Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

(💲) . 017.

CAPITULO DEZESSETE
dezessete; antes dos jogos !



                                                DESDE CRIANÇA , ninguém nunca precisou me dizer que eu era o erro de alguém. Eu sabia.

Quando minha mãe engravidou de mim, minha avó tomou a decisão de mandar minha mãe para o exterior, dizendo que era para estudar, para ter um futuro melhor. Enquanto isso, ela ficou comigo.

Todo mundo no bairro achava que minha avó era uma senhora generosa, que havia adotado uma criança para preencher o vazio da solidão.

E, por mais que minha avó me desse comida, roupas e abrigo, nunca senti que ela realmente queria que eu estivesse ali.

Eu me sentia como um intruso na própria vida.

Minha infância foi uma série de tentativas de provar que eu merecia estar ali, mesmo sabendo que, pra ela, eu nunca seria o suficiente.

Com o tempo, aprendi a endurecer. Se ninguém ia me querer, eu ia aprender a sobreviver sozinha.

Minha avó morreu quando eu tinha vinte três anos. Nenhuma carta da minha mãe, nenhuma mensagem.

Nada.

Foi aí que eu descobri que existia um mundo fora dos portões daquele quintal. E que mundo cruel ele era. Passei fome, dormi em paradas de ônibus, e andei pelas ruas como uma sombra, invisível para quem passava.

Até que apareceu aquele desgraçado, o cafetão. Ele foi a única pessoa que, de alguma forma, não me tratou como um erro. Não que isso fosse algo bom.

De casa em casa noturna, eu ia com ele, aprendendo rápido como o jogo funcionava. Ele dizia que eu era inteligente demais para trabalhar como as outras meninas, então me colocou como o braço direito dele.

Eu era a que organizava tudo; horários, pagamentos, os favores sujos que ele precisava.

————— Você é boa nisso, Linn ———— ele dizia, com aquele sorriso nojento. ———— É como se você tivesse nascido pra isso.

Eu odiava ele. Odiava o jeito como ele olhava para as outras meninas, odiava o jeito como ele me fazia sentir grata por não estar no lugar delas.

Ele era a única coisa entre mim e a fome.

E, por mais que ele fosse um desgraçado, ele me deu algo que ninguém nunca tinha dado: a chance de ser boa em alguma coisa.

( . . . )

Entrei no banheiro da casa noturna com a cabeça cheia de números e horários, tentando organizar a bagunça da noite. Estava me preparando para um turno difícil, mas, ao abrir a porta, ouvi algo que me fez parar.

O som abafado de soluços.

Segui o som até uma das cabines e abri a porta devagar. Lá estava ela. Uma menina, sentada no vaso, segurando um teste de gravidez nas mãos como se aquilo fosse o fim do mundo. Não tinha mais que 20 anos.

————— O que aconteceu? ———— perguntei, mesmo sabendo a resposta.

Ela me olhou, assustada, como se eu fosse a última pessoa no mundo que ela queria encontrar.

————— Eu... eu não sei como isso aconteceu. Eu juro que... eu só... ————— a voz dela falhou antes de terminar.

Fiquei parada ali, olhando para aquela garota, e meu coração apertou. Não era incomum que meninas novas como ela acabassem ali. A casa noturna era um ímã para desespero e escolhas erradas.

Mas ainda assim, ver aquilo de perto... sempre doía.

————— O que você vai fazer? ————— perguntei, tentando manter a voz firme.

————— Eu posso dar o bebê pra adoção. ————— a voz dela era um sussurro, cheia de medo.

Suspirei e encostei na porta da cabine, cruzando os braços.

————— Você não pode ficar aqui grávida. Você sabe disso, né?

————— Eu... não tenho pra onde ir. ———— a frase saiu entre soluços, e eu tive que olhar para longe por um momento, tentando não deixar aquilo me afetar.

Eu queria não me importar. Queria virar as costas e fingir que não tinha visto nada. Era mais fácil assim. Mas, por mais que eu tentasse, não saía da minha cabeça.

————— Olha... ————— comecei, a voz fria. ————— Eu vou arrumar dinheiro pra você abortar esse bebê.

Ela me encarou, os olhos arregalados, e depois assentiu lentamente.

———— Tá bom... ———— disse ela, quase num sussurro. ————— Me desculpa.

Eu me virei para sair, tentando ignorar o peso daquela conversa. Mas, antes de sair, olhei para ela de novo, sentada ali, destruída, e algo dentro de mim quebrou.

Não mostrei, claro.

Não podia. Amolecer para alguém naquele lugar era a pior coisa que você podia fazer.

Caminhei até o escritório do cafetão, tentando não fazer nenhum barulho. Comecei a abrir gavetas rapidamente, procurando o dinheiro que aquele desgraçado sempre escondia ali. Notas amassadas, moedas soltas, tudo isso era tão familiar.

Sem pensar duas vezes, escondi tudo dentro do sutiã, ajeitando minha postura e me preparando para sair.

Foi quando ouvi a porta se abrir. Meu coração parou por um instante, mas continuei de cabeça erguida. O Cafetão entrou, com aquele sorriso falso que sempre carregava, os olhos me analisando de cima a baixo.

————— O que você tá fazendo aqui? ———— ele perguntou, estreitando os olhos.

Respirei fundo, tentando manter a calma, e mudei de assunto rapidamente.

————— Onde você achou a garota nova? ———— perguntei, cruzando os braços e me encostando casualmente na mesa.

Ele pareceu relaxar um pouco com a pergunta, como se ela alimentasse o ego dele. Acendeu um cigarro, deu uma tragada longa e se jogou na cadeira como se fosse o dono do mundo.

————— Ela tava chorando perto de uma escola ————— ele respondeu, soltando a fumaça devagar. ———–— Disse que fugiu de casa por causa do padrasto. A garota tava tão ferrada que aceitou vir pra cá sem nem pensar duas vezes.

Minha mandíbula apertou. Por dentro, senti uma raiva enorme crescer, mas mantive o rosto neutro.

————— Essas meninas assim são fáceis, sabe? Só precisa mostrar um pouco de simpatia, dar uma cama quente e pronto, elas fazem o que você quiser.

Senti o estômago revirar, mas apenas forcei um sorriso.

Ele apontou o cigarro para mim, com aquele sorriso debochado que me dava nojo.

————— Sabe... ————— ele disse, soltando a fumaça devagar ————— Ela me lembra muito você quando chegou aqui. Nova, desesperada... e burra.

Ele queria uma reação, queria me ver quebrar. Em vez disso, cruzei os braços e continuei olhando para ele, imóvel.

————— Olha pra você agora ————— ele continuou, rindo baixinho. ————— Aprendeu a jogar o jogo, né? Agora sabe como as coisas funcionam.

Eu me aproximei devagar, sem desviar o olhar. Ele levantou uma sobrancelha, como se estivesse tentando entender o que eu ia fazer.

Antes que ele dissesse mais alguma coisa, peguei o cigarro dos dedos dele e coloquei na minha boca. Dei uma tragada longa, deixando a fumaça sair devagar.

————— Vai se fuder ———— disse enquanto apagava o cigarro na beirada da mesa dele.

Sem esperar resposta, me virei e saí, sentindo o olhar dele queimar nas minhas costas.

Não me importei. Ele podia falar o que quisesse, mas eu sabia que era muito mais do que aquilo. Eu era muito mais.

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro