(💲) . 006.
❝ CAPITULO SEIS❞
seis; só mais um jogo !
CRIANÇA E ADULTOS têm medos iguais, eles só trocam de nome e forma, mas ainda assim são irracionais e vivem dentro da nossa cabeça nos assombrando. Tenho medo de viver sozinha pra sempre, assim como tinha medo do escuro. Tenho medo de ser machucada assim como tinha medo do bicho papão.
Tenho medo de falhar e viver na miséria, assim como tinha medo de não dar orgulho a ninguém.
Assim que voltamos para o dormitório, os jogadores e guardas já haviam voltado também. Todos se posicionamos diante do porco de vidro esperando, quando as luzes ficaram amareladas e o dinheiro começou a cair dentro do porco. Ninguém mais ligava para as pessoas que morreram.
———— O prêmio acumulado está agora em 20,1 bilhões de wones. O prêmio individual para cada participante fica entre 78,8 milhões de wones.
———— Só isso?
———— Uma galera morreu, vocês contaram direito?
———— Isso não dá nem 80 milhões!
———— A reação de vocês é compreensível. Então vamos começar a votação para decidir mais uma vez.
Assim que a votação recomeçou, o ambiente ficou pesado. Todos estavam tensos, com os olhos indo de um jogador ao outro.
Eu mantinha meus braços cruzados, observando quem estava à frente, tentando ler suas expressões enquanto decidiam. Alguns pareciam confiantes, outros mal conseguiam levantar a cabeça para encarar a sala.
Quando finalmente chegou a minha vez, senti os olhares de todos queimando nas minhas costas enquanto eu caminhava até o painel. Meu coração batia forte, mas não era medo — era determinação.
Olhei para eles por um momento, respirando fundo.
Levantei o dedo e pressionei com firmeza o botão O. Não hesitei. O som da confirmação ecoou na sala, e senti um arrepio percorrer minha espinha. Eu precisava daquele dinheiro.
Os números daquele que queriam permanecer jogando aumentavam lentamente. Os que pressionavam o botão X tinham olhares cansados e murmuravam xingamentos contra todos nós que havíamos votado em continuar.
———— Vocês ficaram loucos? mesmo depois de ver tanta gente morrendo, vocês ainda querem jogar? ——— o 001 gritou saindo da multidão de X. ———— A gente tem que viver, e o resto a gente acerta depois!
———— Ah é? 70 milhões vão mudar o que?. Eu não sei o tamanho da sua divida, mas pro resto, não paga nem um décimo! ———— o jogador 100 se posicionou contra o 001.
Muitos concordaram. Entre eles, eu também.
Aquele dinheiro não pagaria nem metade das nossas dívidas, nem mesmo pagaria se eu quisesse recomeçar do zero em um novo lugar.
———— Façam as contas, só mais jogo e vamos acumular o valor de 270 milhões! ———— 100 gritou.
———— Por favor vamos sair daqui, eu quero ir pra casa. Eu não quero morrer ——— a jogadora 095 chorava desesperadamente.
———— Moça, você é jovem ainda, vai ter uma segunda chance. Mas eu e minha família não, eu tenho uma divida de 500 milhões ———— o jogador 075 chorava enquanto tentava explicar pra garota como suas chances eram diferentes.
———— Vamos jogar só mais um jogo! Só mais um! ———— o 100 levantava os punhos ao alto chamando a atenção de mais jogador.
Só mais um jogo.
Notei Myung-gi se caminhando para votar. Ele andava de forma relaxada, como se não se importasse com o que viria depois. Mas quando chegou ao painel, meu olhar fixou-se nele, como se eu pudesse ler sua mente.
Ele hesitou por um segundo. Um segundo só, mas foi suficiente para me deixar tensa. Então, pressionou o botão X.
———— Ótimo ———— murmurei, já sabia que um idiota como ele desistiria fácil. ———— O Sr. Bitcoin vai desistir no primeiro sinal de perigo.
Quando a votação terminou, todos seguraram o fôlego. O anfitrião anunciou o resultado: os que queriam continuar venceram por uma margem longa.
( . . . )
Quando chegou a hora de comer, nos deram pão e leite. A sala estava cheia de gente que mal trocava palavras, só mastigavam em silêncio, presos nos próprios pensamentos.
Peguei meu pedaço de pão e a caixa de leite e, sem pensar muito, me aproximei da cama do Myung-gi. Sentei na escada ao lado, sem dizer nada, apenas mordendo o pão lentamente.
Ele notou minha presença, é claro. Sempre notava.
———— Por que você só não desiste? ———— ele perguntou, sem me olhar diretamente. ———— Você não tá com medo de morrer aqui?
Fiquei em silêncio por um momento, observando o pedaço de pão na minha mão. O cheiro do leite me dava um leve enjoo, mas eu sabia que precisava comer.
———— Tenho mais medo do que vão fazer comigo lá fora do que do que pode acontecer aqui.
Ele finalmente olhou para mim, como se estivesse tentando decifrar se eu estava falando sério ou só querendo fazer drama.
———— Aqui pelo menos eu tenho uma chance. Lá fora... ———— fiz uma pausa, olhando para o pedaço de pão antes de dar mais uma mordida. ———— Lá fora, ninguém me dá opção.
———— Você é burra ———— ele disse, mas tinha um toque de zombaria na voz.
———– Ou corajosa ———– retruquei, levantando o olhar para ele.
Ele riu baixo, balançando a cabeça. ———— Não, com certeza é burra.
Eu me levantei devagar, sacudindo as migalhas do pão da minha roupa. Passei os dedos pelo cabelo, ajeitando as mechas bagunçadas. Ele me observava de canto de olho, mas não disse nada até eu começar a fingir um sorriso.
———— O que você tá fazendo? ———— Myung-gi finalmente perguntou, com aquele tom de quem já esperava uma resposta absurda.
Cresci um sorriso no rosto, o tipo de sorriso que não alcança os olhos, um sorriso feito para enganar. ———— Vou arrumar algum idiota pra me dar o pão e o leite dele.
Ele bufou, balançando a cabeça em descrença. ———— Você é inacreditável.
———— Obrigada ———— respondi, lançando-lhe uma piscadela antes de me afastar.
Sabia que ele estava me observando enquanto eu andava pelo dormitório.
Continuei andando pelo dormitório, passando entre as camas como quem não tem um alvo certo. Meu olhar era de medo misturado com curiosidade, como se eu estivesse desesperada por um mínimo de conforto.
Funcionava quase sempre.
Foi então que vi um grupo de homens mais velhos, sentados num canto, conversando baixinho. Junto deles tinha um garoto mais novo e uma garota baixinha também, tenho certeza que tinham quase a minha idade.
Respirei fundo e fui até eles, mantendo os ombros baixos e os olhos meio arregalados. Parei a uma distância segura e fingi hesitar.
———— Desculpem incomodar... É que eu não consegui comer nada. Vocês... vocês têm alguma coisa sobrando?
Os olhares deles se voltaram para mim.
———— Toma. Você parece que precisa mais do que eu ———— O jogador 390 disse entregando a comida pra mim.
———— Mesmo? Nossa, obrigada. Vocês são muito gentis... ———— Deixei minha voz tremer um pouco, como se estivesse emocionada.
Eles trocaram olhares entre si, provavelmente se achando os grandes salvadores do dia.
———— Não se preocupa, garota ———— o 456 disse. ———— A gente vai te proteger nos próximos jogos. Fica com a gente.
Dei um sorriso tímido, olhando para baixo. ———— Vocês fariam isso? Nossa, eu... nem sei como agradecer.
Enquanto eu me afastava com o pão e o leite nas mãos, dei uma última olhada para trás e forcei mais um sorriso de gratidão.
Sempre foi assim pra sobreviver, você dava às pessoas exatamente o que elas queriam ver, e elas te davam o que você precisava.
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