(💲) . 003.
❝ CAPITULO TRÊS❞
três; votação.
NA CASA NOTURNA falida onde eu gastei meu suor e tempo, normalmente a democracia era uma ilusão. O cafetão falava que tínhamos escolhas, e opiniões, mas isso era uma ilusão.
A última palavra sempre seria dele, a última decisão só ele poderia tomar, e nós seríamos peão do que ele decidir. Democracia não existe, apenas a ilusão de que temos o poder de escolha, mas a verdade, é que nunca teremos.
Só tinha um requisito para caso fossemos todos embora; o prêmio acumulado de 9,1 bilhões que havíamos conseguido graças aos jogadores que haviam morrido, teria que ser dividido igualmente, a cada competidor ali presente.
24 milhões para cada jogador.
Não era nem metade do que eu precisava, eu não conseguia pagar nem metade de uma dívida com aquele dinheiro. E se eu fosse pra fora dos jogos e voltasse pra realidade comum, eu ia morrer.
Assim que votação começou, notei cada um dos jogadores ir votando, alguns no X na intenção de sair, já outros no O para ficar. Eu precisava muito daquele dinheiro.
O placara aumentava ao lado azul do círculo, estávamos todos desesperados precisando daquele dinheiro. Todo tínhamos consciência que aquele dinheiro não pagava nem 1% das nossas dívidas reais.
———— Vocês não podem fazer isso! ———— gritou o 456. Revirei os olhos já me irritando com aquele senhor. ———— Vocês ainda não entenderam? Isso aqui não é um jogo normal!
———— Desculpa perguntar, mas o senhor tá com algum problema mental? ———— perguntei alto saindo da multidão.
———— Você tá criando confusão desde cedo! ——— o jogador 100 começou. ———— Falando de atiradores e morte!
———— E como você sabia que iam atirar na gente? ———— o 226 perguntou.
———— Cuidado com o quê falam ——— do meio dos O, o jogador 390 começou a falar. ———— Foi só graças a ele que vocês saíram vivos. E você!
Ele apontou indo na minha direção.
———— Eu vi você se tremendo de medo, só saiu viva porque ele ajudou!
———— Tá defendendo ele por que? Por acaso é seu namoradinho? ——— provoquei com um sorriso irônico. Observei o homem ficar ainda mais irritado na minha direção.
———— Namoradinho? Mais respeito com os mais velhos!
Logo uma guerra de gritaria começou, o lado X e o lado O gritavam pelas próprias opiniões insistindo e tentando convencer aqueles que ainda não haviam votado em continuar ou desistir.
———— Eu já joguei todos esses jogos!
O 456 gritou, fazendo com que todos ficassem em silêncio surpresos, inclusive eu.
———— Eu já joguei todos eles, é por isso que eu sabia o que ia acontecer! Eu já joguei esses jogos há três anos ———— ele continuava a gritar. ———— E todo mundo que jogou comigo na época, acabou morrendo aqui.
———— Se você venceu todos os jogos, isso é bom pra gente. Você vai dar um monte de dicas, de como ganhar o prêmio ———— Thanos, o garoto do cabelo roxo falou incentivando os do O.
———— É, com aquele aqui não precisamos ter medo. Vamos jogar! ———— gritou o jogador 100.
———— Vamos jogar!
O plano do 456 foi todo por água a baixo quando todos os jogadores começaram a votar em O para permanecer no jogo. Quando chegou a minha vez de votar, eu olhei para aqueles dois botões me perguntando o que certo.
X ou O.
Eu precisava do dinheiro, mas jogar aqueles jogos era insanidade demais. A chance de eu sair viva daquilo era muito menor, mas a chance de sair viva, não era impossível. E assim que apertei o botão O, uma luz azul estendeu sobre meu rosto e eles me deram um O para colar no meu uniforme.
Mais votos atrás do outro, jogadores desesperados pela vida e outros pelo dinheiro. Até que o placar acima de todos nós fosse de 182 vs 182.
———— Jogador 001.
Todos olhamos na direção do homem que caminhava lentamente até o painel. Ele encarou os botões e houve por um instante um silêncio mútuo dos dois lados, até que a cintilante luz azul fosse estendida sobre o rosto dele.
Havíamos vencido a primeira votação.
( . . . )
Assim que cada grupo diferente se estendeu em lados opostos do enorme salão até suas camas, tudo ficou em leve silêncio até a hora que eles trariam comida pra gente novamente.
Mas, mesmo no meio de todo aquele caos, não consegui ignorar o cara que praticamente me empurrou para o trenzinho durante o jogo. O número 333.
———— Você é o otário do bitcoin? ———— perguntei assim que me aproximei.
———— É investimento. ———— ele me olhou, sem nem piscar, e respondeu.
Cruzei os braços, tentando segurar o riso, lembrando de ver ele levando aqueles tapas no metrô.
———— Investimento ou não, você faliu, né?
———— Você veio aqui me oferecer uma aula de economia? ———— ele questionou cortando minha reação harmoniosa de humor.
Respirei fundo, tentando manter a calma. ———— Só vim agradecer por me ajudar no jogo, se é que foi isso que você fez. Eu também sei ser educada, tá?
Ele ajeitou a postura , olhando pra mim como se estivesse analisando cada palavra. ———— Olha só, ela é grata. Que surpresa.
Não consegui pensar em nada pra responder. Ele deu mais um passo, tão perto que podia sentir sua respiração.
———— De nada. ———— ele sussurrou. ———— Bom, espero que sua língua afiada seja boa pra algo além de falar besteira, porque aqui, vai precisar de mais que isso pra ganhar.
Aproximei-me um pouco mais, encarando-o de frente.
———— Vou pegar de volta meu obrigado, você não merece ele.
Ele só riu de novo, balançando a cabeça, e voltou a se escorar nas grades das camas, como se a conversa tivesse acabado pra ele.
———— Boa sorte, princesa. Vai precisar.
———— Eu não sou sua princesa ———— resmunguei antes de sair andando.
Ele deu de ombros. ———— Então para de agir como uma.
Minha vontade era de socar aquele sorriso da cara dele, mas me virei antes que ele visse o quanto tinha me irritado.
Mas, enquanto me afastava, podia sentir o olhar dele queimando nas minhas costas, e, pela primeira vez, me perguntei se ele não era exatamente o tipo de problema que eu devia evitar.
Assim que peguei minha comida, me sentei entre as escadas das camas, olhando para aquele idiota do 333 do outro lado. Como alguém podia ser tão arrogante daquela forma?
———— Você lembra uma música minha.
Olhei pra cima me deparando com aquele tal de Thanos, ele e aquele cara que tava seguindo ele pra todo lado, o tal jogador 124.
———— Seus olhos são belos como os de um cervo, princesa ———— ele cantou chamando minha atenção novamente.
Fiz uma careta enojada com a aproximação dele, o que eu mais detesto além de metidos arrogantes, são malucos drogados.
———— O que você quer? ———– perguntei.
———— Uma aliança, entra pro nosso grupo ———— ele propôs.
———— Não, valeu, eu já tenho um grupo ———– tentei voltar a comer.
———— Que grupo? você tá sempre sozinha ———— o 124 resmungou pro amigo.
Parei de comer e encarei os dois já impaciente. ———— Eu não gosto do seu amiguinho, ele é irritante.
———— Tem razão, se você entrar pro grupo, ele sai! ———— Thanos tentou novamente. Ignorei tudo que ele falava e então virei meu olhar pro idiota do 333 que comia do outro lado.
———– Ah, acho que ela tá com Mz Coin ali ———— 124 murmurou pro Thanos que franziu os olhos e foi embora ainda me encarando.
———— Idiotas.
Voltei a comer até notar que eles haviam ido pro outro lado na direção do 333. Não durou muito até que eles começassem uma briga, os três caídos no chão tentando se bater.
Era óbvio que o 333 estava em desvantagem, os dois batiam nele e o derrubavam no chão constantemente e até mesmo um soco no rosto em cheio o deram. Todos os redor olhando, uns preocupados e outros só muito irritados que em um momento como esse, esses idiotas tinham energia pra brigar inda.
———— Dois contra um, que feio ———— eu disse olhando de perto.
———— Vocês! vão ficar brigando aí seus moleques? ———— uma voz grossa gritou do outro lado, o 001.
———— Vai dar liçãozinha de moral? você tá na merda também ———— Thanos disse se aproximando do 333. ———— Em vez de ficar de conversinha, por que não vai pra sua casa criar seus filhos?
———— O que você disse?
———— Pra você guardar sua liçãozinha pra porra dos seus filhos.
Foi rápido demais, quando todo mundo viu o Thanos já tava no chão sendo imobilizado como um fracote. E quando o 124 tentou interferir, levou um chute no joelho que afastou ele na mesma hora choramingando.
Muitos bateram palma e outros só acharam a cena toda estúpida. Eu nem me importava com eles, meus olhos foram diretamente para o 333 que tava caído no chão ainda machucado.
———— Bem feito, babaca.
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