Capítulo 14 - Sorry that I hurt you
TRAVIS KELCE POINT OF VIEW
Em minha mente, os pensamentos se entrelaçavam em um caos silencioso. Era como se um turbilhão estivesse sempre presente, me arrastando para um abismo de inquietações e arrependimentos. No entanto, algo na noite anterior trouxe uma inesperada calmaria, como uma pausa no meio de uma tempestade. Foi um momento raro, onde percebi, com mais clareza do que jamais antes, que eu havia encontrado a pessoa certa para compartilhar minha vida. E, com essa certeza, veio a dolorosa constatação de que eu precisava reparar minhas falhas antes que fosse tarde demais.
A madrugada avançava lentamente, e depois de algum tempo revirando-me na cama, algo dentro de mim me empurrou a procurar por Taylor. Uma inquietação se instalava no peito, uma preocupação crescente que eu não conseguia ignorar. Ela não havia voltado para dormir ao meu lado, o que, de certo modo, eu compreendia, embora isso não aliviasse o desconforto que sentia. Passei pelos quartos de hóspedes, todos vazios, e o quintal estava envolto em um silêncio imperturbável. Estava prestes a ligar para ela quando, ao retornar ao nosso quarto, ouvi sua voz — baixa, suave, vinda do quarto do meu filho.
Aproximei-me da porta, encostando o rosto na madeira fria. Não queria interromper, apenas entender. A melodia que ela cantava era familiar – uma de suas canções, modulada com a ternura de quem se entrega de coração. A risada contagiante de Thomas, meu pequeno mundo, se misturava à dela, criando um som que parecia capaz de curar feridas profundas. Fiquei ali, escutando, até que o silêncio tomou o lugar da música. Imaginei que ela finalmente o tivesse feito dormir. Mas, então, a voz doce e curiosa de Tom preencheu o espaço novamente.
"Posso te chamar de mamãe?"
A pergunta, tão inocente e ao mesmo tempo tão carregada de significado, fez meus olhos se encherem de lágrimas. Não consegui ver a reação de Taylor, mas podia imaginar o impacto que aquelas palavras tiveram nela. Meu garotinho, de forma tão pura e simples, estava lhe oferecendo o que talvez mais precisasse – um lugar em sua vida, uma figura materna. Não a mãe que o abandonara, mas uma que escolhera estar presente, que o amaria não por laços de sangue, mas pelo compromisso do coração.
E Taylor... Taylor era essa mulher.
Sem perturbar aquele momento sagrado entre os dois, voltei ao meu quarto. A compreensão que me atingiu naquela noite foi profunda e dolorosa. Taylor e Tom estavam, de alguma maneira, preenchendo as lacunas um do outro. Ela, encontrando uma forma de curar a ferida que a perda de seu bebê havia deixado; ele, suprindo a ausência de Kayla, sua mãe biológica, com o amor de alguém que genuinamente queria estar ali. Mas, ao mesmo tempo, percebi que essa relação, por mais bonita que fosse, não seria suficiente para salvar o que havia entre nós dois.
Na manhã seguinte, enquanto o sol tingia o céu com suas primeiras pinceladas de luz, eu soube que precisaria agir. Nosso relacionamento ainda estava sobre uma linha tênue, frágil. A conexão que ela estava criando com Tom não resolveria as questões profundas que pairavam entre nós. Sabia que, mesmo que nossa relação chegasse ao fim, ela jamais o abandonaria. Taylor jamais partiria sem olhar para aquele garotinho e garantir que ele soubesse que seu amor por ele não era algo que pudesse ser quebrado pelas circunstâncias.
Mas o medo de perder tudo – de ver nossa construção desabar – ainda me consumia. E era esse medo que me levou à cozinha, numa tentativa de encontrar algum gesto que pudesse aliviar a tensão que pairava no ar. Eu precisava fazer algo que demonstrasse que, apesar de minhas falhas, eu ainda me importava profundamente com ela.
Preparei um café da manhã leve, exatamente como ela gostava. Não porque eu quisesse alimentar suas inseguranças sobre o corpo ou reforçar qualquer pressão que ela pudesse sentir. Pelo contrário, era um gesto para mostrar que eu a entendia. Fatiei algumas frutas frescas – morangos, kiwis, e fatias finas de maçã verde – e organizei tudo cuidadosamente. Fiz torradas integrais com um toque de abacate amassado e um fio de azeite. Ao lado, um chá de ervas que ela adorava, suave e reconfortante. Nada muito pesado, mas feito com carinho.
Antes de subir com a bandeja, busquei um pedaço de papel e rabisquei um bilhete simples, mas sincero.
Deixei-o sobre a bandeja e subi, na esperança de que, talvez, aquele pequeno gesto pudesse ser o primeiro passo para reconectar nossos mundos, que se distanciavam em silêncio.
Mas meu trabalho ainda não estava completo. Chauncey e Rambo, fiéis como sempre, me acompanhavam de perto, seus olhos curiosos e atentos, como se tentassem decifrar a razão de minha inquietude. Seus passos silenciosos eram constantes, e, por um breve momento, a companhia deles trouxe um pouco de calma à minha mente sobrecarregada.
Antes de prosseguir, parei para alimentá-los, sentindo o peso da rotina simples contrastar com o turbilhão interno. Eles, por sua vez, observavam cada movimento meu, com aquela lealdade inabalável que só os cães parecem possuir, como se estivessem à espera de um sinal, uma resposta, ou quem sabe, de uma pausa nos meus pensamentos.
— Agora que estão devidamente alimentados, quem de vocês dois vai se candidatar a me ajudar a acordar a Tay? — perguntei, com a mão firmemente pousada na cintura, lançando um olhar desafiador aos dois, como se esperasse deles uma resposta.
Ambos latiram em unissono, suas caudas abanando com entusiasmo diante da perspectiva de causar uma leve desordem. Era curioso como Chauncey e Rambo pareciam compartilhar o mesmo prazer em acordá-la, sempre aquela alegria desmedida, lambendo-lhe o rosto até que ela cedesse, entre risadas sonolentas, ao despertar inevitável.
— Muito bem, Rambo, você foi escolhido para a missão — declarei, apontando para ele com um toque de teatralidade. — Mas lembre-se: sua tarefa é exclusivamente despertar a Tay. Deixem Tom em paz, que ele merece mais alguns minutos de sono!
O cão latiu, como se compreendesse perfeitamente cada palavra que havia sido dita. Coloquei a bandeja de café da manhã no carrinho de serviço, posicionando-a cuidadosamente em frente à porta do quarto de Tom.
Olhei para Rambo, que estava sentado ao meu lado, aguardando ansiosamente que eu abrisse a porta. Assim que a abri, ele avançou com determinação até a cama, onde Taylor estava deitada, desfrutando de um sono tranquilo. Thomas, encolhido e de costas, usava o braço dela como travesseiro, em um gesto que revelava uma conexão doce entre os dois.
Uma risada escapou de meus lábios ao observar seu rosto amassado, a franja despenteada e os adoráveis cachinhos que se formavam ao seu redor. Sem querer interromper o trabalho de Rambo, deixei-o agir e fechei a porta com suavidade, dedicando um último olhar à bandeja de café da manhã. Verifiquei se havia cometido algum erro na escrita — algo bastante comum para um homem como eu. A dislexia, minha eterna inimiga, sempre se manifestava nos momentos em que eu mais tentava acertar.
AUTHOR'S POINT OF VIEW
Taylor sentiu algo suave pousar em sua barriga, seguido de um fenômeno quase cotidiano que ela já estava quase acostumada a enfrentar embora achasse um tanto "nojento" para seu gosto: lambidas grudentas e incessantes no rosto. Uma careta surgiu instantaneamente enquanto tentava desviar o rosto do invasor peludo.
Ela afastou a pata do cão de cima de sua barriga e abriu os olhos, esforçando-se para se habituar à luz do sol que filtrava pelas cortinas do quarto. Piscando algumas vezes, começou a assimilar a decoração ao seu redor, com suas tonalidades de vermelho e dourado, que conferiam um ar de sofisticação ao ambiente.
Por fim, seus olhos se fixaram no garotinho ao seu lado, que dormia confortavelmente, seu rosto tranquilo descansando sobre seu braço. Um sorriso natural brotou em seu rosto, iluminando seu semblante ao contemplar aquela cena que irradiava pureza e amor.
A palavra "mamãe" ainda ecoava em sua mente, aquecendo seu coração de uma forma que ela jamais conseguiria esquecer. A lembrança da primeira vez que ouviu Tom pronunciar aquele termo ressoava como uma doce melodia, envolvendo-a em um sentimento difícil de ser explicado.
Virando-se de lado, a loira se permitiu admirar a expressão serena de Tom enquanto ele dormia. Seus lábios estavam entreabertos, respirando suavemente, e seus cabelos bagunçados se moviam levemente a cada expiração, como se estivessem dançando ao ritmo de uma música silenciosa.
Ela observou cada detalhe do pequeno, desde as pequenas sardas que pontuavam seu nariz até a forma como os cílios longos se projetavam sobre suas bochechas.
Enquanto o sol se erguia lentamente no céu, filtrando sua luz pela janela, Taylor se perdeu em seus pensamentos, refletindo sobre o que significava ser mãe. O amor que sentia por aquele garoto era profundo e incondicional, uma força que a impulsionava a ser a melhor versão de si mesma.
— Bom dia, filho. — disse em um sussurro quase inaudível, enquanto acariciava suavemente os cabelos dele.
A sensação dos fios macios entre seus dedos a fazia sentir um misto de proteção e amor. Cada movimento era delicado, como se estivesse receosa de perturbar a paz daquela manhã.
Ela observou o rosto de Tom, agora iluminado pela luz suave do sol que filtrava pela janela. O contorno de suas feições parecia ainda mais doce naquele momento, quase como se estivesse em um sonho. O pequeno sorriu levemente, mesmo sem acordar, e isso fez com que o coração de Taylor se enchesse de uma felicidade indescritível.
Sem fazer muito alarde, a mulher retirou calmamente seu braço debaixo da cabeça de Tom, esgueirando-se delicadamente para não perturbar seu sono sereno. Em seguida, espreguiçou-se, permitindo que cada músculo de seu corpo se alongasse, enquanto as cobertas escorregavam de suas pernas, revelando a suavidade do lençol que a envolvia.
Sentiu um leve desconforto, a rigidez nos músculos evidenciando que havia passado a noite em uma posição menos que ideal, com os pés pendurados para fora da cama. No entanto, aquela dor parecia insignificante quando comparada à doçura do momento que acabara de vivenciar com seu menino. A ideia de se levantar e deixar aquele abrigo aconchegante parecia quase cruel, especialmente após a conexão mágica que compartilhara com Tom.
Ainda envolta em uma névoa de sonolência, ela colocou as mãos na cintura, olhando para baixo com uma expressão que tentava parecer séria enquanto encarava o cão que a despertara.
— Vocês precisam parar com isso! — disse a Rambo, balançando a cabeça em reprovação. — Não é legal acordar assim, tá?
A reprimenda soou mais suave do que pretendia, e um sorriso involuntário apareceu em seus lábios enquanto olhava para o cachorro. Rambo, com seu olhar inocente e os olhos brilhando de travessura, parecia compreender perfeitamente cada palavra, mesmo que o brilho de sua cauda balançando de forma frenética dissesse o contrário. A maneira como ele se encolhia, como se tentasse parecer menor diante da sua reprovação, só a fazia sentir-se mole, do mesmo jeito que era com seus felinos.
"Como é que eu posso ficar brava com um rosto desses?" Pensou.
Rambo girou rapidamente, fixando seu olhar na porta, como se dissesse “Vamos lá, abra logo, vai!”
Taylor não pôde evitar uma risada diante da expressão ansiosa do cão, e dirigiu-se à entrada. Assim que a porta se abriu, no entanto, foi surpreendida pela cena diante dela.
A visão que encontrou a deixou sem palavras: um carrinho de serviço, com uma bandeja meticulosamente arrumada com frutas dispostas de forma harmônica, o chá que costumava apreciar preparado com todo o cuidado, e, no centro de tudo isso, uma rosa delicada, sua beleza destacando-se no arranjo. Ao lado da flor, um bilhete aguardava por sua atenção, como se fosse o toque final daquela criação amorosa.
Ela olhou para os lados, em busca de Travis pelo corredor, mas não havia sinal dele. A ausência de sua figura fez com que um meio sorriso surgisse em seus lábios, refletindo a mistura de surpresa e afeto que sentia naquele momento. Aproximando-se da mesa, seus dedos acariciaram o papel do bilhete, e ela começou a ler.
“Taylor,
Sei que as palavras nem sempre são suficientes, mas queria que soubesse que você significa tudo para mim. Cada passo que damos, juntos ou separados, carrega o peso do que somos e do que queremos ser. Não sei se um café da manhã pode consertar as coisas, mas queria que soubesse que estou disposto a tentar, todos os dias, por você. Por nós. E por Tom, que te adora tanto quanto eu.
Com todo o meu amor,
Travis."
A loira voltou a observar cada detalhe do café da manhã meticulosamente preparado por Travis, notando a maneira como ele parecia disposto a se desculpar. Contudo, a ideia de que um simples café da manhã e um bilhete carinhoso poderiam apagar a gravidade das ações dele era um pensamento que a incomodava.
Ele havia mentido para ela, e, ainda mais preocupante, compartilhara com Tom detalhes sobre Kayla sem sequer consultar como ela se sentia em relação a isso. Essa falta de consideração pesava em seu coração, como um fardo que não podia ser ignorado.
A verdade era que, mesmo com a alegria que a madrugada anterior trouxera, havia uma sombra de incerteza pairando sobre ela. A última coisa que desejava era comer algo naquela manhã, especialmente considerando que seu estômago estava conturbado pela mistura de emoções.
Ela se sentia feliz, mas ao mesmo tempo, a ansiedade a consumia. A mente de Taylor estava um turbilhão, repleta de perguntas que giravam em torno do que poderia acontecer entre ela e Travis. E essa ansiedade estava se manifestando fisicamente; ela sabia que, se tentasse comer, o resultado seria ela correndo para o banheiro, tentando desesperadamente aliviar a pressão que se acumulava em seu estômago.
Olhou para os pratos, as frutas frescas brilhando sob a luz suave do sol que entrava pela janela. O chá que ela tanto apreciava estava fumegante, a rosa delicadamente colocada ao lado de tudo, uma tentativa de fazer as coisas parecerem perfeitas. Mas para ela, a beleza daquela cena não conseguia ofuscar o que realmente sentia. Os gestos dele, embora bem-intencionados, não podiam simplesmente disfarçar as inseguranças e as mágoas que ainda precisavam ser abordadas.
Com um suspiro profundo, ela passou as mãos pelo cabelo, sentindo a textura macia e desordenada. A mente de Taylor vagou para a possibilidade de um futuro ao lado de Travis, mas logo se lembrou das incertezas que pairavam sobre eles. Estava em um ponto em que sabia que precisava ser honesta consigo mesma e com ele, mas o medo de como isso poderia impactar o que havia começado a construir a deixava hesitante.
Com cautela, Taylor empurrou o carrinho até o quarto de Travis, seu coração pulsando com uma mistura de nervosismo e expectativa. A ideia de encará-lo após a intensa discussão da noite anterior era uma perspectiva desconfortável, e seu corpo estremeceu apenas ao pensar em como seria a interação. Bateu suavemente na porta, quase esperando que sua mão hesitasse.
Quando a porta se abriu, a figura de Travis se destacou em um quadro de luz suave, sua estatura imponente fazendo com que ela prendesse a respiração por um momento. Ele estava descalço, vestindo uma camiseta amassada e calças de moletom, o que o tornava ao mesmo tempo acessível e incrivelmente atraente. Contudo, algo em sua expressão a fez sentir um frio na barriga.
Seus olhos verdes, normalmente tão vibrantes e intensos, agora refletiam um lampejo de tristeza. Ela percebeu que ele estava avaliando a bandeja que ela trouxera, as frutas cuidadosamente dispostas e a rosa ainda viva, a decoração perfeita que agora parecia carregar o peso de um pedido de desculpas não verbalizado. Nada na bandeja estava diferente ou fora do lugar que ele deixou. Significava que ela nem havia tocado. Um silêncio constrangedor se instalou entre eles, o ar pesado com a tensão do que não havia sido dito e o ressentimento que ainda pairava sobre suas cabeças.
— Oi. — ela disse, a voz saindo mais suave do que pretendia, quase como um sussurro.
A fragilidade da palavra a fez sentir um nó na garganta, uma lembrança de que a vulnerabilidade não era fácil, especialmente quando se tratava de amor e desentendimentos.
Ele inclinou a cabeça, seu olhar caindo de volta à bandeja.
— Eu... eu preparei isso para você. — ele começou, a hesitação evidente em sua voz. — Desculpe pela noite passada. Eu não deveria ter marcado nada com Kayla sem antes... conversar com você.
A sinceridade em suas palavras fez com que o coração dela se apertasse. Taylor sentiu uma onda de emoções — amor, raiva, confusão — todas se entrelaçando em uma dança complicada. Ela queria acreditar nas intenções dele, mas as palavras não podiam apagar a ferida que ele havia causado. Ela observou a maneira como ele se esforçava para se manter forte, o contraste com a vulnerabilidade em seus olhos, e percebeu que, por trás da bravata, havia um homem que também estava lidando com suas inseguranças.
— Eu aprecio isso, Travis. — disse finalmente, com um tom de sinceridade. — Mas ainda estamos lidando com muito aqui. Não posso simplesmente esquecer o que aconteceu.
Ele assentiu, seu olhar se encontrando com o dela.
— Eu sei. E não espero que você o faça. Só queria que você soubesse que estou disposto a lutar por isso.
Aquela declaração, embora simples, tinha o poder de fazer o tempo parecer desacelerar por um momento. O mundo ao redor deles se dissipou, e, enquanto o silêncio se instalava novamente, Taylor percebeu que, apesar das desavenças e dos desafios, ainda havia algo ali — um fio de esperança que poderia ser tecido com paciência e compreensão.
— Podemos conversar? — Taylor sugeriu, sentindo uma nova determinação crescendo dentro de si. — Sobre tudo.
Ele sorriu, mas a tristeza ainda persistia em seu olhar.
— Sim, por favor. Eu quero muito isso.
Travis deu espaço para Taylor entrar e fechou a porta com um leve clique, buscando a privacidade que a situação exigia. O ambiente ficou envolto em um silêncio pesado, interrompido apenas pela respiração ofegante dos dois.
— Reconheço, Tay, eu errei. — Travis admitiu, as mãos escondendo-se nos bolsos da calça. — Peço desculpas, mas minha intenção jamais foi te machucar.
— Não importa qual era sua intenção. — respondeu, a frieza em sua voz contrastando com a vulnerabilidade que ainda pairava no ar. As palavras saíram carregada de emoção, revelando uma dor que ela não conseguia mais esconder. — Sabe, eu pensei muito sobre o que fazer. E, sinceramente? Minha vontade foi desistir de tudo.
A declaração pairou entre eles como um fantasma, e a intensidade da sinceridade a fez sentir um nó na garganta. O olhar dele, que antes expressava esperança, agora estava tingido de preocupação, seus olhos verdes buscando entender a profundidade de sua dor. A vulnerabilidade que ela demonstrava não era fácil; cada palavra parecia pesar toneladas, mas, ao mesmo tempo, havia um alívio em finalmente verbalizar o que a atormentava.
— Desistir? — ele repetiu, a incredulidade tingindo seu tom. — Tay, eu não quero que você faça isso. Nunca quis que você se sentisse assim.
— Mas é o que você fez! — as palavras dela escaparam com uma ferocidade inesperada. — Você me deixou vulnerável e depois quebrou a confiança que eu tinha em você. Eu me sinto perdida, Travis. O que eu deveria pensar? Como posso acreditar que você realmente se importa?
Ele deu um passo à frente, o desespero em sua expressão se intensificando.
— Eu me importo. Você é tudo para mim, e eu não sei como fui tão insensível. Eu estava tão preso no meu mundo que não percebi o quanto estava te machucando.
Ela realmente iria desistir? A ideia se instalou no peito do homem como um peso insuportável. Era claro que apenas dois meses e meio de namoro não eram suficientes para consolidar o que ele já sentia, mas a conexão que existia entre eles parecia transcender o tempo, como se eles já compartilhassem vidas inteiras juntos. A possibilidade de perder Taylor era um pensamento que o aterrorizava, uma sensação que ele não queria experimentar.
— Taylor, não. Por favor, não. — o ex-jogador implorou, a voz embargada pela emoção, quase a rasgando de dentro para fora. — Eu te amo. E eu não quero perder você. Então, por favor, não acabe com isso que temos.
Suas palavras saíam entrecortadas, e o brilho de suas lágrimas ameaçava escorregar pela sua bochecha, revelando a fragilidade que ele tentava esconder.
— Travis, eu confiei em você. E na primeira oportunidade, você mentiu para mim! — o castanho abriu a boca para se defender, mas um gesto dela com o dedo indicador o impediu. — Não, espere. Apenas escute. — a loira continuou, as palavras fluindo com uma intensidade que refletia a profundidade de sua dor. — Talvez, se você tivesse me contado que convidou Kayla para vir aqui em um dia em que eu estivesse em Nova York, eu poderia ter ficado brava, é verdade. Mas, pelo menos, saberia que você foi honesto o suficiente para me manter a par das decisões que toma. Em vez disso, você escondeu isso de mim, como se Kayla fosse a amante que você traz para a casa quando sua namorada está fora!
A frustração e a decepção em sua voz ecoaram no espaço entre eles, preenchendo o quarto com uma tensão palpável. Ele podia sentir o ar se tornar pesado, cada palavra de Taylor como uma flecha perfurando o que restava de sua confiança. A realidade do que havia feito se apresentou diante dele, nítida e cruel, e ele percebeu que, mesmo que estivesse disposto a lutar por ela, precisaria enfrentar as consequências de suas ações.
— Eu não pensei que isso soasse tão grave. — sua voz tremeu. A vulnerabilidade em seu tom era um sinal de sua sinceridade, mas o peso da verdade a envolveu como uma névoa densa. — Eu pensei que estava fazendo o melhor.
— E você não se deu conta do quanto isso poderia machucar? — questionou, a incredulidade em seu olhar refletindo a profundidade de sua dor. — Eu pensei que éramos um time, que a honestidade era a base do que estamos construindo. Mas você decidiu jogar tudo isso fora por um momento de impulso.
— Eu entendo agora, e estou disposto a fazer o que for preciso para recuperar sua confiança. Não quero que você desista de nós.
Ela o observou por um momento, os olhos repletos de uma tristeza que ele temia não ser capaz de dissipar.
— Me perdoa. Foi um erro, mas é que... é que eu não sabia como você iria reagir. — Travis gaguejou. A explicação soava vazia, como se tentasse preencher um abismo que se alargava entre eles. — Eu só não queria te deixar preocupada com assuntos que são meus.
— Se envolvem você, então eles me envolvem! — Taylor esbravejou. — Eu já estou cansada de tudo isso! Você sabe por que o Joe continuava mentindo para mim, mesmo quando eu descobria a verdade? — o homem balançou a cabeça, sem entender a conexão, mas o olhar dela o desarmou. — Porque a tonta aqui sempre achava uma maneira de perdoá-lo. De encontrar desculpas para seus erros. Eu sempre acreditei que as pessoas mereciam uma segunda chance, que as segundas chances poderiam, de alguma forma, redimir aqueles que amamos.
Ela se afastou, a postura rígida, como se a distância fosse uma defesa contra a dor que o homem à sua frente parecia despertar. O contraste entre a fragilidade de suas emoções e a força da sua determinação a fazia parecer uma tempestade prestes a eclodir.
— Mas não é isso que eu quero para nós! Não quero viver em um ciclo interminável de desilusões e mentiras. Por que você não poderia ter sido honesto desde o início? Por que você não pôde simplesmente dizer a verdade?
A indignação em sua voz carregava uma força quase palpável, e Travis sentiu seu coração apertar ao perceber o peso das expectativas que ele havia deixado de lado. Era como se cada erro cometido ecoasse naquelas paredes, cada falha transformando-se em um lembrete do que estava em jogo.
— Eu pensei que estava protegendo você, Tay. Eu não queria que você se preocupasse com algo que já estava enterrado. — respondeu, tentando se aproximar novamente, mas ela o impediu com um gesto. A rejeição era clara, e a dor em seu olhar o atravessava.
— Me proteger? Isso não é proteção. Isso é desconsideração. — retrucou, a voz agora mais calma, mas com um tremor que denunciava a fragilidade de sua confiança. —Você deveria saber que parte de um relacionamento é compartilhar as coisas, mesmo aquelas que podem causar dor. É um ato de respeito, de consideração. Eu não sou uma criança, Travis, e não preciso que você esconda a verdade de mim como se eu não pudesse lidar com isso.
Ele ficou em silêncio, as palavras dela reverberando em sua mente, desafiando suas tentativas de justificar o injustificável. A verdade era que ele havia deixado sua insegurança guiá-lo, e agora estava diante do resultado de suas escolhas.
— Eu prometo que vou trabalhar para fazer melhor. — ele garantiu, implorando por uma oportunidade. — Eu não quero ser como o Joe. Eu não quero que você olhe para mim e sinta medo, ou desconfiança. Quero que você saiba que pode contar comigo. Que, acima de tudo, eu estou aqui para você.
Ela o encarou, os olhos intensos e avaliadores, como se estivesse tentando descobrir a verdade por trás de suas palavras. A tensão entre eles era quase tangível, uma linha tênue entre amor e dor. Era um momento crucial, um ponto de virada que poderia moldar o que estava por vir. Travis sabia que as ações falariam mais alto do que qualquer palavra que pudesse pronunciar.
— Eu não sou ele. Eu juro que, em nenhum momento, quando vi a Kayla no torneio, senti que meus sentimentos por ela ressurgiram. Isso simplesmente não aconteceu. — Travis declarou, sua voz carregada de um fervor que tentava atravessar a barreira de desconfiança que se erguia entre eles. — Meu único medo, a razão pela qual me senti paralisado, foi o que essa mulher poderia querer com meu filho, após todos esses anos.
— E no entanto, você a chamou para a sua casa, mesmo com todo esse medo? — a pergunta de Taylor cortou o ar, incisiva, e a incredulidade em sua expressão era palpável.
Ele se sentiu como se tivesse levado um soco no estômago. A verdade era que a decisão de convidar Kayla, mesmo que motivada por uma mistura de curiosidade e preocupação, parecia agora uma escolha tola e impensada. Ele procurou nas palavras o que poderia justificar suas ações, mas a realidade era que havia sido um erro.
— Eu pensei que, se a visse novamente, poderia entender o que estava acontecendo, por meio de uma conversa mais calma, sem a pressaode que alguém pudesse ver ou ouvir. — explicou, a frustração crescendo dentro dele. — Eu estava tão focado em proteger Tom que não percebi o quão inconsistente isso soava. Não quero que ele tenha que lidar com fantasmas do passado, e não queria que você se preocupasse com isso também.
A expressão dela endureceu, e ele pôde ver o momento em que a confiança se dissipava entre eles. — E você acha que o que você fez foi a melhor maneira de proteger seu filho? Trazer de volta alguém que um dia o abandonou?
A indagação o cortava como uma lâmina. A lembrança de como Kayla havia deixado suas vidas não era algo que ele poderia simplesmente apagar, e essa realidade pesava sobre ele. O homem olhou para baixo, a culpa infiltrando-se em cada parte de seu ser.
— Eu realmente achei que, ao trazer a Kayla para uma conversa, poderia encerrar esse capítulo de uma vez por todas. Eu só... não pensei nas consequências que isso teria para você e para nós.
— Mas isso nunca foi sobre você, foi? — Taylor retrucou, sua voz tremulando com uma mistura de raiva e dor. — Você agiu como se suas decisões fossem suas sozinhas. A verdade é que eu estava aqui, torcendo para que você escolhesse abrir seu coração para mim, e não para alguém que não fez questão de ficar na vida do seu filho.
Ele engoliu em seco, sentindo a amargura da realidade em suas palavras. Era verdade: enquanto ele tentava entender o que sentia, havia negligenciado a pessoa que realmente importava, que estava ao seu lado, disposta a construir um futuro juntos. O peso do arrependimento era quase insuportável.
— Eu entendo que a confiança foi quebrada, e que eu não tenho o direito de pedir outra chance, mas... eu não quero que essa seja a história que contamos a Tom.
Travis respirou fundo, o ar pesado com a gravidade de suas palavras, mas resolveu continua: — Eu não sou perfeito, Tay. Mas estou disposto a lutar por nós, por essa família que ainda podemos construir. Por favor, me dê uma chance de mostrar que posso ser melhor.
O silêncio se instalou entre eles, uma dança de emoções conflitantes. Taylor olhou profundamente em seus olhos, e por um breve momento, ele se perdeu nas profundezas de seu olhar. A vulnerabilidade que emanava dela era um convite e uma advertência ao mesmo tempo. Eles estavam em um limiar, uma encruzilhada de suas vidas, e a decisão que tomassem agora moldaria o futuro que desejavam.
— Eu entendo a sua raiva. De verdade. No seu lugar, tenho quase certeza de que eu surtaria muito mais, e—
— Surtaria? Que... diabos, eu não estou surtando! — Taylor cortou, a indignação vibrando em sua voz.
Travis hesitou, a expressão confusa na tentativa de encontrar palavras que pudessem transmitir a profundidade de sua preocupação.
— Não, claro que não. — ele finalmente disse, assentindo de maneira cautelosa. — O que quero dizer é que a situação é mais intrincada do que simplesmente o que queremos. Sendo sincero? Eu não quero que a Kayla se aproxime do Tom. Porém, independente do que eu desejo, não podemos ignorar o fato de que, sim, ela é a mãe dele. E ela tem o direito, caso decida, de entrar na justiça se eu tentar impedi-la de estar perto dele. Entende? Isso é muito mais complexo do que parece. E eu não quero perder o Tom!
Ele viu a indignação nos olhos de Taylor se transformar em uma mistura de incredulidade e dor, e as palavras que saíram de sua boca eram apenas um reflexo da tempestade que se desenrolava dentro dela.
— Como você pode dizer isso? — disparou, a frustração aumentando em cada sílaba. —Você está apenas se desculpando por chamar alguém que deixou o seu filho e agora quer entrar na vida dele como se nada tivesse acontecido!
— Eu sei que isso é difícil de entender. Mas temos que encarar a realidade de que, independentemente do passado, Kayla tem direitos. E, mesmo que eu queira protegê-lo a qualquer custo, há questões legais que não posso simplesmente ignorar. É um campo minado de emoções, obrigações e direitos que complicam tudo.
— E você acha que, convidando-a para sua casa, vai resolver isso? Você não está pensando em como Tom se sente em tudo isso? Ele já passou por tantas mudanças em sua vida, e agora você quer trazer essa mulher de volta para a equação?
Ele respirou fundo, sabendo que sua intenção nunca foi criar mais confusão na vida do filho.
— Não, eu não quero que isso aconteça. Meu objetivo era entender a situação, mas agora vejo que foi uma péssima decisão! — exclamou, com raiva de si mesmo. — Tentei justificar a presença dela como uma forma de controle, uma maneira de evitar surpresas desagradáveis no futuro. Mas na verdade, só trouxe mais dor.
Taylor balançou a cabeça, a frustração ainda evidente em seu olhar.
— E você acha que isso é suficiente? Que um simples convite resolverá tudo? Você não percebe que isso também coloca nossa relação em risco?
— Eu não queria colocar nada em risco, Tay. — afirmou, sentindo a vulnerabilidade expor seu coração. — A última coisa que eu quero é perder você ou o Tom. Estar no meio disso tudo me faz sentir impotente. Eu só queria agir da melhor forma possível, mas agora vejo que, em vez disso, criei um emaranhado de problemas.
O silêncio se instalou entre eles, e Travis pôde sentir a tensão no ar. Era um momento de clareza, um reconhecimento de que as decisões que tomara, por mais bem-intencionadas que sejam, podem ter repercussões devastadoras.
— Por favor, me ajude a encontrar um caminho a seguir. Quero que possamos resolver isso juntos.
A expressão de Taylor começou a suavizar, mas a sombra da incerteza ainda pairava entre eles. Ela parecia lutar contra um turbilhão de emoções.
Ele estava certo: Kayla era a mãe de Tom, e essa era uma verdade indiscutível, uma realidade que não podiam simplesmente ignorar ou desconsiderar.
— Mas você não entende que ele não gosta dela? — Taylor perguntou, a voz mais baixa, um murmúrio que carregava a tensão de suas emoções. O estômago dela revirava, como se cada palavra que proferisse tivesse o peso de um conflito interno ainda não resolvido.
— Tom não sabe do que gosta. — Travis respondeu, a firmeza em sua voz ressoando como um eco. — Ele é só uma criança. Além disso, não sabe quem ela realmente é na vida dele.
— As crianças têm uma capacidade impressionante de perceber o que sentem e por que sentem! — ela rebateu, a frustração transparecendo em cada palavra. — Independente de saber que Kayla é a mãe dele ou não, uma criança jamais se confundiria quanto ao motivo de não gostar de alguém! Ele pode não compreender todos os nuances do que isso significa, mas seu instinto é claro e puro. E ele não gosta dela.
Travis hesitou, absorvendo o impacto da afirmação dela. Ele não tinha como contestar essa verdade, mas sua mente girava em torno das implicações que isso trazia.
— Eu não estou tentando desmerecer os sentimentos do Tom, Tay. É apenas que a situação é mais complicada do que parece. As emoções, as interações, tudo isso precisa ser cuidadosamente analisado. Não posso simplesmente ignorar a presença dela na vida dele; não posso fazer isso por mim, nem por você.
— Você acha que eu estou pedindo que você ignore? Estou pedindo que você se lembre de que ele é uma criança que já foi abandonada uma vez! — sua voz sobe um pouco. — Você não vê que isso tudo é uma repetição da dor que ele já sentiu? A presença de Kayla na vida dele não é apenas uma nova variável, é um risco real de reabrir feridas que ainda não cicatrizaram. E isso pode afetá-lo de maneiras que nem imaginamos.
A tensão entre eles aumentou, e Travis se sentiu sufocado pela intensidade da conversa. Ele queria proteger Tom, mas também não queria criar um abismo entre ele e Taylor.
— Eu sei que essa é uma preocupação válida, e prometo que vou levar isso em consideração. Mas precisamos abordar essa situação de maneira equilibrada, sem deixar que as emoções nos conduzam para o caminho da impulsividade.
— Equilíbrio é tudo que eu desejo, mas isso precisa começar com a honestidade. Precisamos ser transparentes um com o outro sobre nossos medos e nossas intenções. A única maneira de fazermos isso funcionar é se estivermos dispostos a ouvir e entender os sentimentos um do outro, assim como os sentimentos do Tom.
— Eu quero que as coisas se resolvam entre nós, mas, de verdade, sei que preciso falar com a Kayla em algum momento. Vou implorar para que não terminemos agora. — Travis declarou, sua voz ecoando no quarto silencioso. Ele estava determinado, mas a vulnerabilidade em seu olhar traía uma preocupação profunda. — Acredito que podemos resolver isso, não acha?
Taylor, sentindo o peso das palavras e a carga emocional que a envolvia, fez uma pausa antes de responder. Ela se sentou na beirada da cama, as pernas cruzadas e a mente girando com as implicações da conversa que estava prestes a ter. A leve tontura que a atingiu parecia um reflexo da confusão interna que sentia.
— Deixe-me esclarecer as coisas. — disse finalmente, seu tom cauteloso refletindo a tensão que ainda pairava no ar. — Eu pensei muito em desistir de nós. E isso era mais do que apenas um impulso momentâneo; foi uma reflexão profunda. — ela respirou fundo, permitindo que a memória de Thomas invadisse seus pensamentos. — Mas tudo mudou quando o Tom apareceu no quintal. Ele trouxe consigo uma nova perspectiva, uma luz que me fez ver tudo de maneira diferente. Não vá se iludir, não quero que pense que a presença dele será o alicerce da nossa relação. Eu ainda estou muito brava com você, e essa raiva não desaparece simplesmente.
Os olhos de Travis estavam fixos nos dela, transparecendo uma mistura de esperança e apreensão.
— Continue. — ele instou, curioso sobre o que mais ela tinha a dizer.
— O fato é que o Thomas precisa de alguém que esteja realmente presente em sua vida. E eu quero ser essa pessoa. — a loira afirmou, com uma sinceridade que transbordava de seu coração. — Quero ficar, e não apenas por você, mas por ele. Eu os amo muito mais do que sou capaz de explicar.
Nesse instante, o ambiente ao redor parecia se contrair, como se o ar estivesse carregado com a profundidade de suas emoções. O que antes parecia um abismo de desconfiança agora começava a se transformar em uma ponte, uma oportunidade de reconexão. A verdade que Taylor havia exposto era um testemunho de sua determinação, um chamado à ação para Travis. Ele percebeu que, para que a relação entre eles prosperasse, seria necessário um compromisso renovado.
— Isso significa muito para mim. — Travis disse, sua voz carregada de emoção. — Amo vocês dois, e não estou disposto a deixar que um erro me afaste do que realmente importa. Estou pronto para lutar por nós.
A franqueza nas palavras dele acendeu uma centelha de esperança no coração de Taylor. Ela sabia que o caminho à frente não seria fácil, mas estava disposta a enfrentar os desafios ao lado dele. Afinal, o amor que compartilhavam era mais forte do que as desavenças e desilusões do passado. Era um amor que poderia resistir a tempestades, se ambos se comprometessem a navegá-las juntos.
— E eu quero que você fique! Travis exclamou, movendo-se para se sentar ao lado dela, o olhar ardente de determinação. — Vamos consertar as coisas, babe. Eu juro que não vou quebrar mais a sua confiança. Você não faz ideia do quanto a sua relação com o meu filho e a maneira como se importa com ele me emociona. Não errei ao escolher você, e não posso permitir que a minha própria burrice te afaste de mim.
As palavras dele ecoaram no coração de Taylor, mas sua mente, ainda marcada pela dor e a traição, manteve uma cautela firme. Ela suspirou, a respiração pesada, como se cada palavra que estava prestes a sair precisasse ser cuidadosamente escolhida.
— Eu realmente espero que você não quebre mais a minha confiança. — respirou fundo, sua voz carregando o peso da experiência. — Entenda, não haverá uma segunda chance, Travis. Não estou disposta a fazer o papel da tola novamente.
A seriedade em seu tom não passou despercebida. Travis sentiu a gravidade de suas palavras e o eco de suas experiências passadas. Ele sabia que cada frase era um lembrete da fragilidade da relação deles, um fio tênue que poderia se romper a qualquer momento.
— Eu entendo, Tay. E eu não quero te dar motivos para desconfiar de mim. Cada erro que cometi é uma lição que aprendi, e cada lição me trouxe a um lugar onde agora percebo o que realmente está em jogo.
A sinceridade em sua voz tocou Taylor, mas a sombra de suas dúvidas ainda pairava.
— Você diz isso agora, mas como posso ter certeza de que não é apenas mais uma promessa vazia? — perguntou, os olhos fixos nos dele, buscando uma resposta que soasse genuína, que dissipasse as nuvens de incerteza que a envolviam.
— Porque eu quero ser um pai melhor para o Tom e um parceiro melhor para você. Eu sei que não sou perfeito, e nunca serei, mas estou disposto a trabalhar nisso todos os dias. — Travis respondeu, cada palavra impregnada com uma sinceridade que transcendeu as meras promessas. — Você e o Thomas são as prioridades da minha vida. Sem vocês, não sou nada.
— Eu quero acreditar em você, mas a confiança é algo que se constrói lentamente. Leva tempo. É como vidro quebrado; mesmo quando você tenta colá-lo de volta, ainda há marcas, cicatrizes que permanecem visíveis.
— E eu estou disposto a fazer o trabalho, Tay. Não quero que você se sinta assim. Vou te apoiar, vou ser transparente e vou te mostrar que aprendi com meus erros. — ele prometeu, aproximando-se um pouco mais, a expressão em seu rosto refletindo um desejo genuíno de reconciliação.
Taylor olhou para ele, seus olhos verdes capturando a luz do quarto de maneira intensa. A vulnerabilidade que emanava dele era palpável, e por um breve momento, a ideia de reconstruir a confiança parecia não apenas um desafio, mas uma possibilidade.
— Está bem, mas eu quero ver ações, não palavras. As ações falam mais alto, e se você realmente quer que fiquemos bem, vai ter que mostrar.
Travis assentiu, um sorriso suave e esperançoso começando a se formar em seus lábios.
— Eu prometo, vou fazer você se sentir segura novamente. E, acima de tudo, vou garantir que o Thomas tenha uma vida cheia de amor e estabilidade. Ele precisa disso, e eu também.
Estamos bem?
— Ele vai vê-la novamente, não vai? — Taylor questionou, o olhar fixo nele. A expressão de Travis se tornou confusa, quase como se ela tivesse falado uma língua estranha. — O Tom. Ele vai ver a Kayla outra vez? Porque, suponho que, para você ter mencionado que ela foi sua namorada e para ter pedido que ele fosse educado caso a visse de novo, então é razoável pensar que você está planejando um encontro entre os dois.
— Não. Não é isso. — a hesitação de Travis era palpável, sua voz se arrastando com um tom de vulnerabilidade que não costumava mostrar. Ele desviou o olhar, fitando seus próprios pés como se buscasse respostas no chão. — Eu só pedi que ele fosse educado, caso ela aparecesse. A verdade é que... eu estou assustado.
A confissão lhe saiu como um sussurro, um relutante desabafo que ecoou entre os dois.
— Assustado? — a palavra soou estranha nos lábios de Taylor, mas ela percebeu que ele não estava brincando. — Assustado com o quê?
— Com o que a Kayla pode representar para ele. — Travis admitiu, os ombros caindo como se a simples menção do nome dela tivesse um peso tangível. — Eu tenho medo de que ela possa tirá-lo de mim, de que, de alguma forma, eu possa perder o único laço que me mantém são. Se eu perder esse menino, Tay... eu vou perder meu mundo.
As palavras dele atingiram Taylor como uma onda, trazendo à tona a complexidade da situação que estavam enfrentando. O amor de um pai é uma força poderosa, mas também uma fonte de insegurança, especialmente quando se trata de um filho que já sofreu tantas mudanças.
— Travis, você não pode pensar assim. Você não vai perdê-lo. — a voz de Taylor era suave, mas firme, como uma rocha em meio à tempestade que se abatia sobre eles. — E se ela entrar na justiça pedindo a guarda do Tom, muitas coisas serão analisadas. Ele não se sente seguro perto dela, e, no final das contas, ele certamente escolheria o pai que sempre esteve ao seu lado, em vez da mulher que apareceu do nada, querendo arruinar tudo o que ele construiu após sete anos de ausência.
Os olhos de Travis buscaram os dela, e por um momento, o mundo ao redor desapareceu, deixando apenas o peso das palavras flutuando no ar.
— Desculpe. — ele sussurrou, a voz carregada de remorso enquanto escondia o rosto entre o vão de seu pescoço e o ombro dela. — Por ter sido tão idiota. Por ter gritado. Por ter mentido. Só... desculpe.
O gesto era de um homem quebrado, um pai que se sentia perdido diante da complexidade da paternidade e dos erros cometidos. Taylor sentiu o calor dele contra sua pele, a vulnerabilidade em sua respiração, e um fio de empatia atravessou seu coração. Mas havia algo mais que pulsava entre eles, algo que precisava ser abordado.
— Você não pode apenas pedir desculpas e esperar que tudo se resolva. ela murmurou, seu tom grave e introspectivo. Sua mão instintivamente acariciando os cabelos dele, que agora estava maior do que quando o conheceu. — Precisamos ser sinceros sobre o que aconteceu, sobre como isso nos afeta.
A mão de Travis segurou delicadamente o rosto dela, e em um movimento quase instintivo, seus lábios buscaram contato com os dela. Mas Taylor desviou, virando o rosto com firmeza.
— Não. — a mulher disse, a determinação em sua voz cortando o momento. — Eu estou brava, Travis. E foi totalmente desrespeitoso da sua parte ter deixado-a beijá-lo, independentemente de onde ela beijou. Você não fez questão de dizer que estava comigo. Você deixou a situação se desdobrar sem qualquer consideração por mim.
Ele recuou, os olhos carregados de confusão e arrependimento. A dor da rejeição estava clara em seu rosto, e a frustração crescia em seu peito, como uma tempestade prestes a eclodir.
— Se eu falasse isso, agora mesmo estaríamos em todas as páginas de fofocas. — Travis defendeu-se, o olhar preocupado e a tensão visível nos ombros.
— Olha, eu não aguento mais isso. — Taylor confessou, a voz transbordando frustração enquanto suas mãos se moviam em gestos expressivos. — Estamos há dois meses mantendo esse relacionamento em segredo, como se fosse algo proibido. E tudo bem, eu entendo que sua equipe acha que falar sobre isso agora seria um erro, e que eles também estão tentando proteger o Tom. — massageou as têmporas, sentindo uma dor de cabeça se aproximar. — Mas eu me sinto presa novamente, como quando estava com Joe. Eu sei que você e Tom não estão acostumados com a atenção que eu recebo, e que o fato de eu entrar em um novo relacionamento resultaria na mídia caindo em cima de mim, apontando mais uma vez como eu troco de namorado do mesmo jeito que troco de roupa.
Ela fez uma pausa, respirando fundo, buscando o equilíbrio emocional que sentia se esvaindo, para continuar: — Mas, ainda assim, Travis, é difícil para mim pensar que poucas pessoas sabem que você não é um cara solteiro. O que torna tudo ainda mais complicado é o fato de você ter permitido aquele gesto da Kayla, sem ter ao menos declarado que está em um relacionamento. Não precisava mencionar meu nome, apenas dizer que está namorando. Isso me deixa na dúvida se você leva isso tão a sério quanto eu.
Travis observou os olhos de Taylor, notando como a frustração e a vulnerabilidade se entrelaçavam em seu olhar. Era um contraste tão forte com a mulher confiante e poderosa que ela costumava ser nos palcos e nas entrevistas. Aqui, na intimidade de seu relacionamento, havia uma fragilidade que ele não queria quebrar.
— Tay... — ele começou, a voz baixa. — Não quero que você se sinta assim. Eu sei que temos uma situação complicada. A última coisa que quero é que você se sinta presa ou desvalorizada. Você é importante para mim, mais do que eu consigo expressar.
— Então, por que não parece? — ela rebateu, a dor em seu coração ecoando nas palavras. — Parece que você ainda está dividindo sua lealdade entre mim e seu passado, como se estivesse hesitando. Eu não quero ser a sua opção, Travis. Eu quero ser a sua escolha.
— Eu sei que isso parece confuso agora. — lamentou, inclinando-se mais perto, tentando estreitar a distância emocional que havia se formado entre eles. — A Kayla é parte de um capítulo da minha vida que eu não consigo simplesmente apagar. Mas você é o futuro que eu escolhi, e estou lutando para encontrar uma maneira de equilibrar tudo isso sem te machucar.
E foi nesse momento de reflexão que Travis teve uma ideia que, para ele, parecia absolutamente brilhante. Enquanto a frustração de Taylor ecoava em sua mente, ele começou a formular um plano, uma maneira de não apenas dissipar suas dúvidas, mas também de solidificar o que eles tinham. A última coisa que queria era que ela se sentisse insegura ou hesitante em relação ao que estava se desenvolvendo entre eles.
Travis queria, acima de tudo, a confirmação de que Taylor se sentia à vontade para abandonarem a sombra das câmeras, para que pudessem finalmente viver seu amor sem as amarras da clandestinidade.
Ele visualizou uma forma de declarar seu amor pela mulher à sua frente. De um jeito que não deixaria dúvidas de como se sente.
E sabia qual seria o método que usaria para isso. Mas tal ideia, seria uma surpresa. Não apenas para Taylor, mas também para os fãs da loira, e, bem, dele mesmo.
Travis percebeu que esse era o elemento que poderia também oferecer a Taylor a segurança que ela precisava.
— Eu levo isso a sério, Taylor — afirmou Travis, levantando-se e posicionando-se diante dela, suas mãos firmemente segurando seu queixo. Ele a forçou a encontrá-lo nos olhos, cada centelha de emoção transparecendo em seu olhar. — E vou provar isso a você.
— Como? — ela desafiou, um toque de ceticismo na voz. — Você sequer mencionou se tem interesse em conhecer meu pai. Ontem, quando toquei nesse assunto durante o café da tarde, sua resposta foi vaga, como se estivesse distante, como se não se importasse.
Travis soltou um suspiro frustrado, passando a mão pelo rosto com uma expressão de desespero.
— Ah, droga! — exclamou, irritado consigo mesmo por não ter sido mais transparente. — É claro que quero conhecê-lo. Me desculpe. Você não desmarcou aquele encontro, certo?
— Não, não desmarquei — respondeu. — Mas, sinceramente, talvez não seja o melhor momento para que vocês se conheçam, considerando as circunstâncias atuais.
— Taylor, eu entendo suas preocupações. — ele começou, suas mãos ainda segurando seu rosto, como se temesse que ela pudesse se afastar a qualquer momento. — Mas você precisa saber que quero ser parte da sua vida, e isso inclui conhecer sua família. Não estou apenas dizendo isso por obrigação; eu realmente me importo. E se para você é importante que eu conheça seu pai, sua mãe, seus tios, seus primos, seu irmão, seus gatos... não importa quem, eu vou conhecer.
— Você não entende, Travis. Não quero que ele tenha uma impressão errada de você, especialmente agora, quando tudo está tão confuso.
Disse, entregando o medo que tinha de que um encontro num momento frágil desses, pudesse estragar tudo, e então, viesse uma desaprovação por parte de Scott.
Não que ele fosse proibir ela de namorar. Mas sim porquê, a aprovação dele era sim importante para ela.
A expressão de Travis suavizou. Ele sabia que essa era uma oportunidade de se conectar com ela em um nível mais profundo, de mostrar que era capaz de entender suas vulnerabilidades.
— Eu quero que ele saiba o quão sério eu sou sobre nós. E que eu estou aqui para ficar. — respondeu, a sinceridade de suas palavras transparecendo em cada sílaba.
Os ombros de Taylor caíram, como se um peso fosse tirado. Um sorriso surgiu no canto de seus lábios, por saber que ele estava tão disposto a consertar tudo, e não desistir como qualquer outro poderia fazer.
Mas aí está: ele não é qualquer um. Ele é Travis Kelce.
— Travis, eu tenho apenas mais um pedido a te fazer. — a loira levantou-se, movendo-se lentamente em sua direção, sua voz, normalmente tão firme, agora tremeu levemente. — Por favor, não deixe que a Kayla afaste o Tom de mim. — implorou, seus olhos azuis brilhando com uma intensidade que quase cortava o ar entre eles. — Ele também é meu mundo, e a ideia de perdê-lo me consome.
A súplica dela reverberou em Travis, que sentiu seu coração apertar. Ele sabia que a relação entre Taylor e seu filho era muito forte, muito linda. Tom não era apenas uma parte de sua vida; ele era a essência do que Travis havia se tornado como pai. O olhar de Taylor refletia a mesma preocupação que lhe assombrava, um eco de insegurança que o fez perceber o quanto estavam interligados. A possibilidade de Kayla interferir nessa dinâmica era uma perspectiva que ele não estava disposto a considerar.
— Taylor, eu te prometo. Eu não vou permitir que Kayla tire Tom de você. Ele te adora, e você se tornou uma parte vital da vida dele. Não apenas por ser uma figura maternal, mas porque você o vê e o compreende de uma forma que eu nunca consegui.
E então, em meio à tensão que ainda pairava entre eles, houve um momento de silêncio carregado, como se o peso das palavras ditas tivesse finalmente caído. Travis deu um passo hesitante em direção a Taylor, e sem a necessidade de mais explicações ou promessas, ele a envolveu em seus braços. A princípio, o toque foi leve, quase incerto, mas logo ambos cederam àquele gesto simples, e o abraço tornou-se mais firme, mais significativo.
Era um abraço que não prometia soluções imediatas, mas que falava de um medo comum, um medo silencioso que crescia dentro de cada um: o de perder um ao outro. Eles não precisavam verbalizar isso. O calor que passava entre eles já trazia essa confissão implícita. As mãos de Travis descansaram nas costas de Taylor, enquanto ela, sentindo o coração dele bater contra o próprio peito, afundava o rosto em seu ombro.
Embora a relação estivesse frágil, com cicatrizes que ainda não haviam se curado, aquele abraço era mais do que reconciliação; era um lembrete de que, apesar de tudo, ambos estavam dispostos a lutar pelo que tinham. O medo de perder não era mais um peso que os distanciava, mas sim algo que os aproximava. O silêncio entre eles deixou de ser um fardo e passou a ser um consolo.
"Eu não vou deixar você ir.” pensou Travis, embora as palavras não saíssem. Ele sabia que ambos estavam remendando pedaços de si mesmos, tentando encontrar estabilidade em um terreno instável.
Taylor, por sua vez, sentia o mesmo. Mesmo que as feridas ainda estivessem abertas, mesmo que o ressentimento ainda latejasse, ela sabia que, naquele momento, entrelaçados de uma maneira tão íntima e vulnerável, havia algo mais forte que os mantinha ali. Não era apenas amor; era uma necessidade mútua de pertencimento, de segurança.
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