09. traição
Bom diaaaa e bom novembro né amores? Espero que estejam bem 💕
Gente do céu eu quase não editava esse capítulo pra hj, fiquei super ocupada semana passada 😵💫😵💫
Enfim, espero que gostem desse capítulo! Eu amei fazer ele especialmente depois do anterior que foi um baque kkkkkkk
No fim do capítulo eu mostro o desenho que fiz aaaa ✨
Boa leitura!
...
Quando estou longe de você
Fico mais feliz do que nunca
Queria poder explicar isso melhor
Queria que não fosse verdade
— Happier Than Ever, Billie Eilish
Bright Moon
Sede da Rebelião
09:47
Uma semana depois
O som dos relatórios indo de encontro à mesa assustou Bow e fez com que ele desse um pulinho da cadeira. Adora simplesmente jogou aquela pilha de cinquenta folhas com tanta força que quase fez o amigo derrubar o café.
— Já começou o dia com raiva? — ele perguntou e verificou se não tinha se sujado com respingos da bebida.
Adora coçou a nuca. O cabelo já estava em um rabo, as roupas comuns voltaram e os cortes e ferimentos sararam em boa parte. Bow também parecia bem melhor. Adora ainda tinha a cicatriz no queixo de Catra, o que era um lembrete diário e constante do estrago que a herdeira fez em seu corpo — e na sua mente.
Estavam sozinhos em uma das salas de reunião da Rebelião. O ambiente chique e limpo lhe tranquilizava, mas ainda causava arrepios por lembrar tanto o Hotel Inferno.
O grupo de agentes — liderados por Mara — saíram para treinamento, mas Bow e Adora permaneceram ali. Foram dispensados de missões por pelo menos um mês, mas ainda assistiam todas as reuniões e treinavam juntos para não perder a forma.
— Só estou pensando em umas coisas. Não paro de olhar pra esse relatório sem saber que muitas coisas estão erradas.
— É porque você se envolveu demais. Ainda deve estar processando.
Adora sorriu sem humor.
— Você também.
Ele suspirou cansado e bebeu o restante do café. Adora recostou na cadeira confortável e fechou os olhos, apenas pensando em tudo e em nada.
Bow e Adora conversaram pouco sobre o Hotel. As únicas oportunidades que tiveram foram quando ocorreu o interrogatório (logo depois de Adora ser liberta) da Rebelião. Depois disso foi feito o relatório da missão, e então eles não conseguiram se abrir tanto um com o outro. Adora e Bow falavam dos traumas apenas para seus psicólogos.
Em um momento, estava presa e com Catra assumindo todas as coisas terríveis que fez. No outro, agentes da Rebelião a levaram embora, prenderam Catra e o máximo de pessoas que encontraram no Hotel. Adora e Bow esperaram todo o conflito se encerrar, juntos dentro de um dos carros da Rebelião enquanto prendiam Shadow Weaver e procuravam as bombas graças ao pen-drive com o plano.
Adora pôs a mão no peito, como se ainda sentisse o objeto ali entre os seios onde Catra o colocou. Se não fosse por ela, talvez não tivesse dado tempo.
Em resumo, todos foram presos. Final feliz.
Ou talvez não.
Além disso, dois dias atrás o funeral de Glimmer aconteceu. Bow e Adora permaneceram lado a lado de mãos dadas, praticamente estáticos e abalados. Foi uma cerimônia privada. A rainha Ângela quase não aguentou.
— Você lembra do que eu disse naquela noite? — ela perguntou rouca. Procurou as câmeras no aposento e chegou mais perto dele, tomando cuidado para que a filmagem não captasse sua boca.
Bow estreitou os olhos. Lembrava, sim.
Ele segurou o braço por cima da mesa.
— Tem certeza? — ele não completou. Adora, muito provavelmente, tinha matado os próprios pais. — Isso é coisa séria.
Adora passou os dedos pelas sobrancelhas e respirou fundo.
— Eu sei que aquela noite foi complicada. Fiquei fora de mim várias vezes, a Catra me drogou, teve muita violência, mas... — ela engoliu seco. Sua mão se fechou em um punho. — Repassei a noite mil vezes, li os relatórios de novo e de novo, e tenho certeza de que minha cabeça não é tão fodida assim. O que eu lembrei foi real.
Bow pensou um instante. Ele falou em um sussurro:
— Acha que nós fomos trazidos pra cá à força?
Ela assentiu.
— Acho que a maioria de nós foi. Tipo... Temos algum transtorno, natural ou...
Bow arqueou uma sobrancelha.
— A Rebelião implantou algo na gente para não nos lembrarmos de nada. Manipulação.
— Isso mesmo.
Bow coçou o queixo, pensativo. Seu semblante exibia preocupação. Adora sabia que não era maluca, que não era coisa da sua cabeça. Ela viu, ela lembrava.
— Até que faz sentido.
— Eu sei. E você sabe o que significa.
Bow engoliu seco. Seus pensamentos sincronizaram na hora, fruto de uma amizade da vida inteira. Se eles foram todos afastados de suas famílias — não importando o motivo —, eles foram praticamente sequestrados. E depois esqueceram de tudo. A Rebelião poderia estar manipulando suas memórias, de algum jeito.
— Acha que Mara sabe? — ele perguntou.
Adora soltou ar pelas narinas.
— Claro que sabe.
Mara era sua treinadora. Uma figura (quase) materna.
E uma grande filha da puta por saber de tudo.
— Nossa vida podia ser diferente — ela disse. — Já pensou nisso? Acho que o tempo inteiro ficamos tão hipnotizados pela Rebelião e por esse emprego que não cogitamos mais nada.
Bow concordou.
Eles podiam ser diferentes. Adora nunca havia parado para refletir sobre isso até conhecer Catra, e todo o seu discurso sobre "liberdade". Era como se Adora tivesse uma venda nos olhos e, depois de removida, ela não conseguia botá-la de novo. Queria saber de tudo, queria partir. Mas não sabia como ou o que faria depois.
Ela e Catra não eram tão diferentes assim, parando para pensar. Ambas pareciam ter liberdade, mas era ilusória. Estavam presas às suas mães, suas missões, expectativas.
— E o que quer fazer? — Bow interrompeu seus pensamentos.
Ela cruzou os braços. Não costumava receber essa pergunta, o que era um absurdo. Já era adulta, podia fazer as próprias escolhas. E mesmo assim, sentia medo de contrariar Mara e a Rebelião. Como mudar totalmente sua vida se só sabe fazer bem uma coisa? Era o famoso discurso de "Por que sair da minha zona de conforto se estou confortável?"
A diferença era que Adora já não se sentia tão confortável assim.
— Quero sair daqui. Quero descobrir sobre o meu passado... — ela suspirou, não acreditando que diria aquilo. Bow ergueu o queixo, atento. — E quero libertá-la.
Bow sabia que ela falava de Catra. Ele riu.
— Você tá pirando.
Adora moveu a cadeira de rodinhas para mais perto dele e segurou suas mãos. Tentou transmitir a urgência em sua voz.
— Preciso que me ajude. Que faça isso por mim.
Bow negou.
— Eu não consigo. Nós confiamos nela, e ela sabia que Glimmer morreria e mesmo assim não impediu. Nossa melhor amiga! Porra, Adora, isso é tóxico pra caralho. Não acredito que tá me pedindo isso.
Adora cerrou a mandíbula com raiva. Ele tinha razão, claro. Bow sempre foi sensato.
— Eu sei disso tudo. Mas Catra esteve presa a vida toda com a Weaver do mesmo jeito que a gente aqui. Ela foi controlada a vida inteira — ela enfatizou. Bow limpou os dentes com a língua. — E nós também. Você não quer acabar logo com isso e ter uma vida de verdade?
Bow limpou o rosto.
— Você é inacreditável. — Ele respirou fundo. — Olha, eu acho que tem um jeito. Mas precisamos falar disso em particular. Sem as câmeras.
Adora concordou na hora. Ambos saíram da sala, passando por corredores frios e cheios de agentes da Rebelião com seus uniformes ou roupas para treinamento. Bow a guiou para alguns andares acima, e ela reconheceu ser um escritório pequeno, que ninguém usava e, em vez disso, usava como depósito de alguns arquivos já ultrapassados. Ele trancou a porta e ligou o ar condicionado — por sorte funcionando. Adora foi até a janela, fechando as cortinas.
— Ok. O que me diz? — perguntou ela, ansiosa.
Bow suspirou. Não havia câmeras ali.
— Primeiro, vamos descobrir sobre as nossas vidas — ele disse, enumerando com os dedos. — Depois, se tudo for o que achamos mesmo, aí pensamos em ir atrás da sua namoradinha.
Adora ficou vermelha.
— Ok.
— E vou enfatizar que, só porque alguém teve um passado difícil, isso não é desculpa pra ser babaca hoje.
— Eu sei.
— Ainda não concordo com essa merda.
Adora conseguiu dar uma risada.
— Olha, eu estou tão chateada com ela quanto você. Naquela noite a Catra disse nossa palavra de socorro. Ela disse "regras". Isso não sai da minha cabeça.
Bow mordeu o lábio e cruzou os braços, dando de ombros em seguida, como se pensasse algo sem importância.
— Ela pode ter te enganado. Enfim, você decide o que faz com a sua vida. E, como seu melhor amigo, vou te apoiar em todas as decisões estúpidas. Mas quando alguma merda acontecer por causa disso, lembre-se que "eu avisei" — ele apontou para ela. Adora sorriu.
— Certo. Qual é o plano? — Adora cruzou os braços.
— Vamos libertar a Entrapta primeiro.
Adora revirou os olhos. Já não gostava daquele plano.
— Não.
— Precisamos dela.
— Você também é ótimo com essas coisas de computador, sei lá — Adora rebateu e deu de ombros. Bow quis rir. — Não tô a fim de falar com ela.
Entrapta, assim como Catra e Shadow Weaver, estava na prisão da Rebelião, que não ficava muito longe dali.
— Não sei se nossos arquivos vão ser tão fáceis assim de acessar — disse Bow. — E, se tudo for mais bizarro do que parece, vamos precisar da ajuda de uma profissional. Ela pode ser boa. Podemos fazer um acordo com ela.
Adora manteve os braços cruzados e caminhou pelo pequeno aposento.
— E como vai convencê-la?
Bow arqueou a sobrancelha e sorriu.
— Já sabemos que ela tende a mudar de time muito fácil. Se diminuirmos a pena dela, talvez aceite. Além disso, ela pode ajudar a tirar a Catra de lá e vocês duas vão passar despercebidas.
Adora torceu a boca.
— É um bom plano.
— Claro que é. Eu fiz.
Eles riram.
— Ok. E como a gente diminui a sentença dela?
Bow encarou os tênis por um minuto.
— Acho melhor você se sentar. — Adora permaneceu de pé. — Tá. Esquece. Preciso te explicar uma coisa faz tempo. Me dá um pouco mais de poder do que eu queria, e seria feito só numa tragédia porque, enfim...
Adora não estava entendendo as palavras enroladas do amigo. Ela ficou mais próxima dele. Bow apoiou a cintura na mesa que havia no cômodo, um pouco bagunçada na superfície. Por um instante, o único som audível foi do ar-condicionado. Bow buscou algo no bolso da calça e pôs na mão de Adora com cautela, como se fosse algo vivo.
Ela uniu as sobrancelhas.
— Um brinco.
Ele assentiu. A loira ergueu a jóia para ver melhor naquela luz fraca. Tinha formato de gota, era branco e de algum elemento que Adora chutou ser quartzo. Parecia ser caro, do mesmo jeito.
Bow cruzou os braços e manteve os lábios fechados em uma linha fina. Adora tocou o objeto levemente.
— Cadê o outro? Eles formam um par, certo?
— Sim — Bow engasgou e tossiu. — O outro está nas coisas da Glimmer.
Adora poderia ser a personificação de um ponto de interrogação.
Ela olhou o brinco de novo.
Então se deu conta.
— Nem fodendo.
— Eu juro.
Ela arregalou os olhos e cobriu a boca. Bow pegou o brinco de volta.
— Vocês se casaram? Sem mim? — ela perguntou indignada. — Quando?
Agora sim ela precisou sentar. Caiu na cadeira mais próxima e bagunçou os fios loiros. Bow se aproximou para explicar.
— Ano passado — ele disse.
— Puta merda...
— Adora, escuta, ninguém sabe. Quer dizer, o cerimonialista sabe. Glimmer não quis que soubessem e exigiu fazer algo com apenas nós dois, e nem levamos duas testemunhas. Ela mandou e o cerimonialista obedeceu porque — ele soltou uma risada — a Glimmer conseguia ser bem convincente quando queria.
Adora balançou a cabeça em estado de negação completa. Verificou a pulsação para saber se não corria riscos de desmaiar.
— A rainha já sabe?
— Sim. Mas ainda é segredo. Agora só nós cinco... Quatro, sabemos.
Adora aumentou a altura da voz.
— Por quê? Vocês estavam juntos? Ela era minha ex!
Bow gargalhou. Ele pôs a mão no peito. Quando ele não respondeu, Adora ficou mais vermelha e lhe deu um soco no braço — forte suficiente para doer, mas não para machucar demais.
— Nós quase... — ele dizia. — Depois que vocẽs duas terminaram essas idas e vindas, a gente se aproximou um pouco mais do que deveríamos. Mas nada disso de ultrapassar os limites demais. Ela quis se casar comigo porque estava muito puta com você para pedir.
Adora resmungou. Bow continuou a falar:
— Ela sabia que corria risco em missões. Mas era o que gostava de fazer, sabe? Ser princesa nunca foi o suficiente pra ela.
— Glimmer queria mais ação. Eu sei disso — Adora falou, triste.
— Ela tinha medo de morrer. Medo da Ângela ter razão em não concordar com ela fazer parte da Rebelião, e não quis esperar mais alguns anos para ser rainha. Ela disse que, "se eu morrer amanhã, algum primo idiota vai ser o sucessor, e eu não confio em ninguém pra assumir um cargo assim. Só você e a Adora. Mas ela detestaria ser princesa."
Adora respirou fundo. Seus olhos azuis encontraram os castanhos de Bow.
— Então quando a Ângela não for mais rainha, você vai assumir como príncipe consorte?
Ele assentiu.
— Eu ainda tô passada — Adora disse rindo de nervosismo. — Então esse é o segredinho de vocês.
O amigo apertou seu ombro.
— O que eu tô querendo dizer, Dorinha, é que tenho um pouco de autoridade. Então posso te ajudar se for fazer alguma estupidez. E eu sei que vai fazer.
Ela riu e deu outro soco nele.
— Obrigada. Por contar tudo isso. E por me ajudar.
Bow sorriu de canto.
— Você merecia saber. — Ele ofereceu a mão para que ela ficasse de pé. Adora aceitou e os dois ficaram cara a cara. Ele tinha um brilho de travessura nos olhos. — Vamos falar com Entrapta e libertar Catra.
Adora sorriu. Estava pronta.
...
Prisão da Rebelião
10:45
— O bom filho à casa torna!
Adora revirou os olhos, pronta para dar meia-volta e esquecer todo aquele plano, mas Bow a segurou no lugar.
Entrapta estava em sua cela, sozinha e de cabeça para baixo deitada na cama. Os longos cabelos roxos desciam até o chão e ela balançava os pés pequenos com felicidade.
— Sabiam que aqui não servem milkshake? Só um suco de laranja aguado. É horrível. Pelo menos é uma dose pequenininha.
— Precisamos falar com você — Adora disse, interrompendo-a. — É importante.
Entrapta saiu da cama e ficou de pé, próxima às barras. Bow e Adora estavam do lado de fora.
— A que devo a honra de vossa presença?
— O que acha de sair uns seis meses mais cedo daqui? — Bow perguntou aproximando-se. A garota arqueou uma sobrancelha. — Precisamos acessar alguns arquivos ultra-secretos da Rebelião e só você pode passar pelo sistema sem ser percebida.
Entrapta sorriu.
— Um ano.
— Um ano o quê? — Adora perguntou.
— Quero um ano a menos, não seis meses. — Ela indicou Bow da cabeça aos pés. — E quero uma cama mais confortável. E um Mc Lanche Feliz completinho pelo menos duas vezes ao mês.
— Eu sabia — Adora murmurou para si mesma e quis bater a mão na testa. Já estava tensa apenas de pensar que Catra ficava em uma cela daquele lugar, onde quer que fosse. Lidar com Entrapta não lhe trazia boas memórias da noite no hotel. — Acha que consegue arranjar isso?
Bow deu de ombros.
— Acho que pode dar certo.
Entrapta sorriu satisfeita por ter as exigências atendidas tão rápido assim.
— Aff, se eu soubesse que vocês fariam isso tão facilmente teria pedido um pouco mais. O que acham de...
— Já chega! — Adora vociferou. Abriu a cela de Entrapta em dois segundos e a empurrou para fora com mais força que o necessário, só porque a garota já estava enchendo a paciência. — Vem.
Ela ergueu as mãos em rendição. Adora ficou bem na sua frente a fim de guiar o caminho, Bow atrás rindo da amiga. Eles precisariam de muita paciência.
Foram para uma sala de interrogatório com a desculpa de precisar de mais detalhes sobre a noite da festa. Entrapta sentou em uma cadeira de metal, semelhante à mesa, e abriu o notebook que lá estava. Bow e Adora buscaram outras duas cadeiras, ficando assim um de cada lado da hacker.
— E aí, o que querem saber?
— Meus arquivos — Adora disse de braços cruzados. — E os de Bow. E, de preferência, os podres da Rebelião.
Entrapta esfregou as mãos como se planejasse um plano maligno. Seus olhos de tons vermelhos se arregalaram numa animação assustadora.
— Uuhh, então a Mara não sabe que estão aqui comigo. Amo futricar sobre a vida dos outros.
— Ela não sabe e nem vai ficar sabendo — Adora chegou mais perto dela com seu melhor tom ameaçador. Até Bow sentiu um pouco de medo. — Então acelera nisso aí.
— Sim senhora — Entrapta disse prendendo um riso.
Adora não entendia muito bem desses detalhes, então apenas cruzou os braços e recostou-se na cadeira gelada, olhando para o teto e as luzes ofuscantes das lâmpadas de led. Entrapta digitava rápido, e Bow conversava algo com ela em voz baixa, como se ambos tentassem desvendar aquele mistério juntos — e como se estivessem sendo observados por fazerem algo ilegal (o que, tecnicamente, não era tão ilegal assim).
— Pelo visto a Rebelião tem mais podres do que o governo do Brasil — disse Entrapta.
— Não me diga. — Adora revirou os olhos e voltou a encarar a tela. — O que temos aí?
— Alguns vídeos, fotos, fichas sobre treinamentos e progressos de cada espião da Rebelião. — Ela passava a mão pelo mouse, rolando e rolando nomes e códigos. Adora identificou alguns nomes de colegas. — Têm antigos e novos. Parece que é tudo analisado e adicionado minuciosamente.
— E bem escondido também, pelo visto — Bow disse com os olhos próximos da tela. Ele apontou para um ponto em específico. — Aqui. Consegue abrir?
Entrapta o fez. Era uma ficha de mais de cem páginas. O nome e foto de Bow se destacavam no início, e mais fotos preenchiam o arquivo. Havia tudo dele ali: desde seu grupo sanguíneo, local e hora de nascimento até o seu trabalho mais recente no hotel, seguido pelo relatório do interrogatório de uma semana atrás. No fim, mostrava a data de seu breve afastamento por conta dos ferimentos (psicológicos e físicos).
— Faltou só o seu mapa astral — Entrapta disse com humor.
O príncipe consorte revirou os olhos e riu. Estava muito entretido com os primeiros anos de sua vida.
Aquilo era melhor do que uma máquina do tempo. Adora pensou se alguém teria registrado quantas vezes o pequeno Bow fez cocô na infância, mas não viu nada. Porém, os mínimos detalhes ainda contavam o que importava.
— Meus pais morreram em um acidente de carro quando eu tinha quatro anos — disse ele, lendo. — Em vez de ir direto para um orfanato ou outro parente próximo, a Rebelião me "acolheu" e manteve no centro de educação infantil. Meu treinamento começou aos seis anos. Depois... O que é isso?
Adora leu para ele. O amigo não conseguiu digerir tão rápido e parecia um pouco em choque.
— "Inserção do Data Disk na primeira semana de treinamento..." Que porra é essa?
Essa foi a deixa para Entrapta pesquisar mais.
— Espere, vamos ver se tem no meu arquivo também — Adora disse e a parou com o braço. A hacker assentiu. Não demorou três segundos até uma nova página surgir, com o rosto de Adora e todos os dados sobre ela. A loira não pôde deixar de ficar nervosa. — Ali, o Disk. Primeira semana de treino. O que é isso?
Bow lançou um olhar para a amiga.
— Uma coisa de cada vez. Você está tremendo. — Ele encarou suas mãos. Adora as deixou debaixo da mesa. — Entrapta, veja sobre a família dela primeiro. Depois cuidamos do resto.
Adora visou com atenção o início de seu arquivo. Entrapta deixou que ambos os espiões lessem o que estava escrito, em silêncio. Adora engoliu seco e sentiu que fosse desmaiar bem ali.
— Transtorno dissociativo de identidade. Amnésia dissociativa — Adora leu temendo engasgar em cada sílaba. — Necessário acompanhamento médico, uso de medicações e tratamento psicológico... Não consigo. Não consigo ler.
Adora ficou de pé e esfregou o rosto. Nunca lhe disseram sobre esses diagnósticos, e ela tomava alguns remédios e frequentava um psicólogo, mas era o procedimento de todos os agentes. Deveria ter algo específico só para ela.
— O que isso quer dizer? — Bow perguntou.
— Que Adora pode ter uma dupla personalidade — disse Entrapta, do jeito mais neutro possível. — E com isso vem a amnésia.
— Desde sempre? Caramba — Bow suspirou e coçou o queixo. Adora andava pela sala em círculos, de braços cruzados. — Dorinha...
— Por quê? — ela perguntou com o mínimo de raiva que conseguiu. Sua vontade era de ir correndo até Mara para exigir respostas.
Entrapta respirou fundo. Não sentia medo algum de Adora, mas naquele momento até arrumou a postura e desviou o olhar dela para a mesa.
— Olhe, quando alguém passa por um trauma, é comum bloquear essa memória. Daí pode ter vindo todo o resto.
Adora balançou a cabeça.
— Isso faz sentido — disse Bow. Já estava preocupado com ela. — Você não se lembra das coisas que faz, só muito tempo depois ou até nunca. E quando está violenta parece virar outra pessoa.
Adora voltou a se sentar. Sua respiração estava ofegante, e os fios loiros já todos desmanchados do rabo de tanto ela mexer.
Ela encarou o vazio por um instante. Bow achou que ela estivesse em choque, transe, ou pior. Então a espiã virou o rosto para eles. Seus olhos azuis agora eram feitos de gelo.
— Eu os matei, não foi? — ela sussurrou.
Bow umedeceu os lábios. Entrapta pegou o notebook e lhe entregou, arrastando-o pela mesa. A sala ficou completamente quieta. Adora viu tudo o que precisava e devolveu para a hacker.
— Pelo menos sua raiva já é mais controlada do que antes — Entrapta disse em voz baixa.
Adora fechou a mão em um punho até os nós dos dedos ficarem muito brancos. Se tivesse unhas compridas, teria se cortado.
— Não foi sua culpa — Bow falou.
Adora mordeu a língua. Ela podia não se lembrar, mas ainda sentia. A certeza de tudo lhe caiu sobre os ombros num peso indescritível. Não sabia se sentia raiva de si mesma, de Mara, ou de tudo e todos.
— Entrapta, copie tudo isso e dê um jeito de guardar em local seguro — Adora ordenou. A garota começou o trabalho. Ela encarou o amigo com uma mistura de determinação e terror. — Vamos ter uma conversinha com Mara.
Bow assentiu. Adora ficou de pé, repensando que sua vida inteira foi uma mentira. Que ninguém lhe tratou como devia e por isso, durante todo esse tempo, ela pensava que era louca.
Ela virou o corpo para encarar Bow e Entrapta.
— Ah, outra coisa. — Adora apontou o dedo para a hacker. — Dê um jeito de despistar a atenção de todos na prisão.
Entrapta ergueu a sobrancelha.
— Para quando?
Adora visou Bow com um olhar malicioso.
— Para amanhã. Catra vai sair daquele lugar amanhã, nem que eu tenha que passar por cima de todos que cruzarem meu caminho.
...
É agora que todo mundo diz "eita bbs" kkkkkkk gente que capítulo bom, eu amo. Vcs gostaram?
Ok vamos debater, o BOW CASOU COM A GLIMMER SKDNDNDKDK SÉRIO tudo pra mim
Ainda não sei se amo ou odeio a Entrapta nessa fic, talvez um meio termo ✨✨
Fato curioso: não sei se todes pegaram, mas o Data Disk realmente existe no universo de Shera 🤧
Meu desenho finalmenteeee!!
Tive que deixar a imagem como print pq o wattpad não deixava eu colocar a original??? Enfim, tá aí minha arte 🥳
Deu muito trabalho pra fazer na época pq eu tava sem prática no desenho, mas ficou do jeitinho que eu queria 💗 só não colori por conta da preguiça mesmo
Ai gente... o próximo capítulo é o último. Eu nem acredito 😭😭 tá sendo uma jornada tão boa. Quero saber as expectativas de vcs, acho que o final vai agradar 👀
Espero que tenham uma boa semana e mês! 💗💗💗
Não esqueçam de beber água, de vacinarem-se, plantar árvores e não joguem lixo na rua! 😾😾
Beijão ✨💗
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro