(💲) . prólogo.
❝ CAPITULO ZERO❞
prólogo; eu vou te matar!
EU SENTIA MINHAS BOTAS batendo ferozmente contra a calçada molhada daquela imunda e suja viela nas ruas de Seul, as poças de água que subiam conforme eu batia o pé com mais força. Aquelas paredes com a pintura desgastando e suja, eu odiava aquele caminho, mais do que odiava qualquer coisa.
Subindo as escadas daquele edifício abandonado, abandonado pelas manhãs e tardes de por do sol, porém, constantemente lembradas durante as madrugadas mais frias, durante os verões mais quentes e os dias de chuva mais tempestuosos. Lembrada pelos homens mais sujos, de mente e corpo.
Dizem que quando sentimos muita adrenalina, todo o nosso corpo consegue sentir os batimentos do coração, até mesmo nosso cérebro. Dizem que ele é capaz de ouvir — se ficarmos em completo silêncio. Nosso cérebro consegue recriar o barulho, assim como o coração de um bebê na ultrassom.
Naquele instante eu não pude ouvir meu coração, mas podia sentir como se tocasse ele em meus dedos, segurando aqueles apoiadores de ferro ao lado da escada enquanto subia cada degrau com mais força.
Eu o odeio. Eu quero que ele morra, quero que ele apodreça no inferno por tudo que fez, quero que ele tenha um infarto fulminante enquanto transa com uma puta em algum daqueles quartos. Quero que uma esposa desamparada chegue com uma arma e atire na cabeça dele por deixar o marido dela entrar.
Quero que ele sofra, como eu sofri.
Não foi uma supresa, quando entrei no quarto e ele estava na cama com três garotas. Provavelmente uma delas era menor de idade, provavelmente uma delas sofreu um aborto e a outra com certeza era uma viciada.
Provavelmente nenhuma delas sabia, que o dinheiro que ele estava ostentando, era meu.
———— Seu filho da puta!
Minha vó dizia que eu era a criança mais cagona do mundo. Eu tinha medo de esmagar uma barata, eu chorava se as crianças maiores gritassem comigo e eu deixava que elas me batessem também.
Eu não sei o que deu em mim naquela noite, mas eu tirei um canivete velho — da gaveta da cozinha, e enfiei na perna dele.
———— Esse dinheiro é meu! você me roubou!
Ele nunca foi confiável. Um cafetão de merda, que usava drogas e violentava mulheres que trabalhavam pra ele, eu não devia ter confiado nele em momento algum, mas eu precisava daquele dinheiro. Eu precisava viver.
———— Sua vagabunda! ——— ele gemia de dor enquanto as garotas corriam de lá desesperadas com medo.
———— Devolve o meu dinheiro, seu filho da puta ———— eu subi em cima dele. Segurando sua camiseta sentindo que podia enforcar ele a qualquer momento.
———— Não tá mais comigo ——— ele murmurou de dor.
———— O que?
———— Eu devia pra um agiota, eu peguei seu dinheiro pra pagar ele. Ele ia me matar.
———— Agora quem vai te matar sou eu! ——— eu gritei começando a enforcá-lo.
Mesmo o enforcando e vendos aqueles olhos grandes se arregalando na minha frente, aquele idiota ainda consegue puxar uma garrafa de Soju na minha direção e me bater. Senti os vidros batendo com força contra a minha cabeça e me fazendo cair no chão do outro lado da cama.
Ele subiu em mim, segurando meus pulsos com força contra aquele carpete imundo daquele prédio caindo aos pedaços e então me olhou no fundo dos olhos. Eu via algo pior que o Diabo dentro dele, eu via um homem.
———— Sua desgraçada, eu vou te matar, ouviu? ———— ele gritou cuspindo as palavras na minha cara.
Mesmo que eu me debatesse, ele ainda não me soltava, eu devia saber que um homem o dobro do meu tamanho, sem dúvidas alguma, seria mais forte que eu.
Eu fechei os olhos esperando o pior. Sem grana, sem lugar pra morar e trabalhar, e pra melhorar tudo agora, um olho roxo.
———— Tanto faz, você já tá na merda mesmo ———— Ele murmurou se levantando mancando se sentando na cama novamente me vendo no chão.
Ele pressionava a mão no canivete velho enquanto o puxava com toda força da própria perna.
———— Não me procura mais ———— ele disse me olhando no chão ainda. Me levantei assustada rastejando até a porta para então poder levantar, me apoiando na maçaneta quebrada. ———— Você vai arrumar um lugar pra trabalhar, precisam de puta em todo canto.
———— Eu preciso daquela grana.
———— Você me devia. Eu te dei trabalho, comida e um lugar pra você sossegar sua bunda ——— ele voltou a falar sem me deixar explicar. ———— Você devia me agradecer, e não me cobrar.
( . . . )
Regra número um pra sobrevivência humana. Não faça dívidas com pessoas, principalmente as perigosas. Eu tava com a corda no pescoço pronta pra me jogarem do penhasco a qualquer momento, agiotas, bancos e as malditas vagabundas da boate que eu peguei tanto dinheiro emprestado.
Que merda eu ia fazer agora?
Sentada no banco daquele metrô, esperando o primeiro ônibus pro meu bairro passar e eu voltar pra casa. Que bobeira, eu não tinha mais casa, aquele cafetão idiota deu um golpe em todas aquelas garotas e roubou o dinheiro delas.
Nenhuma de nós tem casa, muito menos família.
———— Com licença, tem um minuto?
Eu olhei para o homem que se sentou do meu lado. Um terno bem alinhado, cabelo penteado pra trás e levava uma maleta de escritório com ele.
———— Olha eu já fui religiosa tá? Eu fui batizada quando criança ———— respondi ignorando o homem do meu lado, que não desistiu.
———— Não é isso, eu queria te dar a oportunidade de jogar um jogo ——— ele continuou, com um sorriso simpático até demais.
———— Você é vendedor? eu não tenho dinheiro, então me deixa paz.
Enquanto eu reclamava o mandando embora, o homem se aproximou e abriu sua maleta e então me virei rapidamente. Uma maleta com amontoado de notas de 10.000 e 50.000 mil wones.
———— A senhorita já jogou Ddakji? se aceitar jogar comigo, toda vez que ganhar, eu te dou 100 mil wones ———— ele continuou.
———— E se eu perder?
———— Então a senhorita me dá 100 mil wones ———— ele respondeu.
Ser viciada em jogos de azar era uma maldição, mas aquilo era um jogo de criança. Não era uma roleta de cassino, nem uma corrida de cavalos, era só eu virar o cartão e ganhar, só isso.
———— Ok, eu aceito.
Na primeira jogada, eu acertei em cheio. O barulho seco do papel batendo e virando no silêncio ao redor, e eu senti uma faísca de esperança. Ele sorriu, mas não parecia nem um pouco incomodado.
———— Muito bem ———— ele disse, entregando o dinheiro, como se já esperasse que eu fosse vencer.
Na segunda rodada, ele venceu. Simples assim. Meu Ddakji mal encostou no dele, e o papel caiu sem nem fazer barulho. Ele me olhou, aquele sorriso ainda pregado no rosto, e estendeu a mão, esperando que eu devolvesse o dinheiro da primeira rodada.
Eu segurei as notas com força, quase amassando.
———— Eu preciso desse dinheiro ———— disse, tentando soar firme, mas minha voz tremeu.
Ele inclinou a cabeça de leve, como se estivesse considerando algo. ———— Então, use seu corpo para pagar.
———— Mas aqui?
Foi aí que senti o tapa. Rápido, forte, queimando na lateral do meu rosto.
———— Cada vez que eu ganhar, você vai pagar assim. ———— ele disse com simplicidade. ——— Cada tapa vale 100 mil wones.
Eu não sei quantas vezes perdi ou quantos tapas levei. Depois do primeiro, tudo um borrão. Cada tapa parecia mais forte que o anterior, mas eu simplesmente continuava. Não por coragem, mas porque não tinha outra escolha.
Minha minha bochecha queimava como fogo, mas minhas mãos ainda agarravam aquelas notas com tanta força que os números começaram a se desfazer no suor dos meus dedos.
300 mil wones. Só isso.
O homem guardou os papéis com a mesma calma de antes, como se isso fosse só um dia comum pra ele. Como se ele não tivesse acabado de me fazer passar por um jogo de humilhação.
———— Bom trabalho ——— ele disse, como se aquilo fosse me consolar.
———— Isso é algum tipo de esquema de pirâmide? ———— questionei guardando as notas no bolso.
Ele não disse nada, se levantou e pegou a maleta e novamente olhou pra mim.
———— Senhorita Moon Linn. 26 anos, estudou na escola preparatória de Yangcheon, trabalhava em uma casa noturna que faliu a duas semana atrás. E avó faleceu a três anos, e toda a herança dela foi deixada para pagamento de dívidas no banco ———— ele continuava a falar enquanto notava minha boca se abrir a cada segunda de surpresa. ———— Deve 200 milhões de wones pra agiotas, e 120 milhões pro banco.
———– Como você sabe disso? Quem é você?
Novamente ele não me deu respostas. Apenas puxou um cartão opaco de cor feia e me entregou.
———— Tem muito mais da onde saiu isso ——— ele disse antes de virar as costas pra mim e ir embora.
E eu fiquei lá, com apenas um cartão estúpido com uma pirâmide, quadrado e círculo desenhados. e aqueles números atrás.
456 — 034.
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