Parque
Pov. Ludmilla Oliveira
Eu e Antoni parecíamos ter pensado exatamente na mesma coisa. Elas se transbordam, e com certeza elas sentiram isso também. Seus olhares não se distanciaram um do outro, nem por um segundo quando Larissa largou a mão da mulher e deu um breve aperto de mão em Antoni. O homem alto pareceu não se incomodar com essa ligação que se foi instalada entre as duas em um piscar de olhos, muito pelo contrário, ele parecia feliz, contente como se soubesse que era isso que sua parceira queria.
Calma invadiu seu rosto e eu não sabia dizer o quão real isto é, porém, sorrio e solto um barulho para chamar a atenção das meninas, que na real nem adiantou tanto, tirando o fato de que elas me olharam e sorriram.
- Então... posso finalizar o horário de vocês? - Pergunto economizando ao máximo o tempo que a atenção de Patrícia foi colocada em mim.
A mesma acena em concordância e Antoni toma a posição de me ajudar com dados e tudo que eu precisava, enquanto Larissa e Patrícia trocavam alguns olhares e até falas. O homem não parecia nada desconfortável, e realmente me admirei com a calmaria em si. O mesmo parecia ser um homem compreensivo e pouco cobrador.
- Bom, espero que tenham um ótimo dia, senhores. Obrigado por frequentarem o Motel, voltem sempre. - Digo com um sorriso assim que termino o atendimento com os dois clientes. Em todo o momento, Larissa e Patrícia se mantinham em uma conversa que não me dei o trabalho de tentar entender, e Antoni também não. Era perceptível a tensão entre as duas mulheres, a ligação delas, enquanto Antoni me oferecia sorrisos simpáticos e sinceros, bonitos, conversávamos um pouco sobre trabalho, o homem acabou me contando que trabalhava em sua empresa como chefe, uma empresa voltada a tecnologia.
- Obrigado, Oliveira. Adoramos o lugar e o atendimento, realmente é melhor do que eu esperava. - Suas palavras carinhosas aqueceram meu coração enquanto Patrícia acenava em concordância com a cabeça, oferecendo sorrisos para mim, já que Larissa tinha saído para atender o celular. Antes de sair, Patrícia olhou toda a volta, encarando em segundos a porta em que Larissa saiu, meus olhos rolam para o mesmo lugar e os de Antoni também, sorrio para ele e o vejo dizer "Eu entendo ela." sem som, sorrio mais.
- Voltem sempre. - É tudo o que digo que em segundos depois, Antoni e Patrícia me dão as costas e saem.
Meus ombros pareciam pesar toneladas quando o elevador se abre novamente e meus olhos se reviram automaticamente e meu sorriso vai embora. Willian foi o primeiro a pisar fora do elevador assim que a passagem foi liberada pelo aço. Minha cabeça chacoalha com calma em uma negação fria, meus olhos encontram os seus que estavam em uma coloração de vermelho mais forte que já vi em suas órbitas brancas. Logo atrás, o homem alto e negro segurava em seu ombro direito, um sorriso no canto de seus lábios quando Willian arrumou seus cabelos para trás.
Seus sapatos sociais rastejar-se até a frente do balcão, meu sorriso foi puro deboche quando o mais baixo acenou com a cabeça em minha direção.
- Ora ora, bom dia, Oliveira. - Debocha também, era evidente em sua fala e me segurei para não lhe socar o nariz naquela hora. - Como foi sua manhã, neném? - Sua voz era nojenta para meus ouvidos como se eu estivesse ouvindo a pior das músicas do mundo. - Espero que tenha sido bem. não tenho tempo pra conversa, preciso ir agora, então se puder agilizar... - Sua voz baixou o tom deixando a frase no ar. Minhas sobrancelhas se juntaram e um ponto de interrogação invadiu minha mente quanto a fala de Willian.
- Oras mas você acabou de descer, quer que eu deixe tudo preparado pra você, é? Um café também? - Usei o mesmo tom de voz que Willian, suas sobrancelhas se ergueram em um desafio e seu sorriso já sumira a tempos. Meus dedos encontram o teclado do computador com rapidez apenas para que eu pudesse me livrar o mais rápido possível dos dois homens à minha frente.
- Café eu aceito na próxima vez, Oliveira, se houver uma. - Quase franzi o nariz para a ameaça frajuta do mais baixo. Ele pensa que eu preciso da presença dele no meu estabelecimento, com ele ou sem, não mudaria muita coisa.
[...]
Eram quase 19h da noite quando Larissa tomou o final de meu turno. Brunna realmente parecia triste quando respondeu poucas coisas, respostas curtas e rápidas, eu sabia queria alguém por perto. Mandei mensagem para ela assim que entrei no carro, não sabia como ela estava e se já podia ir até sua casa. Não tínhamos marcado de ir em lugar algum, mas decidi passar em casa para me trocar.
Assim que cheguei, sai rapidamente do carro e entrei em casa, sendo recebida por Nino, agachei em sua frente e fiz carinho em sua cabeça, até ele simplesmente se afastar e deitar no sofá. Levanto e caminho até o quarto. Eu já tinha tomado banho naquela tarde, por isso simplesmente tirei a blusa branca que estava usando e peguei uma regata preta do Metallica, tiro minha calça e logo troco por outra com rasgos nos joelhos, coloco novamente o coturno nos pés e passei um perfume.
(LudmillaMe): Estou indo, tudo bem por aí?
Enviei para Brunna assim que saí do banheiro, caminhei até a sala e peguei minhas chaves, coloquei comida pro Nino e me despedi do cachorro mais lindo. Fui até a porta e abri, senti o celular vibrar em meu bolso.
(Little Bu✨): Sim... Willian ligou dizendo que demoraria para chegar e que eu não deveria esperar ele.
Reviro os olhos ao pensar onde Willian poderia estar, e com quem. Não sabia a que ponto esse cara achava que estava certo, minha vontade era simplesmente cortar suas asinhas e mostrar para ele que, tudo o que se faz, volta de alguma forma.
(LudmillaMe): Chego em 15 minutos.
Entrei no carro e dei partida, acelerei e prestei atenção no caminho. Brunna não respondeu minha mensagem. Logo cheguei em sua casa e mandei outra mensagem.
(LudmillaMe): Estou aqui fora, hm.
Saí do carro assim que enviei a mensagem, percebi pela janela uma luz se ligar e logo o barulho da porta. Eu quase desmaiei com a imagem em minha frente, Brunna estava perfeita com uma calça jeans escura, tênis preto e um top cropped branco, mas assim que olhei em seu rosto, percebi o cansaço em seus olhos, e logo depois, seus braços me tomarem em um abraço forte.
- Você veio mesmo... - Ela disse baixinho, meu queixo estava encostado no topo de sua cabeça e sua bochecha estava em meus ombros, retribui o abraço na mesma intensidade e não disse nada enquanto continuamos abraçadas, na frente de sua casa, por pelo menos 10 minutos.
- Eu disse que viria, certo? - Falo assim que Brunna se afasta. Ela sorriu e segurou minha mão, me puxando para dentro de sua casa.
Brunna nos levou até o sofá e sentei com calma, a garota sentou ao meu lado e me virei para ela. Minha mão esquerda escorregou até sua bochecha, e meu dedão deslizou por sua pele lisa, fazendo um carinho ali. Ela parecia tão abatida, eu só queria poder tirar sua dor.
- Obrigada por ter vindo, e desculpa por ocupar seu tempo. - Ela disse tão baixinho que aproximei meu rosto do seu. O brilho de seus olhos não era o mesmo, minha mão que estava em sua bochecha, continuou ali, e sua mão segurou meu pulso, apenas por segurar.
- Que nada, estarei aqui pra tudo que precisar, e não precisa se preocupar e muito menos agradecer. Me diz, o que houve com você? - Pergunto com calma, não queria forçar a garota a dizer nada, mas estava preocupada demais, não deixaria isso passar.
- Podemos ir ao parque antes de tudo?- Um sorriso escapou de meus lábios, e agradeci aos céus pela noite estrelada de hoje, quase morri ao perceber Brunna não sorrir tanto, mas continuei.
- Claro, óbvio. Vamos. - Brunna levantou e eu levantei em seguida, segui a garota que caminhou até a porta e abriu novamente, preparei as chaves do carro e abri a porta para que ela pudesse entrar, ela me ofereceu um sorriso tão lindo que quase me derreti, meu sorriso foi totalmente para ela.
[...]
Brunna orientou todo o caminho até o parque, que era a quase 20 minutos de sua casa, mas sorri quando chegamos ao parque e a leve brisa balançava as folhas das árvores. Brunna parecia encantada com o céu estrelado, e eu também.
Caminhamos pelo parque em silêncio, só ouvindo o barulho das folhas, dos nossos passos e de alguns animais pequenos. Brunna parou e sentou em um banco, repeti seus movimentos. A garota cruzou as pernas em cima do banco e eu estiquei as minhas, olhei para ela que olhava pro céu.
- Eu costumava vir aqui com meus pais. Depois passei a vir sozinha, depois com minhas amigas. Mas Willian nunca quis vir aqui. Ele sempre odiou parques. - Quase revirei os olhos, mas me manti calma, apenas ouvindo Brunna falar.
- Aqui é perfeito, simplesmente perfeito. - Olhei pro céu e depois voltei a olhar para Brunna. Ela estava tão linda sobre a luz da sua, e com a leve brisa batendo em seu rosto. - A vista daqui é perfeita. - Falei olhando para Brunna, gostaria que ela pudesse perceber o quão linda eu achava ela. Seus olhos caíram sobre mim e quase desviei o olhar.
- Ele nunca me achou bonita de verdade... - Ela estava se referindo ao seu marido, eu sabia que sim. Meu sorriso sumiu, o dela já nem estava mais ali a muito tempo.
- Não pode ser verdade, Bu. - Franzi a sobrancelha. Willian poderia ser escroto, mas não tão cego.
- Ele disse enquanto me batia... - Sua voz saiu baixa quando ela disse. Meus olhos arregalaram e quase chorei com sua fala. Brunna começou a chorar e abracei ela com força. Não sabia o que fazer.
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Finalmente a revelação aconteceu!
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