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❝ CAPITULO DOIS❞
dois; batatinha frita 1, 2, 3.
EU NUNCA BRINQUEI de batatinha frita 123, minha vó era do tipo superprotetora demais, então eu só observava todas as crianças brincando pela janela de casa. Eu notava as estratégias, a melhor posição pra ficar o maior tempo possível parado, eu era boa em observar.
Mas não em jogar.
Aquela boneca grande e feia no fim do enorme canteiro que estávamos. Todos olhavam confusos e esperando qualquer sinal do primeiro jogo, mas só recebíamos o primeiro silêncio, seguido de uma ordem clara.
———— Os jogadores que passarem pela linha de chegada em cinco minutos sem serem pegos, passarão pra próxima fase!
Franzi meus olhos na direção da boneca de vestido amarelo. Só correr até lá? fácil assim?
———— Gente, atenção todo mundo, atenção ! ——— gritou o 456. ———— Isso aqui não é um jogo normal, se eles perceberem que vocês se mexeram. Vocês vão morrer!
———— Esse velho por acaso tá drogado? ——— murmurei olhando confusa.
———— Se eles perceberem que vocês se mexerem, eles vão atirar! ———— ele voltou a gritar.
Alguns não acreditaram, outros fizeram piada e ficaram irritados. Eu por um lado, só fiquei observando aquele coitado maluco, provavelmente ele já tava na beira da loucura.
A boneca lentamente se virou em direção a árvore com uma das mãos encostadas também, exatamente como as crianças na rua faziam assim que começavam a brincar. ———— Batatinha frita 1, 2, 3!
Começamos a andar em passos apressados, e assim que ela parou, paramos também olhando para o 456 que estava na frente de todos de braços apertados como se cuidassem para que ninguém se mexesse. ——–— Não corram, e não entrem em pânico!
———— Batatinha frita 1, 2, 3!
Aquele cara com o número 456 no uniforme parecia ter tomado o comando. Ele gritava ordens, coordenando todo mundo, como se fosse o líder de uma tropa. 'Parem! Agora!' ele berrava, e nós obedecíamos, congelando no lugar como se nossas vidas dependessem disso.
Bom, acho que ele achava que nossas vidas dependiam disso.
Era só um jogo infantil, não era? Andar quando ela cantava, parar quando ela parava. Algo tão simples que parecia até ridículo.
O número 456 continuava gritando, como se quisesse salvar o máximo de pessoas. Ou talvez ele só quisesse se salvar. Eu não sabia.
Tudo estava silencioso demais, só o som da música infantil ecoando, e os passos controlados de quem ainda tinha coragem de se mexer. Foi aí que ouvi a risada dela. A garota 196.
———— Ah, eu me mexi! ———— ela disse, rindo como se tudo fosse uma brincadeira.
Mas, antes que eu pudesse sequer piscar, ela caiu. O som seco de seu corpo atingindo o chão bateu no ar, e logo o vermelho começou a se espalhar pelo chão. Sangue.
Um frio percorreu minha espinha, e minha mente entrou em branco. Foi quando alguns ao redor começaram a entrar em pânico. Gritos, passos apressados, todos tentando correr de volta para a linha de partida, como se aquilo fosse salvá-los.
Não salvou.
Um a um, eles caíram, os tiros soando como trovões, implacáveis e rápidos. Era um massacre. Eu não conseguia me mexer. Minhas pernas estavam coladas ao chão, meu coração batendo tão rápido que achei que fosse explodir.
Continuei parada, em choque, como se minha vida dependesse disso. Porque, naquele momento, ela realmente dependia.
———— Se não cruzarem a linha, também vão morrer. A boneca tem um detector de movimento nos olhos, mas ela não vê o que tá bloqueado, quem é mais baixo, fica atrás de quem é mais alto.
No meio da confusão, senti uma mão firme me puxar.
Olhei para trás, pronta para reclamar, mas era o número 333. Ele não disse nada, só me empurrou suavemente para trás dele, me posicionando no trenzinho que começava a se formar.
Podia sentir o calor do corpo dele à minha frente.
————— Fica perto ———— ele murmurou, sem olhar pra trás. E eu, sem saber por que, obedeci.
Seguimos, passo por passo, cada movimento medido, cada respiração controlada. O trenzinho parecia funcionar. Estávamos perto, tão perto da linha de chegada que eu quase podia sentir o gosto da vitória.
Foi quando o 456 gritou:. ———— Corram! Agora!
Sem pensar, todos nós disparamos, como se a linha de chegada fosse a única coisa que importava. O som de passos acelerados e respirações ofegantes tomou conta do campo.
Meu coração batia tão rápido que parecia explodir a qualquer momento. Cada segundo parecia uma eternidade.
Quando finalmente cruzei a linha de chegada, quase caí de joelhos. Tinha chegado. Estava viva. Mas o alívio durou pouco. Um grito rasgou o ar, desesperado, agudo.
Olhei para trás e vi um dos eliminados.
Ele estava no chão, sangue escorrendo de sua perna, as mãos pressionando o ferimento enquanto tentava rastejar para a linha de chegada.
———— Por favor! Me ajudem! ———— ele gritava, a voz embargada de dor e desespero.
Quando achei que ninguém teria coragem de fazer nada, o 456 se virou e correu de volta. Ele foi até o cara caído, sem hesitar. Fiquei congelada, assistindo, sem acreditar no que estava vendo.
Logo em seguida, a garota 120 também foi. Os dois se abaixaram, pegaram o eliminado pelos braços e o arrastaram, lutando contra o peso e o tempo que corria cada vez mais rápido no enorme relógio acima de nós.
———— Eles são loucos ———— murmurei pra mim mesma, sem desviar o olhar.
Assim que chegaram na linha de chegada um segundo antes do tempo acabar. Pensei que tinha acabado, que tinham conseguido. Mas, então, ouvi o disparo.
O corpo do eliminado caiu para frente, sem vida, e um respingo quente de sangue acertou meu rosto.
Fiquei paralisada.
O 456 e a 120 estavam ali, cobertos de sangue, olhando para o corpo como se não acreditassem no que tinha acabado de acontecer.
Eu só podia sentir o gosto metálico do sangue nos meus lábios. Que merda de jogo insano era aquele.
( . . . )
O silêncio pós um um cenário traumático é tão barulhento dentro da nossa cabeça, que nem notamos que realmente está silencioso. Todas aquelas pessoas em silêncio, no mesmo lugar.
Assim que o quadrado voltou, alguns se esquivaram para trás com medo. Se escondendo uns atrás dos outros.
———— Vocês que estão aqui passaram pelo primeiro jogo. Meus parabéns ——— o quadrado anunciou. ———— Quero anunciar agora o resultado do primeiro jogo.
Os números da tv começaram a despencar de 456 jogadores, para 365 jogadores. Alguns começaram a se ajoelhar e pedir perdão dizendo que pagariam suas dívidas, já outros só continuaram parados sem acreditar.
———— Cláusula três do consentimento. Os jogos podem ser encerrados se a maioria concordar ——— o 456 gritava alto chamando a atenção.
———— Então, faremos uma votação.
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