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Capítulo 22 - Even my daddy just loves him

TAYLOR SWIFT POINT OF VIEW

Kansas City, Missouri

A sala estava uma bagunça deliciosa, do jeito que só um dia tranquilo em casa pode proporcionar. Thomas e eu estávamos sentados no chão, sobre o tapete macio, cercados por um verdadeiro caos infantil: bonecos da Marvel estrategicamente posicionados em formação de batalha, carrinhos espalhados como se um acidente de trânsito tivesse acontecido, e peças de Lego formando o início de algo que ele dizia ser uma "fortaleza contra vilões". A luz do sol entrava pela janela, tingindo tudo de dourado, enquanto a voz de Travis ecoava ao fundo, vinda do escritório onde ele gravava mais um episódio de New Heights.

Eu podia ouvir partes da conversa dele, especialmente quando ele mencionava que passaria o Halloween com "suas duas pessoas favoritas". O jeito como ele dizia isso sempre fazia meu coração dar aquele pequeno salto. Enquanto isso, eu estava completamente imersa no mundo do meu garotinho — que hoje, estava especialmente exigindo minha atenção. — ouvindo cada detalhe de suas aventuras escolares com a atenção de quem realmente se importa.

— Essa peça vai aqui, meu amor? — perguntei, ajustando um tijolo de Lego na suposta fortaleza, sem saber exatamente como ele a queria.

— Sim, mamãe. É onde ela protege o Batman. — ele disse como se fosse óbvio, empurrando a peça com a precisão de um pequeno arquiteto.

Na mesinha de centro, havia um lanche improvisado que preparei mais cedo: torradas e sucos naturais de caixinha. De vez em quando, ele esticava o braço para pegar um pedaço de torrada, sem nem tirar os olhos da nossa construção. Eu aproveitei o momento para roubar um gole do meu próprio suco.

— Então, o que aconteceu na escola essa semana? — tentei manter a conversa fluindo. Ele adorava ser ouvido, e eu adorava ouvir.

Ele sorriu de lado, aquele sorriso sapeca que só ele tinha, com um dentinho na frente faltando, formando uma janelinha.

— Agora eu sou o garoto mais legal da turma.

Arqueei uma sobrancelha, fingindo surpresa enquanto empurrava um carrinho na direção dele.

— É mesmo? E como isso aconteceu, huh?

Tom deu de ombros de um jeito despreocupado, mas tinha um brilho de orgulho nos olhos.

— Nada. — deslizou o carrinho de volta. — Todo mundo acha legal o papai namorar com você. Acho que isso me faz ser legal também.

Tranquei a respiração por alguns segundos, como se aquele gesto pudesse organizar os pensamentos que surgiram de repente, barulhentos e conflitantes.

Não é que eu não gostasse da ideia. — Na verdade, saber que Thomas não precisa lidar com a exclusão dos colegas, como eu tantas vezes enfrentei na escola, me traz um conforto quase indescritível. Sempre fui a garota estranha, a que não se encaixava completamente, e a ideia de que meu filho está navegando pelo universo social com mais facilidade me enche de orgulho.

Mas havia algo naquela declaração que não soava completamente certo. Enquanto ele mexia distraidamente em um boneco do Homem de Ferro, eu senti um aperto no peito, uma inquietação silenciosa que só nós, adultos, conseguimos perceber.

Talvez não fosse tão bom assim que Thomas fosse visto como “legal” apenas por minha causa — ou, no caso, da minha fama e de seu pai.
Eu sabia, por experiência própria, o peso de ter a vida moldada pelas percepções alheias. A fama é uma faca de dois gumes, e eu aprendi isso da maneira mais difícil.  E eu não queria, de forma alguma, que meu filho precisasse lidar com isso tão cedo, ainda mais sem entender completamente o que significa.

Enquanto essas ideias se desenrolavam na minha cabeça, ele me olhou por um instante, como se sentisse que eu estava longe. Sorri de leve, tentando não transparecer o turbilhão de pensamentos.

— Bom, você é legal por muitos outros motivos também, sabia? Não precisa de mim pra isso.

O menino me olhou com seriedade infantil, como se estivesse ponderando minha resposta.

— É... mas acho que ajuda, né? — ele sacudiu os ombros, indiferente.

— E você gosta disso? — indaguei, jogando a pergunta de volta para ele.

Thomas parou por um instante, agora segurando o boneco do Capitão América em uma mão e uma peça de Lego na outra. Ele fez um biquinho pensativo, algo que sempre fazia quando estava decidindo como responder.

— Eu gosto! — respondeu, com a certeza simples e direta que só uma criança poderia ter. Depois, completou casualmente: —Ganhei uma amiguinha bonita.

Foi aí que eu senti meu coração tropeçar por um segundo.

Amiguinha bonita?

Era a última coisa que eu esperava ouvir, e, ainda assim, não consegui evitar o sorriso que se espalhou pelo meu rosto. Havia algo tão genuíno, tão puro na forma como ele disse aquilo que não tinha como reagir de outra maneira. Acho que qualquer mãe, ao ouvir uma frase dessas, sentiria uma mistura de surpresa, curiosidade e um toque de emoção.

— Amiguinha bonita, é? — brinquei, com um balançar de sobrancelhas, tentando parecer casual enquanto o analisava.

A verdade é que minha mente já estava girando em direção a perguntas inevitáveis: Quem é essa menina? Qual é o nome dela? Como ela é? Eles sentam perto na aula?

Thomas, no entanto, parecia completamente alheio ao pequeno furacão de pensamentos que suas palavras haviam provocado em mim. Ele já havia voltado a montar a torre com suas peças de Lego, a testa franzida em concentração.

Eu me ajeitei no tapete, tentando parecer tão despreocupada quanto ele.

— E o que faz dessa amiguinha tão bonita? — mantive a voz leve, mas com um toque de curiosidade.

— Ah, ela tem cabelo dourado que parece brilhar quando o sol bate. — sem tirar os olhos da sua construção, ele disse, de forma casual. — E ela me emprestou o lápis de cor dela na aula. Ela tem todos os lápis que existem, sabia?

Eu ri baixinho, maravilhada com a simplicidade das coisas que capturam o coração de uma criança. Não eram grandes gestos ou declarações elaboradas — eram detalhes como vários lápis, ou a luz do sol nos cabelos de uma colega.

— E como ela se chama?

Tom parou por um momento, como se estivesse ponderando a resposta com a mesma atenção com que encaixava as peças de Lego. Então, ele ergueu os olhos para mim, e o sorriso travesso que surgiu em seu rosto foi instantaneamente capaz de derreter meu coração. Esse era o sorriso que só um garoto de sete anos podia ter, cheio de segredos inocentes e brincadeiras leves.

— É Lily. — me olhou de relance, estendendo a mão para que eu lhe desse a peça de lego que estava ao meu lado. — Ela disse que gosta do meu cabelo e que eu sou um ótimo jogador de futebol.

Alcancei-lhe a peça, e inclinei-me para ele, as mãos passando suavemente pelos fios bagunçados de seu cabelo, uma maneira quase instintiva de demonstrar afeto. Ele se esquivou, rindo com uma leveza que só ele poderia ter, como se estivesse meio envergonhado, mas ao mesmo tempo tão feliz com a atenção.

— Você é mesmo. — concordei, porque, sim, ele era um ótimo jogador de futebol, e eu podia ser suspeita para falar, mas era a verdade.

E derrepente, Thomas soltou com um tom de voz quase tímido, mas ainda muito seguro de si:

— A Lily disse que gosta de mim.

A voz dele mudou de repente, e eu percebi a leve cor nas bochechas, que ganharam um tom avermelhado. O que, claro, me fez arregalar os olhos.

Uau! Como eles crescem rápido, né?

Eu olhei para ele, quase sem saber como reagir. Quando foi que aquele garotinho que, há pouco tempo, me pedia ajuda para amarrar os cadarços, tinha se transformado nesse menininho que já começava a perceber, com toda a doçura da sua idade, que as meninas podiam começar a gostar dele? E mais impressionante ainda: ele parecia não saber que aquilo era um grande marco na vida dele.

O quanto ele ainda estava longe de entender sobre o significado desses sentimentos, mas, ao mesmo tempo, o quanto ele já era capaz de tocar o coração de alguém com sua autenticidade. Isso me deixava com o coração apertado, com aquela mistura de orgulho e nostalgia.

— Ah é? Ela gosta de você? — esbocei um sorriso meio nervoso, impressionada quando ele assentiu vigorosamente.

— Ela me deu um friendship bracelet. Olha! — exclamou, esticando o braço na minha direção, puxando a manga do casaco para revelar seu mais novo acessório.

Eu olhei atentamente para o bracelete colorido que ele usava, a pulseira simples, feita de fios entrelaçados em tons vibrantes. No centro, um minúsculo pingente de coração oscilava suavemente, como se fosse algo frágil e precioso. Não era nada muito elaborado, mas havia uma doçura indescritível no gesto.

Eu estiquei a mão, tocando suavemente o bracinho dele, que parecia tão pequeno no meu. O cuidado com que segurei seu pulso me fez sorrir, não só pela ternura do momento, mas porque essa era uma daquelas pequenas coisas que ficavam gravadas na memória, como uma foto mental que você não quer deixar escapar.

— É lindo, Tom. E você agradeceu? — perguntei, minha voz doce, sem esconder o orgulho que tomava conta de mim. Ele assentiu, um brilho nos olhos como se a simples ideia de ser grato fosse um verdadeiro gesto de maturidade, algo muito além da idade dele.

— Eu agradeci. — confirmou, e então, de repente, acrescentou, como se fosse algo totalmente natural para ele: — E dei um beijo na bochecha dela.

A confissão repentina dele fez minha respiração falhar por um segundo. Ele se encolheu um pouco, como se o ato de falar sobre isso fosse quase tão doce quanto o gesto em si. Eu poderia ver a cor em suas bochechas, o jeito desajeitado de se acomodar no chão ao lado de mim, e isso me fez dar uma risada suave, uma risada que misturava uma pontada de orgulho, por ele ser tão fofo, e ao mesmo tempo, uma risada que continha o nervosismo de uma mãe que não quer ver seu filho crescer tão rapido.

Tudo bem, eu realmente não sabia se deveria rir ou chorar. Uma parte de mim queria rir pela leveza da situação, enquanto outra parte, mais sentimental, se perguntava em que momento meu garotinho, que ainda precisava de ajuda para amarrar os sapatos — como no dia em que o conheci —, havia começado a se tornar esse pequeno cavalheiro.

Crescem rápido demais. Rápido demais para o meu coração acompanhar.

Engoli em seco, tentando processar a cena que ele acabara de descrever com uma naturalidade desconcertante. Meu garotinho, de apenas sete anos, já distribuindo beijos na bochecha e recebendo friendship bracelets com pequenos corações? Eu mal conseguia acreditar. Como se tudo estivesse mudando num piscar de olhos.

— Um beijo na bochecha, hein? — arqueei uma sobrancelha, tentando soar um pouco mais séria, mas mantendo o tom casual. Minha voz tinha uma mistura de curiosidade e brincadeira, tentando não parecer tão afetada quanto realmente estava. — E o que ela disse sobre isso?

Thomas riu baixinho, aquele tipo de risada que faz você perceber o quanto a infância ainda domina seus gestos, mesmo que suas palavras digam o contrário. Ele inclinou levemente a cabeça, apoiando-se nas mãos como se estivesse tentando conter a própria empolgação.

— Ela riu e me deu um também. — respondeu baixinho, como se estivesse compartilhando um segredo importante. E talvez, para ele, fosse exatamente isso.

Eu inclinei a cabeça para o lado, imitando seu gesto, e observando-o com atenção. Havia algo tão inocente e, ao mesmo tempo, tão profundo naquela pequena interação entre Thomas e Lily. Era um momento simples, mas carregado de significados que ele ainda era jovem demais para compreender completamente. Mas eu não. Eu podia ver ali as sementes de empatia, afeto e conexão — características que eu esperava que ele levasse consigo ao longo da vida.

— Ah, entendi. — murmurei, com um sorriso meio torto, enquanto pegava uma peça de Lego e a girava entre os dedos. — Então você é o galã da sala agora? — resolvi provocar. — É isso?

O menino soltou uma risada mais alta dessa vez, encolhendo os ombros em uma falsa modéstia que me fez rir junto. Ele começou a reorganizar as peças do Lego, como se precisasse ocupar as mãos para lidar com minha atenção. Era engraçado como, mesmo tão pequeno, ele já sabia exatamente como agir para parecer despretensioso.

— Não sei, talvez. — sacudiu os ombros, sem tirar os olhos das torres coloridas que continuava a construir. Ele estava adoravelmente sem jeito, como se, por um lado, quisesse compartilhar tudo comigo, mas, por outro, já estivesse experimentando aquele instinto de manter certas coisas só para ele.

Apoiei a mão direita no chão, e sustentei meu corpo nesse lado, enquanto o observava.

— Bom... eu diria que você está indo muito bem, meu pequeno conquistador. — comentei, lançando-lhe um olhar brincalhão antes de devolver minha atenção às peças espalhadas no tapete. — Mas lembre-se; as garotas gostam de garotos educados, huh!? Seja sempre gentil com a Lily.

Ele assentiu seriamente, como se estivesse recebendo uma lição importante. E talvez estivesse mesmo. Enquanto voltávamos a brincar com os carrinhos e os Legos, senti uma onda de gratidão. Por ele. Por nós. Por momentos assim, que pareciam tão corriqueiros, mas que, no fundo, significavam tudo.

No entanto, o vendo ali, tão concentrado, brincando com seus brinquedos, percebi que, a imagem da friendship que ele ganhara, não sairia tão facilmente da minha cabeça. — Esse foi o pontapé inicial na minha relação com Travis.
E mesmo que Tom e Lily aínda fossem muito, muito novos mesmo para qualquer coisa além de amizade, eu sei muito bem que é natural uma criança "gostar" da outra. Naquela forma mais genuina, sem maldade.

— Você gosta dela também? — questionei, inclinando a cabeça ligeiramente enquanto observava Thomas brincar com as peças de Lego espalhadas no tapete. Minhas mãos ainda seguravam uma peça azul que eu girava distraidamente entre os dedos.

— Eu gosto. — disse, sem hesitar, mas com uma seriedade que fez meu coração dar um pequeno salto. Ele parecia estar escolhendo as palavras cuidadosamente, como se quisesse me explicar tudo da maneira mais clara possível. — Ela é legal comigo. E ri das minhas piadas. — fez uma pausa, franzindo o nariz enquanto encaixava mais uma peça na torre, e eu podia quase ouvir as engrenagens girando em sua cabecinha. — Acho que ela é minha melhor amiga agora.

Aquelas palavras aqueceram-me de um jeito que eu não esperava. Um suspiro de alívio — que ele não notou — escapou de mim.

— Melhor amiga? — repeti, deixando meu tom sair leve, quase musical. — Isso é incrível, meu amor. É tão bom ter alguém especial na escola.

— Sim. — ele murmurou enquanto encaixava outra peça. — Ela sempre senta perto de mim no recreio. E ontem, quando eu contei uma piada, ela riu muito, mamãe! — o garotinho soltou uma risada, como se o simples fato de se lembrar disso, fosse engraçado. — Muito mesmo! Ninguém mais achou tão engraçado quanto ela.

Eu ri junto com ele, sacudindo a cabeça levemente.

— Bom, talvez a Lily tenha um ótimo senso de humor, igual ao seu.

O garoto deu de ombros, ainda sorrindo, mas sem desviar os olhos de seus brinquedos.

— Acho que ela é minha melhor amiga porque ela não me acha bobo. Nem quando eu fico falando de futebol ou de super-heróis.

— Isso é importante, bebê. Alguém que gosta de você pelo que você é. — estiquei o braço, e acariciei seu rostinho. Thomas se encolheu, e esfregou a bochecha em minha mão, como um gatinho manhoso.

Eu esperava ter passado para ele a ideia certa. Afinal, não era isso que todos buscamos, em qualquer idade? Alguém que nos aceite, sem reservas?

A conversa fluiu de um jeito natural e gostoso depois disso. Ele estava animado enquanto descrevia mais sobre Lily: como ela gostava de desenhar, como sempre lhe oferecia um pedaço de sanduíche que trazia na lancheira, como uma vez o defendeu quando um colega o empurrou na fila. Cada palavra era cheia de entusiasmo, e eu podia sentir o quanto ele se sentia confortável e seguro com ela.

E eu me sentia igualmente grata. Porque nenhuma criança merece passar os anos escolares sozinha, sem ter alguém para compartilhar essas pequenas grandes coisas da infância. O fato de ele ter encontrado uma amiga tão especial era algo que me deixava aliviada e também feliz.

Enquanto ele falava, eu observava cada expressão em seu rosto, cada gesto de suas pequenas mãos enquanto montava e desmontava sua criação no tapete. Era impossível não notar o quanto tudo o que ele dizia era genuíno, desprovido de qualquer malícia.

Mesmo que, eu admito, a cada nova informação, meu coração parecesse dar pequenos saltos.

Enquanto conversávamos e aproveitávamos o fim da tarde no chão da sala, com peças de Lego espalhadas e um lanchinho simples sobre a mesinha de centro, ouvi a porta do estúdio se abrir. Instintivamente, levantei o olhar, assim como Thomas, que segurava um pedaço de torrada em uma mão.

Travis surgiu na porta, esticando os braços acima da cabeça em um espreguiçar exagerado, como se tivesse acabado de sair de uma sessão de treino pesado, em vez de algumas horas de gravação. O sorriso largo no rosto dele iluminava o ambiente, e sua presença sempre parecia trazer uma energia calorosa para qualquer canto da casa.

— Finalmente um tempo em família, hein! — ele exclamou, caminhando em nossa direção enquanto ajustava a gola da camisa polo casualmente. — E então? Sobre o que vocês estavam conversando?

Terminei de mastigar um pedaço da minha torrada e alcancei um para ele, sabendo que meu namorado nunca recusava algo para beliscar. Ele pegou a torrada com uma das mãos e, com a outra, bagunçou de leve o cabelo de Thomas, que tentou desviar com gestos exagerados.

— Nosso filho ganhou um presente de uma amiguinha da escola. — contei, enquanto observava Travis morder a torrada e franzir o cenho, olhando para o filho com aquele sorriso típico de quem está prestes a provocar.

— Humm... — murmurou, saboreando o pedaço de torrada antes de apontar para Thomas com a mão livre. — Alguém já está com namoradinha, huh?

Os olhos do menino se arregalaram por um segundo, e ele cobriu o rosto, em um gesto de timidez.

— Não é minha namorada! — Tom protestou, sem olhar para nenhum de nós.

Eu, por outro lado, não consegui segurar a indignação.

— Travis! — repreendi, sentindo meu rosto aquecer levemente, enquanto lançava um olhar de advertência para ele. — É uma amiga, Travis! Não fale essas coisas para ele, pelo amor de Deus!

O homem ergueu as mãos, segurando o restante da torrada como se fosse uma bandeira branca, e deu um passo para trás, com uma expressão teatralmente inocente.

— Tá bom, tá bom! Sem namoradinhas, só amiguinhas. — disse, mas o sorriso malicioso ainda estava lá, e eu sabia que ele estava se divertindo com a situação.

Revirei os olhos.

Travis se abaixou, apoiando as mãos nos joelhos, e, ainda brincalhão, fez com que o filho tirasse as mãos do rosto, e então, encarou Tom com uma expressão mais séria – ou, pelo menos, o que parecia ser uma tentativa de ser sério.

— E essa amiga aí, como é o nome dela, campeão?

Thomas levantou o olhar por um momento, sem se deixar intimidar pelo pai.

— Lily. E ela é minha amiga! — segurou o rosto do pai, fazendo um bico de indignação, como se estivesse falando algo muito sério.

Meu namorado assentiu, fingindo estar profundamente impressionado.

— Sim, campeão, sua amiga. — concordou fazendo uma careta exagerada, antes de deixar um beijo na testa dele. — E o que a Lily te deu?

— Um bracelete de amizade. — expliquei antes que nosso filho pudesse responder, já antecipando que Travis faria mais alguma piada. — Com um coração. Foi um gesto fofo e totalmente inocente, então não comece com suas gracinhas.

O homem arqueou as sobrancelhas, claramente tentando conter o riso, e deu de ombros enquanto se jogava no sofá, finalmente se rendendo.

— Tudo bem, tudo bem. Só tô dizendo que o garoto tem carisma. — piscou para Thomas, que, dessa vez, lançou um pequeno sorriso tímido.

Suspirei, tentando manter minha indignação, mas era impossível não achar graça. Travis tinha esse dom de transformar qualquer momento simples em algo memorável. E, no fundo, eu sabia que, apesar das brincadeiras, ele estava tão orgulhoso quanto eu do nosso pequeno – e, talvez, apenas um pouquinho impressionado com o charme de Thomas.

Me acomodei no chão, com as pernas esticadas, já cansada de ficar sentada naquele chão praticamente uma tarde inteira, mas percebendo que, Tom nunca se cansa. Escorei minhas costas no sofá onde Travis estava sentado. De repente, sem pensar muito, deixei a cabeça cair para trás, de modo que, em vez de olhar para meu namorado de frente, o via de cabeça para baixo. O ângulo invertido fez com que a cena parecesse um pouco mais engraçada.

— Melhor nos prepararmos, né? —  perguntei, com a voz um pouco abafada pela posição estranha.

Ele virou o rosto para mim, seu sorriso largo e genuíno – um sorriso de quem está confortável e feliz. Com um toque delicado, ele passou a mão pelos meus cabelos, os fios caindo por entre seus dedos enquanto ele me observava.

— Claro, linda. — concordou de forma tranquila, como se ontem mesmo não tivesse tido um pequeno surto pelo que sucederia nas próximas horas.

Ele então desviou os olhos para Thomas, que estava concentrado nas peças que alinhava com toda a seriedade de um engenheiro em sua obra-prima. Travis esticou os braços, fazendo um pequeno estalo nos ombros, inclinando-se para frente, apoiando os cotove-los nos joelhos.

— Hora de guardar os brinquedos, campeão. Temos visita hoje.

— Visita? — o menino ergueu uma sobrancelha, claramente curioso e, ao mesmo tempo, confuso com a mudança repentina de planos.

— Sim, querido. — respondi, com uma leveza na voz, tentando fazer com que ele entendesse sem mais rodeios. — Meu pai vem conhecer vocês hoje.

— Então vai ser como no dia em que conheci a vovó? — com os olhos brilhando de curiosidade, colocou uma mão no queixo, uma expressão que só ele conseguia fazer, como se estivesse ponderando uma grande questão filosófica.

— Isso. — assenti, tentando me manter confortável, mas minha coluna já começava a reclamar da posição em que estava sentada no chão. Não sou mais tão flexível quanto costumava ser. — Ele está ansioso para conhecê-los.

— Legal! — exclamou, com aquele entusiasmo característico de quem acabara de descobrir algo grande, e o volume de sua voz foi tão alto que fez Travis e eu termos um pequeno choque, assustados por um segundo. — Vou ir tomar banho!

E, sem perder tempo, ele já estava correndo para o banheiro, deixando seus brinquedos espalhados pelo chão.
Meu namorado e eu trocamos olhares, e ele não conseguiu conter a risada. Ele se aproximou mais de mim, deixando nossos rostos bem perto um do outro.

— Sobrou para mim arrumar a bagunça dele, né? — disse, os olhos fixos nos meus, como se a responsabilidade da organização fosse toda minha. Dei um sorriso bobo, concordando apenas com um murmurio sonolento.

— Uhum.

— E você não vai me ajudar, não é? — Travis continuou, com uma expressão brincalhona, e logo se aproximou ainda mais, como se fosse dar um beijo, o que me fez rir.

— Não. — fiz uma careta, e dei uma piscadinha para ele. —Prefiro subir tooodas essas escadas e pegar a toalha para ele se secar quando sair do banho. Também vou separar uma roupa para ele.

— Ótimo. Vocês brincam, e eu arrumo a bagunça. — dramatizou com uma mão no peito, fazendo uma expressão exagerada de um personagem de teatro, o que me fez gargalhar. — Estou brincando. Vai lá.

Antes que eu pudesse articular qualquer resposta, Travis se inclinou à minha frente mais uma vez, e nossos lábios se encontraram. O beijo foi suave, lento, quase como um suspiro que nos envolvia completamente. Eu senti uma onda de conforto e familiaridade que me fez relaxar instantaneamente. Por um breve momento, tudo à nossa volta desapareceu – o som da casa, o movimento incessante do dia, os pequenos desafios cotidianos. Era só nós dois, naquele espaço silencioso, e tudo parecia certo.

Minhas mãos, quase por instinto, foram até a nuca dele, tentando prolongar aquele momento que se estendia como um refúgio. Aproveitando que Tom não estava por perto para nos monitorar – algo raro e tão precioso.

— Como eu te amo. — murmurei contra seus lábios, meu sorriso se esticando ao dizer as palavras. Era a verdade mais simples, mas a mais profunda ao mesmo tempo.

— Eu. Também. Te. Amo. — disse, pausando a cada palavra para deixar um selinho, suave, como se cada beijo fosse um lembrete silencioso da nossa conexão. Então, como se a magia do momento se dissipasse, Travis se levantou, e foi em direção ao cesto onde nosso filho deixava seus brinquedos espalhados, começando a arrumar a bagunça que o pequeno, claro, tinha deixado para trás.

Eu me ajeitei, finalmente levantando a cabeça para voltar a uma posição normal, ficando levemente tonta pelo movimento, um pequeno enjoo subindo pela garganta.
Respirei fundo, tentando controlar, colocando a mão no peito como se isso fosse me ajudar a recuperar o equilíbrio.

— Está tudo bem? — Travis indagou, seu olhar preocupado imediatamente se voltando para mim enquanto segurava o cesto com os brinquedos de Tom, parado na minha frente, em busca de uma explicação.

— Sim, eu acho. — respondi, minha voz soando um pouco mais rouca, sentindo o amargor do liquido que subira por minha garganta. Meus olhos procuraram os dele, tentando tranquilizá-lo. — Deve ter sido só... o jeito que me sentei. Está tudo bem. — dei um sorriso fraco, tentando afastar qualquer preocupação desnecessária, mas algo dentro de mim ainda parecia não ter se ajustado completamente.

Ele me observou por um momento, ainda com uma expressão cautelosa, mas logo assentiu, se convencendo da minha explicação. Travis se virou, voltando a guardar os brinquedos de Tom enquanto eu ficava ali, tentando retomar a calma e o equilíbrio do corpo e da mente.

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POINT OF VIEW DE...

O episódio de tontura e enjoo não saía da mente de Taylor. Por mais que tentasse se concentrar no jantar que se aproximava, uma inquietação discreta a rondava, como uma sombra persistente. Algo parecia fora do lugar, mas ela simplesmente não conseguia identificar o quê. Ainda assim, não queria estragar a noite que prometia ser tão importante.

No quarto, o ambiente estava uma mistura de organização planejada e caos de última hora. Travis, visivelmente nervoso, experimentava pela terceira vez a mesma camisa branca impecável, olhando para o espelho com as sobrancelhas franzidas. Ele ajustava as mangas como se cada detalhe fosse crucial para a primeira impressão no pai de Taylor.

— Você acha que essa é a melhor escolha? — ele perguntou, sua voz carregada de hesitação, enquanto puxava a gola para verificar o caimento. Ele virou o olhar para Taylor, que estava sentada na beirada da cama.

Ela sorriu, quase rindo da cena.

— Travis, você está ótimo. Ele não vai te julgar pela camisa. Só seja você mesmo.

— Fácil pra você dizer. Ele é o seu pai. Eu sou o cara que está tentando impressionar o homem que te criou. — passou a mão pela barba, um hábito nervoso que Taylor já conhecia bem.

— Exatamente. E ele vai te adorar. Agora, para com isso. — a loira se levantou, indo até ele e ajeitando o colarinho com dedos firmes, mas delicados. — Você só precisa respirar e relaxar.

Ela segurou o rosto dele com as duas mãos, os polegares acariciando levemente a linha de sua mandíbula, e inclinou-se selando seus lábios com um beijo tranquilo, quase terapêutico, como se dissesse sem palavras que tudo ficaria bem.

Quando se afastou, um brilho travesso surgiu em seus olhos. Com um movimento rápido, ela girou no lugar, a saia de seu vestido rodando um pouco acima, ao redor de suas coxas.

— Como estou? — perguntou, parando em frente a ele com as mãos nos quadris, a cabeça ligeiramente inclinada.

Travis ficou sem palavras por um momento, seus olhos seguindo o movimento da saia e depois subindo para o rosto dela. Ele mordeu o lábio, um sorriso começando a se formar.

— Você está... incrível. — finalmente respondeu, a voz mais rouca do que esperava.

O vestido preto de tricot canelado, de mangas longas e gola alta, moldava-se ao corpo dela de maneira impecável, destacando suas curvas sem exagero. O corte evasê da saia adicionava um toque elegante, enquanto o colar dourado minimalista que ela usava sobre a gola era o detalhe perfeito para completar o visual. Para ele, Taylor poderia estar vestindo qualquer coisa — ou até mesmo nada — e ainda seria a mulher mais bonita que ele já tinha visto.

Thomas estava alheio a toda a movimentação do quarto. Sentado no sofá, em frente à televisão, ele tinha os olhos fixos na tela enquanto os dedos ágeis comandavam o controle do videogame.

Seu topete charmoso estava impecável — fruto de uma batalha de trinta minutos entre ele e Taylor, que havia testado e refeito o penteado várias vezes até atingir exatamente o que o pequeno exigia. "Não é assim, mamãe!" ele dizia, bagunçando com a mão o que ela acabara de fazer, quase aborrecido por ela não atender seu pedido. A ex-cantora, por sua vez, apenas suspirava, e tentava novamente. Quando finalmente conseguiu o resultado desejado, ele deu um sorriso satisfeito, como se tivesse conquistado algo grandioso.

Vestindo um suéter azul-marinho perfeitamente alinhado, com a gola branca da camisa social visível e impecavelmente ajustada, o menino parecia um pequeno cavalheiro, embora estivesse completamente imerso em seu mundo de jogos digitais.

O som breve e agudo da notificação no celular de Taylor ecoou pelo quarto, interrompendo a música ambiente que tocava baixinho no fundo. Ela estava no banheiro, cuidadosamente passando a chapinha pelos cabelos loiros, como fazia quase automaticamente antes de qualquer evento importante. Sua expressão estava tranquila, até que seus olhos pousaram na tela do celular.

Ela pausou o movimento, deixando a mecha de cabelo escapar dos dedos e pegou o aparelho com um suspiro pesado. Seus olhos azuis percorreram as palavras na tela, e um bufo escapou antes que ela pudesse se conter. O som foi suficiente para chamar a atenção de seu namorado, que estava no quarto ao lado, ajustando o cinto diante do espelho.

— O que foi? — a voz carregou uma mistura de curiosidade e preocupação. Seus olhos ainda estavam fixos no espelho, até ele se inclinar para trás, buscando-a no espaço entreaberto da porta do banheiro.

Taylor desligou a chapinha, largando-a sobre a pia com mais força do que pretendia, o leve barulho ecoando pelo banheiro. Ela caminhou até a porta, encostando-se ao batente, o celular ainda em mãos.

— O voo do meu pai atrasou. — informou, o tom misturando frustração e cansaço. Ela suspirou novamente, segurando o celular com ambas as mãos enquanto digitava algo rapidamente. — Não vamos conseguir chegar ao restaurante no horário da reserva.

Travis virou-se para ela, puxando o cinto com um movimento rápido para fechá-lo. Ele arqueou uma sobrancelha, seus olhos verdes cheios de compreensão, mas também com aquele brilho provocador que ela conhecia bem.

— Bem, parece que o destino quer que a gente adie o jantar formal. — brincou, tentando aliviar o clima.

A mulher não riu, apenas mordeu o lábio inferior, pensativa, enquanto olhava para o chão. Ela sabia que não era culpa de ninguém, mas tinha investido tanto esforço para que aquela noite fosse perfeita — para que seu pai finalmente conhecesse Travis e Tom em um ambiente tranquilo. Agora, tudo parecia fora de controle.

— Não é só o restaurante. — admitiu, cruzando os braços. — Eu só queria que as coisas fossem... perfeitas, sabe?

O ex-atleta deu um passo em direção a ela, suas mãos grandes segurando os ombros de Taylor com delicadeza. Ele abaixou a cabeça levemente, buscando encontrar os olhos azuis que ela insistia em evitar. Foi nesse momento que ele percebeu o brilho úmido se acumulando em suas pálpebras.

— Ei... — chamou, a voz mais suave do que o habitual, quase num sussurro. — Você está chorando?

A loira ergueu o olhar rapidamente, como se tivesse sido pega em flagrante, e piscou algumas vezes, tentando dissipar as lágrimas antes que elas se atrevessem a cair, pensando no quão boba poderia parecer por realmente estar chorando por algo assim.

— Não, claro que não. — murmurou, desviando o olhar para um ponto qualquer no chão. Mas o tremor sutil em sua voz a traiu.

Travis franziu o cenho, claramente confuso. Ele ergueu uma das mãos para acariciar a bochecha dela com o dorso dos dedos, num gesto cheio de delicadeza, quase reverente.

— Calma, amor. — ele disse, a preocupação se misturando ao tom carinhoso. — Vai dar tudo certo. Ele vai chegar, a gente se adapta, e vai ser ótimo. Anda... — deitou a cabeça um pouco mais, forçando um sorriso esperançoso. — Por que você está assim?

Ela respirou fundo, mas não conseguiu evitar o suspiro pesado que escapou de seus lábios. A resposta estava ali, presa em algum lugar entre a razão e a emoção, mas parecia impossível colocá-la em palavras.

— Eu... eu não sei. — confessou com um meio sorriso trêmulo. — Acho que é só... tudo. Eu queria que fosse perfeito, e agora parece que tudo está desmoronando.

O homem permaneceu em silêncio por um momento, estudando-a com aquele olhar intenso e analítico que ela aprendera a reconhecer. Ele sabia que não era apenas o atraso do voo ou a reserva perdida no restaurante. Era o peso de semanas, de expectativas silenciosas que Taylor havia colocado sobre si mesma.

Ele suspirou e puxou-a delicadamente para um abraço. Taylor relaxou contra ele, permitindo-se ser envolvida pela segurança de seus braços fortes e pela familiaridade do cheiro dele — uma mistura de sabonete amadeirado e algo exclusivamente Travis.

— Ei, escuta. — murmurou contra os cabelos dela, enquanto acariciava suas costas num movimento lento e ritmado. — Não precisa ser perfeito, sabe? Nem sempre é. E, sinceramente, acho que seu pai só quer te ver feliz. E eu? — o ex-jogador se afastou apenas o suficiente para olhar nos olhos dela. — Eu só quero que você pare de se cobrar tanto.

A mulher inspirou profundamente, deixando o ar escapar devagar.

— Desculpa. — pediu, a voz ainda um pouco rouca, mas com um pequeno sorriso começando a surgir.

— Não tem que se desculpar. — ele respondeu, beijando suavemente sua testa. — Mas agora, vamos mudar o plano e improvisar. Que tal um jantar em casa? Posso até pedir aquele seu vinho favorito e, você prepara algo especial para o seu pai?

Taylor riu baixinho, secando os olhos com a ponta dos dedos.

[ ●●● ]

Taylor se entregou à tarefa de preparar um jantar simples, mas com aquele toque acolhedor que sempre fazia qualquer refeição em casa parecer especial. Optou por um clássico meatloaf, aquele prato tradicional de carne de panela que seu pai tanto amava. Ao lado, o purê de batatas, cremoso e suave, não poderia faltar — aquele tipo de comida que traz conforto instantâneo. Uma salada de repolho crocante, com cenouras frescas e um molho cremoso, completava o conjunto, proporcionando uma leveza que contrastava com os outros pratos mais pesados.

Além disso, ela estava preparando uma torta de maçã, sua sobremesa favorita, com a crosta dourada e recheio doce.

Enquanto a loira se ocupava com o jantar, Travis estava na sala de jantar, completamente imerso na tarefa de organizar a mesa. Arrumando os talheres com uma precisão quase exagerada, como se o simples ato de deixá-los perfeitamente alinhados fosse uma questão de vida ou morte. Seus movimentos, embora naturais, tinham a tensão de quem queria que tudo fosse exatamente como imaginara. Seus olhos focavam nos pequenos detalhes da mesa, alinhando os talheres, garantindo que os copos estivessem simetricamente posicionados, e até ajeitando a toalha, uma e outra vez, em busca da perfeição.

Quando Taylor entrou na sala, seu abraço o envolveu de surpresa. Ela se aproximou dele, rodeando sua cintura por trás, a cabeça repousando suavemente perto de seu ombro, sentindo a tensão que ainda emanava dele.

— Amor, você busca ele no aeroporto? — perguntou com um sorriso suave, sentindo a leveza do momento ao lhe dar aquele toque de carinho. Seus braços se ajustaram ao redor dele enquanto ela observava sua obsessão com os talheres.

O homem, aparentemente desconcertado, deu um pequeno pulo, a atenção já dispersa de seu esforço quase maníaco de organizar a mesa. Virou-se rapidamente, os olhos arregalados de surpresa.

— O que? — exclamou, com um tom quase incrédulo. — Eu? Sozinho? Porque você e o Tom não vão junto?

Taylor arqueou uma sobrancelha, um sorriso irônico brincando em seus lábios enquanto observava o nervosismo que ainda emanava dele. Ela riu, sem conseguir deixar de demonstrar através de um simples olhar, o quanto ama aquele homem que, parecia até ter ficado louco com a simples ideia de conhecer Scott. O calor da cozinha ainda envolvia o ambiente, e ambos podiam sentir o leve odor da torta de maçã assando, misturado com o cheiro reconfortante da comida que estava preparando. Ela passou uma mão pela lateral do corpo dele, com um gesto casual e carinhoso, enquanto os olhos de Travis continuavam a procurar alguma solução no ar.

— Porque eu tenho uma torta de maçã assando no forno. — respondeu, apontando para a cozinha. — E acho que você não quer que a casa vire um caos, né? — ironizou, de forma brincalhona. — Imagina, se a gente for ao aeroporto e, no meio disso, a torta pegar fogo... Vamos, Travis. Você vai dar conta disso.

A loira fez uma pausa, estudando a expressão dele e, de repente, a tensão dele parecia dar lugar a uma espécie de resignação. O ex-jogador franziu o cenho, mas um pequeno sorriso escapou de seus lábios, ainda visivelmente desconfortável com a situação.

Travis soltou um suspiro profundo, um daqueles suspirados com um toque de exasperação que só os homens conseguem fazer quando se sentem derrotados, mas ao mesmo tempo, um pouco divertidos com a situação. Ele deu uma última olhada para os talheres, que estavam agora mais ou menos alinhados, e depois voltou seu olhar para a namorada, passando uma das mãos pela nuca, como se já estivesse se preparando mentalmente para a tarefa que se aproximava.

— Tá bom, eu busco. — declarou, de forma quase teatral, como se tivesse aceitado um desafio épico. O olhar dele era cômico, cheio de dramatismo, mas havia também uma centelha de resignação. —Mas fique sabendo que, se ele me encher de perguntas e eu responder errado porque estou nervoso, a culpa será toda sua.

Ela não pôde evitar soltar uma risada nasal ao ver a expressão dele. Balançou a cabeça, divertida, e deu-lhe um empurrãozinho de leve nos ombros.

— Para de ser bobo. — disse, rindo baixo, como se estivesse se divertindo da forma como ele estava tão abertamente nervoso. — Ele não vai te interrogar. Só quer te conhecer.

Kelce sabia que ela tinha razão, mas a insegurança — aquela preocupação constante com a primeira impressão — parecia sufocá-lo, como um peso no peito. O simples ato de ir buscar Scott no aeroporto, que a princípio parecia tão trivial, agora tomava uma proporção gigantesca na mente dele. Ele pensava nas palavras que poderia dizer, no que poderia fazer errado, no que Scott poderia achar dele, e como ele, Travis, não queria em hipótese alguma decepcionar o pai de Taylor. Nem Taylor.

De fato, era apenas sua mente — ou talvez sua natureza protetora e ansiosa — jogando uma série de cenários dramáticos sobre o que poderia acontecer. Mas Taylor tinha razão. Não havia motivo para se preocupar. Ele só precisava ir até o aeroporto, se apresentar, ser educado e, quem sabe, algum assunto surgiria espontaneamente durante o trajeto. Ele não estava indo para um interrogatório; era apenas um encontro.

Mesmo com seu coração disparado e a mente a mil, ele era capaz de enfrentar qualquer coisa, qualquer desconforto, se fosse por ela. Afinal, a mesma ansiedade que o fazia suar frio também era um reflexo de quanto a amava e de como queria que ela estivesse feliz, que tudo saísse bem.

— Qual o nome do seu papai? — Thomas perguntou, sentado na pia, suas perninhas balançando no ar, os pés batendo levemente na borda da superfície de granito.

A loira, escorada no balcão, enquanto olhava a torta sendo assada no forno, e aguardava a chegada de seu namorado e seu pai, respondeu de maneira automática:

— Scott.

A resposta foi simples, direta, mas Tom, como sempre, era imprevisível. O garotinho soltou uma risadinha, uma daquelas gargalhadas espontâneas que vêm do nada, como se algo muito engraçado tivesse passado pela sua mente. Isso a fez levantar o olhar, surpresa.

Ela franziu a testa e cruzou os braços, intrigada, mas também com uma expressão de curiosidade. A risada do garoto era tão cheia de vida, mas a deixou um tanto quanto confusa.

— Qual é a graça? — inclinou a cabeça ligeiramente, tentando entender o que havia causado aquela explosão de risos.

— É que meu amigo tem um cachorro com esse nome.

A mulher não conseguiu se conter, e a risada que antes vinha só de seu filho, agora se espalhava por toda a cozinha, uma gargalhada compartilhada entre ela e o menininho, que parecia sempre encontrar uma forma de transformar qualquer momento em algo engraçado e genuino.

Ela se aproximou dele, com o sorriso ainda brincando em seus lábios, e, com a delicadeza de quem sabe como brincar, perguntou:

— E você já notou que Thomas é o nome de um gatinho de desenho animado?

— Sim. Tom e Jerry. — respondeu, com uma expressão pura satisfação. Então, ergueu os bracinhos, para que ela o pegasse no colo.

Sem hesitar, Taylor se abaixou suavemente, pegando o garoto nos braços e apertando-lhe o nariz com carinho. Sentiu o calorzinho de sua risada, o cheiro da sua pele de criança, a leveza daquele instante, como se tudo estivesse em seu devido lugar.

— Meu papai disse que usou de inspeção. — Tom explicou, com a cabeça aconchegada no ombro da mãe, seus pequenos braços envolvendo o pescoço dela com confiança, como se ali fosse o lugar mais seguro do mundo.

A loira franziu o cenho, um toque de confusão passando pelo rosto antes de entender o que ele queria dizer. Pensou por um momento, até que as coisas fizessem sentido, arrancando-lhe uma risada.

— Ah, entendi. Inspiração, não? — perguntou, a voz quente e brincalhona, enquanto passava a mão suavemente pelo rosto do pequeno, com um toque tão gentil quanto uma brisa. Aproveitou o momento para deixar um beijo na testa dele.

Tom, ainda com os olhos baixos, como se estivesse mais interessado na sensação de estar ali, confortável em seus braços, murmurou com uma suavidade que só as crianças possuem:

— É, ele gostava desse desenho.

O sorriso de Taylor se ampliou enquanto ela o observava,  sentindo um carinho profundo pelo jeitinho descomplicado e sincero dele. Ela o ajeitou em seus braços, apertando-o um pouco mais contra si, mas sem forçar. A conexão entre eles parecia fluir sem esforço, como algo natural, sem pressa de ser mais do que simplesmente ser.

— Seu papai é maluquinho por usar desenhos para se inspirar em nomes, hein? — brincou, fazendo uma careta, acompanhada de uma voz engraçadamente mais afinada.

O pequeno riu suavemente, balançando a cabeça em aprovação, ainda com a cabeça apoiada no ombro dela.

— Como eu tenho que chamar seu pai? — Tom questionou, seus dedinhos pequenos brincando distraidamente com o colar de Taylor, enquanto ela o segurava mais firme em seus braços.

— Pode chamar como quiser, amor. Mas com respeito. — respondeu, acariciando as costas dele.

Tom, curiosamente, ergueu a cabeça até que seus olhinhos se encontrassem com os da mulher.

— Posso chamar de vovô?

— Tenho certeza de que ele vai ficar muito feliz com isso. — disse, enchendo-o de beijos na bochecha.

Thomas ajeitou-se no colo da mãe novamente, a cabeça pendendo para o lado enquanto seus olhos cheios de curiosidade fixavam-se nos dela. Ele parecia pensar por um momento antes de soltar a pergunta que estava claramente se formando em sua mente.

— Ele não vai quebrar igual a vovó? — perguntou com seriedade infantil, seus dedinhos ainda mexendo no colar pendurado no pescoço dela.

A mulher franziu a testa, surpresa com a escolha de palavras dele. Ela inclinou ligeiramente a cabeça, o cabelo loiro caindo sobre o ombro enquanto o observava com um ar questionador.

— Como assim? — arqueou uma sobrancelha, tentando entender o raciocínio dele.

O menino balançou as perninhas, como se estivesse organizando os pensamentos antes de explicar.

— Quando eu chamei sua mamãe de vovó, ela quebrou. — explicou, com uma expressão séria, enfatizando a palavra como se fosse algo literal. — Ficou parada sem dizer nada, tipo... assim. —imitou o que parecia ser uma estátua, os bracinhos rígidos ao lado do corpo e os olhos arregalados.

A cena foi tão inesperada que a ex-cantora não conseguiu segurar a risada, cobrindo a boca com a mão enquanto tentava não gargalhar alto demais. Imaginou sua mãe congelando diante da palavra "vovó" e teve que admitir que fazia total juz ao que aconteceu naquele dia.

— Não, bebê. Ele não vai quebrar. — respondeu, balançando a cabeça enquanto o olhava com ternura.

O encontro tão esperado finalmente havia chegado. Travis estacionou o Cadillac Escalade no local indicado e entrou no terminal de desembarque com passos firmes, embora cada célula de seu corpo parecesse carregada de ansiedade. Passou os olhos pelo pequeno grupo de pessoas que desembarcavam, até que avistou Scott Swift caminhando com tranquilidade, puxando uma mala com rodinhas.

Travis respirou fundo, tirando o boné, que, até então estava usando em uma tentativa de não chamar muita atenção. Ele caminhou na direção do mais velho. “Seja você mesmo”, repetia mentalmente como um mantra. No entanto, quando finalmente se colocou diante do sogro, algo nele simplesmente... travou. Era como se todas as palavras que havia ensaiado no caminho até ali houvessem evaporado.

Ele tentou sorrir, mas o resultado foi um tanto estranho — algo entre um sorriso educado e um pedido silencioso por socorro. Ainda assim, estendeu a mão de forma firme.

— Olá, Scott. — a voz saiu baixa e um pouco rouca. Ele congelou por um segundo antes de perceber a gafe e, num impulso nervoso, tentou corrigir-se: — Se-senhor Sco... Swift. Senhor.

Travis sentiu a onda de calor subir pelo pescoço, provavelmente já deixando suas orelhas avermelhadas. Internamente, amaldiçoou-se por ter começado a conversa de forma tão atrapalhada. "Parabéns, Kelce, primeiro teste e você já está reprovado", pensou consigo mesmo, imaginando se seria possível pedir para o chão do aeroporto simplesmente abrir e engoli-lo.

Para sua surpresa, Scott não parecia minimamente incomodado. Na verdade, o homem soltou uma risada tranquila e genuína, algo que dissipou um pouco da tensão que Kelce sentia. Ele segurou a mão estendida do genro com firmeza, oferecendo um aperto caloroso.

— Scott, filho. — corrigiu-o com simplicidade, um sorriso relaxado iluminando seu rosto. — Não há necessidade de formalidades.

O tom leve e descontraído o pegou de surpresa, mas antes que pudesse responder, Scott deu um leve tapinha em seu ombro e acrescentou:

— Agora vamos, estou faminto. Espero que tenha algo bom por perto.

Travis, ainda meio desconcertado, deu um riso nervoso e apressou-se a pegar a mala de Scott. Fez um gesto para o sogro segui-lo enquanto os dois saíam do terminal.

— Claro, senhor... digo, Scott. —balançou a cabeça consigo mesmo, murmurando algo inaudível.

Swift, por outro lado, parecia completamente à vontade. Ele caminhava ao lado do genro com o tipo de confiança que apenas anos de experiência de vida podem proporcionar.

Já do lado de fora, o mais jovem abriu o porta-malas do SUV e guardou a mala enquanto Scott se acomodava no banco do passageiro.

Travis apertou o botão de ignição do Cadillac Escalade, e o motor ronronou suavemente, preenchendo o breve silêncio dentro do carro. Ele ajustou os espelhos mais por reflexo do que por necessidade, tentando esconder o fato de que ainda estava ligeiramente nervoso. Respirando fundo, lançou um olhar rápido para Scott, que observava o movimento do aeroporto pela janela, aparentemente tranquilo.

— E como foi a viagem? — o ex-atleta perguntou, forçando um tom casual enquanto manobrava o carro para sair do estacionamento.

A pergunta parecia simples, mas sua mente já estava correndo em mil direções, tentando calcular qual seria a resposta de Scott e como deveria reagir a ela.

— Foi tranquila. — respondeu o homem mais velho, com um aceno satisfeito. Ele se recostou no banco, cruzando as mãos sobre o colo. — Espero que o atraso não tenha atrapalhado vocês.

Travis soltou uma risada curta, balançando a cabeça.

— Ah, não se preocupe. — deu de ombros, lançando um sorriso rápido. — Na verdade, deu tempo de preparar tudo direitinho em casa.

Scott pareceu avaliar a resposta por um momento antes de abrir um sorriso descontraído. Ele virou o corpo ligeiramente no banco, apoiando o braço no descanso lateral, de modo a encarar Kelce de perfil.

— Travis, relaxa, rapaz. — disse, sua voz carregada de um humor caloroso que parecia perfurar a tensão no ar. Estendeu a mão dando um leve tapinha no ombro do genro, como quem quisesse puxá-lo de volta ao presente. — Não sou tão assustador assim, sou?

O ex-tight-end soltou uma risada, mas ainda havia uma pontada de nervosismo. Ele olhou rapidamente para Scott antes de devolver a atenção à estrada.

— Não, claro que não. — tentou soar convincente, mas o sorriso que acompanhou sua resposta entregava a hesitação.

Travis não disse mais nada de imediato, seus dedos tamborilando no volante enquanto ele dirigia em silêncio por alguns instantes. Finalmente, ele soltou uma risada abafada, quase para si mesmo.

— Você não é assustador. — quebrou o silêncio, soando um pouco mais confiante agora, embora ainda carregasse um tom de honestidade vulnerável.

Swift ergueu uma sobrancelha, curioso, mas esperou, percebendo que Travis ainda não tinha terminado.

— Sabe... vou admitir. Estive mais nervoso do que achei que fosse possível para um encontro desses. — Travis fez uma pausa, uma das mãos deixando o volante por um instante para passar pelos cabelos. Ele soltou um suspiro antes de continuar: — Eu só... eu só queria causar uma boa impressão.

Scott permaneceu em silêncio, olhando para a estrada, permitindo que o genro elaborasse seus pensamentos.

— Não é como se eu nunca tivesse conhecido pais de outras namoradas antes. Eu conheci. E acredite ou não; eu nunca agi como um bobão, como estou agindo agora. — deixou escapar uma risada breve, quase autodepreciativa, enquanto os cantos de sua boca tremiam em um sorriso. — Mas com você... com vocês... — fez questão de incluir Andrea em sua explicação, lançando um olhar rápido para Scott. — É diferente. Eu surto.

Ele riu de novo, dessa vez um pouco mais leve, embora ainda houvesse um toque de nervosismo em sua voz.

— Acho que é porque eu simplesmente não quero estragar nada. — soltou o ar, como se estivesse se livrando de um peso invisível. — Taylor é importante pra mim. Muito mais do que eu consigo explicar. E... eu a amo como nunca pensei que fosse possível amar alguém.

Scott continuou observando Travis por alguns segundos, o silêncio pairando de novo, mas dessa vez não era desconfortável. Havia uma espécie de análise no olhar do homem mais velho, como se ele estivesse decidindo como responder.

Ele anteve o olhar fixo no genro por alguns instantes, como se estivesse avaliando cada nuance de sua postura tensa. O jovem continuava concentrado na estrada, embora fosse evidente que estava à espera de uma resposta, os dedos ainda apertando o volante com uma leve rigidez.

— Travis, você é um bom homem. — falou, com uma voz firme, mas tranquilizadora. Ele ajustou a postura no banco.

O ex-atleta lançou-lhe um olhar rápido, como quem tenta medir se o comentário era sincero, antes de voltar a atenção ao trânsito à sua frente.

— E sabe o que eu vejo com tudo isso? — continuou, cruzando os braços de maneira relaxada, os olhos ainda fixos no rosto de Kelce. — Não vejo um cara bobo, como você mesmo disse. — fez uma pausa, permitindo que suas palavras encontrassem peso antes de prosseguir. — O que vejo é um cara genuinamente apaixonado. Um homem que quer impressionar aos sogros, não por insegurança, mas porque entende o quanto isso é importante para o relacionamento.

Houve um momento de silêncio no carro, quebrado apenas pelo som do motor e o leve rangido das mãos de Travis se soltando do volante. Ele exalou um suspiro que soou quase como alívio, e um sorriso hesitante começou a se formar em seus lábios.

— Obrigado, senhor Swift. — murmurou, sua voz carregada de gratidão, mas ainda mantendo aquele ar contido de alguém que não queria exagerar na reação.

Scott sorriu de volta, observando as mudanças sutis na postura do genro. Travis relaxou, seus ombros finalmente baixando.

— Não precisa me chamar de "senhor", rapaz. — o mais velho balançou a cabeça, um sorriso divertido brincando em seus lábios. — Somos família, ou quase isso. Pode me chamar de Scott.

— Certo, Scott. — repetiu, experimentando o nome como se quisesse garantir que o havia dito da maneira certa. Ele soltou uma risada curta.

— Sabe, eu admiro isso em você. Essa coisa de querer fazer tudo certo. — Swift comentou, seu tom agora mais casual, quase como se estivesse puxando uma conversa com um amigo antigo. — Não é algo que se vê com frequência hoje em dia. A maioria dos caras não se importa com o que os pais da namorada pensam. Você? Você está claramente perdendo o sono por isso. — brincou. — Isso diz muito sobre o tipo de homem que você é.

O jovem riu, balançando a cabeça como quem admite a acusação sem reservas.

— Perder o sono é um eufemismo. — entrou na brincadeira, uma nota de alívio finalmente escapando em sua voz.

— Bom, então posso te tranquilizar. — garantiu, sua voz ficando mais séria. — Taylor ama você, e isso é mais do que suficiente pra mim.

O comentário pareceu atingir um ponto profundo em Travis. Ele apertou os lábios em um sorriso quase emocionado, balançando levemente a cabeça em agradecimento.

— Obrigado, Scott. De verdade. Isso significa muito.

O trajeto até em casa tomou um rumo diferente do que Kelce imaginara. Não houve interrogatórios, apenas uma conversa casual, como se ambos se conhecessem de tempos atrás.
O ex-jogador contou sobre sua vida no campo, e o motivo de sua aposentadoria — que estava completamente ligada ao bem-estar de Thomas, para que ele nunca sentisse falta de um pai, igual sentia da mãe.
Também falou com orgulho, sobre a história da "namoradinha" de seu filho, e da pulseira, fazendo Scott gargalhar.

Ao chegarem à mansão, o som dos pneus no cascalho da entrada ecoou no silêncio da noite. Assim que Travis desligou o motor, um cheiro irresistível de comida caseira chegou até eles, vindo diretamente do hall de entrada. Era o tipo de aroma que fazia o estômago roncar sem aviso, como se perguntasse porque aínda não estavam comendo.

O som do motor desligando no lado de fora fez Taylor levantar do sofá, com Tom em seus braços. — Ele estava manhoso desde o episodio do penteado, mas principalmente, pouco depois que Travis saiu.
A loira já sentia as costas reclamarem do peso do filho. Mesmo assim, não conseguiu conter o sorriso quando ouviu o barulho inconfundível da porta do carro batendo e passos no cascalho da entrada.

Apressou-se até a porta, ajeitando o menino em seu colo com uma mão enquanto a outra girava a maçaneta. Assim que a abriu, foi recebida pelo tom caloroso do ex-jogador.

— Amor! Chegamos! — Kelce anunciou, como se ela não tivesse percebido.

Taylor revirou os olhos, mas seu sorriso denunciava que estava feliz em vê-lo.

— Me ajuda aqui com esse carrapatinho, por favor. Ele tá grudado em mim faz uns bons minutos.

Travis imediatamente percebeu o cansaço no rosto dela. Não precisou que ela dissesse mais nada. Deu alguns passos à frente, inclinando-se para pegar Tom do colo dela.

— Ei, o que aconteceu? — perguntou em um tom gentil, enquanto o pequeno se agarrava ao pescoço dele.

A mulher suspirou aliviada assim que os braços ficaram livres. Deu uma leve espreguiçada, arqueando as costas e girando os ombros, enquanto Travis ajustava o menino em seus braços.

— Ele simplesmente grudou em mim hoje. — explicou, soltando um suspiro cansado, mas divertido.

Antes de dizer mais alguma coisa, ela se virou para a figura de Scott. Seus olhos brilharam, e ela abriu os braços de forma quase automática.

— Papai! — exclamou com entusiasmo, caminhando para abraçar Scott.

O homem riu, recebendo o abraço caloroso da filha como se fosse o momento mais esperado do dia. Ele deu um tapinha leve nas costas dela, segurando-a por alguns segundos.

— Filho, você não vai dar um abraço no Scott também? — o homem sugeriu, enquanto abaixava Tom ao chão com cuidado, deixando o garotinho de pé sobre o piso de madeira polida.

Taylor e Scott, que ainda estavam presos naquele abraço caloroso e nostálgico de pai e filha, se afastaram lentamente ao ouvir a proposta de Travis. Ambos direcionaram seus olhares ao menino, que parecia relutante por um segundo, olhando para os próprios pés como se precisasse de um empurrãozinho a mais.

Scott não esperou. Ele se abaixou, apoiando um joelho no chão para ficar na altura do menino, o rosto marcado por um sorriso gentil, mas expectante.

— Ei, campeão. Que tal um abraço aqui no velho Scott?

Tom ergueu os olhos e, como se algo dentro dele tivesse se destravado, avançou com os bracinhos abertos e o envolveu em um abraço apertado.

— Oi, vovô. — disse com uma animação inesperada, a voz pequena, mas clara, quebrando o silêncio reverente que ele havia mantido até aquele momento.

O impacto foi imediato. Scott congelou por um instante, os braços ainda envolvendo o pequeno corpo de Tom, mas o olhar cheio de surpresa subiu para Taylor, que o observava com um sorriso orgulhoso e, discretamente, piscou um olho para confirmar o que ele acabara de ouvir.

Vovô. Isso mesmo.

O momento caiu sobre Scott como uma onda quente. Ele apertou o menino com mais força, o coração derretendo em uma mistura de alegria e emoção que ele não sabia que estava guardando.

— Você disse vovô? — murmurou, quase incrédulo, mas completamente encantado.

Tom, com a inocência de quem não percebe o efeito que causa, se afastou do abraço, mas manteve o olhar firme no homem à sua frente.

— E a mamãe prometeu que você não quebraria igual a vovó! — apontou para a mulher, declarando com a naturalidade de uma criança, como se estivesse compartilhando o mais óbvio dos fatos.

O silêncio que se seguiu foi quase palpável. O mais velho piscou algumas vezes, processando a frase, antes de erguer os olhos lentamente para Taylor, que estava encostada no batente da porta, braços cruzados e um sorriso enigmático.

— E ele disse... mamãe? —perguntou baixinho, quase como se estivesse temendo confirmar o que acabara de ouvir. O olhar dele estava fixo na loira, que deu de ombros com um sorriso bobo, como se estivesse se divertindo com a confusão dele.

— Surpresa! — Taylor respondeu casualmente, embora houvesse um brilho emocionado em seus olhos que ela não conseguiu esconder.

O Swift, porém, não estava pronto para deixar passar. Ele se levantou lentamente, ainda olhando para a filha com uma emoção de quem sabe que, para ela, isso foi tudo que a mesma sempre sonhou. Principalmente depois da terrível perda que ela teve.

— Taylor, ele te chamou de mãe!

— Bem, tecnicamente, ele começou com isso sozinho. — explicou, rindo suavemente enquanto se aproximava. — Eu só... mostrei a ele o quanto isso me deixou feliz. E... ele parece tão certo disso.

O jantar que se seguiu foi mais do que apenas uma refeição — foi uma celebração íntima e cheia de momentos que nenhum deles esqueceria tão cedo. A mesa estava repleta de pratos simples, mas cuidadosamente preparados, e o ambiente era preenchido com o aroma acolhedor de comida caseira. O riso fluía com a mesma naturalidade com que as histórias eram contadas, criando uma atmosfera que seria impossível de replicar em qualquer restaurante, por mais elegante que fosse.

Na verdade, Taylor se pegou pensando que, se estivessem em um restaurante, este momento seria completamente diferente. Seria um evento. Haveria flashes de câmeras, cochichos em mesas próximas e provavelmente algum fã ousado pedindo uma foto. Não era algo que a incomodasse como antes, e ela sabia que Travis também havia aprendido a lidar com isso. Mas, mesmo assim, essa noite precisava ser só deles — sem plateia, sem expectativas externas.

Enquanto Tom balançava os pés na cadeira, distraído com a comida em seu prato, Scott estava no auge de seu carisma, tomando o centro das atenções como apenas ele sabia fazer; contando histórias antigas, e também, sobre como era ironico o fato de que ele já era amigo há muito tempo do pai de Kylie, a cunhada de Travis.
E claro, ele também não deixou escapar coisas sobre a infância e a adolescência de Taylor, para o desespero dela, e a diversão do ex-atleta e Tom.
Kelce também se abriu um pouco mais, contando sobre como seu pai, Ed, sempre incentivou ele e seu irmão no futebol, e alguns momentos engraçados de sua própria jornada.

Entre uma conversa e outra, Travis pediu licença e retirou-se da mesa de jantar, voltando em questão de minutos, com uma sacola em mãos.

— Scott, isso é pra você. —alcançou-lhe com um sorriso brincalhão. — Espero que goste, e... quando estiver em casa, não jogue em um lixo reciclável.

O mais velho, curioso, abriu a sacola, e então, deparou-se com um boné de lona vermelha, com a insígnia dos Kansas City Chiefs bordada em um tom dourado.

— Não acredito! — ele riu, tirando o acessório da sacola, e mostrando para todos.

— Tem mais. Que bom que já está emocionado! — Travis debochou.

Scott deixou o boné sobre a mesa, e, mais ao fundo da sacola, pegou um cordão, feito de tecido resistente em um tom de vermelho, e novamente o simbolo do time.

— Você é inacreditável! — gargalha, com a grande ironia da situação, mas sem deixar de agradecer o presente. — Eu certamente não o colocarei no lixo reciclável. Eu aprecio presentes, principalmente se estiverem ligados à futebol. — ele pôs o boné, e, seu genro fez uma expressão de surpresa e convencimento para a loira. —Mas... eu também vim preparado, rapaz.

Swift levantou-se, indo até o outro comodo e, pegando no sofá uma sacola que havia deixado quando chegara.
Assim que voltou, a pôs na frente do mais jovem, que lançou um olhar de lado, em um gesto teatral de suspeita.

— E eu ganhei.... Tan tan tan! — dramaticamente, Kelce retirou de dentro da sacola uma camiseta verde, que rapidamente desdobrou. Ao revelar o tecido, todos puderam ver a logo dos Philadelphia Eagles estampada no centro da camisa.

Os adultos explodiram em gargalhadas.

— Só para não esquecer suas raízes. — disse piscando para a filha, que balançou a cabeça, sem acreditar no quanto os dois eram malucos ao ponto de terem os mesmos pensamentos.

— É o time do tio Jason! — Tom exclama, apontando para a camisa, e Travis assente, mostrando-a em frente ao seu corpo. — Eu também quero!

A reação do ex-jogador foi instantânea, mas exagerada, como se ele estivesse sendo pessoalmente atacado.

— Ah, não! Então é assim? Você vai se aliar ao inimigo? Que traidor! — Travis se pôs em uma posição dramática, colocando a mão no peito e olhando para o lado como se estivesse prestes a desmaiar de desgosto. Todos na mesa riram, inclusive Tom.

As risadas se seguiram, até que Thomas começou o episódio de um bocejo atrás do outro, e, Taylor decidiu que era melhor que o pequeno fosse dormir. — Mas claro, ela só conseguiu isso quando cedeu à exigencia dele de que ela ficasse lá junto, até ele dormir.
Era incrível, mas, Tom realmente parecia mais grudento que o normal naquele dia.

Enquanto ela cuidava do pequeno, Travis fora chamado pelo sogro para uma conversa em particular. — E não. Ele não ficou nervoso. Pelo menos não depois de tudo que sucedera naquele jantar.

— Sabe, Travis, meus filhos são tudo para mim. — ele declarou, de forma casual, enquanto ambos caminhavam pelo quintal, as mãos aquecidas no bolso de seu casaco, e o boné que ganhara de presente, em sua cabeça. — E Taylor sempre será a minha garotinha. Andrea e eu fizemos de tudo para que ela jamais se perdesse em tudo o que a fama implica. Eu confio na minha filha para tomar as próprias decisões, mas, agora, te conhecendo, confio ainda mais em você para cuidar dela. Não a decepcione.

Kelce permaneceu em silêncio por um momento, absorvendo as palavras de Scott, mas logo, com a respiração visivelmente condensando no ar gelado da noite, ele olhou diretamente para o sogro, com uma seriedade que já estava enraizada em seu coração.

— Eu não vou. — as palavras saíram com uma clareza que até surpreendeu a si mesmo. Ele sentiu o frio cortante da noite tocando suas bochechas, mas o que realmente o fez estremecer não foi a temperatura, e sim a intensidade do momento. A vida estava prestes a dar um passo definitivo, e ele sentia isso em cada fibra do seu ser.

Ele olhou para Scott, os olhos focados em sua figura, como se buscasse confirmar algo dentro de si antes de continuar. E então, de uma maneira quase natural, ele seguiu com a convicção que precisava transmitir:

— Estou comprometido com Taylor e a felicidade dela, Scott. Quero casar com ela.

As palavras saíram com uma força tranquila, mas profunda. Não havia dúvida em sua voz. O som daquelas frases se estendeu pelo ar, como um compromisso genuíno, uma promessa silenciosa de que ele não estava apenas ali para ser mais um, mas para estar presente de verdade, para fazer a diferença na vida de Taylor. E ele sabia, com a clareza que só o amor verdadeiro pode trazer, que era isso que ele queria. Para ela, com ela, para sempre.

Scott, que até aquele momento estava andando ao lado de Travis, parou repentinamente. O impacto das palavras foi claro. Kelce viu o olhar de surpresa surgir nos olhos do Swift, um olhar que parecia tentar decifrar a seriedade daquelas palavras.

Ele sentiu a necessidade de continuar, de deixar claro que não estava falando por impulso, não estava agindo por causa da emoção do momento. Ele precisava explicar.

— Sei que parece loucura, Scott. — comentou, com uma leve hesitação, como se tentasse tornar suas palavras mais acessíveis. — Estamos juntos há pouco tempo. Eu sei disso. Mas... eu a amo. De verdade.

Cada palavra foi pronunciada com uma sinceridade que ressoava. O ex-tight-end fez uma pausa, dando espaço para que aquilo fizesse efeito, para que o peso daquilo se assentasse no ar entre os dois. Ele queria que o sogro entendesse. Que não fosse apenas uma promessa vazia, mas uma verdade inegável.

— Eu quero a sua bênção. — pediu, um pouco ansioso. — Quero que, quando eu sentir que ela está pronta para esse passo, eu possa fazê-la a mulher da minha vida.

Scott olhou para ele, os olhos avaliando, refletindo sobre tudo o que acabara de ouvir. A comunicação não era apenas verbal; ela estava nos gestos sutis, no silêncio compartilhado, na maneira como Scott não precisava de palavras para processar aquela entrega do genro.

Finalmente, o olhar do mais velho se suavizou. Ele não precisava de mais nada. O olhar em seus olhos transmitia uma aceitação silenciosa, uma tranquilidade que se misturava ao reconhecimento daquilo que Travis tinha de mais verdadeiro: sua convicção no amor por Taylor. As palavras que Kelce dissera haviam sido o suficiente.

— Eu vejo o que você está dizendo, Travis. — O homem finalmente falou, com um tom calmo e ponderado. — E é bom ver que você sabe o que quer. Que não está agindo por impulso. Isso, para mim, é o mais importante. Você tem a minha benção.

[ ●●● ]

A noite, sem dúvida, havia sido perfeita. No entanto, Taylor sentia o peso do cansaço em cada músculo do corpo. O dia inteiro havia sido repleto de momentos agradáveis, mas a intensidade de tudo havia deixado sua energia drenada.

Depois de um banho relaxante, que ela tomou quase como um reflexo natural do corpo pedindo descanso, ela vestiu uma camisola confortável. Com um pequeno resmungo manhoso, algo entre a necessidade de descanso e o desejo de não querer admitir o quão exausta estava, ela se dirigiu para a cama, onde Travis já estava, recostado contra os travesseiros, esperando por ela.

Ela se acomodou ao lado dele, sentindo o calor da cama se envolver ao seu redor, e se aninhou em seu ombro, com a respiração suave, mas ainda perceptível, de quem estava mais próxima de cair no sono do que realmente ceder a ele. Fechou os olhos lentamente, e, com um sorriso vago, mas satisfeita, comentou:

— Nossa, eu estou realmente com muito sono. Tanto que eu poderia hibernar nessa cama até o próximo inverno.

Travis, com o braço já estendido ao seu redor, riu baixinho, sentindo o peso de sua cabeça repousando com leveza no seu ombro. Ele puxou-a um pouco mais para perto, de forma carinhosa, com os dedos acariciando suavemente os fios de cabelo dela. Ao fazê-lo, ele afastou a franja que caía sobre os olhos dela, com uma leveza, quase como se estivesse tocando algo frágil.

— É, você parece meio cansada hoje. — falou, cheio de uma preocupação carinhosa. — Mas a noite foi perfeita, né?

Taylor deu uma leve risada abafada. Ela não estava tão cansada a ponto de não perceber o quanto ele estava satisfeito com o que acontecera, mas também não podia deixar de se sentir tocada pela forma como ele a tratava. Ela sorriu, sentindo-se bem com o jeito como ele estava cuidando dela, como sempre fazia.

Você foi perfeito. — corrigiu-o, com um tom suave, mas determinado. — Ainda não consigo acreditar que estava realmente nervoso com isso.

— Acho que eu só não queria deixar uma primeira impressão ruim. — confessou rindo. — Mas olha só; agora eu sei que nós dois estamos no mesmo nível de humor. Porém, estarei deixando algo claro aqui. Eu jamais irei usar aquela camiseta dos Eagles.

— Sorte a sua que não vai precisar. Ele já te ama mesmo você sendo rival do Eagles.

— Sei disso. — respondeu um pouco convencido. — E não apenas sei que não preciso usar essa camiseta para conquista-lo, como também sei que reverti o jogo, quando ele colocou o boné que eu lhe dei de presente. Ganhei a aposta, amor.

A afirmação de Travis trouxe à tona uma expressão de surpresa no rosto de Taylor, e ela abriu os olhos com um pequeno movimento, como se o sono tivesse sido interrompido por uma onda de lembranças. Ela levantou a cabeça lentamente, apoiando-se no peito dele e olhando para ele que exibia um sorriso vitorioso, mas com um toque de brincadeira, como se estivesse já se preparando para a resposta.

— Eu tinha esquecido dessa aposta. — disse, fazendo um biquinho, o que deixou claro o quanto ela estava surpresa, mas também divertida com o que estava acontecendo. — É, parece que eu perdi mesmo. E você sabe o que isso significa?

Travis riu, sentindo o corpo dela mais próximo de si, e sem pensar duas vezes, inclinou-se para beijá-la rapidamente, como se estivesse comemorando a vitória de uma forma doce e carinhosa.

— Significa que você tem que mudar-se oficialmente para a minha casa! — disse entre o beijo, sem conter a animação no tom de sua voz. Ele falou como se aquilo fosse a maior conquista, o maior prêmio que ele poderia oferecer a ela. — Como se sente sendo uma perdedora, amor? — provocou de forma brincalhona, e ela cruzou os braços revirando os olhos.

Antes que ela pudesse dizer algo, Travis a surpreendeu mais uma vez, começando a enchê-la de cócegas, fazendo-a se contorcer na cama, tentando se afastar dele, mas sem muito sucesso. O riso de Taylor ecoou pelo cômodo, algo entre uma surpresa e uma diversão incontrolável.

— Não... Travis! Para... —conseguiu dizer entre risos e respirações ofegantes, tentando, sem sucesso, se livrar da energia brincalhona dele. Seu corpo se contorcia, tentando se esquivar das mãos travessas do ex-atleta. — Amor... chega! Por favor...

Quando ele finalmente cansou, deixou vários beijinhos por todo o rosto dela. Ofegante, ela se aconchegou no peito dele.

— Você acabou de me deixar mais cansada do que eu já estava. — a loira bufou, a voz arrastada e quase como um resmungo de quem estava começando a cair no sono, mas sem perder a diversão. — Não me acorde cedo amanhã. Eu estou acabada com o dia de hoje.

Ela se aconchegou ainda mais contra o corpo dele, os braços buscando a segurança do abraço apertado, como se fosse a única coisa que a manteria firme e inteira após uma jornada exaustiva. Ele, por sua vez, sorriu discretamente, com o canto da boca, enquanto a observava com carinho, a tranquilidade tomando conta dele também.

— Tom conseguiu exigir o máximo de você hoje, né? — perguntou, quase num murmúrio, enquanto deslizava os dedos pela pele de seu braço que descansava sobre sua barriga.

Taylor, ainda com os olhos fechados, assentiu lentamente, sua mão apertando um pouco mais o torso de Travis, como se não quisesse largá-lo.

— Exigiu... mais do que eu imaginei que fosse possível. — ela respondeu, a voz quase imperceptível e manhosa, ainda sonolenta. — Mas valeu a pena. Ele tem uma energia imbatível.

— Você foi muito paciente refazendo umas sete vezes o penteado. — debochou, dando uma risada suave. Havia uma leve provocação no seu tom, mas de uma maneira carinhosa. — Eu teria enlouquecido. Não sei como você conseguiu.

Taylor soltou uma risada nasal. Seu dedo indicador se levantou no ar, com um movimento dramático, como se estivesse prestes a anunciar uma nova lei de uma corte real.

— Da próxima vez, você vai ficar com essa tarefa. — declarou com a voz arrastada, e os olhos aínda fechados.

— Mas você adora fazer os penteados que ele pede.

— É, eu adoro — a ex-cantora concordou, soltando um suspiro, quase como um desabafo. — Você não acha que ele está crescendo rápido demais? Ele parecia tão... pequenininho quando o conheci.

Travis ergueu uma sobrancelha, a mudança no tom de voz dela não passou despercebida. Ele parou por um momento, observando-a com cuidado, tentando entender o que mais estava por trás daquelas palavras.

— E você tá falando isso por causa da nova amiguinha dele? — Kelce indagou, desta vez com um toque mais sério na voz. Ele sabia que algo mais estava rondando a mente da loira.

Ela deu de ombros, tentando disfarçar. Um pequeno sorriso surgiu em seus lábios antes de abrir os olhos e desmoronar. Ela enxugou rapidamente uma lágrima que escapou.

— Talvez. — respondeu, hesitante, como se tentasse decifrar os próprios sentimentos. — Acho que estou muito emotiva com isso. Não sei... é tão bonito vê-lo fazendo amizades, formando esses laços.

Ele a analisou atentamente, notando o pequeno tremor em sua voz. Era raro vê-la assim, tão vulnerável por algo aparentemente simples. Ele segurou o queixo dela com delicadeza, virando o rosto de Taylor na direção dele para que seus olhos se encontrassem.

— Tá tudo bem? — questionou baixinho, com uma preocupação genuína.

A loira pensou um pouco antes de responder, franzindo as sobrancelhas como se tentasse organizar os pensamentos.

— Tá... eu acho que tá. É só estranho, sabe? — admitiu, com um sorriso fraco. — Não sei por que isso me deixa tão... sensível. Ele só fez amizade com uma menina, e aqui estou eu, quase chorando como se fosse o evento mais importante do ano.

Ela riu de si mesma, mas o riso era entrecortado, como se a confusão dentro dela não tivesse permitido que a leveza tomasse conta completamente.

Travis não riu. Ele a conhecia bem o suficiente para saber que algo mais estava acontecendo. Ela estava diferente. Um pouco mais sonhadora, mais propensa a deixar as emoções fluírem sem tanto filtro. Ele pensou em dizer algo, mas decidiu apenas puxá-la mais para perto, beijando sua testa enquanto a envolvia com seus braços.

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Oioi!!

E depois de um bom tempo... eu voltei!
Boas noticias: terminei de escrever todos os capítulos, e agora, falta apenas a correção de cada um deles, por isso, pode ser que as atualizações continuem demorando um pouquinho, mas... pelo menos não tenho que escrever um capítulo inteiro por vez, né?

Se vocês chegaram até aqui, comentem pra mim o que acharam desse capitulo!

Eu sei que ele ficou mais grande do que o esperado, mas, muitos detalhes nele vão fazer a diferença pra vocês entenderem os próximos.

Dedico esse capítulo, declarando a volta de The Last Time, à @Dralrs que me mandou uma mensagem declarando que gosta muito dessa fic, e isso fez meu dia💗, @manualisonswiftkelce que mora no meu coração, sempre acompanhando essa história 💗, e @Amanda217348 que seguido deixa comentários que me animam muito 💗. Vocês são incríveis!

Espero de coração que tenham gostado, e, preparem-se para os próximos 👀

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