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𝟭𝟵. bitter loss

𝗠𝗔𝗬 𝟮𝟮, 𝟮𝟬𝟯𝟰













ᥫ᭡𝐌𝐀𝐓𝐓...

O meu entrosamento com o time foi inacreditável de tão incrível, para dizer o mínimo. Estes caras já me conhecem, mas eu tive que gravar todos os nomes e rostos em uma hora antes de vir para cá. Eles estão acostumados a me ver como o capitão, como o cara que resolve as coisas no gelo. Mas aqui estou eu, como um intruso no futuro, tentando me adaptar a um corpo e a um status que nem de longe parecem me pertencer.

A pressão está em todo lugar, desde o momento em que pisei no vestiário até agora, momentos antes de entrar no gelo. Um dos assistentes me parou mais cedo, perguntando, quase como um lembrete que eu não queria ouvir:

— Está 100% para hoje, Matt? Precisamos de você lá fora. Você sabe o quão indispensável é para o time.

Eu não consegui responder de imediato. O "eu" que eles esperam está pronto para carregar o time nas costas, mas a verdade é que ainda estou tentando me acostumar a ser um homem adulto cheio de responsabilidades, embora jogar pareça natural. Eu aceno com a cabeça, porque não há outra escolha. Eles precisam do capitão, e eu sou tecnicamente ele, agora.

No vestiário, depois de tentar me concentrar no último treino, decido me sentar e assistir a algumas partidas passadas. Se há alguma forma de aperfeiçoar o que preciso fazer no jogo, essa é a melhor alternativa. Tento absorver o máximo possível, observando como eu jogo. O jeito que me movimento, a forma como lidero os ataques. Ele parece confiante, como se tivesse nascido para isso. E, de certa forma, ele provavelmente nasceu.

Mas é quando um vídeo específico chama minha atenção que as coisas mudam. É uma entrevista pós-jogo, do início de março. Nele, estou claramente cansado, suando, mas sorrindo depois de uma vitória contra o Pittsburgh Penguins. Eu fiz dois dos quatro gols que garantiram a vitória, e o repórter insiste em falar sobre isso. Mas o que realmente me pega desprevenido é o que digo em seguida.

— Essa vitória... Não é minha — digo no vídeo, como se fosse a coisa mais óbvia do mundo. — Essa vitória é totalmente dedicada à Lilith. Ela esteve ao meu lado durante toda a minha recuperação. E... — dou uma risada nervosa antes de continuar. — Eu a amo. Não sei como teria conseguido sem ela.

Minhas bochechas queimam enquanto assisto. Sério? Eu disse isso? Assim, na frente de câmeras, na frente de todo mundo? Nunca fui de declarar esse tipo de coisa publicamente, muito menos tão intensamente. Não que eu já tenha amado alguém assim tão intensamente. É estranho me ver nessa posição, como se eu estivesse assistindo a outra pessoa.

E o que me deixa mais atento é que as datas batem. A entrevista foi bem no começo de março, mais ou menos na época em que as buscas por apartamentos pararam de aparecer no histórico do computador do escritório. Algo aconteceu entre nós dois, algo grande.

De repente, tudo faz mais sentido. A minha dedicação naquele jogo, a recuperação rápida da lesão que menciono no vídeo... Lilith esteve comigo durante tudo isso, o que quer dizer que talvez tenhamos nos acertado nesse meio tempo. Essa pode ser mais uma peça do quebra-cabeça que estamos tentando montar para entender o que aconteceu com esse relacionamento. Eu definitivamente preciso falar com ela sobre isso.

Logo fui chamado para me preparar. O tempo no vestiário pareceu se arrastar, mas agora, parado no túnel com os outros jogadores, o silêncio pesa enquanto os segundos correm depressa no relógio . Ninguém troca uma palavra sequer. Dá para sentir a pressão no ar, como se todos estivessem prestes a explodir de adrenalina.

Acho que nunca senti algo assim antes, é diferente do que a ansiedade me causa, embora eu também sinta essa intensidade. Todo o barulho da torcida do lado de fora parece distante, abafado. Só consigo ouvir o som do meu próprio coração martelando no peito.

Quando já estou dando voltas de aquecimento no gelo, minha mente vai rapidamente para a visão de Lilith, vestindo a jersey com o meu número, de pé nas arquibancadas. Ver ela com o número "44" nas costas fez algo dentro de mim se agitar. Eu deveria estar focado no jogo, mas era impossível não notar como ela parecia... orgulhosa. Ou talvez fosse só coisa da minha cabeça.

Também não consegui evitar que um sorriso de canto surgisse enquanto eu tentava disfarçar os olhares para Aspen e o "amigo" que a acompanhava. Eles pareciam tão próximos, rindo de alguma coisa que só os dois entendiam. É estranho vê-la crescendo assim, e mais estranho ainda que eu esteja aqui, com tanto acontecendo ao mesmo tempo.

Minha cabeça está cheia. O futuro, a lesão que acabei de descobrir que sofri no início do ano, Lilith, Aspen, Chris, o jogo... mas no instante em que o apito inicial ecoa pela arena, tudo se apaga. O som impõe um silêncio absoluto, mas cheio de expectativa, como se o mundo inteiro estivesse prendendo a respiração.

E então, eu me desligo de tudo.

A adrenalina toma conta e, por alguns segundos, parece que não existe nada além do gelo debaixo dos meus pés. A batida dos patins, o ruído distante da torcida. Recobro a consciência quando o barulho seco do stick de um dos meus companheiros de time estala no disco. A disputa já começa acirrada desde o primeiro segundo.

❄︎ ❄︎ ❄︎

Estou no banco de penalidades, tentando controlar a respiração, mas o calor do jogo ainda pulsa nas minhas veias como foguetes entrando na atmosfera. Recebo dois minutos de punição – uma penalidade menor por um tranco mais forte do que deveria no jogador dos Maple Leafs. O placar marca 2 a 1 para o Toronto, e faltam apenas dez minutos para o fim do último período.

Eu não esperava estar tão pilhado assim. Quer dizer, sabia que sentiria a pressão, mas não achei que estaria com a cabeça tão quente a ponto de cometer uma infração dessas. Meu pai sempre diz que sou um animal no gelo, que quando estou com sede de vitória, atropelo tudo e todos pela frente. E agora, essa sede parece estar me custando minutos preciosos de jogo. Passo as mãos pelo rosto, tentando afastar a adrenalina e a frustração. Dois minutos pode não parecer muito, mas no gelo, é tempo suficiente para o time inteiro perder o controle da partida. Controle esse que também não está em nossas mãos.

Penso na minha família. Será que meus pais estão em casa, assistindo? Eles sempre me acompanharam em tudo. Meu pai, com suas observações precisas e os conselhos após cada jogo, e minha mãe, sempre tentando equilibrar as emoções de todo mundo enquanto se dividia para torcer por mim e por meus amigos. E Nick? Me pergunto se ele ajustou o alarme para não perder o jogo, mesmo com o fuso horário. Consigo imaginar Justin, meu irmão mais velho, usando a jersey do time enquanto xinga todos os adversários diante da TV.

E aí penso em Chris, que joga pela Conferência Oeste, pelos Los Angeles Kings. Sim, do time que eu saí no mesmo ano em que ele foi comprado por eles. Eu descobri isso hoje mais cedo, durante a pesquisa dos meus jogos no vestiário. Ele também está lutando para chegar às Finais de Conferência, e em uma possível vitória de ambos os times, nós poderíamos nos enfrentar na Stanley Cup.

Balanço a cabeça, tentando voltar ao presente. Só preciso me recompor. Ainda dá tempo de virar o jogo, mas só se conseguirmos manter a cabeça no lugar.

Sei que os minutos estão jogando contra nosso time, e o Toronto não sente dificuldade nenhuma em nos marcar, aniquilar nossas jogadas e gastar o resto do tempo provocando e prensando nossos jogadores na proteção do ringue. Cada segundo que passa parece uma martelada no peito. O relógio corre, e nós ficamos encurralados.

O placar não se move. 2 a 1. A vitória está escapando, e não há nada que possamos fazer. A torcida do Boston continua incentivando, mas dá para sentir que o clima mudou. O silêncio entre uma jogada e outra se torna cada vez mais frequente, e o som dos sticks batendo no gelo, o grito dos jogadores, tudo parece abafado pela sensação de derrota iminente.

Quando o último segundo do jogo se esgota, é como se o peso de mil tijolos desabasse sobre os meus ombros. O apito final soa, e mesmo com a torcida aplaudindo a nossa atuação, o amargor da derrota é o único sabor que sinto. Era possível, tão possível empatar, levar para a prorrogação, quem sabe até virar. Mas agora acabou. Estamos fora da final de Conferência. Não teremos a oportunidade de ganhar mais uma Stanley Cup.

Saímos do gelo com as cabeças baixas. No vestiário, o clima é sombrio, silencioso. Alguns jogadores jogam as luvas e capacetes no chão, enquanto outros simplesmente se sentam e encaram o vazio, exaustos. Não há palavras de consolo que ajudem nesse momento, nem mesmo quando o assistente técnico tenta ser solene. As derrotas são sempre mais duras quando você sabe que deu tudo de si e, mesmo assim, não foi suficiente.

Eu me sento no meu canto, ainda com a cabeça latejando de frustração. A sensação de cansaço, mesmo que tecnicamente tenha sido meu primeiro jogo, esgota a excitação de antes, de fazer parte de um time profissional. O técnico passa por nós, com um olhar de apoio silencioso, mas não há muito o que dizer agora. Todos sabiam o que estava em jogo. Perder assim, a um passo das finais, é devastador. Nenhum discurso motivacional vai apagar o gosto amargo da eliminação.

Não há entrevistas para mim hoje. Nem sei se essa opção está disponível. Quando os jogadores selecionados vão para a coletiva pós-jogo, mesmo que não pareçam dispostos, eu tento ficar para trás. No entanto, Scott já está me jogando uma toalha aquecida e uma camiseta comum, não me dando qualquer oportunidade de fuga.

Eu vejo o pessoal da imprensa circulando lá fora, esperando por uma palavra ou reação. Espero ver Lilith, gostaria de ver Lilith. Mas acho que preciso passar por todo um protocolo primeiro.

A coletiva de imprensa se arrasta por minutos que parecem intermináveis. Cada pergunta chega como um eco distante, e os primeiros sinais da minha ansiedade começam a aparecer. O ar parece mais denso, meu coração bate acelerado, e tento focar nas respostas, mantendo a postura de quem deveria estar acostumado com isso. As palavras saem, mas minha mente está a quilômetros de distância. Quando finalmente somos liberados, sinto como se estivesse prendendo a respiração o tempo inteiro.

Depois da coletiva, passo um bom tempo no chuveiro, deixando a água escorrer pelo meu corpo na tentativa de esfriar a cabeça. Quando me visto novamente com as roupas sociais que usei para vir ao jogo, encontro Lilith e Aspen conversando com Derek Bedard e sua família. Derek posa para fotos com um garoto que eu presumo ser Garrett, o amigo que Aspen trouxe. Tento manter a cabeça no lugar, lutando contra a pressão crescente no peito. Quando me aproximo, Aspen imediatamente nota e toma a iniciativa de me apresentar.

— Matt! Vem cá — ela diz, me puxando para perto enquanto Garrett se vira para me encarar com um sorriso largo. — Esse é o Garrett, meu amigo da escola. Bem, ele está estudando em Somerville High esse ano, mas... você entendeu.

Garrett, ainda eufórico por ter tirado uma foto com o goleiro dos Bruins, parece um pouco nervoso ao me encontrar. Ele me estende a mão rapidamente, e eu aperto, tentando esconder o nervosismo que se agita dentro de mim que não tem nada a ver com ele, embora eu vá querer saber depois como foi que ele se comportou ao lado de Aspen.

— Garrett, né? — eu pergunto, forçando um sorriso que parece não vir com naturalidade.

— Sim, eu sou um grande fã do seu time! — Ele responde empolgado, os olhos brilhando enquanto ainda segura o celular com a foto de Derek. — Aspen me disse que você e seu irmão jogam desde sempre, praticamente. Isso deve ser incrível.

— É... — murmuro, tentando manter o foco na conversa. — Você também joga?

— Sim, sou goleiro no time da escola — Garrett responde, o entusiasmo praticamente irradiando dele.

— Isso é ótimo — digo, forçando mais uma vez um sorriso. Meu peito está pesado, e luto contra a crescente ansiedade, mas Garrett não parece notar nada, ainda animado com o que acabou de vivenciar. Aspen me observa de perto, talvez percebendo que algo não está certo, mas eu preciso me segurar. Não agora.

Lilith percebe a tensão nos meus ombros e sugere, com uma voz tão suave quanto a de uma diplomata:

— Que tal irmos para casa descansar? Vocês fizeram uma partida e tanto hoje.

Eu apenas aceno, sem energia para responder. Depois de me despedir dos Bedard, com Maya sendo incrivelmente calorosa em abraços apertados e despedidas ao pé do ouvido, puxando os filhos – uma menina de cinco anos e um garoto de dois – para perto, finalmente estamos prontos para sair. Aspen e Garrett já estão à frente, rindo e conversando, com uma energia que me parece quase surreal nesse momento.

Lilith e eu ficamos para trás. O silêncio entre nós é carregado, e não passa despercebido para ela. Murmurando, ela tenta aliviar o peso da situação.

— Sinto muito pela derrota. Imagino o quanto esse jogo significou para você.

Ajeito a alça da minha bolsa com os meus equipamentos, sem conseguir esconder o incômodo. Dou de ombros, as palavras saindo quase sem pensar:

— Não foi o pior para mim... — começo, tentando não soar tão afetado quanto realmente estou. — O que mais pesa é pelos caras. Eles fizeram uma temporada incrível, deram tudo de si... para acabar assim, tão perto da final.

Ela faz um som de compreensão, mas a conversa se dissolve no ar. Continuamos andando em silêncio, a luz suave dos postes iluminando o estacionamento quase vazio. Aspen e Garrett estão à nossa frente, suas vozes abafadas pela distância.

Quando chegamos perto do carro de Lilith, ela me olha.

— Vamos juntos?

Eu balanço a cabeça, tentando parecer mais tranquilo do que me sinto.

— Vou no meu carro. Vim com ele de manhã, é melhor voltar nele também.

Ela não insiste, apenas sorri de leve. Enquanto ela abre a porta do carro, eu me despeço rapidamente de Garrett e me viro para o meu, o peso do cansaço ainda grudado em cada passo que dou.

Quando sento no banco do motorista, começo a bater no volante repetidas vezes com os punhos fechados. O estresse acumulado, a frustração da derrota, tudo isso se transforma em uma força que parece explodir pelas minhas mãos. Cada soco é como uma tentativa de expulsar o desconforto no peito, mas nada parece suficiente. Estou afogado em emoções e não consigo encontrar uma saída.

Então, o painel do carro acende automaticamente, conectando-se ao meu celular. O som familiar do software de bordo, que minha versão do futuro deu o nome de Vision, avisa que tenho novas mensagens. O visor ilumina uma notificação de correio de voz da minha mãe, e logo depois, mais uma do meu pai.

Sem pensar duas vezes, peço para ouvir a mensagem da minha mãe. A voz dela preenche o carro, macia, carinhosa e familiar. Cada palavra me atinge em cheio, enchendo o espaço ao meu redor com o que deveria ser conforto, mas que, no estado em que estou, me faz desmoronar. Minhas mãos caem no meu colo, e as lágrimas, que até agora estavam presas, começam a rolar silenciosamente pelo meu rosto.

Não consigo voltar para casa desse jeito. Não consigo dividir o quarto com Lilith e fingir que estou bem. Não posso fazer isso com Aspen, ela não precisa me ver nesse estado, desorientado por dentro.

Respiro fundo, ainda soluçando um pouco, e olho para as rotas sugeridas no painel. Ao invés de ir para casa, decido que vou para a casa dos meus pais. Só preciso de um tempo, de um lugar onde eu possa ser frágil sem precisar manter a fachada.

Pego o celular e digito uma mensagem rápida para Lilith. "Vou dormir na casa dos meus pais hoje. A gente se fala amanhã." 

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