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𝟵. two thousand and thirty-four

𝗠𝗔𝗬 𝟭𝟵, 𝟮𝟬𝟯𝟰
















ᥫ᭡𝐋𝐈𝐋𝐈𝐓𝐇…

Antes mesmo de abrir os olhos, sei que não estou mais na biblioteca.

O cheiro de desodorante masculino é a primeira coisa que percebo, seguido por uma dor latejante que atravessa minhas têmporas. Um zumbido irritante enche meus ouvidos, me deixando zonza, e eu permaneço imóvel até que a sensação se esvazie do meu corpo.

Quando finalmente consigo abrir um dos olhos – o esquerdo grudado como se estivesse colado com cianoacrilato –, a claridade me cega novamente. É luz solar, e mesmo que eu esteja recuperando os sentidos, tenho certeza de que em janeiro não tem tanto sol de manhã cedo.

Só quando vou me espreguiçar, é que noto o peso de um braço envolto na minha cintura. Um arrepio corre pelo meu corpo e sei que não tem nada a ver com os lençóis e cobertores macios roçando em minha pele. Antes que eu tenha coragem de virar o rosto para ver quem está sendo a conchinha maior – embora exista um espaço considerável entre minhas costas e o tronco da pessoa –, um resmungo abafado projeta uma lufada de ar quente no meu pescoço.

Apavorada e ainda com a visão turva, dou uma cotovelada na barriga da pessoa atrás de mim e me sento tão rápido que volto a sentir aquela dor latejante atravessar meus olhos. Definitivamente não estou na biblioteca. A luz do amanhecer filtra pelas cortinas desse quarto que me é, ao mesmo tempo, familiar e desconhecido.

Meus olhos vagam pelo cômodo, absorvendo cada detalhe enquanto minha mente começa a fritar a cada novo pensamento confuso. As paredes são pintadas em um tom suave de azul, tranquilizador e acolhedor, mas é o que está nelas que chama minha atenção. Há uma estante retangular repleta de livros organizados meticulosamente, como se cada volume tivesse sido escolhido com carinho. Reconheço alguns títulos da literatura inglesa, já outros livros, são sobre física e esporte, o que eu absolutamente nunca leria por vontade própria.

Há também uma camisa de hóquei e um disco emoldurados no mesmo quadro em cima da cômoda próxima à janela, ao lado de uma planta muito bem cuidada. Ao lado do quadro, encontro um nicho retangular com uma pequena coleção de discos de vinil e um toca-discos está logo abaixo sobre a cômoda.

Um espelho ocupa metade da parede, que se estende para trás fazendo o formato de um L. Quando meu reflexo aparece, usando um pijama que não reconheço – um desses conjuntos chiques de seda e renda –, sou tomada pelo espanto ao ver como estou diferente. Meu cabelo está alisado e marrom acobreado da raiz até as pontas – não castanho claro nas pontas como estava ontem à noite. Meu rosto parece mais maduro, e meus seios quase escapam pelo decote da regata.

Meu Deus. Até ontem, eu achava que minhas esperanças de usar sutiã de um tamanho um pouco maior resultariam em alguns mililitros de silicone no futuro.

Meus olhos percorrem o reflexo mais uma vez, parando na figura deitada de costas para o espelho, à direita da cama. Ele está envolvido até o pescoço pela coberta, e quando finalmente olho para seu rosto, sou pega de surpresa. Seu maxilar – que já era bem desenhado – agora está coberto por uma barba fechada, dando a ele um ar mais maduro e inesperadamente charmoso. Mas o que realmente me desarma são as poucas linhas de expressão que vejo ao redor de seus olhos e na testa, linhas que eu juro não estarem lá ontem à noite. É como se estivesse olhando para uma versão adulta dele, que avançou no tempo sem mim.

O que Matt está fazendo aqui? O que estamos fazendo nesse quarto? O que aconteceu ontem à noite?

— Que merda é essa? — Não consigo conter o grito. É um som esganiçado, que libera parte do pânico atolado em minha garganta.

Matt acorda num sobressalto, os olhos arregalados e confusos. Ele tenta se levantar rápido demais, mas enrosca-se nas cobertas e cai da cama com um baque. Ainda no chão, ele se senta e me encara como se eu fosse uma completa estranha, o pânico crescendo em seus olhos à medida que ele percebe o quão diferente eu estou.

— Quem é você?! — ele berra, recuando até encostar-se à parede, os olhos fixos em mim, como se estivesse tentando processar o que está vendo.

A voz dele está mais firme e grave, embora também esteja rouca por ter acabado de acordar.

Meu coração está disparado, e antes que eu possa responder, percebo a barba, o cabelo em um corte que faz os cachos aparecerem na frente, o braço esquerdo tatuado... Não é o Matt que eu conheço, mas ao mesmo tempo, é. Tudo em mim grita para fugir, mas minhas pernas estão paralisadas.

— Matt... sou eu! — Tento dizer, mas minha voz sai trêmula, mais um gemido do que uma fala. — O que está acontecendo?!

Ele corre os olhos pelo quarto, procurando alguma coisa para se defender. Quando vê uma luminária na mesa de cabeceira, ele a agarra e a ergue como se fosse uma arma, apontando-a para mim.

— Fica longe de mim! — Ele grita, o desespero transparecendo em cada palavra.

O pânico toma conta de mim, e eu me movo instintivamente, pulando da cama para o lado oposto, tropeçando no tapete enquanto tento me afastar dele. Vejo um objeto de vidro sobre a cômoda – um pesado porta-joias – e corro para pegá-lo, segurando-o com as duas mãos como se minha vida dependesse disso.

— Fica você longe de mim! — Grito de volta, o medo transbordando em minha voz.

Por um momento, o quarto se enche apenas com o som da nossa respiração ofegante, enquanto nos encaramos, ambos confusos e aterrorizados.

Meu olhar permanece fixo em seu rosto, mas, como se tivesse vontade própria, meus olhos começam a descer. Sou traída pela minha própria curiosidade, e minha visão se detém em algo que não consigo ignorar: o corpo dele. Matt está musculoso nos lugares certos, o abdômen definido de um jeito que nunca imaginei, como se cada linha tivesse sido esculpida para exibir um atleta de alto rendimento.

Meu olhar continua a descer até que, de repente, me dou conta de que ele está vestindo apenas uma cueca. O choque me atinge como um balde de água fria, fazendo com que eu desvie o olhar, meu rosto queimando de vergonha, mesmo em meio ao pânico.

Por um instante, Matt parece perceber que eu o estou avaliando e, quase que automaticamente, ele faz o mesmo. Seus olhos percorrem meu corpo, hesitando por um segundo antes de descerem para avaliar o próprio. Posso ver a surpresa em seu rosto quando ele percebe as mudanças. Mas é quando ele olha para o braço esquerdo que o pânico toma conta de sua expressão.

— Que porra é essa!? — ele grita ao ver que tatuagens cobrem toda a extensão do seu braço, formando um emaranhado de desenhos que eu nunca vi antes, nem mesmo ontem à noite.

Matt dá um passo para trás, claramente abalado, e, no processo, solta a luminária que segurava. O som da luminária caindo no chão reverbera pelo quarto, e eu dou um pulo, o coração martelando no peito, como se o estrondo tivesse acabado de nos trazer de volta à realidade; se é que estamos na realidade ou apenas juntos em um sonho psicodélico.

— Estamos na sua casa? — digo, apesar de já desconfiar da resposta pelas coisas que há nesse quarto, e metade delas não fazerem em nada o perfil de Matt. Por que ele teria o porta-joias que estou segurando com joias femininas?

Ele balança a cabeça, negando.

— Não faço ideia de que lugar é esse.

Nós dois ficamos imóveis, tentando forçar nossas mentes a recordar a noite anterior. Será que achamos as bebidas escondidas da bibliotecária sênior e enchemos a cara? Será que estamos sonhando?

Matt quebra o silêncio primeiro, passando a mão pela barba, como se isso pudesse ajudá-lo a pensar.

— Volto a pensar: será que isso tudo não é uma grande pegadinha? — Matt sugere, uma nota de sarcasmo em sua voz.

A raiva cresce dentro de mim, rápida como um estopim aceso. Jogo o porta-joias em cima da cama.

— Uma pegadinha? — Eu praticamente rosno, cruzando o quarto com passos firmes até ele. — Você acha que isso é uma pegadinha, Matt? — Agarro seu braço esquerdo, esfregando a pele onde agora estão tatuagens que não estavam lá ontem à noite. — Isso parece uma pegadinha para você?

— Aí, caralho! Para! Já entendi!

Ele olha para o braço – agora avermelhado pelo meu tratamento especial –, o choque em seu rosto claro como o dia.

— E se… e se a gente está morto? — Ele hesita, a ideia absurdamente cômica surgindo em sua mente. — É… Aquele segurança! Não o vimos mais ontem à noite e agora aparecemos aqui… No lugar ruim! Como em The Good Place.

É de um absurdo tão grande – sem contar que ele acha uma tortura estar aqui comigo? –, que começo a bater em seu peito com a lateral dos punhos.

— VOCÊ SÓ PODE ESTAR DE SACANAGEM! — grito, enquanto ele tenta se livrar dos golpes. — Por que acha que estar aqui comigo seria uma punição para os seus pecados?

Matt se defende como pode, levantando as mãos.

— Calma! Calma, Lilith! — ele implora, recuando enquanto eu continuo a atacá-lo. — Eu só estou tentando entender!

— Pois entenda rápido, Matt, porque se isso for o "lugar ruim", você ainda vai me ver bem pior do que agora!

Eu paro, ofegante, quando ele agarra meus dois punhos com uma única mão.

— O que é isso? — Matt balança minhas mãos juntas, mas olha intensamente para o dedo anelar da mão direita.

É então que vejo um belo solitário, cuja base é de ouro branco e o design é em formato de galhos entrelaçados. Um diamante cintila bem no meio do anel, enquanto outros pequenos diamantes estão cravados nos galhos. É perfeito. E pesa uma tonelada no meu dedo.

Eu pisco, em estado de choque.

Acho que estou noiva de Matthew Sturniolo. E eu nem sei o nome do meio dele.

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