S01 Ep 01 - A morte bate à sua porta
Ashley Tisdale
Eram quase oito da noite. Meus pais haviam saído para um jantar do qual não voltariam tão cedo. Fiquei sozinha em casa. Meu celular estava à meu lado na cama e começou a tocar a música tema de A Culpa é das Estrelas. Eu amo essa música.
- Oi. - falei friamente ao atender Ariana pela terceira vez em menos de quinze minutos. Ela estava mesmo tentando a qualquer custo me convencer a ir na festa de Chanel, mas eu não estava nem um pouco afim.
- Já chega. Não aceito que você irá perder a festa do ano, Ash! É tão injusto comigo. - disse ela choramingando. Eu sabia que ela estava era fazendo drama então, não dei bola.
- Você sabe muito bem que não gosto desse tipo de festas, Ari. E pela terceira vez vou ter que te dispensar. - falei já meio sem paciência. Ariana conseguia ser bem chata quando queria e eu hoje não estava com paciência.
- Você é que sabe, Ash. Saiba que estou bem magoada. - falou ela. Dei uma pausa na linha.
- Você vai sobreviver. - falei rindo. Ari riu junto. Nos despedimos e desliguei.
Saí da cama e fui até o banheiro. Me olhei no espelho, tirei os óculos e limpei com o paninho especial. Voltei para o quarto e a porta estava aberta. Estranhei.
ESSA PORTA NÃO TAVA FECHADA? Pensei.
Poderia jurar que havia trancado a porta, mas tudo bem. Peguei meu celular e desci para a sala. Joguei-me no sofá e fiquei ali sentada procurando um canal com algo produtivo para assistir. Parei no canal Sony e fiquei assistindo a um episódio de "Revenge" que estava passando. Alguns minutos depois, meu telefone começou a tocar ao som de Bruno Mars.
- Alô? - falei ao atender. Do outro lado da linha estava tudo calmo, exceto pelo chiado na ligação. Fez-se uma pausa. - Quem é?
- Quem fala? - respondeu a pessoa. Parecia ser um homem por que a voz era grossa e com esse chiado de Quando a ligação está ruim.
- Com quem quer falar? - perguntei. Com certeza deveria ser a Ari de novo.
- Com você...
- Olha, diz pra Ari que eu não vou à festa hoje e pede para ela parar de insistir. Já está ficando chato. - respondi meio impaciente. Agora ela resolveu mandar as pessoas me ligarem? Que falta de noção.
- Não precisa ficar chateadinha... - disse a pessoa em tom de deboche. Nem me dei ao trabalho de responder e desliguei.
Levantei e fui até a cozinha. Peguei uma jarra com suco na geladeira e servi um pouco em um copo. Abri o armário e tirei um pacote de bolhacha recheada e quando estava prestes a subir as escadas, o telefone residencial tocou. Andei até lá e atendi.
- Alô?
- Não consegui falar com você ainda...
Era a mesma pessoa ligando novamente. A mesma voz. O mesmo chiado.
- O que você quer afinal? - falei parada em frente ao sofá da sala.
- Eu quero você. - disse a pessoa. Me senti um pouco tensa com o que ele disse. Não sei por que mas soou um pouco assustador.
- Eu nem te conheço...
- Você quer conhecer?
Comecei a subir as escadas enquanto ainda falava no telefone.
- Me ligue amanhã e veremos isso. - respondi quando cheguei no topo da escada. Estava chovendo lá fora. Conseguia ouvir o barulho dos trovões. Estava tudo ficando um pouco assustador demais, principalmente nessa casa.
- Mas eu estou aqui hoje.
Paralisei em frente à escada. O que ele havia dito? Estava aqui? Mas aqui onde? Eu ouvi errado?
- O que você disse? - perguntei. Um silêncio. Apenas silêncio do outro lado da linha.
- Não falei nada. - respondeu a pessoa.
- Sim falou! Você disse que estava aqui... - afirmei. Novamente um silêncio. A única coisa que conseguia ouvir era a respiração da pessoa no outro lado da linha. Será que era Ari ou algum dos guris me passando um trote? Precisava perguntar por que se o objetivo era me assustar, eles já haviam conseguido.
- Ari é você? - perguntei. Estava com medo da resposta mas, torcendo para ser ela.
- Aqui não é a idiota da Ariana, sua imbecil. - gritou a pessoa. Nesse momento fiquei apavorada, ainda paralisada em frente a escada.
- Então quem está falando?
- Eu sou a última pessoa que você vai ver na sua vida e, é melhor trancar a porta dos fundos... Você esqueceu aberta.
Soltei o telefone no chão na hora que ele mencionou a porta. Não conseguia acreditar que algo assim podia estar acontecendo. Desci correndo as escadas. Minhas mãos estavam tremendo. Eu já estava desesperada. Passei correndo pela cozinha e fui pelo corredor que dava acesso aos fundos. Quando cheguei lá, a porta estava entre aberta. Girei a chave. Afastei a cortina e fiquei olhando para fora. Não havia ninguém. A rua estava escura. A única iluminação era as lâmpadas internas da piscina. Tomei um susto quando o telefone residencial tocou novamente.
Andei até o telefone do corredor. O som dele nunca foi tao assustador quanto estava sendo nesse momento. Eu já sabia quem era e por isso era tão ruim. Respirei fundo e atendi.
- Não ficou com uma dúvida depois que fechou a porta? - perguntou ele. Conseguia ouvir direitinho sua respiração, como se ele estivesse em algum lugar, trancado ou sei la. Ele ficou aguardando minha resposta. Respirei fundo novamente.
- Dúvida? Sobre o que? - perguntei tentando passar confiança e autoridade na voz. Não queria que ele visse que eu estava com medo dele.
- Se você me trancou para dentro ou para fora... - disse ele. Senti um frio na espinha. Estava de costas para a porta dos fundos. Pelo telefone consegui ouvir o momento em que uma porta se abriu. Ouvi os passos dele no piso de madeira... Mas, o que mais me assustou foi que eu ouvi os passos pelo telefone e também atrás de mim.
Olhei para trás e tudo aconteceu muito rápido. Ele estava lá, parado em frente a porta, com a cabeça um pouco inclinada para a direita, com o telefone em uma mão e segurando uma faca na outra. Meu primeiro instinto foi de atirar o telefone nele e correr em direção à cozinha. Parei do outro lado da mesa e ele já estava ali, do outro lado tentando me acertar com a faca. Atirei uma panela que estava a meu alcance e quando ele tentou desviar, corri para a sala. Subi as escadas mas ele já estava logo atrás. Agarrou meu pé e me deu um puxão, que fez com que eu caísse deitada na escada. Chutei ele com o pé direito e ele caiu alguns degaus, me dando tempo de levantar e subir de novo. Corri para o quarto que era a única porta aberta no momento. Entrei e tranquei a porta.
Estava ofegante. Passei a mão no bolso e não senti o celular.
DROGA!!! pensei. Havia deixado ele no sofá quando fui pegar o lanche. Como iria chamar a policia agora?
Corri para a sacada. Era muito alto para pular e não tinha nenhuma árvore na volta. Entrei de novo no quarto e me tranquei no banheiro. Estava escutando ele tentando arrombar a porta. Não consegui segurar o choro e as lágrimas caíram quase que automaticamente. Não podia chamar ajuda, não podia lutar e nem fugir...
O QUE EU VOU FAZER??? Pensei alto. Nesse momento ouvi o estrondo. Ele tinha entrado no quarto. Me abaixei e tentei espiar por baixo da porta. A luz do banheiro estava apagada e a do quarto também.
Ele estava andando pelo quarto. Conseguia ver a bota preta e suja. Ele usava uma capa preta sobre a roupa. A máscara era branca e com os olhos e boca pretos. Lembrava um fantasma ou algo do tipo. Ele parou em frente a porta do banheiro. E depois andou até a sacada. Eu havia deixado ela aberta. Novamente ele passou pelo banheiro e tudo ficou em silêncio.
SERÁ QUE ELE PENSOU QUE FUGI PELA SACADA? ÓTIMO! pensei.
Esperei alguns segundos e levantei do chão. Abri cuidadosamente a porta do banheiro. Olhei no quarto e não havia ninguém. Andei pé por pé até a porta da sacada e tentei espiar para ver se tinha algum movimento. Quando virei-me para trás senti um enorme susto seguido de uma dor terrível. Olhei para meu abdômen e vi a faca quase toda dentro de mim. Tentei pegar na faca, mas já estava sem forças. Olhei para ele e tentei levar as mãos até a máscara. Ele tirou a faca. Mais uma onda de dor que percorria meu corpo inteiro.
Caí no chão e tentei me arrastar para fora do quarto. Olhei para trás na esperança de ele estar saindo mas, estava vindo atrás de mim. Já estava sentindo o gosto de sangue na boca. Não conseguia gritar. Estava sem forças até para me arrastar pelo chão. Tentei me levantar e senti novamente sua faca rasgando minha pele, desta vez nas costas. Ele tirou a faca e me virou eu estava com a boca cheia de sangue e já não conseguia mais respirar direito. Ele tirou a máscara. Pude ver de relance quem era. Levantou sua faca e cravou mais uma e certeira vez...
RYAN BARTH
Acorde com o barulho ensurdecedor do despertador de Shawn. Não entendo como ele nunca atirou aquele telefone longe.
- Bom dia! - disse ele saindo do banheiro. Estava vestindo somente uma calça jeans e chinelos. Fiquei admirando seu corpo. Ele ficou encarando de volta. - O que foi?
- Eu já disse como você é lindo? - falei sorrindo. Ele deu um sorriso cheio de espuma dental.
- Você é mais... - respondeu ele voltando para o banheiro e nesse meio tempo, levantei da cama. Estava somente de cueca.
- Obrigado pelo elogio. - respondi parado em frente ao closet. Acendi a luz e comecei a olhar as araras de roupas. Shawn veio e me abraçou por trás. Beijou minha nuca e mordeu minha orelha direita.
- Te amo. - disse ele no meu ouvido. Sorri. Virei e o beijei.
- Também te amo. - respondi voltando-me para as roupas.
Terminamos de nos arrumar cerca de meia hora depois. Shawn desceu antes e preparou um café da manhã reforçado. Hoje teríamos aula nos dois turnos por conta de algumas provas. Minha mãe não estava em casa. Saía cedo para o consultório. Meu pai havia sumido a alguns anos e nunca mais tivemos notícias dele.
- Vem comer Ryan... - disse Shawn que já estava sentado em frente à bancada comendo uma torrada que ele preparou com bacon, hambúrguer e ovo frito.
Soltei minha mochila sobre o sofá e peguei o celular. Mandei uma mensagem para Brooke.
"Estamos prontos. Em 5 mins to saindo."
"To indo" respondeu ela.
Alguns minutos depois e já estávamos no carro. Brooke morava na casa ao lado da minha. A janela de nossos quartos era uma em frente à outra. Íamos sempre juntos para a faculdade.
- Conseguiram estudar alguma coisa? - perguntou Brooke que estava com seu polígrafo aberto no colo. Ela estava sentada atrás e Shawn no banco do carona a meu lado.
- Olha, tentei fazer ele ler alguma coisa... Mas, você sabe como Ryan é né.
- Já falei, Shawn, eu sou uma pessoa que esqueço de tudo se for parar e estudar. Eu leio tudo uma vez, presto atenção e pronto. Na hora lembro de tudo.
- Me passa um pouco dessa magia, Ryan. - disse Brooke rindo. Shawn riu também.
Seguimos em silêncio por algumas quadras. Shawn e Brooke estavam lendo o polígrafo. O carro estava em pleno silêncio até que meu celular começou a tocar. Shawn estava tão concentrado que chegou a se assustar. Não consegui esconder a risada. Apertei o botão do auto falante.
- Alô? - perguntei. A linha parecia muda exceto pela respiração e o chiado que eu conseguia ouvir na linha. Ninguém falou nada. Esperei mais alguns segundos e desliguei.
- Quem era? - perguntou Brooke. Olhei no identificador e li.
- Era Ashley... - falei. Por que ela não disse nada? Problemas na linha, provavelmente.
- A Tisdale? - perguntou Shawn. Eles haviam brigado após ele assumir que estava comigo. Afinal, ele era namorado dela quando começamos a ficar.
- Sim. Devia estar querendo falar sobre o trabalho de Equações que temos. Estamos no mesmo grupo na sala. - comentei. Estávamos chegando na escola.
Chegamos na sala e fomos direto para nossos lugares. Tínhamos as primeiras duas aulas juntos. Chanel já estava lá, junto com Justin e Ariana. Eramos um grupo um tanto quanto diferente, porém, os mais populares da escola.
- Alguém mais recebeu uma ligação daquela lesada? - perguntou Chanel se aproximando de mim. Ela tinha pavor de Ashley e das amigas dela. Na verdade, além de Shawn, ninguém ia muito com a cara dela.
- Eu recebi. - falei virando-me para ela. - Mas ela não falou nada. Não entendi.
- Desculpa falar Shawn, mas aquela garota tem problemas mentais. - disse Chanel. Brooke revirou os olhos e eu dei uma risada. Chanel era odiada e amada ao mesmo tempo pela escola toda. As pessoas odiavam ela por que ela era má até com a moça que limpa a escola mas, todos no fundo gostariam de ser ela.
- Sem problemas. - disse ele. Shawn fez uma cara de irritado e virou pra frente. Chanel revirou os olhos e voltou a usar seu telefone.
O professor Nick Jonas entrou na sala e soltou sua mala sobre a mesa. Todos ficaram em silêncio, especialmente Brooke que parecia estar admirando.
- Bom turma! Vamos permanecer no assunto de ontem... - começou a falar. Ele era realmente bonito. Era jovem. Tinha 25 anos, um corpo de dar calor em muita gente e tinha um sorriso lindo. - Como eu dizia ontem... Se você quisesse sobreviver em algum filme de terror, somente sendo virgem... E nas novas regras, sendo gay.
Chanel cutucou minhas costas.
- Pois é, Ryan não morre tão cedo então. - disse ela rindo. Todos na sala riram também.
- Vantagens da vida. - falei sorrindo e batendo palmas. O professor Nick me interrompeu.
- Mas... Existe um porém. - disse ele. Parei de bater palmas. - Fiquei sabendo daquela listinha de popularidade que andaram fazendo por ai e, Ryan, seu nome é o segundo.
- Ta e o que isso tem a ver? - perguntei confuso.
- Pessoas populares sempre são alvos em filmes de terror. Então, seguindo a lógica, você seria também um nome na lista do assassino. - falou ele rindo. Que sorriso lindo. - Desculpa estragar sua felicidade.
- Ah, eu dou meu jeito então... - comecei a falar antes de todos os telefones começarem a tocar ao mesmo tempo na sala de aula...
Abri a mensagem que havia recebido no snapchat. Era uma foto. Levei a mão na boca com a cena que vi na foto. Olhei em volta e todos estavam chocados também.
- O que aconteceu? - perguntou o professor Nick ao perceber o espanto de todos na sala.
- Ashley Tisdale foi assassinada. - respondeu Demi, uma das nerds da sala, mostrando a foto para o professor. Ashley estava pendurada pelo pescoço no ventilador de sua casa. Sua barriga estava aberta de cima à baixo e ela estava coberta de sangue. Atrás havia uma mensagem escrita com sangue.
"ENCARE A MÁSCARA"
[CONTINUA...]
Espero que tenham gostado. Comentem e curtam. Critiquem, deem opinião e por favor acompanhem!!! Só assim poderei continuar. Obrigado ❤
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