Capítulo 6 - Don't want money Just someone who wants my company
POINT OF VIEW DE...
Taylor sempre teve noção do quanto sua vida era completamente agitada, e às vezes, até mesmo fora dos eixos.
Claro, ela nunca fora uma mulher que ficara por muito tempo sozinha, acostumada a ter a companhia de um homem, fosse quem fosse, e, por isso, em várias ocasiões, fez péssimas escolhas de parceiro romântico. Mas algo, bem lá no fundo do seu coração, dizia a ela que, dessa vez, não havia se equivocado ao aceitar namorar com Travis. O receio batia nela, é óbvio. Quem vê o cara em duas ocasiões, transa e aceita namorar, assim? Sem ter certeza de quem realmente é a pessoa com quem está se envolvendo? Ela poderia não ser a primeira, ou a última mulher a fazer isso, mas sabia que tinha sido muito louca quando o fez. Porém, no fundo da sua alma, ela sentia uma conexão extrema - como que de outras vidas -, ao estar com aquele homem.
A forma como ele a fazia sentir-se bem consigo mesma, era inacreditável. Ser tratada como uma princesa em uma relação, não era algo do qual ela estava acostumada. Também não costumava entregar-se daquela forma na segunda vez que via um homem. Mas com Travis era tudo diferente. Era como se ele tivesse um imã, que a atraía em todos os sentidos. Ou talvez ela estivesse descobrindo que tinha uma certa tara por homens que são pais solteiros. Taylor definitivamente achava isso muito sexy. Achava que poderia ser até mais do que o bigode... Não. O bigode definitivamente era a coisa mais sexy nele. Mas ser pai solteiro estava no segundo lugar, com certeza.
- Não acredito que fechou um restaurante inteiro só para termos privacidade. - a loira comentou, admirando a decoração vintage do restaurante The Fountain on Locust.
- Não acredito que aceitou ser minha namorada. - Travis disse, provocando-lhe uma risada. - Bem, estou namorando a indústria musical, praticamente, e tenho que fazer algo à altura dela.
- Se tivesse tentado cozinhar para mim, eu já acharia a coisa mais adorável do mundo. - olhou-o, e, sorrindo, cruzou os braços sobre a mesa - Trav, você não precisa fazer coisas insanas para me impressionar, ou para sentir que "está à minha altura" - fez aspas - Eu, sinceramente, não estava procurando um companheiro quando entrei no meu jatinho, com destino há um simples evento de caridade no Kansas City. Mesmo assim, parece que o destino não quis seguir meus planos, e desde o primeiro momento em que te vi, ou, sei lá, que Thomas te guiou até mim, eu senti algo diferente. Mas, lindo, eu preciso que entenda que, eu nunca fui amada por meus antigos parceiros, na mesma intensidade que os amei. Não estou acostumada com alguém que compartilhe dessa intensidade, e, me parece, que você é alguém que se sente da mesma forma que eu. Portanto, só quero que você saiba que, nunca liguei para o quanto um homem pode gastar comigo, na intenção de me impressionar. Eu não quero dinheiro, eu quero alguém que queira a minha companhia.
- Eu quero sua companhia. - garantiu, acariciando o braço dela, buscando entrelaçar suas mãos - Tay, eu entendo o peso de cada uma das suas palavras. Você está certa, não sei não ser intenso. E já me dei mal por isso. Acredite em mim quando digo que, desde a primeira vez que eu te vi, pessoalmente, lá naquele palco cantando, eu... Me apaixonei. Eu sei que pode parecer loucura, nunca tínhamos nos falado. Mas naquele momento, eu tive uma queda por você. Era algo que parecia impossível de se concretizar, me senti como um adolescente bobo tendo crush numa famosa que nunca olharia para ele. E agora... agora estamos aqui. Cada vez que eu te olho, sinto que essa paixão, a conexão que temos, vai além dessa vida. Como se estivéssemos o tempo todo, ligados um no outro.
- Me sinto assim também, Trav. - sua voz vacila, sentindo lágrimas se formarem no canto dos olhos - Você nunca... - se recompôs - Nunca me contou toda a história sobre a primeira vez que me viu.
- Boa noite. Já escolheram o que vão pedir? - o garçom perguntou, servindo-lhes para cada um, um bom Shirley Temple, algo que Travis pediu minutos atrás.
- Não escolhemos ainda, perdão. - Taylor respondeu, soltando a mão de seu namorado, e pegando o menu no centro da mesa.
Ao ler brevemente o menu, Taylor fez o pedido de maneira cuidadosa, sempre pensando em como suas escolhas poderiam afetar a percepção que tinha de si mesma. Ela queria aproveitar o momento sem se sentir desconfortável com sua comida, e sem interrupções ou "shows" onde se trancava no banheiro, odiando-se mentalmente, e despejando tudo que antes estivera em seu estômago.
- Eu estava pensando em algo mais leve - ela começou, com um tom decidido. - Para começar, uma salada caprese parece perfeita. E para o prato principal, vou querer algo leve também, como um filé de salmão grelhado com legumes no vapor. Apenas um pouco, por favor.
Travis levantou uma sobrancelha, notando a escolha mínima de Taylor, mas não fez comentários. Ele sabia que preferia respeitar o que ela queria e estava mais interessado em aproveitar a noite juntos.
- Isso soa ótimo para mim - ele disse ao garçom. - Então, vamos de bruschettas para começar, e para os pratos principais, um risoto de cogumelos para mim e um filé de salmão grelhado com legumes no vapor para a dama, por favor.
O garçom anotou o pedido, observando a atenção aos detalhes e a consideração que Travis demonstrava.
- Claro, vou garantir que tudo esteja conforme solicitado - o garçom respondeu, antes de se afastar para preparar os pratos.
- Então, você quer saber sobre a primeira vez que te vi, huh? - o homem pergunta, quando voltam a estar sozinhos.
- Claro que sim. - assentiu animada, após beber um gole de seu Shirley Temple - Você me deixou curiosa.
- Ah, você sabe. Sempre fui um admirador de toda a sua força, mas nunca parei pra realmente prestar atenção. Até aquele dia. Patrick me convidou para irmos ao Show da The Eras, e quando ele fez esse convite, eu pensei: Por que não? Estávamos na suíte dele. E então, quando me dei por conta, eu já estava fazendo pulseiras da amizade, junto com as crianças. E ele me incentivou com a ideia de te dar meu número. - explicou - E no dia, quando vi aquele estádio lotado por sua causa, a admiração que aquelas pessoas tinham por você... quero dizer, eu estava acostumado a ver o Arrowhead lotado com os torcedores, mas eu confesso que fui meio insano ao pensar naquele momento "está lotado por essa loira que eu falei em uma entrevista que beijaria". - ele riu, com uma pontada de nostalgia - Se eu pudesse voltar naquela entrevista, teria escolhido me casar com você. - brincou - Mas sério.... Quando o show começou, que eu vi você naquele palco, o meu coração, ele.... Ele disparou. Eu estava vendo você pessoalmente, mesmo que pela primeira vez. A forma como você demonstrava paixão pelo que fazia, sua voz... tudo me deixou encantado. Eu lembro-me até da sensação de me sentir impotente, porque eu estava de alguma forma, apaixonado por você, mas não havia nada que eu pudesse fazer para trazê-la até mim. Algo que pudesse me confirmar que eu não estava sendo maluco ao dizer que me apaixonei por uma mulher com quem nunca troquei nenhuma palavra. Você estava tão... linda. E conforme o show terminava, seu cabelo assumia os cachos naturais e eu... só pensava "Uau! Essa é a mulher mais linda que eu já vi na minha vida, preciso falar com ela de alguma forma".
Taylor escutou cada palavra com um misto de surpresa e admiração. O jeito como Travis descreveu a primeira vez que a viu, com tanto detalhe e emoção, a fez sentir-se profundamente tocada. Nunca, em toda sua vida, com todas suas experiências amorosas, um homem a tinha tocado com palavras em apenas um "primeiro" encontro. Ele parecia conhecer as nuances dela em tão pouco tempo, que era como se em vidas passadas, eles tivessem tido um relacionamento. Talvez até tivessem casado nas vidas passadas. Ou estivessem vivendo essa, justamente para isso.
- Eu nem consigo imaginar como você deve ter se sentido naquele momento. - ela comentou, sua voz embargada pela emoção. - Deve ter sido um turbilhão de sentimentos para você.
Travis sorriu, vendo o efeito que suas palavras tiveram nela.
- Foi um turbilhão, sim. Eu me lembro de estar lá, no meio da multidão, e pensar: "Se eu tiver a chance de conhecê-la, eu farei de tudo para que ela goste de mim." Nunca imaginei que um dia estaria aqui com você, sentados a uma mesa de jantar em um restaurante que reservei só para nós. - um pequeno silêncio se instaurou entre os dois, que mantiveram uma troca de olhar, em meio a iluminação retrô do restaurante. - Você quer saber o que me toca agora, ao relembrar do seu show? - ela faz uma expressão de curiosidade, dando-lhe espaço para prosseguir - Houve um momento, quando - ele balança a cabeça, rindo, como se fosse um bobo - quando você cantou Last Kiss. Lembra? Você esqueceu a letra. Então, você disse "Oh meu Deus, desculpe, fiquei muito animada. Vocês me permitem a honra de recomeçar?" - ela riu com a voz fina que ele fez na imitação - Sabia que você tinha recentemente terminado com o Healy. E agora, nós estamos aqui juntos. E eu só consigo pensar no quanto a sua fala coincide com tudo. Caramba, eu estava no seu show e aquela frase me tocou, porque pensei "queria que pudesse recomeçar comigo." E você está. Comigo.
- Você se lembra até mesmo o que eu falei no show?
- Nunca vou esquecer da primeira vez que a vi. Você, Taylor Swift, sabe como cativar o coração de um homem.
O garçom voltou, com os pedidos, e ambos agradeceram. A conversa fluiu normalmente entre eles, conhecendo um pouco mais um do outro, entre risadas e até gestos fofos por parte do ex-jogador.
- Hey, linda, eu sei que posso estar parecendo precipitado, e eu não quero assustá-la, de forma alguma. - Travis começou, degustando do prato - Eu gostaria que viesse morar conosco. Você sabe, o Thomas te adora, e bom... Só falta você aceitar.
- Por mais que, eu adore a ideia de não ter que passar mais tempo longe de vocês, eu ainda tenho uma vida em Nova York, querido. - lamentou, mal tocando sua comida - E, também, não estou totalmente no controle de todo o alvoroço e alarde que causaria quando páginas de fofocas descobrissem que eu simplesmente mudei-me para a casa de Travis Kelce.
- Nós podemos oficializar nosso namoro. Pode ser nas minhas redes sociais, ou uma simples aparição em público.
- Travis, ainda não. Eu quero que você tenha tempo para contar isso aos seus pais. E eu aos meus.
- Tudo bem. Posso esperar sua autorização. - suspirou. - Talvez você tenha razão. Eu deveria conhecer sua família primeiro. Mas você têm noção de que eu poderia pedir para que meus advogados dessem inicio nas documentações para virarmos marido e mulher?
- Você é incrível! Nunca encontrei alguém que sentisse as coisas do mesmo jeito que eu. Mas vamos aguardar, certo? De todas as formas, a qualquer momento, toda essa nossa discrição vai escapar entre nossos dedos, e seremos assuntos nas redes sociais.
- Só... me prometa que não vai aceitar nenhum trabalho em Nova York. - pede, escorando-se desleixadamente na cadeira. - Quero que, assim que estivermos com todas as suas questões resolvidas, você venha morar no Kansas comigo.
- Trav, meu lindo, eu odeio estar parada. E até que eu consiga convencer meu pai a conhecer um ex-jogador dos Chiefs, eu... vou enlouquecer se estiver sem nenhum trabalho.
- Aí! Eu posso muito bem convencer meu sogro a usar vermelho!
- Meu pai é fanático pelos Eagless, você não o convenceria a sequer usar um cordão com as cores vermelhas. - disse rindo.
- Ah, é mesmo? Isso é um desafio, senhorita Swift? - levantou o queixo, cruzando os braços - Pois considere o desafio aceito. E quando eu vê-lo, saíremos de uma conversa com ele usando até mesmo uma camiseta dos Chiefs. Você verá.
- Boa sorte, jogador. - piscou, divertida.
- E por favor, programe um jantar o mais rápido possível, preciso ter passe livre para casar com você.
- Vou fazer isso.
E quando o silêncio voltou, Taylor percebeu que o prato de Travis já estava vazio, ela abaixou a cabeça olhando para o dela. Sentindo um peso. Ela não queria fazer desfeita para a refeição, nem desmerecer todo o carinho e empenho que Travis demonstrou ter feito naquela noite.
Para ele, também não lhe passou despercebido que a loira mal havia tocado em sua comida e não pôde deixar de se preocupar. A noite estava tão perfeita, com a decoração vintage do The Fountain on Locust e a atmosfera íntima que ele havia planejado, que qualquer sinal de desconforto dela era uma preocupação para ele.
Ele olhou para ela, com uma expressão de preocupação misturada com carinho.
- Você está bem, Tay? - perguntou, suavemente. -Você mal comeu alguma coisa. Se precisar de algo, é só me dizer. Se acha que estou apressando demais as coisas e isso está te deixando desconfortável, por favor, me diga para que eu possa corrigir.
Taylor levantou os olhos para ele, sorrindo. Mas ele viu que era um sorriso forçado, que não alcançava seus olhos. O mesmo que ele lembrava ter visto quando ela estava conversando com Thomas na porta do banheiro na noite em que se conheceram. O momento em que Tom disse que ela estava "mal do estômago". Travis engoliu em seco, imaginando as possibilidades pelas quais ela estaria mal naquela noite. O medo o atingiu, ao pensar no pior.
- Estou bem, Trav. Apenas... um pouco distraída com todas essas mudanças. Não estou acostumada com tanta atenção, e a comida parece um pouco pesada para mim hoje.
Travis inclinou a cabeça em compreensão.
- Entendo. Se precisar de algo mais leve ou quiser que mudemos de assunto, é só falar.
Ela agradeceu com um aceno, sentindo-se tocada pela preocupação dele.
- Obrigada, Trav. Eu só preciso de um tempo para processar tudo isso. - pegou o Shirley Temple, torturando-se mentalmente pela pouca comida que digeriu - Às vezes, sinto que estou mergulhando de cabeça em algo muito grande.
- Eu entendo. E quero que saiba que, independente do que acontecer, estou aqui para você. Podemos dar um passo de cada vez. Não precisa se apressar.
- Isso significa muito para mim. E, de verdade, eu amo todo o esforço que você fez para tornar esta noite especial.
- Eu não quero te pressionar em nada. Eu estou com você, Tay, e quero que se sinta confortável com tudo.
Taylor respirou fundo, sentindo o calor reconfortante das palavras dele. Aquele era o tipo de conversa que ela sempre quis ter em um relacionamento, algo sincero, sem pressões ou expectativas irreais. Ainda assim, o peso das suas inseguranças a pressionava. A comida em seu prato parecia uma metáfora para tudo o que estava acontecendo: algo bonito, cuidadosamente preparado, mas difícil de ser digerido.
- Eu aprecio isso, de verdade. - disse suavemente, entrelaçando seus dedos aos dele sobre a mesa. - Acho que eu só preciso me acostumar a estar com alguém que realmente se importa. É uma sensação nova, sabe? Ainda me sinto um pouco desnorteada, mas estou feliz por estar com você, que é sempre tão atencioso e compreensivo.
Travis sorriu, apertando gentilmente a mão dela.
- Não há pressa, Tay. O que importa é que estamos juntos nisso. E se em algum momento parecer demais, eu vou estar ao seu lado, segurando a sua mão. Você não está sozinha.
Ela olhou nos olhos dele, sentindo a sinceridade em cada palavra. Algo dentro dela começou a se soltar, uma tensão que ela nem sabia que estava carregando. Pela primeira vez em muito tempo, Taylor sentiu que poderia relaxar, deixar-se ser cuidada e amada, sem se preocupar tanto com o que viria a seguir.
Travis fez um sinal para que ela levantasse, e fosse até ele, quando ela o fez, ele puxou-a levemente, e a fez sentar-se em seu colo.
- De agora em diante, saiba que cada encontro nosso será especial. - o homem disse, beijando sua bochecha, e em seguida, seus lábios - Você merece tudo de bom.
- Obrigado, Trav. De verdade. - agradeceu, passando o braço pelo ombro dele, e em seguida, deitando a cabeça ali, naquele espaço entre seu pescoço - Desde que tudo aquilo aconteceu, na pandemia, eu não fui mais a mesma. Fiquei com Joe por mais tempo, mas para mim, tudo era cinza. Eu me sentia uma covarde por não conseguir largá-lo, quando sabia que ele não dava a mínima para a perda que tivemos.
- Isso doeu muito em você, não é? - ajeitou-a em seu colo, acariciando suas pernas, que estavam expostas - Sinto tanto por isso. Eu mal posso imaginar a dor que você sentiu, e ainda sente. Se eu pudesse fazer algo para evitar que você sofresse, faria.
- Sei que é ridículo para todos, que eu sinta falta de alguém que nunca vi. Mas era meu filho. A mulher, desde o inicio da gravidez, cria um vinculo com um bebê. E eu o esperava.... - pôs a mão na boca, tentando conter suas emoções - Eu tinha planos. Ele seria tão amado.
- O que? Amor... linda, não é "ridículo" você sentir falta do seu bebê. Você planejou tudo, foram meses. É claro que é perfeitamente natural a saudade que você sente. - ela se encolhe um pouco, como se os braços dele lhe passassem uma segurança que ela não tinha - Era um menino? - ela levantou a cabeça, e ele afastou as mechas loiras de seu rosto.
- Eu descobri naquela noite. Ia chamá-lo de Peter.
- Peter? Você têm... uma música com esse nome, não?
- Sim. Ela faz uma ligação com os meus sentimentos, entende? Entre a frustração de ter perdido meu bebê, e também por todas as promessas que Joe não cumpriu. Mas principalmente, é um pedido de perdão a Peter.
- Você não pode se culpar por isso. Por favor, você precisa, de alguma forma, parar de se torturar por algo que estava fora do seu controle. - ele segura o rosto dela, mas sem usar de força - Tay, eu não quero te ver mal. Eu não gosto disso.
- Eu só... Nós podemos mudar de assunto? - o pedido sai quase em um sussurro, seu olhar desviando-se do dele - Não consigo mais.
- Tudo bem, tudo bem. - acalmou-a, roubando-lhe um beijo suave, e ao separar seus lábios, acariciou-lhe o rosto - Vamos falar sobre qualquer coisa.
- Obrigada, Trav. - Taylor murmurou, ainda com a cabeça recostada no ombro dele. Seus dedos estavam entrelaçados aos dele de forma firme, quase como se aquilo a ancorasse. Ela fechou os olhos por um momento, respirando fundo, sentindo a segurança que ele transmitia apenas por estar ali.
Ele a envolveu com os braços, mantendo-a próxima enquanto permitia que o silêncio se instalasse entre os dois, um silêncio confortável. Travis sabia que pressioná-la para falar mais sobre aquele assunto só traria mais dor, então deixou que ela tomasse a iniciativa de voltar ao que quisesse falar, quando estivesse pronta.
Depois de um longo minuto de quietude, Taylor suspirou, virando levemente o rosto para encarar o dele, agora mais relaxada.
- E quanto a você? - ela perguntou suavemente. - Eu sinto que acabo sempre falando sobre mim, sobre meus problemas. Como você tem se sentido com tudo isso?
Travis a olhou com carinho, passando a mão pelos cabelos dela antes de responder.
- Eu? - ele deu de ombros levemente - Bem, eu estou tentando entender como fazer o melhor por nós dois. Eu sabia o que queria, desde que te vi. - Ele fez uma pausa, buscando as palavras certas. - Às vezes, eu me preocupo se estou fazendo a coisa certa, se você não está me achando um maluco... Me sinto inseguro, porque quando fui assim, com a mãe do Tom, ela fugiu de mim. Quero dizer, fugiu de nós. E eu... de certa forma, não quero que Tom sofra novamente por minha culpa.
Taylor o observou por um momento, processando o que ele disse. Havia uma sinceridade na voz dele que a tocava profundamente. Ela sabia que, por trás da confiança e do jeito descontraído de Travis, ele também tinha suas inseguranças. E naquele momento, ele estava expondo-as para ela. Aquele relacionamento estava sendo construído na base da confiança, e isso foi algo que ela sempre pediu a Deus. Alguém que mudasse toda profecia que ela sentia que tinha sido ditada para a vida dela.
- Trav... você tem sido incrível comigo. - ela apertou os dedos dele com mais força. - Eu sei que pode não parecer, porque... bem, eu ainda estou aprendendo a lidar com muitas coisas, mas o que você tem feito por mim, o jeito como se preocupa... isso me ajuda muito mais do que você imagina.
Ele sorriu, um sorriso suave e genuíno, e a beijou na testa.
- Isso é bom de ouvir. Eu só quero que você saiba que, independentemente do que aconteça, eu estarei aqui. Eu não sou do tipo que desiste fácil.
Ela assentiu, um pequeno sorriso começando a se formar em seus lábios.
- Eu sei disso. - murmurou. - E eu sou muito grata por isso.
Mais uma vez, o silêncio se instalou entre eles, mas dessa vez, era cheio de compreensão mútua. Travis acariciava o braço dela distraidamente, enquanto Taylor sentia as batidas fortes e ritmadas do coração dele contra seu peito. Havia algo reconfortante naquele momento. Algo que fazia com que as preocupações e inseguranças dela diminuíssem, mesmo que apenas por um breve instante.
- Sabia que nunca pensei que teria algo assim? - Taylor comentou, quase como se falasse para si mesma.
- Algo assim, como? - Travis perguntou, curioso.
- Essa... conexão. - ela se ajeitou no colo dele, seus olhos encontrando os dele. - Eu sempre imaginei que meus relacionamentos seriam mais... solitários. Sempre foram, para ser sincera. Que eu nunca teria alguém realmente ao meu lado. Alguém que estivesse lá por mim, com corpo e alma. Mas com você... é diferente.
Travis a puxou ainda mais para perto, como se quisesse reforçar o que ela disse com um gesto.
- É porque você merece isso, Tay. Todo mundo merece ser amado de verdade. E eu vou continuar sendo essa pessoa para você.
Ela assentiu levemente, mordendo o lábio antes de murmurar:
- Eu vou ser para você também, Travis. Eu quero isso. Mesmo que ainda seja difícil para mim às vezes, eu quero tentar. Quero... nós dois.
O sorriso de Travis alargou-se, seu olhar brilhando com um misto de alívio e felicidade.
- Então vamos continuar tentando, juntos.
Mais tarde, quando eles saíram do restaurante, a brisa noturna de Kansas City trouxe um ar de frescor que ajudou a clarear a mente de Taylor. Ela ajeitou o casaco sobre os ombros, enquanto Travis esperava pacientemente ao lado, observando cada movimento dela com atenção. Ele não se importava com o tempo que ela tomava para se sentir confortável, especialmente em momentos como aquele, quando o peso de suas conversas ainda pairava no ar.
Travis estendeu a mão para ela, um gesto simples, mas carregado de significado. Taylor olhou para ele, e seus olhos se encontraram por um breve momento, antes de ela entrelaçar seus dedos nos dele.
- Pronta? - ele perguntou com um sorriso gentil.
- Pronta. - respondeu ela, apertando levemente a mão dele.
Eles começaram a caminhar em direção ao carro de Travis, que estava estacionado um pouco mais à frente. O som dos saltos de Taylor ecoava suavemente pelo asfalto, enquanto o barulho da cidade ao redor parecia distante. O momento era deles, íntimo e tranquilo.
E então, sem aviso, um flash cortou a escuridão.
Taylor parou por um segundo, surpresa, e Travis imediatamente virou-se para o lado de onde o brilho veio. Outro flash disparou, seguido pelo clique rápido de uma câmera. Em questão de segundos, a quietude da noite foi invadida pelo barulho dos obturadores e os gritos abafados de fotógrafos que, de alguma forma, tinham descoberto que eles estavam ali.
- Taylor! Travis! Vocês estão juntos agora? - gritou um dos paparazzi, se aproximando o máximo que podia.
O brilho dos flashs trouxeram de volta memórias de outras vezes, de quando ela e Joe eram perseguidos pela mídia. Outro flash disparou, e logo ela estava de volta aquela realidade. Seu corpo ficou tenso, o sorriso que ela tentava manter desapareceu imediatamente.
Ela não se importava muito com isso, mas, como ela saberia o que Travis estava sentido em relação à isso? E se ele não gostasse?
"Agora não, por favor." - implorou em pensamento.
Ela sentia o olhar de Travis sobre ela, mas não conseguia encará-lo. Todo aquele desconforto que ela estava tentando ignorar veio à tona. Ela se lembrava vividamente de como Joe odiava a atenção que a mídia trazia. Como ele a culpava quando os paparazzi os seguiam. Aquilo sempre criava um distanciamento entre eles, e ela temia que a mesma coisa acontecesse agora.
Travis, por outro lado, manteve a calma. Ele apertou a mão dela com mais firmeza, um gesto silencioso para assegurar que estava ao lado dela. Ele sabia que, para Taylor, essas situações eram desconfortáveis, então fez o possível para protegê-la da melhor forma que podia.
- Vamos. - murmurou para ela, conduzindo-a suavemente em direção ao carro.
Os fotógrafos continuavam a disparar perguntas, cercando-os, enquanto flashes contínuos iluminavam a rua ao redor. Travis manteve sua postura calma e protetora, usando seu corpo para bloquear parte dos fotógrafos e abrir caminho até o carro.
Enquanto as câmeras continuavam a disparar, uma sensação de pânico começou a crescer dentro dela. E se Travis não quisesse isso? E se ele a achasse uma complicação por causa da atenção indesejada que ela atraía? E se ele decidisse que não valia a pena e a deixasse?
Ela soltou a mão dele, quase instintivamente, como se já estivesse se preparando para o pior. Não queria que ele se sentisse preso ou desconfortável, como Joe se sentia. Ela manteve o olhar baixo, tentando esconder a expressão de ansiedade que sabia que estava em seu rosto.
Travis percebeu a mudança imediatamente. Ele não disse nada no começo, mas sentiu o aperto no peito ao vê-la afastando a mão dele. Ele conhecia aquele olhar - Taylor estava preocupada, talvez até com medo. Mas ele não entendia o porquê.
Chegando ao carro, ele abriu a porta para ela, como um perfeito cavalheiro. Ela entrou, seus pensamentos ainda um turbilhão, e ele rapidamente foi para o lado do motorista, entrando e fechando a porta. Os flashes ainda disparavam, mas dentro do carro o barulho parecia distante, quase abafado.
Travis olhou para ela, vendo a tensão evidente em seu rosto.
- Tay, o que aconteceu? - perguntou com suavidade, pousando a mão no volante, enquanto sua outra mão tocava levemente o joelho dela.
Taylor balançou a cabeça, evitando o olhar dele. Ela mordeu o lábio inferior, o medo crescendo ainda mais.
- Eu... - ela começou, hesitando. - Eu só não queria que as pessoas nos vissem juntos assim tão cedo. Estamos no inicio de tudo. - Ela finalmente o olhou, os olhos azuis carregados de apreensão. - Não estou pronta para isso. E... eu tenho medo que você também não esteja.
Travis franziu a testa, confuso, mas sua expressão era suave, sem nenhum julgamento. Ele se inclinou um pouco mais para ela, a mão agora segurando a dela novamente.
- Por que você acha isso? - ele perguntou, claramente preocupado.
- Eu... Eu me lembro de como era com Joe. Ele odiava essa atenção. A mídia, os paparazzi... tudo. E eu... eu sempre me sentia culpada. E eu... - a voz dela falhou por um segundo, mas ela continuou - eu tenho medo que você se sinta da mesma forma. Que você me deixe por causa disso. Que ache que não vale a pena.
Travis ouviu cada palavra com atenção, e quando ela terminou, ele ficou em silêncio por um momento, deixando que tudo aquilo se assentasse. Então, ele se aproximou um pouco mais, segurando o rosto dela com uma das mãos, seus olhos fixos nos dela.
- Tay, me escuta. - disse, a voz firme, mas suave. - Eu não sou Joe. E eu nunca vou fazer você se sentir culpada por algo que está fora do seu controle. Eu sabia desde o começo quem você era, e isso nunca foi um problema pra mim. Eu quero estar com você, e se a mídia vier junto com isso, então eu vou lidar com isso. Porque, no final das contas, o que importa pra mim é você. Não as câmeras. Não os flashes. Só você.
Ela olhou para ele, surpresa com a sinceridade em suas palavras. O medo que ela vinha carregando começou a diminuir, ainda que aos poucos. Taylor sentiu uma mistura de alívio e emoção.
- Você realmente está bem com isso? - perguntou, ainda incerta. - Travis, você tem que entender que não é tão simples assim. Estar comigo, significa que, não são apenas flashs. Junto deles vêm paginas de fofoca, e amanhã essas fotos vão estar expostas em sites de fofocas, especulando detalhes da nossa vida amorosa e provavelmente... inventando coisas também.
- Eu estou pronto para qualquer coisa, linda. - ele sorriu, apertando a mão dela. - E eu não vou a lugar nenhum.
Um suspiro trêmulo escapou dos lábios dela, e ela se permitiu relaxar um pouco. Travis estava ali. E ele não ia fugir.
- Obrigada. - sussurrou, com um pequeno sorriso.
Travis inclinou-se e, com um beijo suave, selou o momento, como se quisesse deixar claro que tudo ficaria bem.
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