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Capítulo 15 - "That's my lady"

Oioioi!

Então, só passando aqui para dar uns avisos.

A história é uma espécie de universo alternativo. Mas em partes, ela trás coisas que realmente aconteceram na vida dos personagens.

É claro que, para se adaptar com as ideias que eu quero para a fic, muitas vezes vou acabar trazendo um acontecimento ou uma fala real para um momento diferente na fic, justamente porque aqui são situações diferentes.

Então tipo, encontros, falas, entrevistas podem ser trazidas para ocasioes diferentes aqui na fic, mesmo que tenham acontecido de outra maneira na vida real.

Acredito que vocês já sabiam disso, mas sempre sinto a necessidade de explicar.

Bom, vamos lá!

Esse capítulo ta mais descontraído, mas escrevi com toda minha dedicação, dando atenção aos detalhes para tornar especial para vocês também.

Espero de coração que gostem!

Deixem suas estrelinhas e comentários!

Beijooosss, até mais!🫶🏻

————— 《 ♧ 》—————

TRAVIS KELCE POINT OF VIEW

Kansas City, Missouri

October, 10, 2024

"We found Wonderland, you and I got lost in it."
— Wonderland, Taylor Swift

Aquela manhã parecia mais serena, como se a cidade, envolta em um manto de névoa suave, respirasse ao mesmo tempo que eu. O ar estava impregnado com a expectativa de um novo começo, mas eu sabia que por trás da fachada tranquila, as sombras de uma desarmonia ainda pairavam entre Taylor e eu. A sensação de que nada entre nós estava cem por cento resolvido me acompanhava, como uma nuvem persistente que se recusa a se dissipar.

Era um paradoxo estranhamente familiar: em meio à calmaria, eu planejava ardentemente uma forma de restaurar a harmonia que havia se perdido. A ideia de reconquistar seu coração, de resgatar aquilo que tínhamos, consumia meus pensamentos. A atenção que eu havia descuidado pareciam ter se tornado um abismo entre nós, e agora, mais do que nunca, eu precisava mostrar a ela que ainda era digno de seu amor. A insegurança e a dúvida martelavam em minha mente — havia momentos em que eu me questionava se realmente merecia a felicidade que sua presença trazia à minha vida.

Ela realmente é tudo o que eu poderia desejar — uma força da natureza, uma combinação de inteligência, beleza e graça. No entanto, aqui estou eu, um homem comum, sentindo-me como se fosse uma pessoa de sorte imensa por tê-la ao meu lado. A complexidade desse sentimento é avassaladora. Reconheço que, apesar das minhas inseguranças, Taylor é uma luz radiante que ilumina os cantos mais escuros da minha vida.

A verdade é que, a cada dia que passa, sinto uma urgência crescente em expressar o quanto a valorizo. A ideia de que ela poderia não perceber a profundidade dos meus sentimentos me consome. Há uma vontade quase primordial de gritar ao mundo inteiro — de me colocar em pé, levantar a voz e declarar para todos que tenho a sorte de amar e ser amado por alguém tão excepcional.

Você já ouviu falar que, quando se está verdadeiramente apaixonado, há um impulso quase incontrolável de compartilhar essa alegria com o mundo? Essa necessidade de proclamar aos quatro ventos quão abençoado você é por encontrar e nutrir um sentimento tão puro e genuíno? Sinto-me assim, como se uma chama interna estivesse prestes a explodir em uma confissão triunfante.

Porém, apenas declará-la em um sussurro íntimo não parece suficiente. O que eu desejo é que o universo inteiro saiba o que sinto. Quero que cada pessoa que cruzar nosso caminho perceba a conexão entre nós, que testemunhe a profundidade do que temos. O amor que cultivamos não é apenas algo que deve ser guardado em segredo; é um tesouro que merece ser revelado, celebrado e compartilhado. É uma história que clama por ser contada.

Imagino como seria se as pessoas pudessem ver, em nossos olhos, a dança sutil de emoções que nos conecta. Como se pudessem sentir a eletricidade no ar quando nossas mãos se encontram, a forma como o mundo ao nosso redor se dissolve e tudo se torna secundário diante da intensidade desse laço. É uma sinfonia de risadas e silêncios compartilhados, de olhares que falam mais do que mil palavras poderiam expressar.
Ao mesmo tempo, minha ideia e meus planos me assustam e empolgam. O que é um amor verdadeiro, senão uma vontade de ser visto e aceito em sua totalidade? Um desejo profundo de que cada pessoa ao nosso redor reconheça a autenticidade do que temos? É isso que busco. Uma forma de transcendência onde o nosso amor não apenas floresce entre nós, mas resplandece ao nosso redor, iluminando os corações daqueles que estão dispostos a olhar.

Jason estava plenamente ciente dos meus planos para aquela tarde. Ele era meu aliado, um cúmplice nesta jornada que tinha como único objetivo reconquistar a mulher que amava. Desde o início, ele demonstrou seu apoio inabalável, pronto para me ajudar a executar cada detalhe com precisão. Era confortante saber que não estaria sozinho nessa empreitada.

À medida que as horas se arrastavam, no entanto, a ansiedade começou a tomar conta de mim. Era como uma "coceira" interna, uma necessidade quase urgente de compartilhar tudo o que eu havia idealizado. Os detalhes da surpresa fervilhavam na minha mente, cada um mais vibrante do que o outro, como fogos de artifício prestes a explodir. Mas eu sabia que precisava resistir à tentação de revelar meus planos. A essência da surpresa residia precisamente no fato de que seria algo inesperado, uma demonstração de amor que não havia sido discutida, mas que falaria por si mesma.

Observá-la brincar com Tom após o almoço deixava meu coração derretido, uma visão que preenchia meu ser de uma alegria pura e quase palpável. Desde que ele chegou, sempre encontrava uma maneira de "alugá-la" para suas divertidas aventuras, seja em uma competição de carrinhos, pega-pega, ou qualquer outra brincadeira que surgisse em sua imaginação fértil. Eu me via frequentemente atraído para essas atividades, mas hoje a situação era diferente. Estava absorto nos preparativos para gravar um novo episódio do New Heights, o que exigia minha total atenção.

Escorado no batente da porta, observava os dois com um sorriso discreto nos lábios, um misto de felicidade e admiração brotando dentro de mim. A luz do sol filtrava-se através das folhas das árvores, banhando o quintal em um brilho radiante que parecia realçar ainda mais a cena diante de mim. Taylor e Tom estavam envolvidos em uma nova rodada de suas aventuras, e a leveza de suas risadas enchia o ar, tornando-o vibrante e acolhedor.

Tom estava entusiasmado, com sua energia contagiante enquanto tentava ensinar Taylor a pilotar seu carrinho de controle remoto. Naquele instante, o mundo exterior parecia desaparecer, e eu me permiti ficar ali, absorvendo a imagem deles. Diante de mim, havia duas máquinas que brilhavam à luz do sol: o carrinho vermelho vibrante de Tom e o azul cintilante que Taylor havia escolhido, ambos modelos de lamborghini que pareciam prestes a ganhar vida própria.

— Tudo bem! — Tom disse, agachando-se para pegar seu carrinho, e posicioná-lo aos seus pés. — Aqui está como você vai fazer. — mostrou o controle. — Primeiro, você precisa apertar esse botão aqui para acelerar. E para virar, você usa esse outro. — ele gesticulou, demonstrando, enquanto ela observava atentamente.

— Certo! Aperta o botão para acelerar e... o que mesmo eu faço para virar? — Taylor perguntou, com os olhos arregalados de empolgação. A inocência dela sempre trazia um sorriso ao meu rosto, e agora não era diferente.

— Esse aqui! Você vai ver, é fácil! — ele garantiu, tentando tranquilizá-la.

Taylor pegou o controle remoto e, com um sorriso decidido, pressionou o botão de aceleração. O carrinho azul disparou para frente, mas logo começou a ziguezaguear descontroladamente, enquanto ela tentava fazer ele virar em uma curva.

— Oh não! Espera, espera! — a loira exclamou, tentando girar o controle para estabilizá-lo.

Tom não conseguiu conter o riso.

— Calma, mamãe!

Meu coração deu um salto, um daqueles momentos em que tudo ao redor parece desacelerar, como se o tempo desse uma pausa para te permitir absorver a profundidade do instante. Eu sabia, claro, que esse momento chegaria. Após ouvi-los conversando na noite anterior, era previsível que Tom começaria a chamá-la assim. Mas, ainda assim, nada poderia me preparar para a onda de emoção que se seguiu. Ouvir essa palavra, mamãe, saindo da boca dele, pela primeira vez em voz alta, encheu o espaço com um peso suave e emocional, algo que não se pode medir.

Ele não havia dito isso pela manhã — ao menos, não na minha frente. — e achei que talvez estivesse processando ainda, testando em silêncio se aquela palavra realmente cabia no novo lugar em que ele a colocaria em seu coração. Mas agora, ele a disse com total naturalidade, como se Taylor sempre tivesse sido a mãe dele, como se essa transição fosse tão orgânica quanto o amanhecer de um novo dia. Não havia hesitação, apenas uma aceitação sincera, imensamente profunda.

E então, como que atraída pela mesma gravidade que parecia me prender, Taylor ergueu o olhar, os olhos encontrando os meus de forma instantânea, como um reflexo. Havia algo tímido no seu sorriso, uma suavidade que falava mais do que qualquer palavra poderia. Era como se ela quisesse me explicar, com aquele gesto delicado, que essa nova etapa não foi forçada. Que, por mais que essa ideia dela ser mãe dele pudesse ter começado nele, ela também a abraçava com o coração. E, naquele sorriso, havia uma emoção sincera, mas não o tipo de emoção que vem carregada de dúvida ou medo, mas a doçura de alguém que encontrou seu lugar. Um brilho diferente em seus olhos me fez perceber que ela estava feliz com isso, talvez até mais do que eu imaginava.

O calor que invadiu meu peito era indescritível. O tipo de felicidade que só se encontra em momentos comuns, que se tornam extraordinários pelo significado que carregam.

Não consegui evitar rir, um riso suave, quase bobo, enquanto olhava para os dois. Era engraçado como, mesmo em meio à simplicidade de uma brincadeira no quintal, eu me sentia imensamente completo. Eles eram meus maiores tesouros. A visão dela, sem lágrimas desta vez, apenas sorrindo com suas bochechas rosadas e o coração leve, fazia com que o mundo, de repente, parecesse muito mais bonito. Eu poderia facilmente dar o mundo por momentos assim — onde o amor se revela nas coisas mais pequenas, nas palavras mais simples, e onde a felicidade floresce de forma natural, sem esforço, como o brilho suave do sol naquela tarde.

— Tente relaxar os dedos. — Tom continuou a explicar, fazendo-a olhar para baixo. — Acelera um pouco e, quando quiser virar, gire o botão suavemente!

Após algumas tentativas e um pouco de riso, ela finalmente conseguiu fazer o carrinho se mover em linha reta.

— Olha! Eu consegui! Estou indo para frente! — gritou, a felicidade irrompendo em sua voz.

— Isso mesmo! Agora, vamos fazer a corrida. Precisamos dar cinco voltas e voltar para a linha de chegada aqui. — apontou para um tronco que servia como a linha de chegada. — Pronta para começar?

— Estou!

— Então, em três, dois, um… já! — Tom gritou, apertando o botão e fazendo seu carrinho vermelho acelerar na pista improvisada que ele havia criado no quintal.

Taylor seguiu, mas seu carrinho começou a zig-zaguear na curva. Ela tentava controlar a direção, mas a falta de prática a fazia balançar o controle de um lado para o outro, enquanto ela ria de si mesma.

— Ai, meu Deus! Isso não vale! Você disparou antes! — ela acusou, em brincadeira, o riso escapando como uma brisa leve.

— Vamos lá, ou você vai perder! — o menino exclamou, concentrando-se em sua própria corrida.

Ao completar a primeira volta, Tom pôs a língua para fora, sua expressão transbordando adrenalina e determinação. Ele estava em busca da vitória, e cada curva da pista improvisada era uma nova oportunidade para se distanciar de sua competidora.

Na segunda volta, enquanto ele lutava para manter o controle do carrinho, eu percebi que Taylor, com os olhos fixos no seu próprio veículo azul, começava a manifestar uma crescente ansiedade. A pressão da competição estava evidente em seu rosto, e sua concentração intensificou-se à medida que ela tentava decifrar a mecânica do controle remoto. Seus dedos, nervosos e inquietos, finalmente cederam sob a tensão: soltou o botão que a havia feito zigue-zaguear. Contudo, em uma fração de segundo, manteve-se firme no acelerador, e logo seu carrinho disparou, mas não na direção esperada.

Com um movimento descontrolado, o carrinho azul foi para frente, atravessando a pista com a velocidade de um foguete. Era como se ela estivesse em uma montanha-russa de emoções, a euforia do momento se transformando em uma mistura de surpresa e leve frustração.

— Não! Não! Volta aqui! — ela exclamou, um tom de brincadeira desesperada na voz, enquanto os olhos se arregalavam em choque.

Tom, imerso em sua própria corrida, não pôde deixar de rir ao ve-la tão desengonçada com o jogo, o riso leve e sonoro ecoando pelo quintal, misturando-se com o tilintar das folhas que balançavam ao vento.

— Ei! Isso não vale! — ela reclamou, os olhos brilhando com uma mistura de indignação e diversão ao observar Tom completar a segunda volta com uma velocidade impressionante. — Você está muito rápido!

A expressão de frustração em seu rosto era quase cômica, e eu não consegui conter uma risada baixa, observando a cena. Ela fez uma pausa, tomando um momento para respirar e reunir suas forças.
Enquanto tentava novamente estabilizar o controle, seus dedos se moviam nervosamente, a tensão acumulada evidente em cada movimento. O carrinho teimava em girar descontroladamente sempre que ela tentava fazer a curva, desafiando sua habilidade e paciência.

Tom riu e respondeu: — O segredo é acelerar e virar na hora certa! Você consegue!

Mas a frustração dela só aumentava.

— Não, não! Eu estou atrasada! Meu carrinho só quer dar voltas malucas! — ela tentava se acalmar, mas seu jeito bobinho de ser a deixava ainda mais competitiva.

Enquanto ele completava a terceira volta, sua confiança crescia, e ele não podia evitar a vontade de olhar para ela, rindo da situação.

— Vem, mamãe! Você precisa acelerar! Olha, eu já estou na terceira volta!

Ela ergueu o queixo, indignada.

— Isso não é justo! Você podia esperar por mim!

Tom não conseguia parar de gargalhar, e a visão dele rindo incontrolavelmente a motivou a se empenhar ainda mais. Com uma determinação renovada, ela começou a girar o controle remoto com fervor, como se a movimentação dos braços, acompanhando os movimentos dos dedos, pudesse, de alguma forma, convencer o carrinho a se comportar. Cada virada que ela tentava parecia ser uma dança desajeitada.

Contudo, enquanto Tom cruzava a linha de chegada para completar mais uma volta, a luta de Taylor para dominar o seu carrinho persistia, como um atleta determinado a vencer um adversário invisível. O carrinho azul continuava a se desviar em direções imprevisíveis, teimosamente ignorando suas tentativas de controle.

Ela tentou novamente, apertando o botão de aceleração enquanto girava o controle, seus olhos fixos no pequeno carro que parecia ter vida própria. O ar fresco da tarde envolvia a cena, e a luz do sol filtrava-se pelas folhas das árvores, criando um jogo de sombras que dançava ao seu redor.

— Vamos lá, vamos lá! — sussurrou para si mesma, quase como um mantra, na esperança de que o universo a ouvisse. E, em um momento de graça inesperada, seu carrinho conseguiu uma linha reta por alguns segundos, deslizando pelo quintal com um ritmo que fazia seu coração disparar. — Olha! Eu estou indo! — gritou, o entusiasmo ressoando em sua voz, um reflexo de sua alma infante.

Mas essa breve vitória foi efêmera. Assim que se aproximou da curva, o carrinho fez uma manobra abrupta, ziguezagueando e quase tombando.

— Por que você não desacelera um pouco? Eu não sou uma piloto profissional! — exclamou, dramatizando.

— Desculpa, mamãe, mas eu não posso parar agora! Estou quase ganhando.

A tensão entre eles era palpável. Era um jogo não apenas de carrinhos de controle remoto, mas de amor e brincadeiras, onde as risadas e a frustração de Taylor tornavam tudo ainda mais especial. E eu, assistindo a tudo isso, sabia que esses momentos simples eram as fundações de algo maior.

Tom correu para a linha de chegada com o carrinho vermelho disparando pela pista, enquanto Taylor, ainda se ajustando ao controle, mal conseguia fazer seu carro completar a primeira volta. Quando finalmente conseguiu, com o carrinho ziguezagueando pelo quintal, ela viu Tom já comemorando sua vitória, os braços erguidos em triunfo.

— Não! Não pode ser! — resmungou, jogando as mãos para o alto. — Eu mal saí da largada!

Em um gesto teatral, Taylor sentou-se sobre a grama, com as pernas em formato borboleta, e começou a simular um choro desconsolado, cobrindo o rosto com as mãos enquanto soluçava de maneira exagerada, como se a derrota na corrida tivesse se tornado uma tragédia de grandes proporções. O espetáculo era tão convincente que, por um momento, até mesmo eu me senti comovido.

Segurei a risada ao ver a expressão confusa de Tom, que, completamente alheio à encenação, olhava para ela com uma mistura de preocupação e perplexidade. Ele hesitava, a mão em frente à boca, enquanto lutava contra a vontade de rir também. A inocência dele, ainda tão pura e desprovida de malícia, contrastava com o drama que minha namorada estava encenando.

— Mamãe, você está bem? — perguntou, a preocupação brotando em sua voz, e a sinceridade de seu questionamento fez meu coração se encher de ternura.

Taylor, percebendo que a atuação estava causando mais preocupação do que risos, rapidamente deixou escapar uma risada entre os soluços, revelando sua verdadeira intenção.

— Eu sou péssima nisso! — exclamou Taylor, dramatizando sua frustração enquanto continuava a "chorar". — Você foi muito injusto comigo!

Tom olhou para ela, a confusão atravessando seu pequeno rosto por um breve momento. Ele estava começando a perceber que tudo não passava de uma brincadeira. No entanto, a cena ainda era suficiente para apertar seu coração delicado, evidenciando a empatia que já brotava nele.

— Ei, ei, mamãe! Não fica triste! — ele exclamou, largando seu controle na grama com um gesto apressado e correndo até ela, sua expressão um misto de preocupação genuína e inocência. — Foi só uma corrida.

Com um impulso natural, ele a puxou para um abraço apertado, envolvendo-a em seus bracinhos pequenos, enquanto batia levemente nas costas dela, como se estivesse tentando confortá-la de verdade.

Taylor, mantendo a pose, continuou a fingir tristeza, limpando as lágrimas imaginárias que não existiam, mas que tornavam a cena ainda mais cativante. Sua habilidade de transformar uma simples derrota em um espetáculo repleto de emoção era notável.

— Eu não sei se vou conseguir me recuperar disso. — ela disse, a voz tingida de uma dramaticidade tão hilariante que não pude evitar sorrir.

— Ok, ok! Que tal a gente fazer uma nova corrida? — sugeriu, afastando-se um pouco e segurando suas mãos. — Mas dessa vez, eu vou te ensinar como dirigir direito.

Ela olhou para ele, fingindo hesitação.

— Será que você vai mesmo me ajudar? Eu estou péssima com esse controle.

Tom balançou a cabeça, com um sorriso animado.

— Claro que sim! Vem, eu te ensino agora.

Meu filho pegou o controle das mãos dela e começou a explicar com a paciência de um verdadeiro professor.

— Aqui é pra acelerar, mas você não pode acelerar demais, senão ele vai sair voando. Aqui você vira, mas tem que virar devagar, se não ele faz esse zig-zag esquisito. — mostrou exatamente o que ela fez durante a corrida inteira.

Taylor observava com atenção, seus olhos azuis fixos nas explicações dele. Tom, apesar da pouca idade, explicava com uma segurança que era impossível não sorrir.

— Entendeu? — perguntou, entregando o controle de volta para ela.

Ela levantou-se, limpando a calça jeans, pegou o controle e acenou com a cabeça.

— Entendi! Agora, acho que estou pronta para uma revanche.

— Beleza! — assentiu, pegando seu próprio controle. — Mas dessa vez é só uma volta, combinado?

Eles se posicionaram na linha de largada, os olhos de Taylor brilharam com determinação. Dessa vez, ela realmente estava focada em melhorar. Quando Tom contou até três, os dois carrinhos dispararam pelo quintal, mas agora, ela conseguia controlar melhor o dela. Claro, ainda havia alguns pequenos zigue-zagues, mas estava muito mais estável.

Enquanto Tom se concentrava em sua corrida, ele olhou de soslaio para Taylor, vendo o esforço que ela fazia para guiar o carrinho. Ele já estava bem à frente, mas uma ideia brilhou em sua mente. Com um sorriso sapeca, ele decidiu diminuir a velocidade, fingindo que seu carrinho estava com algum “problema técnico”.

— Ah, não, meu carrinho travou! — disse, fingindo apertar desesperadamente os botões.

Taylor se aproveitou da oportunidade e ultrapassou Tom com seu carrinho, agora acelerando na reta final.

— Olha só, estou na frente! —  gritou, quase não acreditando.

Tom sorriu, observando-a tomar a dianteira. Ela se aproximou da linha de chegada com uma vitória iminente.

— Ei, isso não vale! — o menino gritou, fazendo questão de ir devagar, mas fingindo que o brinquedo não o obedecia.

Finalmente, o carrinho azul cruzou a linha de chegada, e ela ergueu os braços em comemoração.

— Ganhei! Eu ganhei! — deu pequenos saltos de alegria.

— Parabéns, mamãe. Você é uma ótima corredora. — ele disse, com um sorriso enorme.

Taylor se abaixou, alinhando-se à altura de Tom. A alegria em seu coração pulsava, e ela não conseguia deixar de sorrir para aquele menino que, mesmo em meio a brincadeiras, era seu maior torcedor.

— Você me deixou ganhar, né? — perguntou, apertando suavemente o nariz dele, um gesto que sempre provocava risadas. Tom soltou um riso espontâneo, a sinceridade de sua alegria inegável, e ela sabia que o momento era precioso.

Ele tentou disfarçar, mas o sorriso que brotou em seus lábios não deixava dúvidas sobre o que realmente havia acontecido. A pureza daquela interação era contagiante, e mesmo sem palavras, o entendimento passava entre eles como um fio invisível.

Tom deu de ombros, adotando aquele ar sapeca que eu conhecia tão bem e que sempre fazia meu coração se aquecer.

— Talvez... — ele disse, os olhos brilhando com travessura. — Mas você foi muito melhor dessa vez. Agora você já sabe como pilotar direitinho, mamãe!

Ela quase morreu de fofura naquele instante. Eu podia ver isso no jeito como seus olhos se suavizaram, como ela suspirou baixinho, absorvendo cada palavra.
Taylor adorava ouvir a palavra "mamãe" sair da boca dele. Cada vez que ele repetia, parecia que algo nela se aquecia mais um pouco. Eu sabia o quanto isso significava para ela, o quanto ela havia desejado esse momento, sem sequer perceber o quanto estava esperando por ele.

Ela o puxou para um abraço apertado, e Tom se aninhou em seus braços, aceitando aquele gesto. Ela segurou o pequeno corpo dele como se quisesse guardar aquele momento para sempre.

— Você sabe, gatinho... — ela começou, afagando os cabelos dele com delicadeza. — Eu adorei que você tenha me deixado ganhar. Mas o que eu mais gosto é quando você me chama de mamãe.

— É porque você é minha mamãe agora, não é?

Aquelas palavras eram simples, mas o impacto delas era enorme. Eu vi o olhar de Taylor se iluminar ainda mais, como se o mundo tivesse parado ao redor dela. Ela fechou os olhos por um segundo, se permitindo sentir aquilo de forma plena, sem reservas.

— Sim. — respondeu, a voz suave, quase em um sussurro. — Eu sou sua mamãe agora.

Minha mamãe. — afirmou, sorrindo orgulhoso.

Ela riu com uma doçura infinita, os olhos brilhando ainda mais.
Tocou suavemente seu rosto com uma das mãos.

— Você pode dizer de novo? — pediu, segurando o rostinho dele entre as mãos, as bochechas de Tom se tornando ainda mais rechonchudas sob seu toque delicado.

Tom piscou, meio confuso, mas obedeceu de imediato, com a mesma inocência encantadora.

— Mamãe. — repetiu.

— Mais uma vez.  — fez um bico com os lábios, a voz quase sussurrante, o brilho nos olhos intensificando.

— Mamãe.

Ela riu baixinho, como se estivesse ouvindo a mais doce e encantadora melodia que poderia existir. O som da risada se misturava ao ar morno da tarde, criando uma atmosfera de pura felicidade. Com um gesto afetuoso, puxou-o para mais perto, apertando suavemente as bochechas dele entre os dedos, como se quisesse guardar aquele momento de ternura em um pequeno frasco de memórias.

— Só mais uma vez, por favor. — insistiu.

— Mamãe. — ele disse de novo, agora já começando a perceber o jogo.

Taylor parecia absolutamente encantada, os dedos agora dançando pelos cabelos loiros do menino, enquanto ela absorvia aquele momento especial. Mas Tom, sempre impaciente, começou a franzir as sobrancelhas, percebendo que ela não iria parar tão cedo.

— Mamãe. — repetiu mais uma vez, sem que ela nem pedisse. A voz meio arrastada

Ela riu, encantada, e pediu de novo: — Mais uma vez, bebê.

Ele bufou, cansado, cruzando os braços.

— Mamãe, mamãe, mamãe! — exclamou, fazendo cara de tédio. — Tá bom, já chega, né? disse, rindo. — Você quer que eu fique repetindo o dia todo?

Taylor o abraçou de uma vez, apertando-o contra si, enquanto ainda ria, toda derretida.

— Eu adoro quando você me chama assim.

Tom, meio amassado no abraço, revirou os olhos de maneira divertida.

— Eu nem percebi. — respondeu ele, ironizando.

— Tenho um filho adolescente aos sete anos. — brincou.

Tom, com a energia de uma criança que não conhece limites, puxou a mão de Taylor, como se quisesse que ela se deixasse levar pela sua empolgação.

— Vamos brincar mais um pouco! — exclamou, a animação emanando dele como uma força contagiante.

— Vá organizando uma nova "pista", vou pegar um pouco de água. — avisou ela, dirigindo-se até mim.

Permanecei imóvel, um sorriso bobo dançando em meus lábios enquanto minhas mãos se enfiavam nos bolsos da calça bege, como se esse gesto simples pudesse me ancorar em meio à tempestade de emoções que pulsavam dentro de mim.

Ela parou diante de mim, a expressão curiosa e cativante que sempre me fascinava. A cabeça levemente inclinada para o lado, seus olhos azuis, profundos como um oceano, pareciam tentar decifrar os mistérios que habitavam minha mente. A maneira como seu olhar se detinha em minha pessoa me fazia sentir exposto, como se estivesse revelando não apenas meus pensamentos, mas também cada fração do meu ser.

— Ele te chamou de mamãe. Várias vezes. — comentei casualmente, a leveza das palavras contrastando com a profundidade do que elas realmente significavam. — Muitas. — reafirmei, observando como a expressão dela mudava com a menção daquela palavra. — Ele te ama, Tay.

— Foi um evento e tanto, a noite de ontem. — disse, distraindo-se com os próprios dedos, nervosamente estalando as articulações, um gesto que era tanto uma tentativa de se acalmar quanto uma revelação de sua inquietação interior. — Desculpe por não ter contado antes, mas não achei que estivéssemos no clima para discutir isso. E também não sabia se acabaria defendendo a Kayla, já que agora ela quer assumir esse papel. — o tom dela se tingiu de sarcasmo.

— Ei, por favor, não precisamos mencionar Kayla agora. — pedi, a voz calma, buscando estabelecer um terreno de paz em uma conversa que poderia facilmente se tornar contenciosa. — Eu já sabia. Ouvi a conversa de vocês ontem. Foi só que… ouvi-lo dizer isso com tanta naturalidade me deixa muito feliz.

— Você precisa parar com esse hábito de ouvir conversas atrás das portas! — ela me repreendeu, a indignação diluindo um pouco da vulnerabilidade.

O ambiente ao nosso redor parecia suspenso, como se o tempo tivesse feito uma pausa para nos permitir processar o que estava sendo dito. O assunto da Kayla era um campo minado emocional, e eu sabia que, ao pisar naquele terreno, poderia desestabilizar a delicada dinâmica que começávamos a construir.

— Não foi por querer. — defendi-me, um pouco constrangido, percebendo que minha curiosidade havia cruzado uma linha invisível. — Eu só… não pude evitar. A forma como ele disse aquilo, como se fosse a coisa mais natural do mundo. Isso significou muito para mim.

O silêncio se estendeu entre nós, denso, mas não desconfortável. Taylor parecia ponderar, a expressão no rosto dela uma mistura de confusão e compreensão, enquanto seus dedos finalmente paravam de se mover, como se ela estivesse começando a entender o impacto que aquelas palavras tinham não apenas para Tom, mas para nós dois.

— Ele me pegou completamente de surpresa quando perguntou aquilo. — confessou, como se ainda estivesse digerindo o impacto daquele momento. — Foi… eu não sei como descrever. — Caminhou até a cozinha, seus passos ligeiramente hesitantes, como se revivesse cada detalhe, antes de pegar um copo e enchê-lo com água do filtro. O som da água quebrando o silêncio pareceu amplificar a carga emocional da conversa. — Mas foi bom. Muito bom, na verdade.

Ela tomou um gole devagar, quase como se estivesse tentando dar tempo para que suas emoções se alinhassem com as palavras. A expressão dela era indecifrável, uma mistura de alívio, surpresa e algo mais profundo, algo que ela ainda não conseguia colocar em palavras. Eu observei, notando a maneira como seus dedos envolviam o copo, com uma leve tensão, como se estivesse segurando algo muito mais delicado e precioso do que apenas um objeto de vidro.

— Imagino que sim. — respondi, tentando deixar espaço para que ela continuasse, sem pressionar.

Ela inclinou a cabeça levemente, refletindo sobre algo, como se a simples lembrança do momento com Tom a fizesse reviver tudo mais uma vez.

— Eu não esperava que ele fosse se apegar tão rápido… ou que eu fosse me apegar a ele assim — admitiu, com um leve sorriso que parecia misturar incredulidade e afeto. — Mas quando ele me chamou de 'mamãe'… senti como se algo se encaixasse dentro de mim.

Eu dei um passo mais perto, agora conseguindo ver as pequenas mudanças em sua expressão. O brilho nos olhos dela, o modo como os ombros se soltaram levemente, e a suavidade na voz dela, mostravam que ela estava em um processo de aceitação, de finalmente abraçar essa nova fase de sua vida.

— Acho que todos nós estamos nos ajustando a isso. — murmurei, tentando transmitir que eu estava ao lado dela nesse processo, mesmo quando as coisas pareciam difíceis de compreender ou aceitar. — Ele já te vê como mãe, Tay. E você é. — Minhas palavras saíram firmes, mas com um toque de ternura, porque eu sabia que, embora ela se sentisse bem com aquilo, havia também uma ponta de medo, de insegurança.

Ela soltou uma risada suave, quase tímida, e colocou o copo na bancada.

— Talvez eu precise me acostumar com isso... com a ideia de que ele me vê assim — disse, mais para si mesma do que para mim.

Eu me aproximei, deixando minha mão pousar suavemente sobre a dela, a conexão trazendo um tipo de conforto que as palavras, às vezes, não conseguiam expressar.

— Você já está se saindo muito bem.

Taylor suspirou, entrelaçando os dedos nos meus por um breve momento, antes de se afastar levemente.

— Espero que sim. Mas acho que, de certa forma, ele me ajudou a entender algo que eu estava evitando há muito tempo. — ela fez uma pausa, olhando para o copo como se ele pudesse lhe oferecer alguma resposta. — Eu tenho medo de não ser suficiente para ele.... de errar, como errei com o meu bebê.

— Você é mais do que suficiente. —a olhei com seriedade, tentando dissipar qualquer dúvida que ela ainda pudesse ter.  — Estou genuinamente feliz por você. Por ele. — disse, sentindo que minhas palavras saíam com uma sinceridade que não poderia ser contida. — Não há nada no mundo que eu admire mais do que essa conexão entre vocês. — um sorriso se formou em meus lábios, suave, mas profundo, como se estivesse segurando um sentimento maior do que conseguia expressar. — E, sinceramente, não tenho nenhuma dúvida... dessa vez, eu acertei.

Meus olhos pousaram nela por um momento mais longo, observando cada pequeno movimento, como o modo que ela mexia distraidamente nos dedos ou o jeito que sua respiração parecia se acalmar à medida que as minhas palavras penetravam. Eu sabia que Taylor tinha carregado suas próprias incertezas, suas inseguranças sobre. E vê-la ali, diante de mim, mais confiante, mas ainda tão vulnerável, só reforçava o que eu sempre soube.

Ela ergueu os olhos, encontrando os meus, e por um instante, o silêncio entre nós foi tão denso quanto reconfortante. Como se não fossem necessárias mais palavras para explicar o que estava acontecendo.

— Não sei se eu mereço tanto crédito assim. — respondeu ela, com uma risada curta, mas sem desviar o olhar. — Quero dizer, foi tudo tão rápido. Ainda estou me adaptando a tudo isso. — a voz dela tinha aquele tom de confissão, como se admitisse algo que relutava em dizer, algo que talvez temesse reconhecer.

— Você merece muito mais do que crédito, Tay. — insisti, a seriedade voltando ao meu tom. — O jeito que você conversa com ele, que faz ele sentir-se bem. A segurança que você transmite... A forma como ele a defende e quer tê-la por perto. Isso não se constrói do dia para a noite, mas acontece porque você é exatamente o que ele precisa.

Ela suspirou, olhando para o chão por um momento, como se as minhas palavras tivessem atingido algo profundo.

— Eu só não quero estragar tudo... Com a volta da Kayla parece que ficou tudo tão... complicado.

— E você não vai. — afirmei com convicção, sentindo a urgência em tranquilizá-la. — Na verdade, você já está fazendo isso melhor do que jamais poderia imaginar. As coisas não precisam ser perfeitas, Tay. Elas só precisam ser reais. E o que você tem com Tom é exatamente isso... é real. E Kayla...? Bem, ela não importa agora. Vamos focar no que Tom quer e sente, como você mesma me pediu para fazermos. E ele te quer como a mamãe dele. Então você vai ser.

Ela balançou a cabeça levemente, processando o que eu disse, enquanto seus dedos passavam pelo cabelo, num gesto que denotava tanto reflexão quanto nervosismo.

— Eu sei que ele se importa comigo. Mas às vezes, eu me pego pensando no futuro, sabe? Como vai ser quando ele souber quem é a Kayla na vida dele?

Eu me aproximei, levando a mão ao ombro dela, um toque firme e reconfortante.

— Isso pode vir a acontecer, eventualmente. — concordei. — Mas acredite, ele sempre vai se lembrar de quem esteve ao lado dele. De quem o abraçou nas noites difíceis, de quem riu com ele e o chamou de filho todos os dias. A biologia é importante, mas não é o que define o amor, e muito menos o vínculo que vocês estão construindo.

Ela mordeu o lábio, pensativa, os olhos voltando a me encontrar com uma intensidade nova.

— E... você não vai ficar irritado por Tom me ver dessa maneira? — ela hesitou, sua voz vacilante, como se estivesse testando as águas de uma questão delicada. — Quero dizer, você a defendeu tanto, como se ela fosse realmente assumir o papel dela, se dependesse de você.

Suspirei profundamente, o peso de minha própria culpa se revelando. Eu sabia que, em algum momento, tinha me perdido em uma tentativa desesperada de justificar algo que não merecia ser justificado. De tentar encontrar lógica onde não havia.

— Olha, eu sei que vacilei. — admiti, com a voz mais baixa, quase como se confessasse um erro imperdoável. — Foi errado ter defendido alguém que não se importou com Tom antes. Eu peço desculpas. Não acho que ela mereça sequer uma oportunidade. Mas você entende, não é? Entende o medo que eu tenho... de que, se ela realmente quiser a guarda dele, eu possa perder essa batalha?

Ela assentiu devagar, seus olhos suavizando um pouco. Mas havia algo mais ali, algo que ela parecia querer dizer e que eu, de alguma forma, já sabia.

— Claro que entendo. — respondeu, sua voz agora mais firme, como se estivesse ganhando confiança à medida que falava. — Mas, Trav, você acha mesmo que vão ceder a guarda de um menino de sete anos para uma mulher que o abandonou sem mais nem menos? Você acha que vão simplesmente ignorar o fato de que você é o pai dele, de verdade? Que você sim sempre esteve com ele, que lutou para torná-lo nesse menino que ele é hoje?

Eu a encarei, sentindo o peso da verdade nas palavras dela. Sabia que ela tinha razão. Kayla não tinha estado presente; ela havia feito uma escolha que agora parecia irreversível. Mas, mesmo assim, o medo de que o sistema pudesse falhar, que algo pudesse sair do controle, me perseguia. Ainda assim, naquele momento, com ela ao meu lado, percebi que não estava mais lutando sozinho. A luta por Tom era nossa, não apenas minha.

— Você é mais mãe para ele do que ela jamais será. — murmurei, levando uma das mãos ao rosto dela, acariciando suavemente sua bochecha. — E ele sabe disso. Não importa o que aconteça... nós vamos enfrentar isso juntos.

Ela finalmente relaxou um pouco, o sorriso tímido retornando aos seus lábios, como se finalmente estivesse aceitando o que eu dizia.

— Eu amo esse menino. — ela confessou, e o sorriso cresceu, um brilho suave nos olhos. — E não quero perdê-lo. Nunca.

— E você não vai. — garanti. — Só que... Tay, sem querer quebrar esse clima bom entre nós... mas eu preciso pedir uma coisa. Posso?

Ela franziu a testa, mas assentiu, me dando sinal para continuar.

— Olha, eu sei o quanto você está feliz com tudo isso, e tem todo direito de estar. Mas... eu preciso que você se prepare para algo. Não quero que fique chateada se um dia... Tom descobrir quem a Kayla realmente é, e... e resolver perdoá-la.

Ela me encarou em silêncio por um momento, seus olhos buscando algum tipo de confirmação no meu rosto, como se tentasse entender o que eu estava pedindo a ela. Quando finalmente falou, sua voz estava mais baixa, quase hesitante.

— Você acha que, se isso acontecer, ele pode me deixar de lado?

— Não. Não, Tay, não é isso. — balancei a cabeça rapidamente, deixando claro que essa não era a questão. — Eu sei o quanto ele te ama, o quanto ele valoriza tudo o que você faz por ele. Ele nunca, jamais, te deixaria de lado. Você faz de tudo para ver aquele garoto sorrindo. E ele sabe disso.

Ela continuou me olhando, mas havia algo nos olhos dela, uma dúvida que ainda pairava no ar.

— E então...? O que você quer dizer com isso?

Suspirei, sabendo que precisava escolher minhas palavras com cuidado. Eu não queria que ela se sentisse insegura, mas ao mesmo tempo, eu precisava ser honesto com ela, prepará-la para uma possibilidade que, por mais dolorosa que fosse, era real.

— A única coisa que eu realmente peço... — comecei lentamente, deixando que cada palavra se assentasse. — É para que você tenha paciência. Você conhece o Tom, sabe como ele é. Ele tem um coração enorme. E por mais que seja difícil para nós, há uma chance de que ele perdoe a Kayla ao descobrir que ela é sua mãe biológica.

Ela abriu a boca para dizer algo, mas eu a interrompi suavemente.

— Isso nunca vai apagar o que vocês têm, Tay. Nunca. O que vocês dois construíram, a conexão que vocês compartilham... isso é forte demais. O laço de vocês é irrompível. Mas o que eu não quero é que, se ele decidir dar uma chance a ela, isso te magoe. Quero que você saiba, de antemão, que isso não diminui o amor que ele sente por você.

Ela assentiu, mas ainda havia uma sombra de incerteza em seus olhos.

— Eu só... não sei se estou preparada para isso. Para essa possibilidade. Para vê-lo se aproximar de alguém que o abandonou.

— Eu sei. — murmurei. — E, honestamente, nenhum de nós está. Mas o importante é que ele saiba que você estará sempre aqui, independentemente de qualquer coisa. Que você sempre será a pessoa que o ajudou a crescer, a pessoa que o protegeu quando ele mais precisava. E... bem, tem mais uma coisa que quero que saiba.

— Hum?

— Que te amo. — pisquei um olho, e ela riu. — Você foi, e é, minha melhor escolha. — falei com uma tranquilidade que, por dentro, escondia um nervosismo que só ela conseguia provocar em mim. — Olha, vem me ver gravar para o New Heights. — estendi a mão, meus dedos esperando pelos dela, enquanto a observava com uma expectativa quase adolescente, como se aquele gesto tivesse o poder de transformar o resto do dia.

Ela franziu o cenho de leve, os olhos fugindo para o quintal, onde Tom brincava, alheio ao que acontecia aqui dentro.

— Eu disse ao Tom que voltaria para brincarmos. — explicou, apontando com o queixo em direção à porta de vidro, como se quisesse me lembrar do compromisso que ela já tinha feito.

Eu mantive a mão estendida, insistente, quase suplicante: — Vou dizer a ele que vai demorar um pouco. — sugeri, tentando soar casual, mas com uma urgência que escapava na voz. — Hoje, quero que seja minha espectadora. Só hoje, por favor. — o pedido saiu com um tom suave, porém decidido.

Ela olhou para minha mão estendida, os dedos suspensos no ar entre nós dois, como se estivesse ponderando sobre o que aquele simples gesto realmente significava. Seus olhos, que normalmente traziam uma segurança tranquila, agora carregavam uma leve hesitação, algo quase imperceptível, mas que eu conhecia bem.

Ela largou o copo d’água sobre o mármore da bancada, seus dedos deslizando lentamente até se afastarem do vidro, como se estivesse deliberadamente adiando o momento em que teria que decidir. Quando finalmente me encarou, havia algo no olhar dela — uma mistura de curiosidade e desconfiança brincalhona. Eu sabia o que viria a seguir, quase podia prever suas palavras antes que saíssem de sua boca.

— O que você está aprontando, Kelce? — perguntou, um sorriso enviesado começando a se formar nos lábios, como se ela já tivesse previsto algum truque escondido.

— Ah, você só irá ficar sabendo, se vir comigo. — insisti, estreitando os olhos, tentando adicionar uma pitada de mistério que sabia que a intrigaria.

Ela revirou os olhos, mas o sorriso que tentava conter já denunciava sua rendição.

— Certo... — resmungou, um tom de falsa resistência em sua voz, enquanto finalmente entrelaçava seus dedos aos meus. O toque dela sempre me desarmava, mesmo em momentos mais leves. — Mas só porque agora fiquei curiosa. Não é como se ver você e seu irmão falando sobre futebol fosse a coisa mais interessante do mundo. — suspirou, fingindo exaustão ao imaginar a cena. — Mesmo que... mesmo que você fique um fofo quando fala do que gosta. — completou, desviando o olhar, como se aquela última parte tivesse escapado antes que ela pudesse se controlar.

Ri baixo, puxando-a suavemente em minha direção, ciente de que, por mais que tentasse fingir desinteresse, havia um brilho em seus olhos que dizia o contrário. Ela podia não admitir, mas eu sabia que ela adorava me ver naquele elemento familiar, falando com paixão sobre algo que sempre fez parte de quem eu sou. E, de algum jeito, isso a cativava tanto quanto me cativa ouvi-la falar sobre música ou qualquer outra coisa que acendesse aquela luz especial dentro dela.

— Fofo, é? — provoquei, dando um leve aperto em sua mão.

Ela me lançou um olhar de lado, com um sorriso de canto, claramente arrependida de ter deixado escapar aquele elogio.

— Não se empolgue. — retrucou, mas o tom suave entregava sua diversão.

Ri baixinho, inclinando-me para depositar um beijo suave em sua bochecha, sentindo o calor de sua pele contra meus lábios por um segundo antes de puxá-la em direção à sala que uso exclusivamente para as gravações do podcast. O espaço tinha um ar mais intimista, organizado de forma quase meticulosa, mas sem perder o conforto. Sabia que ela gostava dessa sensação de acolhimento, mesmo quando o ambiente parecia mais técnico.

Apontei para a cadeira macia que tinha deixado preparada especialmente para ela, revestida com um tecido aveludado em um tom claro, como se fosse um convite silencioso para que se sentisse em casa ali. Ao lado, sobre uma pequena mesa, repousava uma bandeja com frutas frescas — uma tentativa discreta, mas carinhosa, de fazê-la comer um pouco mais, já que, no almoço, ela havia apenas beliscado a comida. Conhecendo seus hábitos, eu sabia que ela às vezes esquecia de se alimentar corretamente quando estava distraída, e isso sempre me preocupava.

— Está vendo? — brinquei, apontando para a bandeja com um sorriso. — Preparei até um lanchinho.

Ela arqueou uma sobrancelha, a expressão entre divertimento e leve desconfiança, como se já soubesse exatamente o que eu estava tentando fazer.

— Está tentando me comprar com frutinhas? — perguntou, afundando-se na cadeira, com aquele jeito despreocupado, mas seus dedos já começavam a brincar com uma das fatias de maçã.

— Não preciso te comprar, você já é minha. — respondi com um tom meio brincalhão, mas havia uma verdade tranquila nas palavras, algo que ela também sabia.

Ela mordeu a maçã, sem tirar os olhos de mim, a expressão relaxada, mas atenta, como se estivesse se preparando para assistir a um espetáculo particular.

Enquanto Taylor se acomodava na cadeira, ajeitando-se preguiçosamente com um meio sorriso, aproveitei o momento para sair da sala e dar uma corrida rápida até o quintal. Encontrei Tom concentrado, com o rosto sério, montando duas rampas com caixas e almofadas para os carrinhos passarem — ele sempre fazia duas, uma para ele e a outra para Taylor. Isso era uma constante nas brincadeiras dele: nunca uma rampa só, sempre a incluindo nos seus planos.

Abaixei-me até ficar na altura dele, as mãos apoiadas nos joelhos, observando seu empenho em deixar tudo perfeito. Ele me olhou de relance, mas continuou ajeitando as rampas, como se soubesse que eu estava prestes a interrompê-lo.

— Hey, campeão! — chamei, tentando soar animado o suficiente para despertar sua curiosidade, mas sem desviar sua atenção da construção.

Tom largou o carrinho que estava segurando e veio até mim, seus olhos verdes brilhando com a mesma vivacidade de sempre, embora visivelmente intrigado. Abaixei-me mais um pouco para que ficássemos cara a cara.

— Vem cá, rapidão... tenho um segredo pra te contar. — murmurei, como se fosse algo realmente importante.

Sem hesitar, ele inclinou a cabeça para o lado, aproximando a orelha do meu rosto, sempre adorando essa ideia de segredos. Para ele, qualquer segredo era uma missão especial, algo que ele precisava desvendar.

— Mamãe vai demorar um pouquinho para voltar, então que tal você brincar um pouco sozinho e depois eu venho te ajudar a terminar a pista? — sussurrei.

Ele afastou-se e me encarou, analisando com cuidado a proposta. Sabia que ele não gostava muito de ficar esperando, principalmente quando envolvia Taylor. Ainda assim, assentiu lentamente, cruzando os braços como se estivesse refletindo a contragosto.

— Tá, mas você promete que volta rápido? — perguntou, a seriedade em sua voz mostrando que ele queria uma confirmação sólida.

Sorri, passando a mão pelos seus cabelos desarrumados.

— Prometo. Vou ser rapidinho. — respondi, levantando-me.

Tom deu de ombros, mas voltou à sua construção. A brincadeira continuaria, mesmo sem a presença dela, porque, no fundo, ele sabia que Taylor não resistiria em voltar e se juntar a ele mais tarde.

— Preciso roubá-la por um tempinho, enquanto gravo para o New Heights, tudo bem? — perguntei, sabendo que ele tinha certa noção de tempo dos episódios do podcast.

— Você vai roubar ela!? — exclamou, incrédulo, o rosto em choque, como se eu estivesse prestes a cometer um crime. — Mas, papai, isso é errado! Você sempre diz que a gente não pode roubar!

Tentei segurar o riso que ameaçava escapar, mas o contraste entre sua seriedade e a ingenuidade me fez soltar uma gargalhada baixa. Passei a mão em seu ombro, tentando suavizar a confusão em sua cabeça.

— Não, campeão. Não é roubar de verdade. — expliquei, ainda rindo da sua pureza. — É só uma forma de dizer que vou precisar da mamãe por alguns minutos. Nada de roubar no sentido literal.

Ele relaxou um pouco, mas ainda me olhava com desconfiança, como se estivesse ponderando se eu realmente estava sendo honesto.

— Então, você vai devolver ela depois? — perguntou, como se quisesse uma garantia de que não ia perder sua parceira de brincadeiras por muito tempo.

— Claro que vou. — respondi, levantando uma mão como quem jura algo solene. — Ela vai voltar rapidinho, eu prometo.

Tom cruzou os braços, ainda desconfiado, mas com menos resistência.

— Tá bom, mas não demorem muito, tá? — pediu, em um tom de voz quase autoritário, como se estivesse me concedendo permissão.

Assenti, tentando não rir de novo, e me levantei, dando um leve toque em sua cabeça.

— Pode deixar, campeão.

Garanti antes de me afastar, sabendo que, mesmo com toda a seriedade, ele mal conseguiria esperar para que Taylor voltasse e completasse as rampas ao lado dele.

Ao sair do quintal, respirei fundo. O jeito como Tom levava tudo ao pé da letra me lembrava o quanto, para ele, cada palavra tinha um peso enorme. E era isso que me fazia querer ser cada vez mais cuidadoso com tudo que dizia ou fazia.

Corri de volta para dentro da casa, sentindo o nervosismo se espalhar pelo corpo, como se cada passo acelerasse o turbilhão de pensamentos na minha mente. Eu já havia discutido minha ideia com a equipe naquela manhã. Eles, como sempre, tinham suas reservas — acharam ousado demais, um tanto arriscado. Mas, dessa vez, consegui convencê-los. Não que isso tirasse o frio na barriga.

— Vamos começar, amor. — anunciei enquanto colocava os headphones, sentando na cadeira gamer que parecia mais desconfortável do que de costume.

Olhei para ela de soslaio, enquanto se acomodava na poltrona que eu tinha deixado especialmente para ela. Ela ergueu o polegar de forma rápida, um gesto quase automático..

Antes de começar a gravação, inclinei-me ligeiramente e sussurrei: — Te amo.

Ela sorriu de canto, sem dizer uma palavra. Em vez de responder, mandou um beijinho no ar, um gesto pequeno, quase simbólico. Mas o silêncio, a ausência daquelas palavras que antes fluíam tão naturalmente, me atingiu como um peso. Claro, ela ainda estava magoada. Era impossível não perceber.

Respirei fundo, ajustando o microfone e preparando-me para a chamada.
Jason apareceu na tela com aquele sorriso largo de sempre, já começando o episódio com sua energia habitual.

— Fala, irmãozinho! Pronto para mais um New Heights? — ele saudou, gesticulando animadamente.

Coloquei meu microfone na posição e dei um leve suspiro, ajustando-me na cadeira.

— Prontíssimo. Hoje tem coisa boa pra falar, então vamos com tudo.

Jason arqueou uma sobrancelha, intrigado.

— Hum, parece que tem algo diferente aí... Você está com essa cara de quem aprontou alguma coisa.

Eu ri. Era incrível como meu irmão sempre seria cúmplice nas minhas ideia. Ele sabia quando dar a deixa, e estava querendo começar com pequenas brincadeiras.

— Ah, quem sabe, quem sabe... Mas antes de chegar nessa parte, vamos falar de coisa séria. Semana cinco da NFL, Chiefs vencendo os Saints, mas quem tá mais afiado, mano?

Ele  bufou de forma exagerada, sempre tentando provocar.

— Ah, você sabe que os Chiefs estão fazendo o trabalho. Que jogo, hein? Vinte e seis a treze! Kareem Hunt jogou demais, passando das 100 jardas e ainda marcando um touchdown. Como é que tá sendo acompanhar isso do lado de fora, agora que você se aposentou?

Dei uma risadinha, lembrando do tempo em que eu era parte daquele espetáculo em campo.

— Cara, é um mix de sentimentos. Por um lado, fico com saudade de estar lá, correndo, fazendo rota, mas por outro lado... Estou curtindo a aposentadoria. Tipo, muito! Tenho mais tempo para focar em outras coisas, cuidar da minha família, e... — dei uma pausa, não querendo me empolgar demais, mas Jason sempre me cutucava até eu soltar mais detalhes.

— E...? — incentivou, curioso.

— E, bem... Passei muito tempo falando que não ia deixar o futebol dominar a minha vida. Agora posso realmente estar presente para as coisas que importam. — eu senti um calor no peito, sabendo que Taylor estava ali me ouvindo, mesmo que não pudesse dizer isso. — É bom poder dar o suporte que minha família precisa, ser um pai mais presente, sabe?

Jason balançou a cabeça, em um raro momento de seriedade.

— Sim, cara, isso é fundamental. Não importa quantas jardas você correu ou quantos touchdowns marcou, o que realmente vale é o que você faz fora de campo.

Eu assenti, sabendo que ele estava certo.

— Exatamente. E olha, sobre essa aposentadoria... Tem algo que eu queria anunciar. —Jason arregalou os olhos, já esperando alguma bomba, mas eu continuei devagar. — A gente está com algumas ideias para expandir o New Heights. Coisas que vão envolver mais a comunidade, mais interação com nossos fãs. Mas ainda não posso falar muito, só fica ligado que vem coisa boa aí.

Meu irmão ficou em silêncio por um momento, processando a novidade.

— Cara, você sempre com essa de segurar a melhor parte... Mas tudo bem, vou deixar passar dessa vez, só porque estou curioso pra ver o que vai sair disso.

— Bom, o episódio de hoje vai ser um pouco diferente também. Quero falar um pouco sobre algo que muitos dos nossos ouvintes talvez nem saibam: como é ser pai e equilibrar isso com a vida pós-NFL.

O mais velho sorriu, já prevendo um episódio cheio de reflexões.

— Olha aí, o papa Travis pronto para soltar algumas lições de vida.

— Cara, ser pai é uma montanha-russa, você sabe bem disso com suas filhas. Tem dias que tudo é tranquilo, mas tem outros... que, mano, é uma loucura completa. Mas no final, cada momento vale a pena, especialmente quando você vê o quanto significa para eles.

— É, tem muita gente que não fala sobre como é difícil, mas também como é recompensador. Acho que a galera vai curtir ouvir mais sobre isso, porque todo mundo vê a gente como esses atletas gigantes e não imaginam a parte do dia a dia com a família.

— Exatamente! — concordei, cruzando os braços atrás da cabeça e permitindo que um suspiro de relaxamento escapasse dos meus lábios. — E sobre os desafios que encontramos pelo caminho... Bem, vou te dizer que ser pai solteiro traz suas próprias complicações. No entanto, é fascinante observar como as crianças conseguem se conectar profundamente com as pessoas ao nosso redor. Mas, ao mesmo tempo, a introdução de alguém novo em nossa dinâmica familiar pode adicionar uma camada especial a essa experiência.

Jason arqueou uma sobrancelha, seus olhos brilhando com curiosidade.

— Então você está insinuando algo, Trav?

Um sorriso discreto brotou em meu rosto enquanto desviaste o olhar por um instante. Taylor estava ali, observando-me atentamente, seu olhar fixo em mim como se tentasse decifrar o enigma que eu criara com minhas palavras. Era um jogo sutil, uma dança de sentimentos e intenções que se desenrolava na frente dela, e eu estava consciente de cada nuance.

— Só dizendo que, às vezes, as coisas acontecem de um jeito inesperado, sabe, é preciso confiar no processo.

Jason olhou diretamente para a câmera com um sorriso brincalhão.

— Olha só, pessoal, ele tá ficando sentimental. Já sabemos que algo grande tá rolando na vida desse cara. — provocou, e ambos gargalhamos. — Vamos, cara, desembucha. Parece que além de ser um pai incrível, você também tá vivendo uma ‘Love Story’, não é?

Quase engasguei com as palavras, a emoção subindo à minha garganta de forma inesperada. Era curioso como a verdade se tornava um espetáculo; cada frase soava como uma linha de um roteiro cuidadosamente ensaiado. O peso da revelação estava ali, bem na ponta da língua, e por um momento, a ideia de encarar a realidade da minha nova vida era quase avassaladora.

A atenção da loira, agora fixa em mim, se tornava palpável. Eu podia sentir seus olhos azuis atravessando a distância que nos separava, um manto de expectativa e curiosidade envolvendo a sala. Ela, definitivamente, não esperava ser inserida de maneira tão súbita e indireta nessa conversa.

Em um instante, toda a leveza do ambiente se transformou em algo mais sério, como se o ar tivesse sido drenado de qualquer casualidade. O brilho nos olhos de Taylor refletia uma mistura de interesse e surpresa, e eu sabia que ela estava avaliando cada palavra, cada nuance da minha fala, tentando decifrar o que significava aquela menção impetuosa.

— Ah, vamos lá, Jason, não começa com isso.

Ele sorriu, malicioso.

— Vai, me conta! O que realmente rolou com aquela pulseira de amizade num certo show? Todo mundo já tá desconfiando!

Suspirei, mergulhando em uma atuação dramática que tentava emular a gravidade da situação. Era como se cada gota de ar que saía dos meus pulmões estivesse carregada de peso emocional, sinalizando que finalmente era hora de abrir o jogo, de tirar da cabeça o que há muito vinha me rondando.

O ambiente ao meu redor parecia se contrair, a tensão se acumulando como uma corda esticada prestes a se romper. Havia um leve tremor nas minhas mãos, não por medo, mas por um desejo crescente de expor a verdade, de me despir das camadas de incerteza que me envolviam. Era um momento de vulnerabilidade, uma pausa antes de mergulhar de cabeça nas águas profundas de minhas emoções.

— Sabe, Jason... — comecei, minha voz baixa, quase um sussurro, enquanto olhava diretamente para a câmera, como se estivesse compartilhando um segredo apenas entre nós. — Eu passei muito tempo evitando falar sobre isso, mas a verdade é que... a vida pode ser cheia de surpresas, e eu não estou falando apenas de futebol.

Jason inclinou-se para frente, o sorriso travesso agora substituído por uma expressão de genuína de falsa curiosidade.

— Eu conheci alguém. — continuei, cada palavra pesando em meu coração como se fosse uma revelação sagrada. — Alguém que me faz ver a vida sob uma nova luz.

Jason, sem palavras, apenas assentiu, compreendendo a profundidade daquilo que eu acabara de compartilhar. Eu estava ciente de que, ao abrir meu coração, também estava convidando o público a se juntar a mim nessa jornada emocional. Era um convite ao desconhecido, mas, ao mesmo tempo, um alívio.

— É assustador, sabe? — prossegui, permitindo que minha vulnerabilidade se desdobrasse. — Por muito tempo, eu me preocupei em proteger não apenas a mim mesmo, mas também os outros ao meu redor. Mas agora, estou aprendendo que a vida não se resume a esconder o que é bonito ou especial. Às vezes, é preciso ter coragem para compartilhar esses momentos.

Os olhares, de Taylor e Jason, para mim, se intensificaram, e eu sabia que estava prestes a entrar em um território que poucos tinham a chance de explorar. Era a crueza da experiência humana, a beleza da conexão, e eu estava pronto para abraçar isso plenamente.

— Estou, de fato, com alguém muito especial. — as palavras saíram carregadas de emoção,  — Ela me faz feliz. Quando fala, quanto canta... tudo nela me enche de orgulho. É a minha garota.

Nesse momento, a realidade do que eu acabara de revelar se instalou como um turbilhão de sentimentos, cada um mais intenso que o outro. A ideia de que essa simples declaração poderia desencadear uma onda de reações nas redes sociais fez meu coração acelerar, mas a expectativa de compartilhar minha felicidade com o mundo era ainda mais electrizante. Era como se, ao pronunciar aquelas palavras, eu estivesse libertando uma parte de mim que havia estado escondida por muito tempo.

Taylor, sentada do outro lado da sala, mexeu-se na cadeira de maneira sutil, mas seu corpo parecia vibrar com uma energia palpável. Um leve rubor tomou conta de seu rosto, tingindo suas bochechas de um tom suave, quase imperceptível, mas suficientemente evidente para quem prestasse atenção. Seus olhos, antes serenos, agora estavam arregalados, como se tivessem capturado a essência do que eu acabara de dizer, mas não conseguissem processar a profundidade da revelação.

A expressão dela misturava surpresa e uma pitada de incredulidade, enquanto a realidade da conversa se instalava. Era como se, por um breve momento, o mundo ao nosso redor houvesse se dissolvido, e só existisse aquele instante compartilhado entre nós. Ela estava ali, imersa em seus pensamentos, refletindo sobre a possibilidade de estar sendo mencionada, de ser a "garota" que agora iluminava meu coração.

Havia algo tão puro e autêntico em sua reação que eu me senti invadido por uma onda de ternura. A maneira como suas mãos se entrelaçaram nervosamente sobre os joelhos e como seus lábios se entreabriram levemente, como se quisesse dizer algo, tornava aquele momento ainda mais especial.

— Uau, finalmente! E quem seria essa sortuda? — Jason perguntou, a curiosidade estampada em seu rosto.

— Você sabe muito bem quem é, cara. — respondi, um calor tímido subindo pelas minhas bochechas, mesmo enquanto tentava manter um ar de mistério e expectativa. — Aparentemente, fazer pulseiras de amizade com crianças realmente compensa. — brinquei, tentando suavizar a revelação com humor. — Isso, se for alguém tão sortudo quanto eu. — pisquei, um sorriso travesso se formando em meus lábios.

O ambiente ao nosso redor parecia vibrar com a energia da conversa. A luz suave da sala refletia em seus olhos, que brilhavam com uma mistura de compreensão e diversão. O clima leve que eu tentava construir, ao mesmo tempo que provocava um pequeno alvoroço em meu interior, mostrava que eu estava prestes a abrir uma porta para um novo capítulo.

— Está dizendo que... — ele começou, seu sorriso se alargando de forma provocadora, quase rindo da situação.

— Sim, a Taylor Swift. — afirmei, sem esconder o orgulho que surgia em meu peito.

— HAHAH! — Jason literalmente coringou, sua reação era a perfeita combinação de "surpresa" e alegria. Era claro que ele já sabia de tudo, mas isso não o impediu de se divertir com o momento. — Porque os jogadores vão jogar, jogar, jogar, jogar, jogar! — ele cantou, em um tom debochado, imitando o refrão de uma das músicas mais famosas dela. — Olha só, temos um romance da NFL e da indústria musical acontecendo! Isso é ouro!

As palavras de Jason reverberaram em mim, e eu não pude evitar que uma risada escapasse. A ironia da situação era quase poética: um atleta da NFL, um ex-jogador, agora apaixonado pela superestrela da música pop, em um momento que poderia facilmente ser extraído de um roteiro de Hollywood. Mas era real. E, mais importante, era genuíno.

— E não é só isso. — continuei, minha mente correndo para os momentos que tínhamos compartilhado. — O que é realmente surpreendente é como tudo flui. Ela é mais do que apenas uma artista famosa; ela é inteligente, engraçada, e... caramba, ela realmente se importa.

A loira, sentada do outro lado da mesa, lutou para conter uma risada, seus olhos brilhando com uma mistura de emoções. Era difícil decifrar se ela estava mais feliz com a revelação ou se se sentia ligeiramente ofendida por eu não ter a consultado antes de abrir o jogo.

Ela inclinou-se ligeiramente para frente, seus lábios se curvando em uma expressão que poderia ser interpretada de várias maneiras: um sutil sorriso revelando alegria, ou um franzir de sobrancelhas que indicava descontentamento. Eu podia quase ouvir os pensamentos dela se agitando, como se estivesse ponderando o que significava para ela ser parte dessa narrativa.

— Como você se sente? Porque eu percebo que você fica todo corado ao falar dela.

— É simplesmente incrível. — sorri, deixando a sinceridade transparecer nas palavras. — Você sabe como é, quando algo novo começa, há uma necessidade de proteger o que está florescendo. A última coisa que queríamos era a mídia se atirando em cima de nós, quando tudo que realmente desejávamos era viver esses momentos a sós, sem a pressão externa.

Jason arqueou as sobrancelhas, claramente surpreso e intrigado com a profundidade do que eu estava compartilhando.

— Tudo isso está tomando um rumo bem louco. Ela não brinca em serviço, não é? — suas sobrancelhas levantaram-se várias vezes em uma dança exagerada de empolgação, fazendo com que eu não conseguisse conter uma risada. — Quando ela disse que ama os jogadores, parece que falou sério.

Joguei a cabeça para trás, cobrindo o rosto. Isso não estava no roteiro, e Jason agora estava se aproveitando da situação.

— Parece que não brinca mesmo. — concordei. — E não vou mentir que, estar com essa mulher, é definitivamente algo que parece fora da minha realidade... Cada vez que a vejo com o meu filho, meu coração aquece. — balancei a cabeça, desviando o olhar para ela novamente. — E... bom, quando você tem a casa cheia de risadas, que você vê as pessoas mais importantes da sua vida felizes, é mais do que o suficiente para sentir-se completo.

Jason fez uma expressão que mesclava compreensão e um leve toque de emoção, como se estivesse absorvendo cada palavra que eu proferia, cada sentimento que tentava traduzir em palavras.

— Por que não nos conta como foi perceber que estava se apaixonando de verdade por ela? — perguntou, a curiosidade em seu olhar instigando a minha reflexão.

— Vou admitir. — comecei, a risada escapando de meus lábios de forma quase involuntária. — Eu achei que a paixão tivesse se manifestado quando a vi brilhando naquele palco, envolta por luzes e aplausos. Mas, na verdade, percebi que o meu coração começava a se render quando a vi em seu elemento, rodeada por amigos e familiares, revelando uma faceta dela que poucos têm a oportunidade de testemunhar.

O calor da lembrança fez meu peito aquecer, e as palavras continuaram a fluir com uma sinceridade que não pude conter.

— Ela tem uma maneira tão genuína de ser, mesmo diante de toda a atenção que recebe. — continuei, balançando a cabeça com um sorriso. — É impressionante como ela mantém a simplicidade e a tranquilidade, como se o mundo lá fora fosse apenas um eco distante. E o mais encantador é ver como ela se importa com todos à sua volta, desde os amigos mais próximos até aqueles que encontra nas pequenas interações do dia a dia. É como se ela possuísse um dom especial de fazer as pessoas se sentirem valorizadas e ouvidas.

Mordi o lábio nervoso.

— E então, quando ela interage com o meu filho... — pausei, meu coração se enchendo de um carinho indescritível. — A forma como ela o acolhe, como brinca e faz questão de se conectar com ele, isso simplesmente derrete meu coração. — olhei-a, e ela sorriu. — Você só não quer que todo mundo tenha o direito de entrar em sua vida privada e opinar, mas tudo sobre ela vira uma grande coisa. — eu disse, tentando colocar em palavras o que sentia. — Então, você quer deixar as coisas privadas, mas, ao mesmo tempo, eu não quero esconder nada, aquela é a minha garota. Ela é minha lady, e eu estou orgulhoso disso.

— Cara, que história incrível! Parece que temos mais um Kelce prestes a dar o grande passo! — Jason provocou, seu sorriso revelando um misto de brincadeira e genuíno apoio.

Ri, mas o momento de leveza se entrelaçou com uma profundidade inesperada quando meu olhar se encontrou com o dela. A vi sorrindo, lágrimas brilhando em seus olhos, um reflexo das emoções que fervilhavam entre nós. Minhas palavras, aparentemente simples, conseguiram tocar uma corda sensível em seu coração. Nesse instante, uma onda de esperança percorreu meu ser: será que, finalmente, consegui transmitir o que realmente sentia?

Meu único intuito ao compartilhar tudo isso era, na essência, mostrar a ela que não tenho medo de amá-la. Esse amor, que surgira em meio às risadas e à vulnerabilidade, era algo que eu desejava ardentemente expressar. Estar ao lado de Taylor não era apenas um prazer, mas uma necessidade, uma conexão que transcendia a superficialidade do mundo ao nosso redor.

Eu sabia que Joe a amou em um momento de fragilidade, quando os ataques da mídia e dos haters eram incessantes. Para ele, ela era apenas Taylor, uma pessoa comum lidando com o peso de um nome que carregava. Isso era, ao mesmo tempo, uma bênção e uma maldição, e ali estava o erro dele: a indiferença em relação ao que ser a Taylor Swift realmente significava. Ele não se importava que ela fosse uma figura pública; para ele, ela era apenas mais uma namorada, e isso nunca foi o suficiente. Para ele, vê-la brilhar, e ser associado à esse nome, era praticamente uma ofensa.

Minha perspectiva, no entanto, era fundamentalmente diferente. Eu a amava por ser a Taylor Swift, com todas as complexidades e nuances que esse nome implica. Com os haters gritando, com os paparazzis em cima, com a pressão de uma vida sob os holofotes — eu a aceitava em sua totalidade. A beleza dela não estava apenas em sua voz ou em sua presença no palco, mas na maneira como ela navegava pelas tempestades que a vida lhe impunha.

Ela era minha garota, e isso era tudo que importava. A autenticidade dela, a paixão que transbordava em cada letra que escrevia, e a vulnerabilidade que demonstrava em momentos difíceis faziam meu coração bater mais forte. Eu não estava interessado apenas na fama que a cercava, mas na pessoa que ela era por trás de tudo isso.

Estar ao lado dela, não importando as circunstâncias, era um privilégio. Ela não precisava esconder sua essência por causa de uma fama que muitas vezes parecia sufocante; eu queria que ela se sentisse livre para ser quem realmente é. Eu desejava construir um espaço seguro, longe do barulho externo, onde pudéssemos ser apenas nós dois, longe das câmeras e dos olhares críticos.

Ao olhar para ela, sentia que minha admiração ia além do superficial. Era uma celebração de sua força, de sua vulnerabilidade e, acima de tudo, de sua autenticidade. O amor que eu tinha por ela era profundo, enraizado na compreensão de que, independentemente do que dissesse a sociedade, ela sempre seria a Taylor Swift — e eu estaria aqui, não para ignorar isso, mas para honrar cada parte dela, exatamente como ela é.

O episódio se desenrolou em um fluxo animado, onde histórias e risadas se entrelaçavam como os fios de um tapeçário vibrante. A conversa fluía naturalmente, permeada por recordações de jogos passados, estratégias discutidas e piadas que faziam o estúdio ressoar com nossas vozes. Era um momento de descontração, onde a tensão do dia a dia se dissipava, e o prazer da camaradagem tomava seu lugar.

Finalmente, ao chegar no fim das gravações, tirei os headphones e me despedi da intensa imersão do programa. Quando levantei os olhos, Taylor já estava se aproximando, seu semblante iluminado por um sorriso que parecia acender todo o ambiente ao nosso redor.

— Que loucura foi essa? — ela perguntou, os olhos brilhando com uma mistura de emoções, que eu esperava serem de felicidade.

O seu olhar, que geralmente emanava uma confiança inabalável, agora era cercado por um toque de vulnerabilidade, revelando o quanto aquelas palavras impactaram.

— Trav, você tá maluco? — sua voz tinha um tom de incredulidade, as mãos na cintura.

Eu a observei, absorvendo a intensidade do momento. A luz suave do estúdio moldava seu rosto, ressaltando a beleza que ela exalava. Uma beleza que ia além da superficialidade que muitos viam. A expressão dela era uma combinação perfeita de surpresa e empolgação, um reflexo do caos que acontecia em minha mente. O que eu disse era uma revelação, e eu estava ciente das consequências que poderiam surgir.

— Era uma surpresa. — defendi-me, a voz tremendo ligeiramente com a carga emocional que acompanhava as palavras. — Eu precisava mostrar a você que, dou valor a nossa relação. Não tenho medo de que outras pessoas saibam disso. Eu me orgulho.

Taylor me observava, a expressão em seu rosto uma mistura de curiosidade e perplexidade, como se tentasse decifrar um enigma complexo que eu havia criado sem querer.

— A ideia era simplesmente fazer algo diferente, algo que refletisse o que sinto por você. — disse, tentando encontrar palavras que fizessem sentido. — Às vezes, a espontaneidade é o que torna tudo especial.

Era um desejo ardente de ser visto e compreendido em toda a minha vulnerabilidade, de que ela soubesse que, apesar da loucura que cercava nossas vidas, havia uma constância em mim que permanecia firme e resoluta. A vontade de compartilhar não apenas as alegrias, mas também os medos e inseguranças que me perseguiam.
Ela parecia absorver tudo, as emoções borbulhando em seu interior enquanto ponderava o que eu havia dito. E naquele momento, na quietude que nos envolvia, eu soube que a honestidade poderia ser a chave para abrir portas que, até então, pareciam trancadas.

— Mas e se... e se isso for loucura? — sua voz, embora suave, carregava um peso que reverberava no espaço entre nós, uma questão que pairava no ar como uma nuvem carregada de incertezas. —Acha mesmo que é bom para nós, fazermos isso?”

— Eu sei que pode parecer insensato, quase um ato de rebeldia contra a lógica. — comecei, tentando encontrar um equilíbrio entre a razão e o impulso que me levava a ela. — Mas há uma parte de mim que acredita que a verdadeira loucura é não correr o risco de ser feliz, de deixar de lado o que poderia ser por medo do que os outros possam pensar ou dizer. Afinal, o que é a vida senão uma série de momentos em que escolhemos dar um passo à frente, mesmo quando o caminho não está claro?

O silêncio se estabeleceu por um breve instante, como se o mundo ao nosso redor tivesse congelado, permitindo que nossas emoções fluíssem livremente. O brilho de seus olhos refletia uma tempestade de pensamentos e sentimentos, e eu podia ver que ela estava processando não apenas o que eu dizia, mas também a profundidade da situação em que nos encontrávamos.

— Olhe para nós. — continuei, gesticulando levemente com as mãos, tentando transmitir a magnitude do que sentia. — Estamos lidando com um mundo que parece mais interessado em nossos rótulos do que em quem realmente somos. Mas, quando estou com você, tudo isso desaparece. É como se criássemos um universo próprio, onde as regras podem ser reescritas e as convenções sociais se tornam irrelevantes.

Ela mordeu o lábio, um gesto que revelava sua luta interna entre o desejo e a razão. O ar estava carregado de eletricidade, e eu podia sentir a tensão da possibilidade, do que poderia ser se decidíssemos dar aquele passo ousado juntos.

— Estamos vivendo uma história única. — finalizei, buscando capturar a essência do que sentia. — E eu não quero que ninguém a escreva por nós. Isso é entre você e eu, e juntos podemos enfrentar qualquer tempestade que venha em nossa direção.

Sem qualquer aviso, ela deslizou para o meu colo, a leveza de seu corpo contrastando com a intensidade do momento. Seus lábios, vermelhos pousaram suavemente em minha bochecha, um beijo que carregava a profundidade de emoções que palavras não poderiam traduzir. Era um gesto lento, repleto de carinho, como se cada segundo fosse uma eternidade compartilhada apenas entre nós.

A suavidade de sua testa tocando a minha parecia criar uma conexão ainda mais profunda, uma intimidade que ia além do físico. Um instante depois, senti uma lágrima escorregando pelo meu rosto, caindo suavemente no canto do meu nariz, como um testemunho silencioso da tempestade de sentimentos que a envolviam.

— Eu te amo, Trav. — ela declarou, segurando meu rosto com mãos delicadas, os olhos brilhando como se contivessem universos inteiros.

Então, nossos lábios se uniram em um selinho, um toque breve, mas repleto de significado, um pacto silencioso que selava nossos corações de maneira irrevogável.

— Amor. — chamei suavemente, deslizando uma mecha de seus cabelos loiros atrás de sua orelha, o toque da minha mão se sentindo como um carinho afetuoso. Com a outra, acariciei sua coxa, cada movimento uma confirmação do que sentia por ela, uma expressão silenciosa da devoção que ardia dentro de mim. — Eu te amo também. Mas só vamos postar o episódio se você permitir. — garanti, consciente do impacto que nossa decisão poderia ter nas nossas vidas. — Tenho sua permissão, minha Lady?

Eu queria que ela se sentisse confortável, que soubesse que, acima de qualquer fama ou status, a sua voz, a sua vontade, eram as que realmente importavam.
O tempo parecia desacelerar enquanto a observava, buscando em seus olhos a confirmação que precisava.

A loira refletiu por um momento, seu olhar distante, como se estivesse pesando cada palavra que diria. Por fim, lentamente, assentiu, um sorriso tímido brotando em seus lábios, uma luz suave que iluminava seu rosto.

— Não acredito que fez isso. —ela murmurou, molhando os lábios de maneira sutil, uma provocação que sabia que eu não poderia ignorar. A intensidade do momento fez meu coração acelerar,
— Eu tinha que ficar brava com você, idiota! — bateu levemente no meu ombro, rindo, enquanto escondia o rosto ali, no meu peito.

Senti uma onda de alívio ao perceber que a leveza do momento não havia se perdido, e sorri, tentando absorver a mistura de carinho e irritação que ela emanava.

— Eu tenho o charme necessário para te fazer amolecer. declarei, inclinando-me para beijar seu pescoço, deixando que a suavidade da minha barba roçasse propositalmente em sua pele macia. Era um gesto intencional, uma mistura de afeto e provocação, como se estivesse tentando acender uma chama de ternura entre nós, mesmo em meio à tensão. — Mas, então... posso contar com seu perdão, minha lady?

Ela me encarou, um sorriso relutante surgindo em seus lábios, mas cruzou os braços em uma pose de aparente indignação. O efeito da minha investida estava claro, mas ela precisava do seu tempo.

— Eu já te perdoei. Só estava brava. — respondeu, sua voz mais suave do que suas palavras sugeriam. No entanto, havia uma centelha de diversão em seus olhos que denunciava sua resistência.

— E não está mais? — provoquei, inclinando a cabeça, tentando decifrar suas expressões contraditórias.

— Ah, eu estou! — levantou-se abruptamente, a atitude quase teatral em sua indignação. — E muito!

A determinação em sua voz era inegável, mas a maneira como seus olhos brilhavam denunciava que ela não conseguia se manter séria por muito tempo.
Eu me levantei também, aproximando-me lentamente, permitindo que o espaço entre nós se dissipasse.

— Então, como posso fazer você parar de estar brava? —perguntei, meu tom mais brincalhão agora, uma tentativa de transformá-la, mais uma vez, em uma aliada em vez de uma adversária.

— Não sei. — deu de ombros, com um meio sorriso começando a se formar, um convite para a reconciliação. — Talvez você devesse tentar mais um beijo.

— Ah, então você admitiu que sou irresistível. afirmei, sorrindo, enquanto me aproximava mais, apenas para sentir o calor que emanava dela. — O que você quer, minha garota? Um beijo para aliviar a briga ou um beijo para celebrar a paz?

Ela riu suavemente, quebrando a tensão, um som que ecoou como música em meus ouvidos.

— Um pouco dos dois, talvez. sua expressão relaxou à medida que deixava a briga para trás.

Me inclinei para ela, capturando seus lábios com os meus, deixando que o beijo falasse por nós. Era mais do que um simples gesto; era uma promessa de que, não importava o que acontecesse, sempre haveria espaço para o perdão e a reconciliação em nossa história.

— Mulher é mesmo de lua, não é? — brinquei, afastando nossas bocas, dando espaço para respirarmos.

— Não brinque com isso! — fez cara séria. — A menos que queira que seu carro acabe sendo usado para uma regravação do clipe de Blank Space.

Gargalhei, sentindo que, apesar da chateação que, talvez ela aínda tivesse por causa do assunto de Kayla, eu havia conseguido, ao menos, amolecer seu coração um pouco. A atmosfera entre nós, antes carregada de tensão, começava a se dissipar, dando espaço para um clima mais leve e divertido.

Envolvi os braços ao redor da sua cintura, puxando-a para perto de mim. Nossos lábios se encontraram novamente, em uma explosão de sentimentos e de risos contidos quando, de repente...

— PAI! — Tom abriu a porta bruscamente, interrompendo o momento como um furacão. — Você disse que seriam apenas alguns MINUTOS!

O choque nos atingiu como uma descarga elétrica. Nos afastamos rapidamente, nossos rostos rubros, um misto de surpresa e constrangimento, fazendo com que nossos dentes batessem de leve, como se também protestassem contra a interrupção abrupta.

— Ai! — exclamamos em uníssono, nossas mãos voando para cobrir as bocas, a cena quase cômica em sua espontaneidade.

O riso involuntário que se seguiu nos uniu ainda mais naquele momento embaraçoso, como se os laços de cumplicidade se reforçassem a cada instante.
A expressão de Tom era uma mistura de incredulidade e desagrado, suas sobrancelhas arqueadas em um semblante de reprovação.

— Sério, pai? — pôs as mãos na cintura, batendo o pézinho no chão. — Ela prometeu ir brincar de corrida comigo!

— Ah, é? — minha voz soou incrédula, enquanto tentava disfarçar o constrangimento que crescia dentro de mim. — E você achou que isso seria mais interessante do que o que está acontecendo aqui? — brinquei.

— Para ser honesto, um pouco, sim. — respondeu, cruzando os braços em frente ao peito, fazendo cara de nojo.

Taylor e eu trocamos um olhar cúmplice, ainda rindo, mas agora com um toque de vergonha.

— Agora, vocês dois vão brincar comigo! — exigiu, apontando o indicador para ambos, dirigindo-se à porta, numa saída exagerada. — E vocês têm cinco minutos!

A porta se fechou com um estalo, e o ar aliviado entre nós retornou. Olhei para Taylor, que estava mordendo o lábio, claramente lutando contra o riso.

— Parece que temos que ser mais discretos, não é? — a loira disse rindo nervosamente.

— Ou apenas esperar o Tom crescer um pouco mais. — brinquei, puxando-a de volta para mim, meus braços envolvendo sua cintura novamente. Seus olhos desviaram-se para minha boca.— O que você acha?

— Isso pode funcionar. ela sussurrou, o sorriso dela se alargando, enquanto nossos lábios se encontravam mais uma vez, este beijo carregando a promessa.

Eu senti o controle escapar por entre os dedos. Não era um beijo comum. Ela tinha o poder de me deixar completamente rendido, sem sequer tentar. Cada gesto, cada toque dela parecia cuidadosamente calculado, mas ao mesmo tempo, natural, como se sempre soubesse exatamente como me desarmar. Eu já estava entregue há tempos, mas naquele momento, percebi que não restava mais nenhum resquício de resistência em mim. Estava aos pés dela, rendido, de um jeito que eu nunca tinha estado com ninguém.

O beijo se aprofundou, e eu podia sentir o calor subir pela minha espinha, o ritmo dos nossos corpos se ajustando à medida que a intensidade aumentava. Mas havia mais do que apenas desejo ali. Havia cumplicidade, uma promessa implícita de que, apesar de tudo o que viria, estávamos juntos. E naquele beijo, estava selado o compromisso de enfrentar qualquer incerteza, qualquer medo.

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