28 - Meses
Caraca pessoar. Como vocês estão, estrelinhas? (sonho de um dia vcs responderem) To carente, relevem
Por pouco eu não consigo postar hoje he.
Bom, acho que vocês já sabem o quanto o tio Jace ama vocês e eu espero que estejam realmente bem. Respeitem o isolamento social, galera. Vai dar tudo certo.
Boa leitura estrelinhas, não esqueçam de votar e comentar pq isso ajuda bastante.
Aviso importante no final.
~×~
1 mês depois.
— Então, tem aquela garota, Lauren. — Camila fala baixinho, evitando fitar os olhos cor de mel da mulher alta a sua frente. — E às vezes me sinto estranha na presença dela. — A mão de Camila se arrasta pelo braço da poltrona de tecido. Os olhos da garota estavam perdidos em algum lugar no chão, enquanto os da mulher de cabelos loiros estavam fixados na pequena.
— Estranha como? Consegue me descrever a sensação? — A voz da mulher fez Camila morder o lábio em nervoso.
— É como se ela mexesse comigo, entende? Mas nada como o que eu sentia com Matthew. — Um suspiro alto sai da garganta da menor.
— E por que você insiste em afastar ela? — Ramona, a psicóloga, pergunta anotando a maioria das coisas no pequeno caderno em seu colo.
— Porque ela é boa demais. — Camila finalmente encara os olhos cor de mel. O rosto da psicóloga não demonstrava nada e a garota de olhos castanhos se perguntava se aquilo tinha sido uma boa escolha.
— E você não é boa, Karla? — Esse era o tipo de pergunta que incomodava Camila. Incomodava de verdade, mas ela procurava lidar com isso.
— Não.
— O que te faz pensar que não é? — As unhas de Camila se arrastaram pela almofada em seu colo. Aquilo poderia muito bem acabar naquele minuto, mas a pequena tinha que fazer um esforço para se ajudar, ela sabia que sim.
— Se eu fosse, Matthew não teria me largado.
— Ele não foi bom com você. Ele te "largar" não faz com que você seja insuficiente. — Camila prestou atenção nas palavras. — Matthew é um ser individual a você. Não é só porque ele não reconheceu seus valores, que você não tenha. Falamos sobre isso na seção passada. — Camila voltou a olhar para o chão com as bochechas ruborizadas. Ela se sentia mal por não conseguir seguir tudo o que sua psicóloga dizia. — Você não pode se deixar levar por um acontecido assim com alguém como ele. Não pode afastar todo mundo achando que é o melhor para todos. As pessoas reconhecem seu valor. Pelo visto, Lauren reconhece seu valor. Por que você não consegue reconhecer o próprio valor? Camila, você é uma garota brilhante e esperta. — As pernas de Camila se cruzaram, uma sobre o joelho da outra. Sua perna direita balançava de forma ansiosa. Ramona marcou aquilo mentalmente. — Me diga; o que te faz pensar que não tem valor?
— Se eu fosse boa, não machucaria todo mundo ao ponto de todos se afastarem. — A pequena resmungou e Ramona buscou em sua mente palavras que Camila tinha usado nas sessões anteriores.
— Pelo que me disse, você mesma se afastou de Dinah e Ally e você mesma que pediu distância de Lauren. A garota até insistiu, foi atrás de você para saírem no aniversário dela. As pessoas só se afastam quando você pede, entende? — Aquilo não era uma afronta e sim uma pontuação. Ramona gostaria que Camila olhasse a situação de outra forma. — Você tem que se permitir sentir, Karla. Sentir a vida, as coisas. Nem todo mundo vai quebrar você e nem todo mundo vai te colocar em um pedestal. A melhor maneira de você lidar com algo como tudo isso, é se conhecer. Conhecer seus limites.
— Eu conheço meus limites. — Camila retrucou e Ramona franziu o cenho.
— Você ficou com Matthew até ele te mandar para o hospital. Você não reconheceu seu limite ao permitir que alguém te tratasse dessa forma. — Agora as duas pernas de Camila balançavam em ansiedade.
— Eu não permiti…
— Então por que não foi embora desde a primeira vez que ele levantou a mão para você? — Camila não respondeu. Ela realmente não tinha uma resposta para aquilo. — Muitas pessoas se permitem a passar por situações como essa justamente pelo fato de achar que o outro reconhecerá seu limite. Mas se você não reconhece, quem é o outro, que está fora de você, para reconhecer? Karla, você realmente se acha insuficiente ao ponto de cogitar voltar para um homem desses? — Ramona perguntou e Camila gostaria de chorar. — E o que te faz pensar que a bebida te ajudaria a lidar com isso?
— Me faz esquecer ele.
— Você disse que estava bêbada quando fez aquilo. Não pensou nele? — A psicóloga jogou e logo se estendeu para pegar seu copo de água em cima da pequena mesa que separava as duas mulheres.
— Pensei. Mas não foi isso que eu quis dizer. — Aquilo tudo estava ficando confuso para Camila. Ainda era estranho perceber algo óbvio.
— Quero que tente procurar em si uma resposta para isso. "Quais são meus limites? Por que permito que as pessoas me machuquem de tal forma?", use essas perguntas para encontrar em si respostas claras. Não preciso que traga isso na semana que vem, apenas tente, tente todos os dias. — Camila concorda com a cabeça, anotando mentalmente as duas perguntas. — Você precisa encontrar seus limites para ser realmente quem é. Se conhecer. Não tenha medo de se explorar mentalmente e fisicamente. É você em você, ninguém vai fazer isso por você, garota. — A mulher sorri assim que os olhos das duas se encontram. — Você está indo bem Camila. Acredito no seu potencial. — Os olhos da pequena se encheram. — Tem gente que acredita nele também e você deveria acreditar, porque você é muito mais forte do que pode enxergar. — Ramona olhou Camila levantar. A pequena agradeceu pelo horário já ter passado.
— Obrigada. — Sussurrou antes de sair da sala.
(...)
— Hey, como foi? — A voz de Lauren preencheu os ouvidos de Camila e a pequena sorriu fraco.
— Ela disse que estou indo bem. — Camila responde e escuta algo cair do outro lado da linha e logo Lauren xingar.
— Merda… Ahn, bem? Bem é algo bom, literalmente. — A mulher diz atrapalhada fazendo Camila sorrir mais. — Se importa se eu te chamar para tomar um sorvete essa noite? — Lauren perguntou quando não recebeu uma resposta de Camila. A pequena respirou fundo e tentou seguir os conselhos de Ramona, contando até 10 devagar em seu pensamentos.
— A gente sempre toma sorvete. — A garota de olhos castanhos disse.
— Cinema existe e eu adoro. — Lauren cantarolou e Camila riu.
— Cinema então.
— Te pego às 20h. — Camila ouviu o barulho do telefone desligando e suspirou.
Tudo ficaria bem.
(...)
— Como foi a semana? — O sorriso de Ramona foi brilhante quando Camila se sentou em sua costumeira poltrona.
— Foi bem. — A garota respondeu simples e a mulher loira levantou as sobrancelhas. — Eu e Lauren saímos. — A pequena noticiou e Ramona aumentou o sorriso.
— Mesmo? Como foi? — Ela perguntou animada, mesmo se preocupando ao saber que Camila só saia por três motivos; trabalho, psicóloga e com Lauren.
— Bem. Fomos ao cinema. — Os olhos de Camila foram diretos para o chão ao se lembrar de certas sensações. — Eu quis beijá-la. — A pequena ruborizou com força e Ramona achou aquilo uma graça, mas nada comentou.
— Conte mais sobre isso. — Ramona Collins trocou as pernas e se ajeitou na cadeira. Camila mordeu o lábio de forma nervosa e sorriu olhando pro chão.
— Não sei, acontece às vezes quando estamos juntas. — Camila estava realmente sorrindo e Ramona ficou feliz com todo esse lado de Camila. — Ela é adorável na maioria das vezes. Sempre toma cuidado para não me machucar e isso aquece meu coração de uma forma muito… — Camila não soube terminar a fala.
— Como assim; "toma cuidado para não me machucar"? — A mais velha questionou e a menor se remexeu um pouco desconfortável.
— É, ela passou comigo algumas coisas que vivi com Matthew. Talvez ela sinta a necessidade de tomar cuidado com algumas coisas. — Camila se xingou por não saber como colocar as palavras.
— E por que ela sentiria isso? — A pequena já se sentia irritada com as perguntas de Ramona, mas sabia que aquilo era um efeito normal na psicologia.
— Não sei, só sinto isso. — A de olhos castanhos suspirou forte e continuou a história antes que Ramona pudesse interromper. — Enfim, comemos pipoca e ficamos conversando bastante. Depois almoçamos em um restaurante no shopping e acho que foi nesse momento que reparei nela.
— O que você acha dela?
— Eu gosto dela, já disse isso. Só acho que esteja confusa por ter acabado rápido. Sinto falta de Matthew. — Camila ficou nervosa por ter confessado tal coisa.
— Do que sente falta em Matthew? — Ramona pensou exatamente sobre aquilo ser mudado. É claro que a mulher já tinha lidado com caso de separações de uma maneira brusca, mas ela sempre achava louco a forma com uma pessoa poderia se colocar em relação à isso.
— De como ele era… antes de parar de ser ele mesmo. — Camila se referiu ao casamento antes das agressões de Matthew. Quando ela ainda acreditava que os dois poderiam ser felizes juntos.
— Entendo. Mas, o que te faz se apegar tanto em Lauren? — Aquele era um ponto que Ramona adoraria tocar. A mulher jamais poderia deixar que Camila se colocasse em uma situação daquela novamente. Era seu trabalho.
— Por ela ser totalmente contrária de Matthew. — As palavras de Camila saíram de seu fundo sem que ela pudesse pensar, o que fez com que Ramona sorrisse e concordasse com a cabeça.
(...)
4 meses depois
— Hey, pequena. Como se sente, hu? — A voz de Lauren invadiu os ouvidos de Camila assim que a menor abriu a porta e pulou em um abraço em Lauren.
— Melhor, Lo. Vem, a pipoca já está feita. — Camila puxou Lauren e riu quando a maior quase tropeçou fechando a porta. — Vamos assistir o que? — Lauren fez uma careta ao ver Camila falar de boca cheia de pipoca e depois rir.
— Vamos ver o que a Netflix tem a nos oferecer. — A garota de olhos castanhos andou até a sala e levou os dois baldes enormes de pipoca. Lauren levou os dois refrigerantes que tinha levado, para até a pequena mesinha no meio da sala.
— Como eu era antes de você! — A pequena exclamou, olhando para Lauren. A de olhos verdes franziu o cenho e perguntou um silencioso "o que?". — O filme, Jauregui. — Camila revirou os olhos ao ver as bochechas de Lauren tomarem uma coloração vermelha.
— Isso não é romance, né? — Lauren realmente não gostava de romances. Ou só nunca tinha achado um bom o suficiente que tomasse sua atenção.
Camila mordeu o lábio, pensando em uma resposta. Sabia que Lauren jamais assistiria um filme se Camila dissesse que era exatamente do gênero que ela menos gostava.
— Ah, não… — A pequena mentiu e Lauren riu. A maior sempre percebia as sobrancelhas de Camila quando a mesma mentia. Elas se juntavam e tremiam de forma rápida.
— Você mente mal, Camz. — O corpo de Camila tremeu um pouco ao ver Lauren se aproximar lentamente encarando a garota.
— Não estou mentindo, Lauren. — Camila tentou parecer firme, mas sua voz saiu tremida devido a distância de Lauren a si mesma, estava ficando cada vez menor. A mais alta sorria, ainda percebendo as sobrancelhas de Camila.
— Não está? — A pergunta saiu de forma desafiadora. Os passos de Camila iam para cada vez mais longe assim que os de Lauren ficavam mais próximos. Mas Camila se viu no fim da linha assim que suas costas bateram contra a parede e Lauren riu.
— N-não. — A voz de Camila estava irregular e fraca. Ela estava nervosa com a presença da maior que mexia cada vez mais com seu pequeno coração partido.
Não é como se elas tivessem algo além da amizade. Mas Lauren não mentiria ao dizer que Camila mexe com sua mente e seu corpo de uma forma que jamais alguém tivera feito. Já Camila, só diria aquilo nas sexta-feiras, para Ramona.
Mal sabia as duas, que o sentimento uma da outra era recíproco. Mas seus receios, diferentes.
Camila ainda estava quebrada e tomava todo tempo para conhecer mais de Lauren, se encantando cada dia mais e cavando mais um pouquinho daquele buraco que ela chamava de "Paixão". Mas que ainda não era aceito por si.
Já Lauren, tinha medo de como Camila reagiria ao saber de seu sentimento que crescia cada vez que via a menor. Cada vez que a tomava nos braços ou cada vez que Camila lhe dava um sorriso. Tinha medo de estar recebendo os sinais de maneira errada e confundindo amizade com paixão. Lauren tinha medo de machucar Camila, mesmo com tudo.
Lauren mal percebeu quando sua mão agarrou a cintura da pequena garota a sua frente. Ainda sorrindo, a maior encarava os olhos de Camila, que voltavam a tomar seu costumeiro brilho. O brilho de quem tem uma vida. E não o ofuscado de quem tem de certo a tristeza e a morte.
Nenhuma das duas comentavam — entre si — sobre momentos como esse. Com a tensão que pairava no ar e entrava por suas narinas, indo diretamente para suas veias e tomando lugar em cada poro de seus corpos.
— Não minta, Karla. É feio mentir. — Os olhos de Camila escorregaram, sem querer, para os lábios vermelhos de Lauren. E como um imã, a pequena não conseguiu deixar de olhar para aquele local, que continha um sorriso. Lauren evitou olhar para a boca de Camila. A maior se repreendia sobre tais atos com frequência.
— Hm… Não estou mentindo. — Agora aquilo era um jogo. Cada uma parecia apostar em quem tomaria o próximo passo. As mãos de Camila apertaram um pouco dos ombros de Lauren assim que voltou a olhar para os verdes intensos. — Talvez eu esteja. — A pequena fez uma careta, franzindo o nariz. Lauren sorriu mais largo e achou adorável cada detalhe do rosto da pequena garota em seus braços.
— Sua mãe não te ensinou bons modos? — Lauren brincou, sem ao menos perceber que sua mão apertava a cintura de Camila de uma maneira… Possessiva. Camila evitou a vontade de morder os lábios ao sentir a forte mão de Lauren em seu corpo. A de olhos castanhos concordou com a cabeça para a pergunta de Lauren e a maior apenas escorregou seus olhos para os lábios de Camila, imaginando como seria tomá-los para si. — Vou ter que te reeducar. — Um sorriso no canto dos lábios de Camila se formou e a malícia rodava no ar como oxigênio.
(...)
1 mês antes
— Então você acha que não sente nada por Lauren? — As sobrancelhas da mulher estavam levantadas em uma expressão um tanto quanto chocada e até divertida.
Camila olhava para a mulher, buscando algum sinal de reprovação ou gozação, mas a pequena não encontrou nada. Então só respirou fundo e respondeu com a maior calma do mundo.
— Tenho quase certeza. — Camila concordou com a cabeça e entrelaçou seus dedos em cima de seu colo.
Depois de três meses de consulta, Camila já não se sentia tão intimidada quanto antes, apesar de muito tímida. Mas Ramona a fazia sentir como se fossem amigas e a deixava confortável.
Para alguns, três meses era realmente pouca coisa, mas não para Ramona Collins. A mulher via quão melhor Camila estava, em todos os aspectos. A pequena já conseguia falar com uma clareza e até mesmo puxava o assunto antes de Ramona. A postura de Camila tinha mudado e sua segurança também, apesar de pequenas recaídas que às vezes a fazia ligar para a psicóloga num dia fora da consulta.
— E o que te faz não afirmar essa completa certeza? — A mulher alta jogou, inclinando-se e pegando sua xícara de chá de hortelã em cima da pequena mesa que separava ela de Camila.
— O que? — As sobrancelhas escuras da mulher mediana se juntaram. Ela realmente parecia perdida com a pergunta. Quase que como se tivesse entrado em um transe e se perdido no espaço-tempo.
— Você disse que tem quase certeza, Karla. O que te faz não ter completa certeza? — Ramona perguntou assim que abaixou sua xícara, levando para longe de seus lábios, onde antes estavam. As bochechas de Camila tomaram uma coloração avermelhada e sua perna direita balançou em nervosismo. Ramona apenas sorriu.
— Acho que… quando estou com ela, essa opinião muda um pouco. — O nariz de Camila se enrugou e a garota se reprovou com a fala sincera. — Mas, pretendo mudar isso. — Falou com determinação e Ramona levantou as sobrancelhas novamente. Aquela consulta estava interessante.
— Por que muda sua opinião e por que acha que deveria "mudar" esse sentimento? — A mulher fez aspas com os dedos da mão esquerda enquanto a mão direita segurava a xícara, que logo foi levada até seus lábios e Ramona tomou mais um gole de sua bebida. Camila olhava para ela enquanto formulava uma resposta em sua mente confusa.
— Acho que me sinto carente com a presença dela. Por isso minha opinião muda durante nossa proximidade. E acho que deveria mudar isso porque Lauren deve estar interessada em outras pessoas. Ou apenas não deve sentir o mesmo por mim. — Camila deu de ombros tentando não lembrar de quando se encontrou com Lauren em um dia daquela semana.
O pescoço de Lauren estava sujo de batom e seu perfume parecia diferente, sem contar os lábios inchados. Aquilo fez Camila imaginar que provavelmente Lauren tinha envolvimento com outra pessoa. Nenhuma delas falou sobre esse assunto e Camila preferiu ignorar.
— Me conte o que te faz pensar sobre isso. — A mulher de olhos cor de mel se inclinou novamente e deixou a xícara sobre o porta-copo em cima da mesinha.
— Acho que ela apenas não se interessaria por mim. — Omitiu de forma tola e até Ramona percebeu.
(...)
— Então ele acha que seria melhor se matar ao viver uma vida assim? — Lauren perguntou quando Camila parou em uma cena aleatória, a pedido da maior. O balde de pipoca em cima do colo de Camila estava na metade, mas o refrigerante apoiado na mesa do abajur, já era o terceiro.
— Entenda o lado dele, Jauregui. — Camila cruzou os braços e Lauren franziu o cenho.
— Não foi uma crítica. — A maior retrucou e a pequena fez um biquinho adorável. Lauren sorriu no canto dos lábios e continuou a dizer. — Era apenas para eu me lembrar, huh. Eu entendo o lado dele. Espero que a moça consiga ajudar. — Lauren diz se referindo a protagonista que agora o nome não vinha em sua cabeça de forma alguma.
— Só presta atenção, Lauren. — Camila joga uma pipoca na mais velha e da play no filme, voltando a encarar a tela da televisão a sua frente. Lauren ri e come da pipoca que caiu em seu colo, logo voltando a prestar atenção no filme.
(...)
2 semanas antes
— Eu definitivamente, inteiramente não sinto mais vontade de beijar Lauren. — Camila disse de repente e Ramona quase cuspiu o chá. Mas apenas engoliu com calma e olhou para Camila, que sorria.
— Coisas mudaram por aqui. Me conte como foi a semana e como chegou nessa conclusão. — A mulher sorriu e encarou Camila, esperando uma resposta da baixinha que tinha um sorriso alegre no rosto.
— Acho que ela está namorando. Isso me faz perder o interesse. — Camila deu de ombros e pegou a taça de água, em cima da mesa a sua frente. Levou para os lábios e tomou um longo gole da deliciosa água.
A pequena não se sentia inteiramente feliz com a imagem de Lauren em um relacionamento com outra pessoa. Mas sabia que aquilo era melhor para as duas. E se Lauren estava se relacionando, isso significava que o que as duas tinham, era apenas amizade. Apesar de ninguém jamais ter negado isso, Camila às vezes pensava que poderia dar um beijo em Lauren. Mas esse pensamento se dissipou assim que ouviu a conversa de Lauren no telefone, no dia anterior.
— Certo, quer contar o motivo da suposição ou prefere apenas me dizer como se sente com tudo isso? — Camila ficou aliviada ao notar a pergunta de Ramona. Ela realmente estava com uma insana preguiça de descrever o acontecido.
— Acho que me sinto um pouco aliviada. Apesar de tudo. Talvez seja melhor assim, para nós duas, manter apenas uma amizade e nada além disso. — A pequena balançou a perna direita em ansiedade e Ramona levou os olhos até ali, mas logo voltou a encarar o rosto da latina. — Então, acho que só vou tentar seguir em frente. Mal posso esperar para comprar minha casa nova e sair daquele lugar. — O sorriso latino se distanciou um pouco. Seu brilho diminuiu e novamente estava ali, a Camila quebrada. — Cada dia parece mais insuportável ainda me deitar naquela cama. — Os olhos castanhos caíram em direção ao chão de carpete cinza. As lágrimas invadiram seus olhos, mas Camila evitou deixa-lás cair.
(...)
A loira ria. Ria alto e com gosto do que a baixinha havia dito. Sua grande mão escondia sua boca e consequentemente seus dentes, que apareciam sempre que a mulher ria. Camila também estava rindo. A noite realmente estava boa.
— Você também já teve namorados feios, Ally. — Dinah exclamou quando parou de rir. A baixinha olhou indignada para a mulher a seu lado e tomou mais um gole de sua cerveja. Camila levantou as sobrancelhas e concordou com Dinah, mas nada disse.
— Jesus Cristo retire essa fala de sua boa, Dinah Jane. Eu jamais namorei um homem feio. — Dinah riu novamente e Camila acompanhou a mulher. — E eu só namorei duas vezes, okay? O Troy e aquele outro que eu esqueci o nome.
— Você esqueceu o nome de seu ex-namorado?! — Camila perguntou com indignação, segurando o copo com coca dentro.
— Passado é passado, querida. — A baixinha deu de ombros e Dinah se recompôs.
— E aquele "varão" da Igreja? — Camila riu ao se lembrar de quando Ally contou de sua época de crente.
— E em que mundo, primeiro namorado é namorado? — Ally tomou mais de sua cerveja e logo cruzou os braços, olhando para Dinah e Camila.
— Que? — Camila perguntou, realmente confusa com a fala da mais baixa. Ally só poderia estar bêbada demais, não era possível.
— Cale a boca, Ally. — Jane apenas bebeu mais de sua vodka e sorriu para Camila. A mulher não perguntaria sobre os ex's namorados de Camila, não achava adequado por enquanto. Não sabia quanto a menina estava quebrada por dentro para falar de um assunto como aquele. — E você, bunduda. Como tem ido as coisas? — Foi o máximo que a mente alterada de Dinah Jane conseguiu pensar. Os olhos de Camila varreram todo o pequeno bar e depois voltaram a encarar Dinah, com um sorriso simpático.
Aquela era a primeira vez que as três saiam depois do casamento de Camila. Nenhuma delas confessaria, mas estavam realmente confusas com a intimidade ainda do grupo. Mesmo ao saber que ririam uma da outra, cada uma ainda estava com o pé atrás. Dinah principalmente, já que realmente não tivera um mínimo contato com a pequena garota que ela considerava tanto.
— Bem, na verdade. Estou pensando em comprar uma outra casa e me mudar o mais rápido possível. — A garota se sentiu a vontade ao falar sobre isso, baixinho, já que sua mãe dizia que contar desejos em voz alta, poderia trazer azar.
— Precisa de ajuda? Abir tem alguns contatos com imobiliária e até consegue algo legal para você, se quiser. — Dinah ofereceu com um sorriso tímido. Ver Camila com o ar vívido era o sonho da mais alta, e Camila tinha exatamente esse ar, naquele momento. Tudo o que Dinah quis fazer, foi levantar e dar um forte abraço em sua amiga. Mas guardou essa vontade rasgante no fundo de seu peito e aceitou ficar daquela maneira.
— Seria muito bom, Chee, obrigada de verdade. — As bochechas de Camila ficaram vermelhas após perceber o antigo apelido que saiu de seus lábios. Aquilo realmente tinha saído de forma natural e era simplesmente tudo o que Camila poderia fazer. Dinah não era desconhecida dela, todos naquela mesa sabiam e parecia loucura pensar no tempo em que ficaram afastadas.
— Seus namorados só tem nome estranho. — Ally chamou a atenção, olhando para Dinah, que desviou os olhos de Camila.
— Que mentira, pode respeitar meu namorado? — Dinah perguntou em uma falsa indignação que logo virou uma risada.
— Não fui eu que namorei um Ciclope. — Ally retrucou com uma voz engraçada. Camila riu do quão bêbada Ally estava.
— É Siope! E aquilo foi um erro, okay?! — Dinah fez um biquinho e Ally riu do nome idiota do homem idiota, logo tomando mais de sua cerveja.
(...)
— Você diz que gosta da Camila, mas ta transando com sua ex extremamente tóxica. — Lauren fez uma careta com a fala de Normani. A mulher se perguntou o por que de ter chamado suas duas melhores amigas para sua casa.
— Eu não gosto de Camila. Tenho um crush nela. — Lauren retrucou e Normani fez um som irônico.
— E sua ex extremamente tóxica? — Ally perguntou saindo do banheiro, enxugando as mãos.
— Eu e Alexa estamos apenas nos divertindo. Nós duas concordamos que seria apenas sexo e tudo bem. — Ally fez uma expressão de nojo e Lauren revirou os olhos. Normani comeu mais uma das pequenas balinhas que estavam no pote de vidro a sua frente.
— Você estava na seca, Jauregui? Poderia pelo menos ter encontrado alguém melhor para transar. — Ally disse caminhando pelo quarto de Lauren, até parar ao lado da mulher de olhos verdes e se sentar ao seu lado, completando a rodinha em que estavam antes. Ally puxou a barra de chocolate da mão de Lauren e mordeu. Lauren olhou para a menor com indignação.
— Não acho que isso seja importante. Nós não temos compromisso algum e isso é claro entre nós duas, e tudo bem, já falei. E devolva meu chocolate, sua ladra de meia tigela. — Lauren puxou a barra da mão de Ally. — E de meia altura. — Normani engasgou com a risada ao ver Ally dar um forte tapa no braço de Lauren, que estava com chocolate na boca.
— Me respeite sua idiota. — Ally esbravejou e pegou um salgadinho do pote de plástico ao lado de Normani.
— Então você crusha a dona Karla? — Normani perguntou, zombando de Lauren.
— Dona Karla parece nome de marca de alguma coisa. — Ally resmungou e pegou mais uma das deliciosas balas.
— Sim, Normani. Mas isso não significa que ela goste de mim também, ou que teremos algum compromisso. É só um crush besta, como se eu ainda estivesse no colegial. — A de olhos verdes deu de ombros e apenas terminou sua barra de chocolate. Normani a encarou com deboche e depois olhou para Ally. — Vocês duas são irritantes. — Lauren resmungou e deixou o plástico do chocolate em sua frente.
(...)
— Você está chorando? — Com os olhos marejados, Camila olhou para Lauren, que tentava esconder o rosto entre os cabelos. O filme acara de terminar e Lauren estava realmente triste com o final.
— N-não. — Ela mentiu, apesar de sua voz embargada lhe entregar e Camila riu fraco ao perceber isso. Camila deixou o balde vazio no chão e se aproximou de Lauren, que estava encolhida, segurando a coberta fofinha.
— Sua mentirosa. — A menor disse ao puxar o rosto de Lauren para cima e se deparar com as bochechas e nariz vermelhos, junto com a umidade que cobria seu rosto.
A latina jogou a cabeça para trás, rindo de Lauren, ao perceber que a mulher havia dito, no início do filme que jamais choraria por um romance idiota. E agora estava ali, como um bebê encolhido.
— Do que está rindo, Karla? — A maior esbravejou, com mais vontade ainda de chorar. Não gostava quando riam de si quando estava a chorar.
— Ganhei uma aposta. — Camila disse e Lauren franziu o cenho. — Você apostou que não choraria no final, e agora você tá parecendo um bebê! — Karla riu da careta que Lauren fez e a maior parecia cada vez mais irritada, apesar de estar se divertindo.
— Eu não estava chorando! — Laurem fez bico e cruzou os braços e Camila riu, se jogando no sofá. — Eu… entrou um cisco no meu olho. — Camila olhou para Lauren e riu divertida.
— Desde… Desde o momento que eles foram ao luar? — Camila perguntou de forma debochada.
Nenhuma das duas falava nada quando Camila se virou para Lauren e a encontrou chorando no meio do filme. Claro que Camila também estava chorando, ela realmente achava aquele filme um baque de tristezas, mas a impressionou ver Lauren caindo em lágrimas. Porém, decidiu ficar quieta e terminar o filme.
— Eu não estava chorando, Karla Camila. — Lauren se ajoelhou e engatinhou calmamente até Camila, sorrindo com seu plano diabólico. Camila realmente não reparou na aproximação de Lauren, estava ocupada rindo da situação. — Você quem estava chorando como um bebê. — Lauren disse ao parar de engatinhar e Camila à olhou, quase se assustando com a repentina aproximação.
— Eu sempre choro. Mas eu ganhei a aposta, duh. — Camila revirou os olhos e num ato rápido, Lauren sentou em seu colo e segurou as mãos da pequena acima de sua cabeça. Camila jamais poderia negar quão malicioso era seu atual pensamento, mas isso logo se dissipou quando as mãos de Lauren a agarrou em cócegas. — Lauren! — Camila gritou se debatendo embaixo da mais velha.
(...)
Dois dias antes
— Então você tem se sentido bem? Você realmente parece muito melhor, Karla. — Camila sorriu com o comentário da mulher e se sentiu melhor com aquilo. Ela realmente estava se esforçando para seguir sua vida, já se passaram alguns longos meses e ela jamais poderia se deixar ficar parada em um momento dolorido. Ela tinha apenas 23 anos.
— Eu realmente fico feliz com isso. Tenho seguido seus exercícios e eles me fazem bem. Eu me sinto mais leve. — O sorriso de Ramona foi enorme. Saber que sua paciente estava seguindo seus exercícios e batalhava para se manter bem e sã, em um lugar confortável e saudável para si, era tudo o que ela mais adorava.
Camila, diferente da maioria de suas pacientes que teve algum histórico incluso ao relacionamento abusivo ou até agressivo, estava realmente dando passos rápidos e longos para um autoconhecimento e amor próprio. A pequena realmente parecia entender uma grande parte do que Ramona dizia para ela. Até os discursos de Camila eram diferentes, e em algumas partes do tempo, ela se auto-corrigia. Deixando Ramona orgulhosa do trabalho que as duas construíram.
A latina é realmente muito nova e o estado em que se encontrava, fazia com que a loira ficasse com medo de qualquer coisa que Camila poderia fazer. Mas, agora não. Camila era um tanto quanto sincera e iso ajudava no trabalho de Ramona em fazê-la reconhecer e dominar suas forças internas.
Até a postura de Camila tinha mudado, e isso jamais passaria despercebido pelos olhos atentos da psicóloga. A garota terminava e começava suas frases sem medo. Seus ombros já não pareciam mais tensos e sua coluna estava sempre reta, seu andar era majestoso.
— Você foi rápida, Karla. Rápida em reeguer essa muralha envolta de si e dentro de si. Você buscou forças e eu consigo sentir isso. Sentir isso sem ao menos olhar para você. Eu jamais te vi como uma mulher fraca. Mas você parece muito mais estável do que a cinco meses atrás. — Ramona levou a xícara até a boca e tomou um longo gole de seu chá de hortelã. Camila a olhava com os olhos brilhantes, feliz consigo mesma.
Cinco longos meses. Aquilo era um tempo enorme para Camila. Foram cinco longos meses de recaídas e tristezas. Socos no estômago. Coisas que realmente a poderiam fazer desistir de si mesma e de tudo. Mas não, ali estava Camila. Bem e forte. Saudável.
Do jeitinho que Ally e Dinah a conheceram.
(...)
— Sai de cima de mim, sua idiota. — Camila tentou empurrar Lauren, que ainda estava sentada em cima de seu quadril, apesar de já não fazer cócegas.
Foram longos cinco minutos de muitas cócegas e risadas, até Camila ter um crise de tosse e Lauren parar imediatamente com medo de matar a pequena garota.
— Não me chame de idiota. — Lauren se perguntava se em sua testa estava escrito algo como "sou idiota", para todos a chamarem assim.
— Você tem que sair de cima de mim, Lauren. — A pequena resmungou.
Estar ali, jogada no sofá, com Lauren em cima de si, prendendo suas mãos acima de sua cabeça, não era algo saudável para sua sanidade.
— Por quê?
— Porque estou perdendo o ar. — Camila fez uma encenação horrível, que fez Lauren gargalhar e Camila sorrir com o som gostoso.
— Não sou tão pesada assim!
— Troque de lugar comigo então! — Camila falou no mesmo tom e Lauren mostrou a língua para ela, como uma criança. A menor fez o mesmo.
Lauren não raciocinou direito ao aproximar o rosto ao da latina e sorrir de lado. Camila reparou no sorriso cafajeste e sentiu seu coração disparar.
Lauren era uma cretina.
— Quer ficar por cima, Karla Camila? — A voz de Lauren saiu rouca e sensual. De repente, o short de Camila a incomodava. A menor repreendeu um gemido e continuou a olhar nos olhos intensos de Lauren.
Verde no castanho.
— Sim, Jauregui. — E Lauren riu. Mas não um riso de diversão. E sim, de malícia. Completo por malícia. Camila se deliciou com aquele som.
— Abusada. Você é uma abusada. — Lauren arrastou o nariz pela bochecha de Camila e logo ergueu a cabeça para continuar com seus olhos no da menor.
Nada mais foi dito e um silêncio intenso se instalou entre as duas mulheres. Um silêncio que falava muita coisa enquanto seus olhos estavam mergulhados um no outro.
Camila se repreendia e não conseguia pensar em mais nada. Foi em uma fração de segundos que seus olhos escorregaram para os lábios de Lauren. E não saíram dali. Lauren era uma cretina mesmo.
Os olhos da mais velha também se arrastaram até a boca vermelha de Camila. Lauren imaginava em como seria beijar aqueles lábios. Tomá-los para si com devoção e gosto.
— Lauren… — Camila arrastou o nome por sua língua que adoraria saborear cada parte da boca de Lauren.
Então Camila se lembrou do que havia dito sobre não mais sentir vontade de beijar Lauren. Ela era uma mentirosa.
Ali estava Lauren, fazendo dela uma mentirosa. Fazendo acender um fogo em seu peito, se arrastando por cada parte de seu corpo. Cada centímetro de sua pele.
— Sim? — Lauren respondeu e a sua respiração estava ofegante, batendo sobre o queixo de Camila.
Oh sim, como ela adoraria beijar Camila a noite inteira.
— Me beije. — A pequena pediu. Implorou.
E ali estava Lauren, a fazendo implorar por mais.
Camila não se importou com suas mãos presas acima de sua cabeça. Não se importou com o peso de Lauren sobre seu quadril. Só se importou com a proximidade que seus rostos tomaram.
O nariz da maior tocou o de Camila e elas já estavam de olhos fechados. Camila mal podia esperar para ter os lábios da maior nos seus, e Lauren o mesmo.
Foi quando as peles vermelhas roçaram que Lauren sobressaltou e quase caiu no tapete, de maneira assustada. Camila arregalou os olhos e levantou seu tronco com rapidez.
A campainha havia tocado.
Não me matem.
Então, eu recebi alguns comentários no pv sobre o tamanho dos capítulos e isso meio q me incomodou. Então eu vou tentar fazer capítulos maiores pra vocês, mas isso consequentemente atrapalha na postagem de 3 a 3 dias, pq ai eu tenho q me esforçar o dobro e não consigo escrever tudo em 3 dias, minhas ideias se esgotam as vezes. Mas é isso.
Obrigado por estarem lendo, temos quase 70k de visu e isso é chocante. Eu realmente amo vocês e espero q estejam gostando. Beijos do tio Jace.
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