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Papai

Pov. Ludmilla Oliveira

Algo se partiu em meu peito quando percebi a voz de Brunna. Eu sabia que ela não estava bem, talvez eu não tivesse escolhido um bom dia para contar à Brunna, mas aquilo estava me incomodando de uma forma absurda e eu não poderia mais deixar o tempo passar, pra no final, tudo cair em cima dela.

Brunna me abraçou por longos minutos enquanto meus dedos afagavam seus cabelos, sem malícia. Meu queixo estava apoiado no topo de sua cabeça, às vezes meus lábios encontravam seus cabelos e depositavam um beijo por ali. Não sabia o que ela estava sentindo, não tiveram lágrimas dessa vez, mas seus braços eram forte em minha volta.

— Ei... — Chamei baixinho, estava frio aquela noite e não queria correr o risco de deixar Brunna pegar friagem, e nem a mim mesma. Sua cabeça demorou para se desencostar de meu ombro e seus olhos encontrarem os meus, me derreti sobre o colorido de seu rosto, era tão lindo. — Está frio aqui fora. — Avisei e minhas mãos escorregaram até as suas, segurei fraco e apertei levemente quando as sobrancelhas de Brunna se juntaram. Um sorriso leve formou em seu rosto, mas logo se apagou, apenas um momento.

Sua mão direita se soltou da minha, mas a esquerda me puxou para dentro e me permiti olhar sua sala enquanto ela trancava a porta. Percebi a beleza da casa, os móveis. a sala era grande, um sofá de couro fora colocado na mesma parede que a porta, uma televisão logo a frente, uma mesinha de centro pequena com uma pequena flor verde no centro. Era simples. A televisão era enorme e apoiada em um móvel grande de madeira clara com gavetas escuras. Ao lado da televisão, ainda no móvel, algumas prateleiras com CD's, na parte debaixo, livros e gavetas. Olhei para meu outro lado, o esquerdo, e vi a cozinha, que era separada da sala por uma porta. Não consegui olhar muito, mas a parede era em um branco e preto intercalado. Uma mesa de madeira poderia ser vista, apenas a ponta e duas cadeiras. Voltei a olhar para Brunna que apenas me observava, seus olhos e bochechas estavam vermelhas.

— O que aconteceu? — Sua voz veio como uma onda tímida, observei seus olhos por um tempo. Me perguntava se havia no mundo, em algum lugar, alguém com os olhos da cor de chocolate, tão lindos quanto os de Brunna . E se houvesse, gostaria que se mantesse afastada de mim, apenas para que eu pudesse continuar achando os de Brunna os mais bonitos. — Ludmilla? — Ela chamou de novo, suas bochechas estavam muito mais avermelhadas diante de meu olhar.

— Preciso saber como você está primeiro. O que houve com você? — Eu precisava saber o que Brunna tinha, era óbvio que não estava 100%, mas pelo menos ter uma noção de como ela estava se sentindo para que eu assim pudesse falar. Falar para ela o que era necessário, poderia parecer algo como jogar uma bomba em cima da garota, mas na real, era exatamente o contrário, eu gostaria de tirar um peso de suas costas. Minhas mãos suaram e meu estômago se revirou por imaginar sua reação diante a situação, mas eu sentia a necessidade de dizer. Seus olhos se desviaram com minha pergunta, a garota olhou pro chão e suspirou, andei, lentamente, um passo em sua direção. Não poderia deixar a garota sozinha, e não deixaria.

— Deve ter sido algo que comi, passei mal. — Brunna não parecia certa de suas palavras quando gaguejou a frase. Seus olhos demoraram para encontrar os meus quando continuei observando Brunna que se encostou na porta, andei mais um passo em sua direção.

— O que comeu? — Perguntei baixinho, gostaria de confirmar se estava certa sobre minha teoria da mentira de Brunna, seus olhos se desviaram novamente e olharam para algum ponto fixo, longe do alcance de minha vista enquanto ainda a observava.

Willian não estava em casa, eu sabia muito bem onde o homem estava, era exatamente por isso que eu estava ali. Gostaria de contar para Brunna sobre as traições de seu marido, isso seria mais um motivo para a morena acabar com todo seu sofrimento, eu sabia que ela precisava acabar com aquela relação, não era saudável. Eu só precisava que ela enxergasse o mesmo que eu.

— O que comeu, Bu? — Perguntei novamente, quando Brunna não respondeu a pergunta anterior, minhas mãos suavam e imaginava milhares de coisas. Meus olhos encontraram seus pulsos, estavam lisos, senti um alívio em questão a isso. Percebi que alguma das janelas estava aberta quando sinto um arrepio quando o vento entra.

Eu sinceramente tinha vontade de sair com Brunna e levar a mesma para lugares incríveis, fazer as melhores e maiores viagens. Eu me perguntava como alguém poderia me cativar tanto em tão pouco tempo, ela era cativante. Brunna simplesmente me deixava presa em seus olhos e seu jeito, era impressionante como eu só queria me manter por perto da garota e conhecer mais de si, sua mente, seus conhecimentos... seu corpo. Era estranho como eu poderia apenas pensar em mil e uma formas de levar Brunna para jantar e fazer de tudo para ver um sorriso brotar em meus lábios. Me preocupava a forma com que a garota estava agora, de longe dava para perceber seu desconforto, mas não com minha presença, com algo nela mesma.

— A-acho que não sei. Talvez seja só besteira, passei um pouco mal. Só isso. — Brunna disse tentando desviar, andei mais um passo e nossos corpos estavam próximos demais. Segurei seu queixo com meu dedo indicador e seus olhos encontraram os meus, respirei fundo. — Não estou mentindo... — Levantei uma sobrancelha com a fala de Brunna, como ela poderia saber o que eu estava pensando. Com a mesma mão que antes estava em seu queixo, arrumei uma mecha de seus cabelos que caia em seus olhos, suas bochechas queimaram, as minhas também, mas me mantive firme olhando em seus olhos.

— Vou te pedir uma coisa, a única coisa para que eu possa te ajudar, nos ajudar. — Falei com minha mão ainda em seu cabelo, seus olhos me olhavam com um leve brilho, molhei os lábios que estavam secos de nervosismo, ela me causava essa sensação doida. — Não minta tanto. É difícil te ajudar se não me contar o que acontece, não estou exigindo, estou pedindo. Quero que confie em mim, vou te provar que pode confiar em mim, mas por agora, não minta. Não nos conhecemos o suficiente para eu saber, Bru, o que acontece com você. Não te conheço o suficiente para dizer que está mentindo agora, confio em suas palavras. — Falo de maneira baixa e sussurrada. Não queria, de maneira alguma, que Brunna interpretasse aquilo como uma ameaça ou algo parecido, apenas era uma forma de encontrar recursos de contar as coisas para ela, de poder ajudar a garota sem que haja uma interferência.

Sua mão encontrou meu pulso, isso sempre acontecia, não sabia se era uma mania de Brunna a, mas meu corpo sorrio quando senti a palma quente de Brunna contra meu pulso. Meus olhos deslizaram para sua pele e observei os traços de sua mão delicada. Seus dedos eram finos e suas unhas eram curtas e quadradas, sua palma era macia e quente, não havia um pelo sequer por ali. Meus olhos deslizaram um pouco acima e encontrei suas bochechas em minha palma. Sorri levemente e percebi o canto dos lábios de Brunna espelharem o movimento, sua boca tinha um tom vermelho forte e natural, estava entreaberta. Seu nariz era em um tamanho ideial e combinava exatamente com seu rosto, parecia simplesmente perfeito. Suas sobrancelhas não eram tão grossas, mas não tão finas, combinavam com seu rosto. Seus olhos pequenos com cílios longos, não pareciam ter uma imperfeição sequer, nenhuma olheira nem nada. Seu cabelo era longo, num castanho escuro e um leve ondulado. Brunna era tão linda que eu poderia pedir um retrato dela, apenas para que pudesse admirar. Balancei a cabeça com o pensamento e foquei no que deveria.

— T-tudo bem, Lud. Eu estou bem. — Sua mão que estava em meu pulso, escorregou para as costas de minha mão que acariciava sua bochecha.

— Já comeu? — Ainda olhava em seus olhos tentando arrancar da garota, alguma coisa em que parecia incomodar a si.

— Não, você já? – Brunna não desviou o olhar. Suas sobrancelhas às vezes se juntavam apenas para darem ar a frase, isso era incrível e me fazia admirar ainda mais de seu rosto.

— Vim diretamente para cá, estava no trabalho. — Disse e Brunna pareceu lembrar do porque eu estava ali, também me lembrei e me afastei levemente.

— O que precisava contar? — Pergunta baixo, sua mão solta a minha e meus dedos se afastam de seu rosto, mas nossos olhares continuam conectados.

— Vamos comer algo primeiro. Posso pedir algo para comermos? — Pergunto e me afasto um passo, Brunna parece apenas voltar a olhar em volta como normalmente fazia, parecendo sair de um transe.

— Por mim tudo bem, está frio para que eu tome coragem de me arrumar para sairmos. — Ela sorri e sorrio junto, a garota caminha até o sofá e se senta, olha para mim e indica o lugar ao seu lado. Pego meu celular e abro um aplicativo para que pudéssemos pedir algo para comer.

— Sabe, meus pais odiavam pedir coisas para comer em casa, eles adoravam ir em restaurantes e nos levar para lugares diferentes. Adoravam nos deixar conhecer de tudo e aproveitarmos nossa infância e adolescência. — Falei distraída olhando para o celular, procurando algo legal. — Nem pizza eles gostavam de pedir para entrega, era bem legal, de verdade. Mas, tinha vezes que eu tinha uma preguiça enorme e só não queria sair das cobertas, era complicado nesses dias. Lembro de minha mãe ameaçando todos a não sairmos apenas porque eu não queria, mas aí eu teria que arrumar comida para todos. — Ri ao lembrar de minha briga com Luane apenas para que eu colocasse uma calça e um moletom para sairmos para alguma pizzaria.
— Você gosta de hambúrguer do que? — Pergunto ainda distraída olhando para o celular, vendo lugares mais próximos e abertos, entregas rápidas e baratas.

— Tem algum vegano? — Olho para Brunna impressionada, ela era vegana? Isso parecia interessante.
— Não, não sou vegana. — A garota respondeu como se tivesse lido meus pensamentos, mas continuei encarando-a com as sobrancelhas erguidas. — Só acho que talvez seja muito pesado um carne bovina a noite, não gosto muito também... por isso prefiro comer um hambúrguer vegano do que um com 3 pedaços de carne. — A garota dá de ombros e sorrio, concordo e volto a olhar para o celular, pesquisando por algo vegano.

— Sabe que eu nunca comi carne vegana? Parece bom. — Vejo algumas hamburguerias abertas e baratas, sorrio ao ver uma promoção ótima. — Bebida, batata e hambúrguer vegano de carne vegetal, maionese e queijo vegano por 9 dólares, olha que interessante. Se pedir dois, ficam 13 dólares. Vale a pena. — Olho para Brunna e peguei a garota olhando para mim, minhas bochechas queimam com seu olhar e logo me perco em seus olhos. Minha mente capitava os menores detalhes apenas para que eu nunca esquecesse o quão bonito o rosto de Brunna era. Meus olhos traçavam um caminho por todo seu rosto, olhos, lábios, nariz, testa e bochechas. A forma com que suas linhas pareciam tão bem feitas, mordi o lábio de nervoso e continuei olhando para Brunna. A garota balançou a cabeça e piscou repetidas vezes rapidamente.

— É... Hum, vale a pena sim, tudo bem. — Voltei o olhar pro aplicativo e pedi o endereço. Minha cabeça estava confusa com todo esse clima que se instalava entre nós duas. Não conseguia dizer que tipo de atração a garota me causava, e sinceramente, esperava que não fosse nada além da amizade.

Esse pensamento me fez lembrar sobre como meu antigo relacionamento havia sido. Alexa, a garota com quem namorei por 3 anos, me traia e era extremamente abusiva. Mas, eu jamais compararia Alexa com Willian, a garota tinha noção do ridículo, coisa que Willian parecia não ter. E apesar de tudo, conseguimos manter uma amizade saudável, não nos falávamos sempre, mas às vezes até saíamos juntas.

Esperava por não ser algo além de amizade com Brunna, pelo simples fato achar que não estaria confortável o suficiente para entrar em uma relação, não tão cedo. Sem contar que a moça era casada e eu nem a conhecia direito. Okay, o que eu sentia por Camila era apenas amizade e carinho, me convenci disso e aceitei.5

Minhas costas recostaram no sofá e olhei para minhas mãos, agora livres do celular. Meu dedos se enrolaram à barra da blusa e minhas unhas arranhavam um pouco da pele de cada dedo. Ouvi Brunna suspirar, mas não voltei a olhar para ela. Meu coração estava disparado e minha mente entrava cada vez mais em um loop de confusão, talvez eu não devesse fazer aquilo.

— O que precisava contar? Veio com tanta urgência e agora não fala nada? — Brunna fala, me incomodei com seu tom de voz. A garota rapidamente limpou a garganta, provavelmente percebendo que não tinha sido muito educada. — Não quis ser grossa... só estou preocupada, você parecia realmente desconfortável. — Ela disse baixinho e percebi uma de suas mãos apoiar em seu joelho, continuei olhando para meus dedos.

— Bem, talvez não seja certo eu tomar essa decisão. Eu não conheço você e nem Willian, eu não sei sobre a relação de vocês e como cada um lida com o outro. Tudo que eu sei foi o que você me contou, e o que vou te contar, foi o que vi. Então, não quero que pense que isso é por alguma rivalidade ou algum mal. Eu só preciso que você acredite em mim, é exatamente para o seu bem e eu gostaria que fizessem o mesmo por mim numa situação dessas. — Despejo palavras, uma atrás da outra. Meu nervosismo era aparente e gostaria de conseguir controlar minha perna direita que não parava de tremer, meus dedos que não paravam de arranhar e minha cabeça que não parava de doer.

— Você está me preocupando, Ludmilla. Willian fez algo com você? — Olhei para Brunna e neguei rapidamente com a cabeça. Sua testa se franziu e confusão era nítida em qualquer mínima respiração que a garota poderia dar. Minha garganta parecia que iria queimar em segundo se eu não falasse, mas fogo parecia que sairia de minha boca assim que eu falasse.

— Não, não é nada disso. Acho que é algo bem mais sério. Mas, como eu disse, não conheço o relacionamento de vocês e não sei a abertura de um ao outro sobre cada coisa. — Encarei os olhos de Brunna e gostaria de achar algum traço de que sabia do que eu estava falando, mas a garota parecia cada vez mais confusa, eu gostaria apenas de abraçar ela e apagar tudo o que aconteceu. Respirei fundo, 1, 2, 3 vezes antes de achar que estaria pronta para o que falaria a seguir. — Bom, algumas semanas atrás, não lembro quando, Willian apareceu no Motel. Eu achei estranho a falta da sua presença, mas sim, no lugar, uma garota diferente. E algumas semanas depois, ele apareceu com um homem alto e forte, logo pela noite. E hoje... Bem, ele está lá com o mesmo macho, alto e forte. — Falo baixinho. Eu não sabia como falar algo como aquilo, apenas saiu da maneira mais formal possível. Meus olhos se desviaram dos de Brunna, mas logo depois, voltaram para lá. Suas sobrancelhas estavam levantadas em surpresa, mas seus olhos ainda transmitiam confusão.

— O que isso quer dizer? — Suas palavras me pegaram com força. Eu não gostaria de fazer isso, mas talvez eu devesse ser mais direta do que imaginava. Mordi os lábios em nervosismo e minha perna tremeu mais. Minha unha do dedo indicador agora arranhava as costas de minha mão direita.

— A-acho que... Willian esteja se envolvendo com outras pessoas, além de você. — Olho pro chão e me pergunto o que poderia fazer agora. Imaginei mil reações; Brunna a poderia gritar e me chamar de louca, me expulsar de sua casa e dizer que nunca mais gostaria de olhar meus olhos; rir e dizer que aquilo fazia parte de algum ritual romântico deles; chorar até que todo o líquido de seu corpo fosse embora ou só surtar, muito.

— Eu... — Brunna começou sua fala, não era nada mais que um sussurro. Não tive coragem de olhar para a garota e senti meu estômago revirar. Me sentia culpada pelo peso que deixei para a mesma, mas não era a intenção, mas não da sabia se ela veria da mesma forma que eu. — Eu não... Willian não seria c-capaz disso. — Brunna se afasta um pouco e olho para a dona dos olhos castanhos, sua fala saiu gaguejada e percebi seus lábios tremerem. — N-não posso pensar que W-willian seria capaz de tal coisa, Ludmilla. — Seus olhos se desviaram até o chão e suas mãos tremeram em seu colo. Percebi em seus olhos, um rio querer se derramar por seu rosto. Mesmo com as palavras, Brunna não parecia tão confiante com seu dizer.

— E-eu vi, Bru, ele entrar. Durante meu turno, e-ele estava lá, com ela e com ele. — Gaguejei e virei meu corpo em direção ao da mulher ao meu lado. Minha mão escorregou até a sua e segurou fraco, não foi retribuído. Uma lágrima caiu dos olhos de Brunna, mas seu corpo parecia estar em choque.

— Não acredito nisso, Lud, desculpa. — A voz da mulher soou, ainda com seus olhos grudados no chão e uma gagueira presente em sua fala. Depois de um tempo, Brunba olhou para mim e respirou fundo, seus olhos vermelhos prendiam as lágrimas. — Eu não acredito, ele jamais faria isso. — Seus lábios tremiam com sua fala.

Minha mão foi para longe da mão da garota assim que ela levantou rapidamente, apenas para andar de um lado para outro na sala, meus olhos acompanhavam seus movimentos. Suas mãos subiram até seus cabelos e seu coque se desfez quando os dedos da mulher encontraram sua raiz e fizeram um movimento rápido, como se dor de cabeça invadisse seu cérebro da forma mais bruta. Seus olhos se arregalaram e algumas lágrimas escorregavam. A garota sussurrava para si palavras como: "não acredito, não é verdade", "ele não faria isso" e "o que tem de errado?", entre outras coisas.

Levantei e olhei para Brunna que parou de andar de um lado pro outro. Seu rosto estava vermelho, inclusive suas bochechas e nariz. Estendi a mão para a garota que só fez olhar por um longo tempo, logo depois tocou-a e puxei a mulher para um abraço forte.

Assim que meu nariz inalou o cheiro doce do perfume de Brunna, senti suas mãos apertarem minha blusa e Brunna se soltar em meus braços em um choro real. Um choro infinito. Minhas mãos rodeavam suas costelas, e seus braços, meu pescoço. Meu nariz estava perdido em seus cabelos agora soltos e sua respiração era pesada em meu pescoço enquando Brunna chorava. Me senti culpada, talvez eu tivesse escolhido a pior hora.

— Tá tudo bem, eu estou aqui. — Falei em seu ouvido quando seu aperto ficava cada vez mais forte em minha blusa. Nossos corpo balançavam de um lado para o outro, como uma dança leve enquanto Brunna desabava em meu ombro. Já sentia a blusa molhada tocando em minha pele, não me importei. Aquele era o momento em que a garota precisava de mim e me permiti estar ali para ela, eu sempre me permitiria estar ali por ela, Brunna era como uma pedra preciosa, eu não poderia apenas gostar dela e não cuidar, eu tinha que cuidar.

Seu cheiro invadia minhas nariz sem o menor esforço, era doce. Mesmo com Brunna desabando em lágrimas, continuei ali, reparando em seu cheiro e seu toque, a maciez de seu corpo. Não era um momento de aproveitamento, mas eu precisava, de alguma forma, reparar em Brunna. Era impossível não reparar, e isso pareceu o mais sincero possível quando não achei mais nenhuma palavra que me permitisse parecer realmente uma amiga e não uma pessoa com dó. Ela era forte o suficiente, não merecia pena, merecia seu valor.

— Ludmilla... — A mulher sussurrou assim que parou um pouco de chorar. Seus olhos estavam inchados e vermelhos, junto de seu nariz e bochecha. Seu rosto estava totalmente molhado e poderia jurar que minha blusa estava úmida o suficiente. Meus olhos encontraram novamente os de Brunna e encontrei um vazio enorme. Minha mão direita passou sobre seu braço em um leve carinho. Nenhum sorriso e nenhuma outra expressão além de tristeza foi jogada contra mim. — Vá embora. — Meus olhos se fecharam com as palavras que saíram de sua boca. Eu não conseguia decifrar se o sentimento sobre suas palavras escorregadas era magoa, tristeza, fúria ou nojo. Meu nariz se enrugou e minha testa franziu.

— Eu não estou aqui para te julgar, Bru, você sabe que somos amigas. Pode contar comigo. — Falei e levantei um leve sorriso no canto dos lados, apenas para mostrar o quão amigável eu gostaria de ser. Os olhos de Brunna não demonstraram o mesmo, eles estavam indecifráveis, apenas o vazio era o mais nítido.

— Vá embora, Ludmilla. — Minhas sobrancelhas levantaram em surpresa e senti algo dentro de mim se partir. Brunna estava falando sério, não por proteção, mas porque não acreditava em minhas palavras. — E-eu não posso acreditar em você. — Brunna se afastou alguns passos e apenas continuei olhando em seus olhos, minhas mãos acharam novamente a barra de minha blusa e enrolaram lá.

Olhei pro chão e me perguntei em quais coisas Brunna estava pensando. Quase achei injusto o fato da garota me pedir para ir embora, mas percebi que talvez fosse a melhor coisa no momento, apenas para a morena encontrar algum pensamento que se encaixe, ou talvez um tempo.

Coloco uma mão no bolso e pego minha carteira. Tiro 20 dólares e coloco nas mãos de Brunna que quase se afastaram das minhas com o toque, seus olhos deslizaram para nossas mãos e logo fui rápida em afastar meus dedos.

— Aproveite o lanche e tome cuidado. — Meus olhos encontraram os dela que estavam vermelhos e molhados. A garota desviou o olhar e sussurrou algo como "obrigado", tão baixo que quase não ouvi. Me afastei e abri a porta com a chave que já estava na tranca, olhei para Brunna que estava parada ainda olhando para outro canto, respirei fundo. — Brunna. — Chamei e percebi seu rosto virar para mim lentamente. Meu coração se partiu novamente, não acredito que tinha perdido a amizade da garota o rápido quanto quando ganhei. — Eu não mentiria pra você sobre algo sério dessa forma. — Minha voz saiu arrastada e fraca, mas chegou até os ouvidos de Brunna. A mulher balançou a cabeça em negação e apenas desviou o olhar, era sua despedida. Suspirei e fechei a porta.

O som da porta se fechando invadiu meus ouvidos e o vento gelado da noite me abraçou, me xinguei por não ter colocado uma blusa antes de sair do carro e meus passos foram apressados na direção do automóvel. Fiquei mais brava ainda pela decisão tomada, mas talvez eu estivesse certa.

(...)

— Como assim ela te mandou embora? — Larissa sussurrou enquanto eu a olhava, em frente ao balcão. Agora eu estava com uma jaqueta de couro preta por cima da blusa branca. A negra estava com uma blusa rosa e uma calça jeans. Os anéis em seus dedos eram diferentes dos da última vez e suas pulseiras faziam barulho cada vez que a mulher mexia o braço.

— Bom, ela só disse para eu ir embora, eu fui e pronto. Não tive muita escolha. Não poderia forçar ficar. — Disse suspirando e passando pela lateral do balcão para entrar, Lari me acompanhava com o olhar, a negra estava indignada e eu não sabia explicar a situação.

— Você acha que ela pensa que você quer ficar com ele? — Ela me  perguntou, mas não em um tom de acusação, e sim de preocupação. A mesma me olhava o rosto, sempre procurando algum traço de mágoa. Dei de ombros e passei a mão pelos cabelos, fechei os olhos e senti meu rosto queimar.

— Não acho que seja isso, talvez não. Mas ela parecia muito desconfiada e brava. — Peguei meu celular e coloquei em cima do balcão, Larissa me acompanhava com o olhar e apenas fez um barulho com a garganta.

— É, talvez ela ache algo, talvez só esteja mal e confusa, ou só prefere não pensar sobre isso por agora. — Dei de ombros novamente, minha cabeça fervia em pensamentos, não queria mais alguma teoria entrando em meus pensamentos.

— Boa noite, moças. — Olho na direção da voz e um sorriso branco me recebeu. Arrumei a postura e sorri de volta, Larissa fez o mesmo e quase esqueci sobre o que estava pensando antes. Minhas mãos tremeram em nervosismo e sorri mais ainda ao dizer.

— Boa noite, papai. — Caminhei em direção ao homem e o abracei fortemente.

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