fosse a mais lúcida entre nós todos.

— Eu senti a crítica, tá? — Angel provoca, cutucando Sadie na costela. — Mas, ei, pelo menos não tenho um ex sentado nessa mesa.

Reprimindo a vontade de dizer “bem, tecnicamente…” porque a situação entre nós dois ainda é recorrente, dou risada quando Hunter fica vermelho pela insinuação.

Não costumamos falar muito sobre o que aconteceu entre Sadie e Hunter no ano passado, e mesmo que eles não se incomodem com as brincadeiras ocasionais que fazemos por terem anunciado o relacionamento e o término em um espaço de três meses, respeitamos o desejo deles de não ultrapassar seus limites. Até porque consigo pressentir que seus motivos vão muito além do que está aparente e não sou o único.

— Desde quando você está a fim dela? — pergunto, retornando o foco para Nate.

— Sei lá. Acho que desde hoje, quando esbarrei com ela no corredor e ela parecia prestes a jogar todos os livros em cima da minha cabeça.

— Ela deve ter se assustado com a cara de obcecado que você fica. — É a vez de Hunter provocar, mas eu não presto mais atenção neles.

Olho para ela, e é inevitável que passe despercebida. Alguns a olham por uma fração de segundo, outros dão corda o suficiente para falarem dela mesmo quando nem é tão novata assim. Lilith apareceu pela primeira vez na escola em outubro, pouco mais de um mês depois das aulas começarem para valer. E, sendo redator do jornal – só para deixar claro, não tenho controle sobre o que saí na coluna de fofocas de autoria anônima, Éris –, informações sobre alunos novos chegam mais rápido até nós, mas não no caso dela.

Hoje, ela usa um vestido floral longo com uma jaqueta jeans verde militar, e, sobre isso, um daqueles cachecóis enormes que parecem ter sido tricotados à mão. O Converse de cano alto já é parte da sua personalidade, assim como o Air Jordan que eu não tiro dos pés. Seu cabelo longo, solto e um pouco bagunçado ao cair das mechas cacheadas, se encaixa perfeitamente com o estilo que ela parece dominar sem esforço. Mesmo em meio ao caos do almoço, é difícil não notar como Lilith parece sempre estar em seu próprio mundo, como se as regras normais de convivência e comportamento simplesmente não se aplicassem a ela.

Infelizmente, ela não é tão encantadora quanto parece.

— Não acho que ela vai te dar bola — falo, tentando soar o mais descontraído que posso. Corto um pedaço generoso de carne para colocar na boca e me manter ocupado.

Ele solta uma risada, seguido de um… suspiro apaixonado? Não, Nate nem se apaixona assim.

— Você só está dizendo isso porque não quer que a gente interaja com a menina depois de você ter tido uma primeira impressão ruim dela. — Nick revira os olhos.

Eles estão na mesma classe de Química II.

— Eu não estou proibindo vocês de nada. Só acho que ela é arisca demais para alguém que não tem uma amizade na escola que está há meses. Isso é no mínimo estranho.

— Ah, então você está contando? — Angelina ergue as sobrancelhas, se divertindo com a minha cara.

Nem tento negar e eles já estão engatando em um novo assunto. Deixo que a conversa deles me entretenha enquanto termino meu almoço.

Logo depois, sinto um toque no meu ombro e olho para Angel, que me observa com uma expressão séria.

— Ei, Matt, você está lembrado do artigo que precisa escrever para o jornal da escola, não é?

Merda. Sua pergunta me faz congelar.

Mesmo em meio à bagunça do refeitório, minha mente grita alguns palavrões enquanto percebo que, com a visita do reitor da Universidade de Boston se aproximando no fim de janeiro, ainda nem comecei a trabalhar no artigo que devo publicar até o fim da próxima semana.

A lembrança me atinge como um balde de água fria, e por mais que eu esteja grato a Angel por me lembrar disso, não quero dizer isso em voz alta e correr o risco de levar um peteleco dela.

— Hm, eu estou fazendo umas pesquisas na biblioteca da escola…

— Que biblioteca, Matthew!? — ela esbraveja, e vejo a veia no meio de sua testa saltar tanto quanto seus olhos verdes. — A biblioteca da escola está em reforma há semanas!

Cacete.

Todos os nossos amigos estão em silêncio agora e eu desejo profundamente que Chris solte uma piada inapropriada para o horário ou que Hunter veja que tem carboidrato demais no meu prato.

Mas, sou salvo pelo gongo quando o sinal toca, avisando que a hora do almoço acabou.

— Obrigado, Angel. Prometo que terei um artigo escrito e pronto até o fim da semana.

Dou um beijo na bochecha dela e corro o mais rápido que posso para fora do refeitório, furando dois alunos que disputam a passagem na porta, mas ainda consigo escutá-la dizer:

— Você está fazendo coisas demais, Matt!

Como se ela também não fizesse coisas demais estando no jornal da escola, sendo capitã das líderes de torcida e a mais recente, vice-presidente do grêmio estudantil.

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