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𝟭𝟱. back where it started

𝗠𝗔𝗬 𝟮𝟬, 𝟮𝟬𝟯𝟰









ᥫ᭡𝐋𝐈𝐋𝐈𝐓𝐇...

Ao cruzar as portas de vidro da biblioteca municipal, sinto uma onda de nostalgia e desconforto. O aroma familiar de papel e madeira velha preenche o ar, e o som suave das páginas sendo viradas por estudantes concentrados traz uma sensação de déjà vu. É como se, mesmo que o mundo lá fora esteja um pouco mais tecnológico e limpo, aqui dentro não se moveu um dia desde a década passada.

— É impressão minha ou parece que estamos...

— Na noite que tudo aconteceu. — Termino a fala de Matt, com o coração batendo no alto do garganta.

Matt e eu nos dirigimos para a recepção, onde um adolescente de cabelos desgrenhados e óculos de aro grosso fingi não nos observar desde que entramos. Ele deve ter a mesma idade que eu tinha quando trabalhei aqui, o que só intensifica o estranhamento que sinto. O garoto está mergulhado em uma pilha de livros e papéis, mas com certeza não está alheio ao mundo externo.

— Olá — digo, soando o mais simpática que consigo apesar da pressa em tentar resolver o nosso problema. — Estou realizando um trabalho sobre ascendência com meus alunos do último ano e preciso encontrar um livro com dados históricos sobre a grande imigração que Boston teve no passado. Sei que vocês têm essas coisas muito bem guardada... Será que poderia me ajudar?

O garoto levanta os olhos, uma expressão de curiosidade se formando em seu rosto. Ele parece hesitar por um momento, como se estivesse ponderando algo antes de responder.

— Sinto muito, mas a seção limitada da biblioteca foi desativada há anos — diz ele, com um tom que mistura desdém e sarcasmo. Por que todos os adolescentes falam como se estivessem sendo irônicos o tempo todo? — Aconteceu um incidente envolvendo antigos funcionários e enfim... não podemos mais fornecer acesso a ela.

Sua resposta deixa algo no ar que imediatamente me faz sentir uma pontinha de inquietação. Incidente com antigos funcionários? Isso acende um sinal de alerta na minha cabeça. Ele continua, tentando mudar de assunto:

— Se você está atrás de informações históricas sobre a cidade de Boston, pode encontrar o que precisa no corredor doze.

Embora o garoto tenha tentado ser solene e pragmático, evitar explicar o incidente que desativou a seção limitada – não mais secreta – só me deixa mais intrigada. Eu sei que os arquivos secretos da biblioteca guardam mais do que apenas velhas histórias, mas ele também saberia disso? O que realmente aconteceu quando eu e Matt saímos da biblioteca? O que contamos para as pessoas sobre aquela noite?

Com um último olhar para o adolescente, me viro para Matt, que parece tão perplexo quanto eu. O silêncio que se segue é quebrado apenas pelo som dos nossos passos enquanto seguimos para o corredor designado.

— Então... é isso? Estamos presos aqui para sempre? — O pânico toma conta da voz de Matt. Dou um beliscão no braço dele, fazendo-o pular para trás como um sapo assustado. — Aí, caralho!

— Fala baixo! — sussurro. — Vamos dar um jeito... — Olho para as prateleiras abarrotadas de livros e continuo: — Talvez a gente tenha que encontrar o anuário da classe de 2024, abri-lo e esperar que aquele sono bizarro venha e faça seu trabalho.

Matt olha para mim com uma mistura de incredulidade e frustração.

— E você acha que vai ser assim tão simples? — Ele pergunta, cruzando os braços. — O universo está tirando onda com a nossa cara o dia todo. Ou melhor, o dia todo desde ontem.

— Tem uma ideia melhor? — Retruco, já avançando entre as prateleiras com livros até o topo. — Porque se tiver, eu sou toda ouvidos.

Matt fica em silêncio, e isso já me dá a resposta. Passo meus dedos pelas lombadas dos livros empoeirados, buscando os anuários da Somerville High ou até mesmo aquela árvore genealógica esquisita de muitos anos para frente que encontramos antes de virmos parar aqui. O corredor doze é comprido, cheio de exemplares esquecidos pelo tempo, mas nenhum deles se parece com o que achamos naquela seção secreta; embora também não tenha nada da alta tecnologia que domina a cidade do lado de fora. A cada nova fileira de livros, me pergunto se estamos chegando mais perto de voltarmos de onde viemos ou simplesmente devemos aceitar a teoria de Sadie sobre estarmos sofrendo com uma perda de memória gravíssima.

— Lilith... isso é uma loucura — Matt murmura, passando a mão pela nuca enquanto me segue entre as prateleiras. — Se estivermos mesmo presos aqui, sem saída... o que vamos fazer?

O tom mais suave na sua voz me faz parar. Eu o olho de lado, vendo a tensão em seu rosto, as perguntas lotando o ar entre nós. Não é possível que a gente tenha perdido dez anos de nossas vidas da memória, não é? Sinto um frio na espinha, mas não posso me deixar abater agora.

— Então vamos fazer uma saída — digo, mais para mim mesma do que para ele. Continuo procurando, meus olhos correndo minuciosamente por cada estante.

O tempo passa devagar, e o que parece ser uma hora depois, ainda estamos sem sucesso em encontrar a solução para voltar no tempo. A frustração começa a se acumular dentro de mim, até que finalmente me apoio em uma das prateleiras, exausta.

Matt para ao meu lado, os braços caídos ao longo do corpo, e me olha com uma expressão que mistura cansaço e derrota – e um pouco de "eu avisei".

— Nós precisamos de outro plano — ele diz.

Evito olhar diretamente para ele, especialmente para os dois primeiros botões da camisa social que estão abertos. Não está tão quente assim para que ele precise andar por aí como um homem de negócios no fim do expediente.

Se concentra, Lilith.

— Desde quando você usa camisa de botões? — A pergunta me escapa, enquanto empurro um livro de volta em seu lugar na estante.

— O quê? — Ele sorri, arqueando as sobrancelhas e coçando o queixo cheio da barba que emoldura seu rosto.

— Nada. — Respiro fundo, voltando ao assunto. — Ok, qual outro plano brilhante você tem em mente?

— Bom... — Matt faz uma pausa dramática, o que nunca é um bom sinal. — E se a gente fosse até o jardim botânico, pegasse algumas ervas e fizesse tipo um... feitiço do tempo? Você sabe, como nos filmes.

Eu o encaro por um segundo, tentando decidir se ele está brincando ou se realmente acha que essa é uma boa ideia. Ele me lança um olhar divertido, mas com uma ponta de sinceridade, como se esperasse que eu considerasse a sugestão.

— Matt, sério. A gente precisa de um adulto nessa situação — respondo, cruzando os braços.

— Nós somos adultos, princesa.

— Um adulto de verdade.

— Ok, então vamos até a delegacia — ele sugere, como se isso fosse a solução mais lógica do mundo. — Eles devem ter algum registro de desaparecimentos inexplicáveis ou eventos estranhos no espaço-tempo. Para o que mais existiria o FBI?

— Como você consegue pensar em tantas... — Estou prestes a xingar todas as ideias que ele deu quando meu telefone começa a vibrar no bolso da calça. Eu pego o aparelho e vejo o nome de Mary Lou na tela. Matt me olha de esguelha.

— Sua mãe está me ligando — murmuro, levantando o celular para que ele veja o nome. — Você falou com ela ontem?

Matt franze o cenho, como se tentasse lembrar do dia de ontem. Essa coisa de viagem no tempo está realmente mexendo com a nossa cabeça, porque é difícil dizer tudo o que aconteceu ontem com precisão quando tivemos que assimilar uma quantidade absurda de informações em poucas horas.

— Não, acho que não.

Ainda não assimilei a ideia de que Mary Lou, a mulher mais gentil que já conheci, que abriu os braços para mim, me ajudando com a vaga para vovó na casa de repouso e a tomar conta de Aspen quando eu precisava, é mãe de Matt, Nick e Chris. Eu estava tão próxima de Matt por semanas sem fazer a menor ideia disso. E agora, somos quase família.

Mary Lou não é mais só uma das pessoas que admiro de graça, ela é também minha sogra.

E está me ligando.

Atendo a chamada com o coração batendo mais rápido.

— Oi, Mary Lou — tento manter a voz firme, embora a ansiedade esteja se formando no fundo da minha mente.

— Lilith, querida! — a voz doce e acolhedora de Mary Lou enche meus ouvidos. — Eu tentei falar com Matt ontem, depois que o Nick me contou sobre a ligação que recebeu dele. Mas ele não atendeu, e agora fiquei sabendo que ele está fora do jogo de hoje. Ele também não atende minhas ligações... está tudo bem com ele? Estou preocupada.

Meu coração acelera, e eu troco um olhar rápido com Matt, que apenas dá de ombros por não escutar o que a mãe está dizendo para mim.

— Ah... está tudo bem. Ele só está... doente. Nós estamos, na verdade. — Improviso uma tosse. — Nada muito sério, é só uma virose. Ele ficou um pouco mais abatido do que eu, tem dormido bastante para se recuperar logo, e por isso não está atendendo o celular.

Ouço Mary Lou suspirar do outro lado da linha.

— Ah, meu pobre Matt. Bom, se é só isso, fico um pouco mais tranquila. Vou preparar um caldo de abóbora para vocês — a voz dela ganha um tom caridoso. — É o favorito dele, você sabe. Vou pedir para entregar aí na casa de vocês daqui a pouco, assim ele pode se recuperar mais rápido.

— Mary Lou, não precisa... — Tento protestar, mas ela já está decidida.

— Sem discussões, Lilith! Eu insisto. É a minha forma de cuidar de todos vocês. — Ela ri suavemente, e por um momento, me sinto ainda mais culpada por estar mentindo. Penso em como é para ela ter todos os filhos fora de casa, vivendo suas próprias vidas e ligando para dar notícias só de vez em quando.

Respiro fundo, pronta para encerrar a ligação, quando ela continua:

— Ah, e falando nisso... está tudo certo para a sua festa de aniversário? Não estou me intrometendo, claro, mas queria saber se precisa de ajuda com algo.

Meu coração quase para. Festa de aniversário?

Logo me lembro: é claro, estamos chegando no fim de maio.

— Minha festa? — Repito, com o estômago afundando. — Ah, bem... sim, claro... a festa... está tudo sob controle.

Há uma pequena pausa, e por um segundo, sinto que ela percebeu meu desconforto.

— Oh, meu Deus. Como estou esquecida! Claro... não era para eu ter dito nada — Mary Lou confessa, com um riso culpado. — Matt estava organizando tudo como uma surpresa, mas eu sei que você não gosta muito de surpresas. Então, se você tiver alguma recomendação ou se quiser mudar algo, é só me falar que dou um jeito de fazer sem que ele saiba.

Matt está preparando uma festa de aniversário para mim.

Fecho os olhos por um instante, sentindo um peso inesperado no peito. A mulher que ela está descrevendo – a versão de mim no futuro – parece ser dura e inflexível. Tão dura que até a própria sogra prefere não arriscar com surpresas.

— Não, Mary Lou, está tudo ótimo. Confio nos planos dele e na sua ajuda. — Tento manter o tom casual, mas não consigo evitar o nó na garganta. — Obrigada por se preocupar.

— Ah, imagina! Eu só quero que você tenha um aniversário perfeito. Agora descanse e cuide bem do meu menino, viu? Vou mandar o caldo pra vocês.

— Pode deixar. Obrigada — murmuro, antes de nos despedirmos e eu encerrar a ligação.

Assim que desligo o celular, sinto um aperto crescendo no meu peito. A pressão de tudo está ficando insuportável. Não é só a confusão de estar no futuro. É a sensação de que estou perdendo pedaços de mim, de quem eu era, de tudo o que conhecia.

Minha mãe... Aspen... Minha própria vida parece estar escapando por entre meus dedos.

— Lilith? — Matt me chama com suavidade, mas seu tom preocupado só intensifica a onda de emoções que está prestes a me dominar.

Eu não consigo segurar mais. As lágrimas começam a escorrer silenciosamente, uma a uma, até que não consigo mais conter o soluço que sobe pela minha garganta. Cubro o rosto com as mãos, tentando sufocar o choro, mas é inútil. Está tudo desmoronando.

Matt se aproxima, sua expressão preocupada, os olhos arregalados de surpresa. Parece que hoje invertemos os papéis de quem tem um colapso mental e quem consola.

— Lily, ei. O que aconteceu? — Sua voz é gentil, quase implorando por uma resposta, mas também cheia de desespero.

— Sua mãe acabou de me contar sobre uma festa de aniversário que você estava planejando pra mim... — digo, a voz falhando enquanto ele se coloca à minha frente. — E-e sabe o que mais? Acho que eu virei essa pessoa que todo mundo ao redor pisa em ovos para agir ou falar. Até sua mãe preferiu me contar sobre a festa para evitar que eu ficasse irritada.

Ele tira as minhas mãos do rosto e dá um leve aperto em meu braço.

— Lily... — ele começa, mas não consegue completar.

Eu tremo a cabeça, sem conseguir formar mais palavras de imediato. Está tudo se acumulando – a incerteza, o medo de que nunca voltemos para casa. Tudo.

— E a Aspen... — consigo dizer entre os soluços. — Como eu posso ter afastado a minha irmã de mim? E a minha mãe... Ela realmente está diferente, tão saudável e feliz, como se não precisasse mais de mim. Eu não sei mais o que fazer, Matt. Eu só queria... queria voltar. Queria que as coisas fossem normais de novo. Porque essa não sou eu.

Ele passa o braço ao redor dos meus ombros, me puxando para perto. Matt não sabe o que dizer, e eu nem espero que ele saiba. Mas o calor do seu corpo ao meu é reconfortante, mesmo que eu vá repensar depois e me sentir deslocada sobre o que estamos fazendo agora.

— Vamos voltar, Lilith. Nós vamos encontrar uma forma — ele diz, a voz baixa, como se tentasse acreditar nisso tanto quanto eu.

Eu suspiro, enxugando os olhos rapidamente, embora as lágrimas continuem ameaçando cair. Mas respiro fundo, tentando recobrar o controle.

— Eu preciso ver a vovó. — A ideia surge como uma necessidade gritante. — Eu quero ir ao Sweet Magnolias. Só para ver como ela está. E eu queria que você fosse comigo.

Matt me olha, claramente surpreso com o pedido.

— Claro. — Ele dá um leve sorriso, tentando me tranquilizar. — Mas, tem certeza que quer que eu vá?

— A Sadie... — começo, hesitante. — Ela me disse que você vai lá o tempo todo, às vezes até quando eu não vou. Que você sempre compra flores e finge que são de um admirador secreto para a vovó.

Matt desvia o olhar, sem jeito.

— Eu faço isso, é? — Ele solta uma risada.

— Parece que sim.

— O Matt do futuro pode ser muito diferente do que eu sou agora, mas coisas assim me fazem perceber que somos nós em essência. E mesmo que a gente não descubra como viemos parar aqui ou como voltar, estamos juntos nessa.

Então esse é Matt. Em sua versão adulta, ele parece se importar com as pessoas que são importantes para mim. E não é muito diferente do cara que está diante de mim, garantindo que vamos ficar bem contanto que fiquemos juntos.

Isso significa mais do que eu consigo expressar agora.

— Obrigada. — Minha voz sai mais suave do que eu esperava.

Ele me puxa um pouco mais para perto, e eu me permito afundar no abraço dele novamente, tentando encontrar algum conforto mesmo que momentâneo. 

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