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capítulo 17 - Possible return

Oiiee! Como estão?

Para começar, dedico esse capítulo para a laursproud, que estava de aniversário ontem, e me pediu esse agrado. Hahah! Parabéns atrasado, amg🫶🏻

E agora, quero pedir que vocês comentem bastante pra fic engajar mais.

Convenhamos, gente, eu tiro um pouco do meu tempo pra escrever um capitulo legal para vocês, com bastante palavras, com detalhes....
Eu sei que a decisão de escrever ou não é minha, mas faço pq sei que vocês gostam.
Porém, há uma pequena troca nisso, e, querendo ou não, nós escritores amamos quando vemos que os leitores não estão apenas deixando estrelinhas, mas sim comentando e mostrando que estão se divertindo ou sofrendo com o que acontece.

É legal ter essa interação, saber o que cada um pensa.

Eu sei que, nem todos tem tempo para ler e parar pra comentar. Eu mesma não consigo estar comentando em todas as fics que leio, mas faço o que posso.
Porém, aqueles que conseguem, que tiram um tempinho, não custa deixar esse pequeno incentivozinho, né?

Enfim, isso não é uma repreensão, KKKKKKKKKK, é apenas um pedido. Uma troca mútua.

Vamos para o capítulo agora?

Sei que tem alguns aqui que estavam com medo da volta dela pra NY, mas.... vocês não sabem oque tô aprontando mesmo 😶

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TAYLOR SWIFT POINT OF VIEW

Nova York, EUA

Dois dias. Apenas dois dias, mas pareciam uma eternidade. Foram os dois dias mais exaustivos que já vivi, como se o tempo tivesse parado só para me fazer sentir a ausência de Travis e Thomas com mais intensidade. É estranho como, mesmo na ausência, o amor cresce. A cada minuto longe deles, meu coração parecia expandir, como se a distância alimentasse ainda mais o afeto. A falta de Travis era sufocante, como se o silêncio da casa gritasse sua ausência, enquanto o vazio deixado por Thomas, essa miniatura tão encantadora do homem que eu amo, fazia tudo ao meu redor parecer sem cor.

Há algo em Travis que transcende palavras. Cada vez que nossos olhares se cruzam, sinto uma conexão profunda, quase mística. Aqueles olhos verdes fixos nos meus revelam uma verdade crua, uma intensidade que me desarma. É como se cada encontro visual dissesse mais do que qualquer conversa jamais poderia. Não é apenas desejo ou afeição, é como se o universo inteiro tivesse conspirado para que ele fosse meu, para que nossas almas se encontrassem nesse ponto exato da vida.

Não foi por acaso que nossos caminhos se cruzaram.

Quando eu decidi pausar minha carreira para viver uma vida “normal”, estava absolutamente exausta. Exausta emocionalmente, fisicamente, de um mundo que parecia sempre girar mais rápido do que eu conseguia acompanhar. Era como se a vida tivesse se tornado uma série de compromissos e aparições, onde eu estava apenas desempenhando um papel, mas nunca realmente vivendo. A verdade é que nunca senti que tive um tempo real para lidar com o luto pela perda do meu bebê. Era um capítulo da minha vida que sempre parecia incompleto, uma ferida que se recusava a cicatrizar.

Joe nunca me deixou viver isso cem por cento. Nossa relação, marcada por promessas não cumpridas e expectativas, tornava tudo ainda mais difícil. Ele sempre foi uma presença constante, mas não da forma que eu precisava. Em vez de oferecer consolo, ele parecia mais uma sombra que se arrastava, dificultando o meu processo de cura. Eu estava em um ciclo de lutas internas, tentando equilibrar a dor com a realidade da fama e as obrigações que vinham com ela. Ao iniciar a The Eras Tour, um novo projeto que deveria ser uma celebração da minha carreira, eu tinha certeza de que seria um desafio. Mas, de maneira surpreendente, encontrei alegria. De verdade.

A música sempre teve um poder curativo para mim, e durante os shows, mesmo que meu coração estivesse partido, consegui me perder nas melodias e nas letras que eu mesma criei. Havia um paradoxo em tudo isso: estava ali, diante de milhares de fãs, fazendo o que amava, mas sempre com uma parte de mim ancorada em pensamentos sombrios. Eu sabia que estava me afastando de Joe; já podia sentir isso, como um vento gelado que anunciava uma tempestade. Quando o término finalmente aconteceu, eu lutei para continuar com a Tour. Era um desafio manter a compostura, como se estivesse usando uma máscara que pesava cada vez mais, enquanto lidava com o término e o peso da dor.

Foi uma batalha constante. O público não tinha ideia do que acontecia por trás das cortinas. Para eles, eu era a artista carismática e brilhante, mas nos bastidores, a realidade era diferente. Muitas vezes, me sentia mal, como se estivesse dividida entre o meu dever e as emoções que tentava esconder. Naqueles momentos de vulnerabilidade, eu questionava se realmente tinha feito a escolha certa ao seguir em frente com a Tour. O que deveria ser uma celebração acabou se tornando uma luta pela sobrevivência emocional.

Nunca imaginei que, após me despedir dos palcos por tempo indefinido, um simples encontro com um garotinho que me pediu para amarrar seus cadarços pudesse entrelaçar minha vida à de um jogador da NFL. E aqui estou eu, vivendo um relacionamento autêntico, sem máscaras ou fugas das câmeras, apenas imersa no amor verdadeiro. Além disso, não fazia ideia de que acabaria assumindo o papel de mãe desse garotinho — mesmo que não houvesse laços de sangue.

A transformação em minha vida foi impressionante. Travis trouxe uma sensação de segurança que eu não sabia que precisava. Ele não apenas se tornou meu parceiro, mas também um apoio incondicional nas minhas decisões e nos meus sonhos. Em momentos de calmaria, quando o dia se aquieta e a luz suave do pôr do sol entra pela janela, travamos conversas profundas sobre o futuro. Uma das discussões mais frequentes gira em torno da ideia de eu retornar aos palcos e fazer o que realmente amo: cantar. Ele sempre menciona o quanto seria incrível ver-me brilhar novamente.

Essas conversas costumam acontecer especialmente quando estou colocando Tom para dormir. As noites têm seu próprio encanto. O quarto é suavemente iluminado por uma luz noturna que emite um brilho acolhedor. A cama de Tom, repleta de bichinhos de pelúcia, se transforma em um pequeno refúgio de sonhos. Ele deita a cabecinha em meu colo, e eu começo a cantar suavemente. A melodia flui naturalmente, e as palavras se entrelaçam em um abraço sonoro, criando um ambiente de tranquilidade.

Com os olhos brilhando, Travis menciona o quanto fico linda quando canto. Sua voz é suave, quase um sussurro, mas carrega uma intensidade que me toca profundamente. Ele fala sobre como minha expressão muda completamente, como a música transforma meu ser, revelando uma paixão que, por vezes, eu mesma esqueço que possuo. Essas palavras acariciam meu coração, aquecendo-o de uma forma que eu não esperava. Em um instante, sinto-me viva, vibrante, como se estivesse voltando a ser a artista que sempre fui, cheia de sonhos e desejos.

No entanto, há uma parte de mim que luta para manter os pés no chão. É um conflito constante, uma batalha silenciosa entre a alegria que sinto aqui, neste novo capítulo, e a saudade que aperta o meu peito. Nova York, com sua energia pulsante e suas luzes brilhantes, parece prometer infinitas possibilidades, mas não posso ignorar as raízes que deixei para trás. Há aspectos da minha vida que não podem simplesmente ser descartados. A ideia de largar tudo e me mudar para o Kansas definitivamente é tentadora, mas a realidade é mais complexa.

Blank Space é obviamente a minha música favorita! — Travis exclamou, segurando o celular em uma mão e apontando a câmera para si.

Eu estava deitada no sofá, com a cabeça encostada em uma almofada, observando-o com um sorriso. Ele estava tentando, através do quadrinho que mostrava a minha imagem, decifrar onde eu estava.

— Ah, você só gosta dela porque eu falo que amo os jogadores. — eu retruquei, levantando uma sobrancelha. — Previsível, Kelce. Muito previsível.

Ele revirou os olhos, um gesto exagerado que sempre me fazia rir.

— Claro que não. Essa nem é a frase que mais me deixa impactado. — Travis se defendeu, balançando a cabeça enquanto olhava para a tela do celular. — Onde você está? — questionou. Estava tão concentrado em tentar descobrir onde eu estava que quase parecia um detetive. Seus olhos semicerrados refletiam um misto de curiosidade e diversão.

— A, não? Então qual é a frase que 'mais te deixa impactado'? — eu perguntei, ignorando propositalmente a sua pergunta, um sorriso malicioso se formando nos meus lábios.

— Hum... Gosto quando você fala 'I can make the bad guys good for a weekend'. —respondeu, com um sorrisinho que iluminou seu rosto. — É uma frase e tanto.

— Bom, talvez você mude de ideia sobre sua música favorita, em breve. — disse, piscando um olho para ele, como se estivesse iniciando um jogo.

Travis arqueou uma sobrancelha, um ar de desafio estampado no rosto.

— O que você está aprontando? — indaga, a voz repleta de suspeita, a expressão dele era a combinação perfeita de dúvida e diversão, como se estivesse se preparando para uma reviravolta inesperada.

— Nada. Só estou dizendo que, se eu simplesmente resolvesse colocar seu nome em uma música, você certamente iria amá-la mais do que ama Blank Space. — dei de ombros, tentando manter um ar de mistério e indiferença.

Travis estava na cozinha da mansão, o espaço iluminado pela luz suave da tarde que entrava pela janela. Usando uma camiseta cinza, que moldava bem seu corpo atlético, e o cabelo bagunçado dava um charme extra à sua aparência.

— Vamos combinar... Se eu dissesse: 'Hey Travis, I could give you 50 reasons why I should be the one you choose, all those other girls, well, they're beautiful, but would they write a song for you?'" — reproduzi a música em uma entonação lúdica, em vez de cantar. A ideia de que ele pudesse ser o tema de uma canção era intrigante e divertida. — Você passaria a amar mais essa música.

Ele soltou uma risada genuína, jogando a cabeça para trás. Seus olhos brilhavam com um humor que sempre aquecia meu coração, e as rugas que se formavam em seu rosto enquanto ele sorria me faziam sentir um conforto imenso.

— Isso é uma proposta interessante, não vou mentir. — ele disse, inclinando-se para frente, como se estivesse realmente considerando a ideia. O modo como ele apoiou os cotovelos na mesa e entrelaçou os dedos mostrava que estava prestando atenção a cada palavra que eu dizia.

— Você só está dizendo isso porque adora a ideia de ser o protagonista de uma música. — brinquei, gesticulando de maneira exagerada para expressar minha ironia.

— E quem não gostaria de ser a estrela de uma música romântica escrita por você? — retrucou, com um sorriso satisfeito. — Ainda mais se isso significar que sou o escolhido entre todos os outros caras.

— Você tem uma auto-estima bem elevada, Kelce. — eu ri, me pondo sentada no sofá, mas tomando cuidado para não revelar nada do lugar onde eu estou.

— Isso é só confiança, baby! — ele se defendeu, piscando para a câmera. — Além do mais, você sabe que sou especial. Afinal, não sou só um jogador, sou O jogador.

Olhei para ele, meu coração disparando com o charme natural que ele exalava. A forma como se posicionava, a confiança em suas palavras, tudo isso me fazia sentir como se estivesse em um filme romântico, mesmo que estivéssemos a milhares de quilômetros de distância.

— Ok, Kelce, eu admito — eu disse, com um sorriso malicioso. — você tem uma certa... presença. Mas me diga, como você se sentiria se eu realmente fizesse uma música com seu nome? O que você faria para me apoiar?

— Primeiramente, eu seria o primeiro a baixar a música e ouvi-la em repeat. Eu tenho certeza de que seria um sucesso instantâneo. — disse levantando o indicador. — E segundamente, eu te chamaria para sair, para comemorarmos esse novo hit.

— E como você faria isso? Mandando flores ou algo assim? — questionei, cruzando as pernas e me inclinando um pouco mais para a tela.

— Flores são legais, mas eu sei que você prefere algo mais... ousado. — ele disse, dando uma risada baixa, com um brilho travesso nos olhos. — Talvez um jantar em um lugar romântico, seguido por um passeio pela cidade, onde eu poderia te mostrar algumas das minhas jogadas mais impressionantes. E não, não estou falando de jogadas de futebol.

— Isso soou bem romântico, Kelce. — eu o interrompi, fazendo uma expressão de desaprovação, já sentindo o rosto quente. — Mas enfim... Então você admite. — pontuei, com um sorriso triunfante no rosto, enquanto me ajeitava no sofá. — Se eu escrevesse uma música para você, Blank Space perderia toda a sua graça. — O tom de vitória na minha voz fez com que ele erguesse uma sobrancelha, um sorriso de lado se formando em seu rosto.

— Eu não sei, não sei... — ele balançou a cabeça, fingindo estar pensativo, embora fosse evidente que ele estava se divertindo. — Blank Space é bem catchy, mas… você, com essas palavras, me faria reconsiderar minha posição.

— Oh, então você está admitindo que eu sou uma artista melhor do que você imaginava? — perguntei, provocando-o.

— Não, não é isso. Não quero me comprometer com declarações tão radicais. — brincou, fazendo uma pausa, o olhar divertido e desafiador. — Mas, pensando bem, eu ficaria honrado em ser seu protagonista.

Ri, adorando a ideia.

— Sabe, eu realmente poderia fazer isso. Escrever uma música que capturasse nossa história… com o toque especial do Travis Kelce como protagonista.

Ele deu uma risada, passando a mão pelo cabelo bagunçado, em um gesto que sempre achava tão charmoso.

— Seria incrível! E posso imaginar a reação dos meus amigos quando escutarem. Eles vão ficar tipo: 'Esse cara é realmente o sortudo!'

Rimos juntos, e não pude deixar de admirar a forma como Travis não hesitava em expressar seu amor por mim, como se cada palavra e gesto fossem um reflexo genuíno de seus sentimentos. Era algo que me deixava leve, como se estivéssemos flutuando em um mundo só nosso, longe de qualquer pressão externa.

— Mas por enquanto, estarei torcendo para que um dia Tom peça pra você cantar Blank Space para ele dormir. — Travis brincou.

Ele tombou a cabeça para o lado, seu olhar curioso se aprofundando.

— E... bom, você vai falar ou não onde está? — questionou, ainda intrigado.

Sorri, aproveitando o momento de suspense.

— Tire você mesmo suas conclusões. — respondi, mudando para a câmera traseira do meu celular.

Comecei a mostrar devagar os equipamentos que estavam ao meu redor: um microfone de estúdio, monitores de áudio, cabos de gravação que se estendiam pelo chão e um software de gravação aberto.

A expressão de Travis se transformou à medida que ele começava a entender.

— Você está em um estúdio! Está gravando alguma coisa, não é? — ele apoiou os braços na mesa, aproximando o rosto da camera. O jeito como seus olhos se iluminavam me fez sentir um calor reconfortante no coração. — Você vai voltar a fazer shows? — Travis perguntou, enquanto se recostava na cadeira, as mãos entrelaçadas sobre a mesa.

Troquei para a camera frontal novamente, e agora, ajeitei o celular na mesa para que pudesse mostrar minha imagem, enquanto mantinha-me sentada no sofá.

— Eu estou... trabalhando um pouco. — respondi, levantando o fone de ouvido que havia usado momentos antes, como se fosse um troféu. — Mas não defini nada ainda. O que você acharia se eu voltasse?

A expressão dele mudou instantaneamente, e eu quase pude ver a energia vibrando ao redor dele.

— O que eu acharia? Isso é incrível! — exclamou, levantando o punho para o ar, um gesto de celebração que me fez rir. — Sério, princesa, eu fico muito feliz por você. Essa é sua paixão, é sua... sua vida. Estou te apoiando em qualquer decisão.

— Eu amo escrever e gravar, mas fazer shows é uma experiência diferente. Sabe, a energia da plateia… é tudo. — falei, tentando capturar o que significava para mim. — A adrenalina, as luzes, a conexão com as pessoas. É como se tudo se unisse em um só momento.

— Eu imagino! E você tem um talento tão incrível, não só para compor, mas para se apresentar. Você consegue cativar qualquer um. — Travis comentou, seu olhar intenso e sincero.

Dei um sorriso de canto, observando como Travis se iluminava ao falar sobre minhas músicas e meu possível retorno aos palcos. Era tão bonita a forma como ele se expressava, como se cada palavra que saísse de sua boca fosse uma celebração não apenas da minha arte, mas também de tudo o que nós significávamos um para o outro. Parecia que ele estava comemorando algo que ele mesmo havia feito, e não apenas uma conquista minha. Essa perspectiva me fez sentir especial.

— Você é incrível. Obrigado por me apoiar. Na verdade, levei muito em consideração seus comentários sobre eu voltar. — confessei, observando a tela com atenção. A luz suave do meu estúdio iluminava meu rosto. — Mas não quero fazer isso se, de alguma forma, acabar afetando sua vida e a de Tom. Você sabe… a forma como a mídia enlouquece com qualquer coisa que faço, é surreal. Invasiva.

— Não se preocupe conosco. Faça o que você ama. — ele aconselhou, a confiança transparecendo em sua voz. — Sei bem como lidar com essas coisas. E Tom… bem, nós estamos aqui por ele, não?

Senti um alívio ao ouvir suas palavras. Era reconfortante saber que ele estava ao meu lado, disposto a enfrentar as tempestades que poderiam vir.

— É verdade, mas você não acha que isso vai ser complicado? Quer dizer, Tom ainda é tão pequeno, e tudo o que eu fizer vai impactá-lo de alguma forma. — argumentei, imaginando como as coisas poderiam se desdobrar.

— Olha, a fama é realmente complicada. A mídia gosta de cair em cima. Mas isso não é algo que, tanto você quanto eu, já não estejamos completamente cientes, não é? — ele respondeu, seu tom reconfortante.

— É, eu sei... — murmurei, abaixando a cabeça.

— E sim, eles podem ficar ainda mais em cima de você se resolver voltar. Eu entendo sua preocupação com o Tom; ele é só uma criança e não compreende bem esse mundo. Mas isso não significa que você deva abrir mão do que ama. Ele precisa ver que você está feliz. Isso é o mais importante — continuou, sua voz calma e serena penetrando o turbilhão de pensamentos na minha mente. — Você não precisa abrir mão de quem você é só porque ele é pequeno. E quanto à mídia… eles sempre vão ter algo a dizer, mas o que realmente importa é o que nós sabemos. E o que você sabe.

Levantei os olhos, admirando-o.

— Estou realmente feliz por você. — ele reafirmou, a voz cheia de orgulho. — Ia dizer que estou morrendo de saudades. Eu e Tom, claro. Mas agora que sei que esse é um dos motivos para você estar aí, não irei atrapalhar com meus dramas.

— Eu estou também. — suspirei. — Mas agora só faltam três dias para eu estar com vocês novamente.

A menção ao nosso reencontro me trouxe uma onda de alegria, misturada com ansiedade. A contagem regressiva me fazia sentir como se eu estivesse à beira de um grande evento. Não apenas por estar com Travis e Tom, mas também porque a volta ao convívio familiar me parecia um sopro de renovação.

— Três dias! Isso é quase amanhã! — Travis brincou. — Estou contando os minutos. Tom não para de perguntar quando você vai voltar. — mencionou, fazendo-me rir. Esse garotinho sabe exatamente quando, mas mesmo assim, sempre questiona. — E você está bem? Quer dizer, não teve mais aqueles sonhos? — Travis perguntou preocupado, sua expressão séria enquanto me observava na tela.

— Não tive. O que, por sinal, não sei explicar... Você vai me achar louca, mas estou sentindo falta desses sonhos. — contei, mordendo o lábio inferior nervosamente. Enquanto falava, olhei pela janela do estúdio, observando as folhas balançando suavemente com o vento. Era como se a natureza estivesse respondendo ao meu tumulto interno. — Parecia uma forma de Peter me visitar, sabe? Mesmo que no final ele acabasse indo embora. Sei que eu me sentia mal quando acordava, mas... parece que agora a ida dele foi definitiva.

Meus olhos lacrimejaram, mas fiz o possível para me segurar. Era difícil falar sobre isso, a dor ainda estava presente, mas eu estava tentando lidar com tudo. O silêncio pesou por um instante, e eu me vi perdida em lembranças, tentando compreender o que havia acontecido.

— É loucura, né? — perguntei virando o rosto, para limpar as lágrimas. — Você nem deve acreditar nessas coisas.

— Não te acho louca. E, bom, eu entendo que você se sinta assim, amor. — respondeu. — Não sei se acredito que realmente tenha sido uma visita, e que agora elas acabaram. — ele fez uma pausa, e eu pude ver a reflexão em seu olhar. — Sabe, às vezes o nosso cérebro tenta nos proteger. Talvez esses sonhos fossem a maneira dele de te ajudar a lidar com a perda. — continuou, sua voz baixa, quase como se estivesse compartilhando um segredo. — E agora que você está um pouco mais em paz com tudo, eles pararam.

Acho que ele estava certo. Nunca vi o rostinho de Peter, nem o segurei no colo. A forma como eu o via nos meus sonhos era apenas como eu imaginava que ele seria. Lembro-me das feições que eu criava em minha mente: cabelos naquela famosa cor strawberry blonde, olhos azuis brilhantes, um sorriso doce e um jeito travesso de olhar para mim, como se soubesse todos os meus segredos.

Nos meus sonhos, ele era sempre uma presença calorosa, como um sol suave que iluminava as sombras em meu coração. E de alguma forma, quando passei a sonhar com ele, vi aquilo como pequenos sinais de que, talvez, só talvez, fosse ele de verdade. Que tudo que ele falava era real para mim. Era como se, através da névoa da minha dor e da saudade, ele estivesse tentando se comunicar, me dando conforto nas horas mais escuras.

— Talvez seja isso. — concordei, tentando não me deixar afundar naquele sentimento de vazio que sempre vinha ao falar sobre Peter. A mesa à minha frente estava coberta de folhas em branco e canetas, esperando que eu desenhasse algo com palavras, mas, por enquanto, tudo o que eu podia fazer era refletir. — Mas, mesmo assim, sinto falta. É como se, nos sonhos, eu ainda tivesse a chance de dizer as coisas que nunca consegui, sabe? De pedir desculpas por ter... brigado com Joe aquele dia. Ou talvez por ter continuado com ele mesmo depois disso.

Travis suspirou, a expressão dele se tornando mais pesada. Ele sabia o quanto esse tema era sensível, e, por vezes, era perceptível que ele não sabia muito bem o que dizer.

— Eu entendo, amor. Sei que deve ser difícil. — disse. Hesitou por um momento, e eu senti meu coração apertar com a expectativa do que ele diria a seguir. — É um pouco difícil de saber se eram visitas ou se apenas sonhos, sabe? Não quero menosprezar o que você sente com relação a isso, é só que... eu sou muito desses que acredita mais quando eu mesmo vejo, entende?

Ele se endireitou, cruzando os braços sobre o peito, enquanto eu me perdia nas suas palavras. O que ele dizia tinha um fundo de verdade. Às vezes, parecia mais fácil acreditar que Peter realmente havia me visitado, ao invés de aceitar que tudo não passava de uma construção da minha mente. Eu o observava, admirando a forma como ele se colocava, com sinceridade e gentileza, buscando uma forma de me confortar sem desmerecer o que eu sentia.

— Sim, eu entendo. — respondi, tentando me conectar ao que ele estava dizendo. — Às vezes, é mais fácil crer em algo que faz a gente se sentir menos sozinha. Quando eu sonho com ele, sinto como se, de alguma forma, ele ainda estivesse aqui, me ouvindo.

— De todas as formas, nos sonhos ele sempre me passava essa ideia de que... sempre estava comigo. — murmurei, olhando para o chão, tentando colocar em ordem os pensamentos que pareciam confusos.

Travis inclinou a cabeça levemente, como se estivesse se certificando de que eu realmente quisesse continuar.

— Sim, isso com certeza. — ele afirmou, sua voz calma e segura. — Ele está cuidando de você. Ele é seu anjinho da guarda, tenho certeza disso.

Aquelas palavras me trouxeram um pequeno sorriso. A forma como Travis falava tinha um jeito reconfortante, quase como se ele estivesse tentando tecer uma rede de segurança ao meu redor.

— Você sempre sabe o que dizer. — sussurrei, sentindo o peso da conversa anterior começar a se dissipar.

— Eu tento — ele respondeu com um sorriso.

Mas agora, eu queria mudar o rumo da conversa, deixar o peso da tristeza para trás, mesmo que temporariamente.

— Bom, mudando de assunto; o que vocês comeram no almoço? — perguntei, tentando soar animada, enquanto verificava as horas no meu relógio.

— Ah, você não vai acreditar. Finalmente um prato diferente, só para variar um pouco.  — Travis brincou, e a ironia na sua voz era evidente. — Fiz macarrão com queijo.

— E o Tom ainda não enjoou? Você falou isso ontem no almoço, no jantar... Para o jantar de hoje, o que será? — perguntei, com um sorriso brincalhão.

Ele soltou uma risada leve.

— A especiaria: macarrão com queijo. — disse, imitando um tom de chef renomado, e não consegui conter a risada.

— Seus talentos culinários são realmente impressionantes.  — eu ironizei. — Você deve ser o único chef que faz uma carreira inteira em cima de um único prato.

— Ei, não subestime a versatilidade do macarrão com queijo! — Travis respondeu, sua voz cheia de indignação cômica. — Posso adicionar diferentes queijos! É um mundo inteiro de sabores!

— Uh, que ousado! Você deve estar se sentindo como um verdadeiro Gordon Ramsay, não é? — brinquei, e o riso dele ecoou através do telefone,

— O único problema é que não tenho o sotaque britânico. — Travis disse com um tom de falsa seriedade, e ambos começamos a rir novamente. — Mas e você? O que comeu?

— Ah, eu só fiz uma salada bem simples. Nada de especial. — respondi, encolhendo os ombros e olhando para a tigela vazia na minha frente. Havia algo de insatisfatório em como tinha me alimentado, e uma pontada de culpa me atravessou. O dia estava tão corrido que eu mal havia pensado no que estava colocando para dentro. Ele murchou os ombros também, e um suspiro escapou de seus lábios. — Desculpa, amor. Eu sei que deveria ter comido algo mais, mas está tudo tão corrido aqui. — confessei, tentando me justificar, mesmo sabendo que era uma desculpa fraca.

— Me prometa que, quando chegar, você vai comer algo de verdade. — Travis exigiu, seu dedo indicador apontando para a tela como se estivesse lá fisicamente.

— Eu prometo! Só estou... na correria do dia a dia, sabe? — expliquei, tentando dar um ar de leveza à conversa, mas ele continuou com uma expressão de preocupação.

— É ótimo que você coma salada, mas só isso não alimenta. — ele insistiu, e eu sabia que ele tinha razão. A vida às vezes me levava a ignorar essas coisas simples, e o amor dele me lembrava do que era importante.

— Tá bom, tá bom! Vou fazer uma refeição de verdade assim que chegar. — assegurei, balançando a cabeça para mostrar que estava levando a sério.

Antes que Travis pudesse responder, uma pequena mão surgiu na tela, interrompendo a nossa conversa. Era Tom, com seus olhos brilhantes e expressão travessa, que agarrou o celular de Travis com as duas mãos, inclinando-se para ficar mais perto da câmera. Tive a visão de suas bochechas levemente rosadas, e sua boca se abriu em um sorriso travesso que só um garotinho poderia ter.

— Mamãe! — Tom exclamou, quase pulando de alegria.

Tom então se virou para o pai e subiu no colo de Travis, suas perninhas pequenas se movendo rapidamente para se acomodar entre as coxas do pai. Ele se apoiou nas costas de Travis, enquanto encontrava um lugar confortável. Travis, com seu jeito carinhoso e protetor, envolveu o filho com um braço, puxando-o para mais perto, enquanto Tom se aninhava contra ele, como um pequeno pássaro buscando abrigo.

— Oi, meu amor! — respondi, e a doçura na voz dele me derreteu instantaneamente. Ver aquele rostinho tão próximo da câmera, com as bochechas rosadas e os olhinhos brilhantes, me fez sorrir sem nem perceber. — Como você está?

Tom fez um bico adorável, aquele típico gesto que ele sempre usava quando queria amolecer nossos corações. Ele sabia que funcionava.

— Estou com saudade... — contou, a voz carregada de uma sinceridade que quase me partiu o coração. Suas mãos pequenas apertavam o celular de Travis, como se aquilo fosse aproximar ainda mais nossa conversa. — Quando você volta?

Suspirei suavemente, sabendo que isso se repetiria pelos próximos dias.

— Ah, gatinho, você perguntou isso ontem. São cinco dias, lembra? — tentei manter a voz o mais suave possível, como quem explica pacientemente a uma criança impaciente, já imaginando que ouviria essa mesma pergunta até o dia de eu chegar.

Ele franziu a testa, como se estivesse tentando calcular cinco dias na cabeça. Para ele, cinco dias deviam parecer uma eternidade.

— Mas ontem você disse que faltavam quatro dias! — exclamou, como se tivesse me pego em uma grande contradição, e eu não pude deixar de rir da lógica simples dele.

— É verdade, e agora faltam três, olha só! Está diminuindo! — fiz o melhor esforço para soar animada, mas ao vê-lo murchar um pouco, eu soube que isso não era o suficiente. Ele queria que fosse agora, não em cinco dias.

Tom se ajeitou no colo de Travis, que assistia à conversa com um sorriso paciente nos lábios. Ele passou o braço grande ao redor do filho, puxando-o de leve para que ele se encostasse melhor em seu peito. Era quase automático, aquele jeito protetor de Travis. Sempre tentando trazer conforto, mesmo nas menores interações. Tom se mexeu um pouco, buscando um lugar mais confortável nos braços do pai, e finalmente se rendeu, encostando a cabeça no ombro dele, com um suspiro frustrado.

— Eu queria que fosse agora... — murmurou, quase num resmungo, sua voz abafada pela camiseta de Travis. — Não é justo...

Eu respirei fundo, sentindo uma leve pressão no peito ao vê-lo tão desanimado. Travis, percebendo, começou a acariciar os cabelos de Tom, os dedos grandes se movendo suavemente pelas mechas bagunçadas do garoto.

— Ei, campeão, quatro dias vão passar voando. Quando você menos esperar, a mamãe já vai estar aqui, e vamos poder brincar todos juntos. E tem o Halloween, lembra? — Travis interveio, tentando acalmar a frustração do filho.

Tom olhou para a câmera novamente, com os olhos ligeiramente umedecidos, e aquele olhar me partiu o coração.

— Vamos sair pra pedir doces juntos? — perguntou, a voz frágil, como se estivesse buscando uma confirmação para poder acreditar.

— Claro! — disse rapidamente, querendo tranquilizá-lo.

Tom deu um suspiro profundo, claramente tentando conter as emoções. Sua carinha estava um pouco mais calma, mas eu ainda conseguia ver aquela pontinha de ansiedade nos seus olhos.

— Vamos nos fantasiar também? — ele perguntou, a voz um pouco mais animada agora.

Eu sorri, tentando transmitir o máximo de calor possível pela câmera.

— Com certeza, amor! Você já pensou no que vai querer vestir? — perguntei, já antecipando que ele tinha algo em mente.

Ele olhou de relance para Travis, como se estivesse buscando uma resposta secreta. Meu namorado, percebendo, sorriu de leve e deu um pequeno aceno, incentivando o filho a contar.

— Vou ser o Batman! — Tom anunciou, com uma determinação adorável. — E o papai vai ser o Robin! — completou, com a maior seriedade, como se já tivesse decidido todo o plano.

Eu não consegui segurar a risada.

— O Robin? — questionei, erguendo uma sobrancelha para Travis, que estava balançando a cabeça e sorrindo, claramente aceitando seu destino com bom humor.

— É, aparentemente, o Batman aqui precisa de um ajudante... — comentou, colocando a mão no ombro de Tom como se estivesse resignado.

— Você sabe que o Batman é quem manda, né? — Tom olhou sério para o pai, como se o título de "Batman" o colocasse em uma posição de autoridade indiscutível. Travis assentiu, tentando manter o semblante sério.

— Com certeza, campeão. — respondeu, dando uma piscadela.

Tom se virou para mim novamente, os olhos brilhando de excitação.

— E você, mamãe? O que vai ser?

Pensei por um momento, querendo entrar na brincadeira, mas também sabendo que Tom teria alguma ideia em mente.

— Hmm, acho que vou ser a Batgirl, o que me diz?

Tom sorriu largo, satisfeito com a escolha.

— Sim! A Batgirl! A gente vai ser um time invencível! — exclamou, batendo as mãos pequenas uma contra a outra em entusiasmo.

— Invencíveis mesmo! — eu disse, sentindo meu coração se aquecer ao vê-lo tão feliz.

— Mamãe... você promete que vai estar aqui a tempo?

Essa pergunta foi dita com uma simplicidade quase dolorosa. Mesmo que ele soubesse que eu iria, havia sempre aquele medo infantil de que as coisas pudessem não acontecer como o esperado. A pureza da pergunta me atingiu em cheio, e eu me vi inclinando-me para mais perto da tela, como se isso pudesse diminuir a distância.

— Eu prometo, amor. Eu vou estar aí, e vamos pedir muitos doces juntos. — respondi com a maior certeza que pude colocar na voz. — E adivinha? Vou trazer algumas surpresas também! — acrescentei, tentando animá-lo ainda mais.

Tom sorriu novamente, os olhos brilhando de expectativa.

— O que é? O que é? — ele perguntou, animado como sempre ficava quando ouvia a palavra "surpresa". Mas antes que eu pudesse responder, Travis interrompeu, levantando uma mão.

— Se ela contar agora, não vai ser surpresa, campeão.

Tom cruzou os braços, fingindo frustração. A mesma expressao que Travis fez quando mencionei uma surpresa para ele quando voltasse.
Thomas era um clone do pai, numa versão menor, apenas.

— Ah, tá bom... Mas eu vou adivinhar! — declarou, e eu ri com a determinação dele.

— Boa sorte tentando adivinhar! — eu brinquei, piscando para ele. — Vai ser difícil, mas quem sabe?

Tom ficou pensativo por um momento, como se já estivesse tentando decifrar o mistério da surpresa.

— Já sei! — gritou. — Você vai me trazer presentes!? — o menino perguntou, agora mais animado, os olhos brilhando de expectativa. A inocência dele era tão adorável que eu não consegui evitar um sorriso.

— É claro que sim, meu amor! Mas só se você se comportar. — respondi, fazendo um gesto de advertência com o dedo. Eu sabia que ele adorava a ideia de receber um presente e estava ansioso para ver qual seria a sua reação quando eu voltasse para casa.

Tom abriu um sorriso largo, os olhinhos brilhando mais ainda com a menção de presentes.

— Eu sempre me comporto, mamãe! — ele declarou, balançando a cabeça rapidamente, seus cabelos bagunçados acompanhando o movimento. — Pode perguntar pro papai!

Travis soltou uma risada baixa, cruzando os braços e balançando a cabeça em negação.

— Hm, não tenho certeza disso... — ele disse, a voz carregada de brincadeira, claramente provocando o filho.

Tom virou-se imediatamente para o pai, com a expressão em alerta.

— Eu me comportei sim! — protestou, com o lábio inferior levemente tremendo, mostrando que ele levava o assunto muito a sério.

— Ah, tá bom... — Travis levantou as mãos em rendição, ainda sorrindo. — Se a sua mãe disse que vai trazer presente, eu não tenho como discordar, né? — completou, piscando para mim na tela.

Eu ri, sentindo o calor da interação entre eles.

— Bom, se o papai concordou, então acho que estamos todos de acordo. — brinquei, tentando fazer com que Tom relaxasse.

Travis ergueu-se, pegando seu celular enquanto equilibrava o filho no outro braço. A imagem começou a borrar, balançando de um lado para o outro, enquanto ele se movia em direção à sala, por fim, sentando-se no sofá e puxando Tom para seu colo. Ele ajeitou o pequeno em seus braços com facilidade, e Tom, ainda cheio de energia, se aconchegou contra o peito do pai, mas os olhos nunca deixaram a tela, ainda focados em mim.
O homem acomodou o celular na mesa de centro, me dando uma visão mais ampla deles.

— E o que você gostaria de ganhar? Um brinquedo novo? Uma bola de futebol?

— Hum... deixa eu ver. — alisou o queixo, exatamente como por vezes, vi Travis fazer. — Um video game, uma bola de basquete...

Tom parecia mais empolgado do que nunca, enquanto listava seus desejos, ele estava completamente imerso na imaginação, erguendo o dedinho para marcar cada um de seus "pedidos".

— Um pebolim, o escudo do Capitão América, um lançador de avião... AH, e um Nintendo Switch! — ele disse, quase sem respirar, e então fez uma pausa dramática. — E uma hoverball também, pra jogar com o papai! — completou, com a voz cheia de expectativa.

Eu ri, surpresa com a quantidade de coisas que ele conseguiu pensar em tão pouco tempo. Era típico dele; uma imaginação sem limites e uma energia incansável. Travis, ao lado dele, também não conseguiu conter a risada.

— Uau, você quer tudo isso? — perguntei, impressiona. — Vai sobrar algum espaço no quarto depois de tanto presente?

— Vai sim, mamãe! Eu vou arrumar tudo direitinho. Prometo! — fez um gesto com as mãos como se estivesse organizando mentalmente o espaço.

Travis soltou um suspiro leve enquanto passava a mão pelos cabelos de Tom, que estavam completamente despenteados após toda a animação da conversa. Seus dedos tentavam alinhar as mechas bagunçadas que teimavam em se levantar. Ele olhou para o garoto com um semblante meio sério, mas o tom de voz era suave, quase paternal.

— Relaxa, campeão. Isso é só uma lista para que ela escolha o que vai trazer, não é? — Travis perguntou, erguendo uma sobrancelha, um pouco sério.

Tom, com os olhos ainda brilhando de expectativa, sorriu e assentiu com força, como se estivesse confirmando que entendia exatamente o que o pai queria dizer.

— Sim! — respondeu com entusiasmo, balançando a cabeça de maneira quase exagerada. — Eu ia amar qualquer um desses! — exclamou, os olhos ainda vidrados na tela, como se a simples ideia de ganhar qualquer coisa daquela lista o deixasse nas nuvens.

Travis riu baixo, satisfeito com a resposta do filho, e apertou de leve o ombro dele, enquanto Tom olhava para mim pela tela com aquela carinha de quem mal pode esperar para receber o presente. Eu podia ver Travis ajeitando o garoto no colo, fazendo questão de deixá-lo mais confortável, enquanto ele próprio mudava ligeiramente de posição no sofá.

Eu me mexi na cadeira onde estava sentada, sentindo as pernas meio dormentes por estar tanto tempo na mesma posição, mas o sorriso nunca deixou meu rosto.

— Bem, vou ver o que consigo fazer com essa lista de desejos... — falei em uma entonação de brincadeira, piscando para Tom. — Mas só se você se comportar, mocinho! — levantei um dedo de advertência na câmera, tentando manter o tom de brincadeira, mas firme o suficiente para que ele soubesse que eu estava falando sério.

Tom fez uma expressão de seriedade exagerada e assentiu com determinação.

— Eu vou, eu prometo! — cruzou os braços como se quisesse mostrar que estava totalmente comprometido com sua parte do acordo.

Travis o abraçou de lado, puxando-o para mais perto, e olhou para a câmera.

— Bom, acho que o pequeno campeão aqui já está planejando o Natal também, né? — comentou rindo, e Tom logo se animou ainda mais com a ideia.

— Natal! — Tom gritou, pegando o celular na mão novamente e aproximando do rosto. — Eu vou pedir um monte de coisas pro Papai Noel também!

Eu apenas balancei a cabeça, sorrindo, imaginando como seria lidar com essa energia toda durante as festas.

Antes que Tom pudesse continuar sua avalanche de pedidos, Travis pegou o celular de volta, ainda com aquele sorriso indulgente no rosto, mas com uma firmeza que deixava claro que o pequeno já havia invadido o tempo demais.

— Me dá licença agora, carinha! — disse ele, puxando gentilmente o aparelho das mãos de Tom e fazendo-o descer de seu colo com um leve empurrão, mas ainda carinhoso. — Mais tarde você fala com a mamãe, agora era a minha vez. — pontuou, ajeitando-se novamente no sofá.

Tom fez uma careta rápida, de leve desapontamento, mas não resistiu muito. Ele sabia que essa era a rotina, e mesmo que tentasse roubar um pouco do tempo do pai, sempre acabava cedendo. Deu alguns passos para longe, distraído com algum brinquedo próximo, mas antes de sair por completo do enquadramento da câmera, olhou para mim mais uma vez.

— Tchau, mamãe! — disse com aquele tom quase teatral de despedida, acenando com uma mão enquanto na outra já segurava um carrinho.

— Tchau, meu amor! — respondi, sorrindo, sabendo que não passariam muitas horas antes de ele aparecer novamente para mais um aceno.

Travis observou o filho com um olhar que misturava amor e uma leve exasperação de pai, o tipo de expressão que mostrava o quanto ele estava acostumado com aquela energia incansável. Assim que Tom sumiu do campo de visão, ele se ajeitou no sofá, segurando o celular com mais firmeza agora, como se estivesse retomando o controle da situação.

— Esse moleque... — ele murmurou, balançando a cabeça, mas com um sorriso no rosto. — Parece que está ligado no 220 o tempo todo.

Eu ri, entendendo perfeitamente o que ele queria dizer. Era difícil não se contagiar com a energia de Tom, mas também sabia que isso podia ser exaustivo, especialmente quando Travis estava tentando manter uma conversa mais tranquila.

— Você não me engana, Travis. Sei que você adora isso. — brinquei, cruzando os braços, observando-o com um olhar divertido.

Ele levantou uma sobrancelha, fingindo surpresa por eu tê-lo "desmascarado", mas não fez questão de negar. Seus ombros relaxaram enquanto ele se inclinava para trás, claramente mais confortável agora que a "tempestade" chamada Tom tinha se afastado por alguns minutos.

— É, você está certa... — admitiu, suspirando. — Eu amo a energia dele, mesmo quando me deixa maluco. — ele para por um momento, olhando-me de lado. — Você não vai comprar todos aqueles presentes que ele listou, vai? — Travis franziu a testa, um olhar de preocupação no rosto.

— Nãão... — respondi, tentando fazer minha voz soar confiante, mas não consegui evitar que ela saísse um pouco mais fina. — Claro que não.

— Amor... — Travis disse, inclinando a cabeça levemente para o lado, com aquele tom desconfiado. — Não precisa. Ele tem muitos brinquedos. De verdade, não precisa gastar tanto.

Eu respirei fundo, tentando não parecer tão defensiva. Era verdade que Tom tinha uma coleção de brinquedos que era quase a inveja de qualquer criança da sua idade. O quarto dele estava cheio de carrinhos, bonecos e até algumas peças de Lego que se espalhavam pelo chão. No entanto, a alegria que vi nos olhos de Tom ao listar aqueles brinquedos era contagiante.

— Eu já disse que não vou — tentei soar confiante.

— Espero mesmo. — ele tentou fingir estar sério. — Amor, preciso ir. Tenho alguns assuntos para resolver antes da tarde terminar e, bom... você sabe que o Tom vai me enrolar até o último minuto antes de ficar pronto — Travis disse, se levantando do sofá, seus músculos se esticando enquanto ele se espreguiçava.

— É, eu sei. — respondi, rindo.— Também já vou. Preciso conversar com uma possível nova PR. Espero que essa dê certo.

Travis parou e me olhou com uma expressão de curiosidade.

— Você já conversou com quantas pessoas?

— Umas cinco, se não me engano. — respondi, pegando minha bolsa e olhando para o espelho, dando uma rápida checada no meu cabelo e na maquiagem. Um gesto automático, mas sempre necessário. — Algumas eram bem promissoras, mas nenhuma se encaixou exatamente na visão que eu tenho. Sabe, preciso de alguém com a competência da Tree.

— Você já considerou chamá-la de volta? — franziu a testa. — Talvez ela aceite, não?

Suspirei, ponderando por um momento.

— Eu tentei. — confessei, suspirando. — Mas acontece que... as coisas que antecederam a decisão dela, foram culpa minha. E por mais que tenha me desculpado, acho que pisei na bola.

— Vocês brigaram?

— Foi um desentendimento. — dei de ombros. — Mas não importa agora. Preciso de alguém que realmente entenda o meu estilo e como eu quero me posicionar. Alguém que tenha experiência com artistas e saiba como navegar nesse mundo louco que é a fama. Desde que a Tree saiu, percebi que as coisas ficaram mais complicadas. E agora com todos sabendo do nosso relacionamento, acaba ficando só para a sua equipe lidar com praticamente todas as noticias falsas que surgem.

— Isso é verdade. — ele concordou, seus olhos fixos em mim. — Você quer alguém que não só administre sua imagem, mas que também seja capaz de proteger a sua essência.

— Exatamente! — afirmei, animada. — Eu não quero que a nova PR apenas se concentre em aumentar números de seguidores ou gerar buzz vazio. Quero alguém que saiba contar a minha história de forma autêntica, que mantenha a conexão com os fãs e que realmente entenda o que é importante para mim. É complicado, mas preciso de alguém que tenha uma abordagem mais intelectual e estratégica.

Travis se endireitou, refletindo sobre minhas palavras.

— Então, você deve ter um bom questionário preparado para elas. Algo que vá além do básico, que mostre quem elas realmente são e como elas pensam. Você precisa de uma conexão genuína, certo?

— Totalmente! — respondi, sentindo a empolgação aumentar. — Quero saber como elas lidam com crises, como elas pensam em inovação nas estratégias e, principalmente, como se relacionam com as mídias sociais de uma forma que seja ética e responsável. Nos dias de hoje, é fácil perder a linha entre o que é autêntico e o que é apenas uma fachada.

Ele assentiu, um olhar sério em seu rosto, e eu sabia que ele estava entendendo a complexidade da situação.

— Enfim, vamos ver se dessa vez acertamos. — acenei para ele, com um sorriso no rosto. A expectativa de encontrar a nova assessora me deixava animada, mas também nervosa. — Te amo, até mais tarde.

— Te amo, até. — Travis respondeu, e com um gesto brincalhão, mandou um beijo no ar.

Eu fingi pegar o beijo com a mão, como se fosse um pequeno presente, e então devolvi o gesto com um sorriso mais largo.

Desligamos a chamada, e um silêncio pesado tomou conta, enquanto me dirigia, junto dos meus seguranças, em direção ao carro.

A viagem até em casa foi tranquila, mas meu coração estava inquieto, pulsando em um ritmo acelerado. Meus pensamentos flutuavam entre as músicas que havia escrito nos últimos dias, melodias que tentava transformar em algo bonito, uma maneira de colocar meus sentimentos no papel.

Ao chegar à entrada da minha casa, no entanto, tudo mudou em um segundo. Um homem surgiu do nada, batendo com força na janela do carro. O barulho ecoou, fazendo meu coração disparar. Eu olhei para o lado e vi a expressão alarmada do segurança ao meu lado. O homem segurava uma folha na mão, e suas palavras eram como um soco no estômago.

"Sou seu marido! Não vou deixar ninguém ficar entre o nosso casamento."

O medo se espalhou por meu corpo como um choque elétrico. Aquela situação era absurda, mas também era uma repetição de um pesadelo que eu já havia vivido várias vezes. Como alguém poderia ser tão louco? Meu cérebro lutava para processar o que estava acontecendo. Era o mesmo discurso que outros homens haviam usado antes, pessoas que alegavam ser meus maridos, como se isso fosse uma piada que nunca acabava. Mas não era engraçado. Era aterrorizante.

Eu não conseguia acreditar que estava passando por isso novamente. Tentei manter a calma, mas a adrenalina estava fazendo meu corpo tremer. Por um instante, meu olhar encontrou o do segurança. Ele imediatamente acionou o rádio, falando rapidamente com o restante da equipe sobre a situação. Eu não queria que isso fosse um escândalo, mas também sabia que precisava de proteção.

O carro começou a se mover lentamente, seguindo em direção ao pátio, e eu respirei fundo, tentando me acalmar. Mas o homem ainda estava lá, sua figura ameaçadora quase parecendo maior ao lado do carro. Ele não estava recuando; suas palavras ecoavam na minha mente. “Sou seu marido!” O tom possessivo dele me deixava ainda mais angustiada.

Aquela não era a primeira vez que lidava com esse tipo de situação. Famosa, eu estava sempre exposta, e isso atraía pessoas com intenções perturbadoras. Não era a primeira vez que homens desequilibrados apareciam na minha vida, afirmando ter algum tipo de vínculo comigo. Era angustiante e, em muitos aspectos, devastador.

Quando o carro se aproximou do pátio, os seguranças se colocaram na frente do veículo, formando uma barreira entre mim e aquele homem. Eu observava com um misto de medo e indignação. Como alguém poderia ser tão intrusivo? O homem estava gritando, suas palavras perdendo a lógica. “Você não pode me ignorar! Temos uma vida juntos!”

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