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04. ganância

bom diaaaa💗💗💗
como estão hoje? espero que tudo bem

⚠️ AVISOS DE HJ: esse capítulo é meio grandinho ok?  além disso, tenham cuidado ao ler porque  contém gatilhos de violência e uso de drogas

vou deixar um resumo do que acontece lá no final!

sério gente acho que esse é o capítulo mais pesado :')
cuidado ao ler!

boa leitura 💖


"Não consigo mais dormir
Na minha cabeça, nós pertencemos
E eu não posso ficar sem você
Por que não consigo encontrar ninguém como você?"

— Streets, DOJA CAT





Hotel Inferno
Quarto andar
22:22


Adora mal pôde acreditar.

— Acho que a sua mamãe gosta de fazer a gente de palhaços — Glimmer disse com uma curva na boca para baixo de desgosto. Catra estreitou os olhos e riu.

— Ela gosta de se distrair, isso sim.

— Pode apostar. Como podemos procurar qualquer coisa nesse... lugar? — Bow disse um pouco incomodado e agitado. Ou talvez ele estivesse, na verdade, empolgado.

Adora engoliu seco. O andar de número quatro na verdade era totalmente diferente dos outros, porém menos chocante que o segundo.

Ela apertou os olhos azuis para enxergar melhor. As paredes eram repletas de gravuras de homens empurrando pedras, sem sucesso, e acabando com os músculos fortes sendo praticamente inúteis. As colunas laterais pareciam ser feitas de ouro, e no fundo do salão, uma grande escultura de ouro em formato circular brilhava, cheia de pequenas gravuras ainda indescritíveis.

O mais interessante era, na verdade, que diferente dos outros salões, as luzes estavam apagadas e os refletores coloridos percorriam o ambiente. Luzes que variaram do azul mais profundo até o vermelho mais chamativo pintavam as pessoas.

Todos pareciam achar muito divertido, especialmente quando, nos fundos, uma DJ bastante estilosa subiu ao palco e permaneceu bem no centro do círculo, como uma auréola.

Adora encolheu. O nervosismo a fez lembrar de que nunca esteve em uma boate antes, ou qualquer coisa perto disso.

— O que fazemos? — Bow disse alto apesar de não precisar. Os fones ajudavam. Eles estavam parados bem na passagem que separava o corredor das portas enormes.

— Tem guardas em todo o canto — Adora falou olhando de um lado para o outro do corredor. — E parece que não tem muito pra ver além da festa.

Catra suspirou.

— Então vamos entrar.

Adora arregalou os olhos para ela. Catra deu de ombros. A alça fina do vestido quase caiu por conta disso.

— Lá dentro está uma bagunça. Vamos nos enturmar, puxar papo enquanto as pessoas estão drogadas o suficiente para responder as perguntas. E Sparkles consegue ouvir tudo o que minha mãe diz.

— Gente — Entrapta disse nos fones —, acho melhor ficarem por aí mesmo por uma ou duas horas. Não consigo achar saída a não ser os elevadores, e eles estão bloqueados.

Glimmer assentiu.

— Acho que não há saída, então.

Catra acenou para que eles fossem na frente.

— Uma festinha nunca matou ninguém.

O grupo entrou, um de cada vez, no salão lotado. Aquilo era terrível para alguém com claustrofobia, certeza. A música eletrônica saía de caixas de som de todas as direções, um grave forte que até o peito de Adora sentia atravessar os ossos e as pontas dos dedos.

A única coisa que a tranquilizava, por mais incrível que parecesse, era a mão de Catra segurando a sua, não em um alerta, mas de um modo tranquilizante.

— Vou procurar a Weaver — Bow disse. — Glimmer, vá pela esquerda. Adora fica aqui e Catra...

— Fico aqui também. — Ela ergueu uma sobrancelha em desafio. — Com ela.

— Precisamos nos separar — Glimmer falou. Ela quis dizer "Não pode ficar mandando na equipe que acabou de entrar, garota."

— Ela ainda está mal.

De fato, Adora ainda estava um pouco verde (e não eram as luzes da festa). A lembrança de cair ou de matar alguém ainda martelava sua cabeça.

— Certo. Mantenha contato — Glimmer não questionou. Ela pareceu ficar mais empática ao ver o estado da outra espiã.

Adora desviou de uma mulher aleatória por extinto. Ela bebia um líquido rosa-choque de uma taça, e até seus olhos pareciam estar rosados também.

— Você está bem? — Catra disse com o rosto perto do seu. Elas não tinham fones para se comunicar, então o barulho da música atrapalhava o diálogo. A loira assentiu, mesmo se sentindo um lixo humano. Catra percebeu isso. — Acho que precisa se sentar.

Ela a levou até um sofá enorme na lateral do aposento encostado na parede. A essa altura o salão parecia ser da extensão de uma cidade. Seus amigos deveriam estar longe.

Adora sentou-se distante de três pessoas (que já estavam em uma pegação muito doida) e recostou a cabeça. Encarou o teto enfeitado. Ela não sabia o que sentir, o que pensar.

— Você já teve visões? — ela perguntou para Catra. Ela estava ao seu lado. — Memórias antigas voltando?

Ela torceu o nariz, pensando.

— Acho que não. Costumo lembrar bem de tudo. Sou boa em gravar rostos, acontecimentos e essas coisas.

Adora franziu o cenho. Ela tinha a leve impressão de ter sangue nas mãos, isso quando ainda era criança, mas não sabia de quem era e como havia feito aquilo.

— Não consigo me lembrar de muita coisa de quando era pequena — disse mais para si do que para Catra. Era uma afirmação incrédula. — Isso é normal?

— É sim. Eu mesma só tenho algumas, antes de ter sido adotada.

Adora soltou ar pelas narinas.

— Mas eu não sei de nada mesmo — disse baixo, preocupada. Um aperto no peito aumentou, o coração bateu mais forte em desespero. Aquilo nunca lhe interessou antes, e ela nem se importava. Porém agora...

Catra deu um sorriso mínimo e tocou o seu rosto, passando o dedão pela bochecha.

— Você não precisa se preocupar com isso agora. Vai ter outros momentos. Pensa só no presente e no futuro, e pensa no quanto é corajosa, esquecer os medos — ela indicou o salão como um todo. — Pelo menos é isso o que vivo falando pra mim mesma.

Adora confirmou com a cabeça, tocando a mão dela por cima. Catra lhe despertava tudo de uma vez: medo e coragem, curiosidade e omissão, desejo e abnegação.

Parando para pensar bem, Adora até tinha certo pavor de Catra. E o que mais lhe assustava era que ainda assim tinha vontade de chegar mais perto, de conhecê-la melhor.

Ela lembrou do modo que Shadow Weaver apertou as bochechas da filha, e de como sempre a parecia forçar a fazer algo. Adora sabia como era, porque querendo ou não, Mara também era assim às vezes.

Isso a deixou com vontade de proteger Catra.

E de fugir.

Mas seu lado compreensível não deixava.

— Espere aqui, tive uma ideia! — Catra falou empolgada e saiu de cena.

Adora procurou Weaver e falhou. Não achou Bow e nem Glimmer. Pensou que iria ficar sozinha para sempre, perdida no meio de desconhecidos.

— Conseguiram alguma coisa? — Ela perguntou.

O fone de Glimmer chiou.

— Achei ela.

— Ela falou algo sobre esse andar?

— Não, mas acho que quer reforços no quinto piso. Deve ser importante.

— Vamos nos preocupar com isso mais tarde — Bow avisou. — Mas fique perto dela o tempo todo.

— Pode deixar.

Adora relaxou de novo. Sua marca na bochecha coçou, um lembrete direto de como Catra conseguia causar um estrago mínimo em qualquer um se quisesse. Além disso, lembrou-a da morte de Scorpia. Isso pareceu ter ocorrido semanas atrás.

Esse inferno nunca vai acabar, ela pensou com angústia. Não estavam nem na metade do prédio, e o progresso era tão lento.

Seus dedos dos pés também coçaram. Alguma merda estava prestes a acontecer e ela sentia. O ambiente todo já continha o cheiro adocicado de drogas, então se não fosse confusão por sua culpa, seria por conta dos outros.

Duas mãos lhe ergueram do sofá. Ela deu de cara com Catra, que sorria abertamente.

— Vamos dançar!

— Eu não gosto muito desse tipo de música.

Catra fez um bico infantil.

— Só dança valsa, vovó? Vem comigo.

Adora não conseguiu recusar.

Elas se espremeram em meio ao bolo de pessoas que dançavam no centro do salão (ou o que parecia ser o centro, pois uma esfera de discoteca pendia no teto acima delas).

Catra levou as mãos de Adora até sua cintura e então começou a dançar, movimentando o quadril de um lado para o outro de modo hipnotizante. Adora teve de engolir seco, nervosa. A música parecia mais alta dali, mais vibrante, e o corpo de Catra seguia o ritmo. Ela até cantava um pouco do que sabia da letra, mas era impossível ouvi-la com clareza.

Catra gesticulou para que a loira se soltasse mais. Adora tentou alcançar sua dançarina interior, lembrando a si mesma de que aquelas pessoas não davam a mínima para ela, que elas estavam em um lugar muito distante ali (espiritualmente, talvez?)

O ambiente era todo azul, depois roxo, depois verde. Adora relaxou os músculos, os pés, e então tentou se soltar mais, entregar-se à música e tentar esquecer o que quer que fossem aquelas sensações estranhas. Tentar esquecer todos os rostos daqueles que já fez mal.

Ela e Catra conseguiram ficar em sincronia. Girou seu corpo para o lado, depois cruzou para chegar mais perto de catra. Seus olhos também mudavam de cor, e as pupilas estavam enormes, juntamente com seu sorriso satisfeito. Isso fez a coluna de Adora ficar arrepiada. Ela tocou o cabelo curto dela na nuca, trazendo-a mais para perto. Catra não era bonita apenas porque sabia convencer as pessoas de que era com confiança. Ela apenas era.

Catra, percebendo que Adora a observava demais, chegou ainda mais perto até ficarem quase totalmente grudadas. Os braços dela estavam gelados devido ao suor, e suas unhas percorreram o pescoço, fizeram um círculo ali, onde ela depositou um beijo. E então ela chupou ali.

Adora continuou a se movimentar conforme a música e conforme Catra. Ela deixou que ela beijasse seu pescoço. Adora apertou mais sua cintura e desceu um pouco as mãos.

Catra segurou o rosto de Adora com uma das mãos. Elas se encararam com tanta intensidade que até a festa ao redor pareceu silenciar. Uma corrente elétrica vagou de uma para a outra, o mundo ficou vermelho, Adora sentiu o cheiro do perfume forte de Catra, e então ela a beijou.

Diferente do que havia ocorrido antes, as duas ainda não tinham se beijado assim, sentido os lábios com tanta firmeza, as línguas juntas, todo aquele calor. Adora nunca beijou alguém assim. Havia uma necessidade, desejo, luxúria fora do comum. Ela teve a impressão de que poderia ficar ali para sempre e ainda não seria suficiente, porque o gosto de Catra era... Perfeito. Elas se encaixavam tão bem que parecia divino.

Catra era divina.

Dois ímãs juntos e impossíveis de serem separados. Adora tomou ar, então Catra sorriu, com as bocas ainda próximas. Adora agarrou o corpo dela mais forte na cintura e na bunda, e Catra fez o mesmo ao puxar seus braços e pescoço.

Foda-se Shadow Weaver. Foda-se o plano. Foda-se o passado.

Era isso o que elas diziam uma para a outra.

E foi mesmo divino.

Adora gemeu no meio do beijo, e então Catra a largou para observá-la melhor. A loira estava sem fôlego, assim como catra, porque o suor brilhava em seu busto que subia e descia.

— O que você fez? — Adora perguntou quando sentiu um gosto estranho na boca. Mas aquilo já não tinha volta. Ficou impregnado na garganta.

Catra sorriu, arteira.

— Você nem viu quando eu coloquei na minha língua agora pouco? É só uma coisinha pra você se divertir mais.

Adora fez uma careta de desgosto. Era azedo, depois doce, depois amargo demais. Catra chegou mais perto dela, cara a cara.

— Relaxa. O efeito só dura uma hora e nós nem vamos perceber. Todo mundo tomou, até os seus amigos.

Ela depositou um beijo em seus lábios e então a puxou para dançar a próxima música. Adora ainda se sentia violada e até enganada, mas então Catra sorriu sinceramente para ela, e depois disso o mundo se dissolveu em um mar de ouro, música, e roupas caras.


...


Aquela droga definitivamente não era normal.

Adora já havia se metido em muita confusão, do tipo de até precisar ingerir substâncias duvidosas para manter disfarces em boates clandestinas, mas nunca em um milhão de anos imaginou que aquela coisa estranha em sua garganta lhe faria tão mal.

Fosse o que fosse já estava em seu organismo. Os sentidos foram bloqueados, deixando a visão borrada e em câmera lenta. A música grave foi abaixada, como se ela estivesse no fundo do mar, e também diminuiu o ritmo. A voz da cantora desacelerou, e as pessoas ao redor pareceram começar a flutuar, como se a gravidade não fosse mais um problema.

Adora pôde jurar que viu as gravuras na parede se moverem.

"É o fim", foi o que ela pensou. Mesmo preocupada, ela não conseguia parar de dançar. E Catra também não. Mas estava tudo tão confuso. Ela sumia e aparecia, como um flash, uma alucinação, e Adora já não tinha certeza de estar totalmente sozinha ou em sua presença. Isso nem importava mais.

Ela teve a sensação de que ia morrer — porque a droga lhe fez sentir mais viva. Catra a fez se sentir mais viva —, e justamente essa certeza da morte foi o que lhe deu a certeza de querer viver mais.

Ela ouviu ruídos no fone, bem distantes como um alarme a chamando de volta para a realidade, chamando-a para longe de um sonho. Ouviu a voz de Bow agitado, depois a voz de Glimmer. Até viu os amigos na sua frente, e então eles sumiram. Onde estavam? Aquilo era real?

Adora impulsionou o seu corpo. Era demais ter de caminhar assim como se alguém estivesse lhe prendendo. Foi à procura de Glimmer, porque ela estava fazendo sons estranhos e abafados, sem conseguir respirar. Grunhidos aumentavam a cada segundo, e Adora ficou aterrorizada. Conforme seus nervos ficavam à flor da pele, o efeito da droga era deixado de lado.

— Glimmer... — Adora chamou com a voz mais baixa do que pretendia. — Onde você está?

Seu coração bateu mais rápido em desespero. Ela empurrou pessoas pelos ombros e braços, sem se importar em pedir desculpas. Aquele salão era enorme e seria praticamente impossível achar Glimmer em tão pouco tempo.

Glimmer começou a chorar, mas sua voz ainda estava abafada.

Alguém tapava sua boca.

Ela continuou a grunhir.

Adora continuou a procurar.


...


Ela achou Glimmer perto do banheiro.

Uma porta enorme fechada levava até o cômodo melhor iluminado. Mas na festa, apenas as luzes vermelhas permaneceram. A música estava tão alta que poderia até acabar com os tìmpanos de Adora.

Mas isso não fez a menor diferença, porque o mundo sumiu. Seus sentidos voltaram, e ela nunca se sentiu tão sóbria antes.

— Bow! Catra! — Ela os chamou em voz alta. Seu corpo parou, estático, a dois metros de Glimmer. Um soluço escapou de seus lábios e ela cobriu a boca com as mãos. — Glimmer.

Glimmer estava no chão.

O terno se manchou de vermelho a cada segundo, o sangue saindo do peito (do coração). Uma grande onda se espalhava em volta, grudenta e ainda quente.

O sangue também saía de sua boca.

O rosto, virado de lado, expressava choque. Os olhos ainda abertos já não pareciam tão mágicos, e suas lágrimas ainda escorriam pelas bochechas.

Ninguém nem parecia notar. Estavam viajando nas próprias alucinações.

Adora se ajoelhou ao lado dela, tremendo. Ela começou a chorar em silêncio, soluçando sem parar. Agarrou a roupa de Glimmer e murmurou palavras que nem lembrava.

Isso só podia ser mentira. Não podia ser real. Não podia....

Adora pegou Glimmer pelos ombros e arrastou seu corpo pequeno e familiar até o banheiro, deixando um rastro de sangue pelo caminho.

— Quem fez isso com você? — Ela chorava.

Seu peito subiu e desceu ao tentar buscar oxigênio, sem sucesso algum.

Na luz do banheiro enorme e chique, totalmente vazio, Adora pôde ver melhor o que aconteceu. Ela identificava aquilo em qualquer lugar, porque sabia muito bem como fazer o processo. Glimmer foi esfaqueada bem no coração, e não conseguiu nem pedir por ajuda. O pescoço estava vermelho com marcas de mãos que apertavam até ela ficar sem ar para falar.

— Bow! — Ela gritou por ajuda. Já chorava tanto que as lágrimas bloquearam a visão. Adora se agachou diante do corpo de Glimmer e pousou a cabeça em seu peito a fim de soluçar, de tentar alcançar a sua alma que há muito já havia partido. — Me desculpe, me desculpe...

Ela devia ter estado lá.

Ao lado dela.

Devia tê-la protegido.

Devia ter sido mais gentil com ela, porque em seu interior mais profundo, sabia que ainda amava Glimmer apesar de tudo.

Adora não devia ter desistido tão fácil.

Devia ter feito qualquer coisa.

As portas do banheiro se abriram num baque. Bow e Catra entraram juntos, e então arregalaram os olhos para a cena.

— Meu Deus, Glimmer! — Bow disse baixo, tentando conter um choro. Ele tremeu e se agachou do outro lado da princesa. — Não, não, não...

Ele verificou seu pulso, mas não obteve nada. Foi apenas uma confirmação dos fatos. Catra exclamou algo e começou a fraquejar tanto quanto eles. Uma lágrima escorreu silenciosa de seu olho azulado, e sua mão pousou na testa de Glimmer.

— Quem fez isso? — Bow perguntou. Adora deu de ombros sem ainda olhar para o amigo.

— Foi uma faca. A pessoa pressionou e girou — sua voz pareceu tão rouca.

— Alguém sabia que a princesa estava aqui — Catra disse aterrorizada. — Merda. Acham que foi minha mãe?

— Acha que ela sabe que estamos aqui?

— Qualquer um tem motivos para matar a princesa — Adora disse. Bow concordou. — A não ser que haja mais pessoas assim lá fora, então não foi por acaso. Foi planejado.

Eles ficaram em silêncio por um minuto. A música externa já era muito indistinguível. Adora teve a impressão de que seu coração estava batendo no mesmo ritmo.

Ela sentiu fúria nos olhos.

Encontrou com Catra.

Ambas entraram num acordo silencioso. Era a segunda morte que os envolvia, e provavelmente não seria a última. Elas sabiam a sensação do choque.

— Aonde você vai? — Bow perguntou quando Adora se ergueu e agarrou a maçaneta.

— Encontrar a arma do crime. Cuide dela. — Ela se referia ao corpo. Bow assentiu e Catra também se levantou para segui-la.


...


Elas não levaram muito tempo para achar o culpado.

Era uma mulher. Ela se deitava em um sofá próximo do banheiro, na verdade em uma espécie de cochilo. As mãos no colo evidenciaram o crime por conta das manchas características cor de sangue. A mão direita mais ainda. E pela marca na calça, com certeza havia algum objeto cortante em seu bolso.

Adora já a tinha visto por aí ao redor de Shadow Weaver. Era mais baixa, mais forte. Uma mulher negra com a pele de tom marrom claro, a cabeça raspada nas laterais e dreads no meio. Devia ser uma guarda de Weaver, talvez, ou até uma convidada. Mas Adora duvidou que a mulher pedisse a algum amigo para matar uma princesa.

Ela matou Glimmer, ela reforçou. Só poderia ser.

Catra deu um tapa forte na bochecha dela. A mulher acordou num salto e piscou seus olhos verdes claros, ainda sem entender por que duas estranhas a olhavam com tanta fúria e vontade de matança.

Adora agradeceu mentalmente por Catra tomar iniciativa das coisas, porque ela mesma não se achou capaz de fazer qualquer coisa naquele momento. Glimmer realmente se foi, e de uma maneira brutal, ainda tão nova. Tudo por causa de uma missão.

Catra puxou-a pelo colarinho e a levou até o banheiro, a mulher protestando com grunhidos que Adora não entendeu.

Elas entraram no banheiro e Catra a empurrou contra a parede. Bow ficou de pé na hora. Glimmer já não estava no chão com Glimmer, pois seu corpo foi arrastado para a extremidade do cômodo em uma tentativa de organização. O rapaz mal respirava.

— Foi você quem fez isso? — Adora perguntou com dor na voz. Ela apontou para Glimmer do outro lado. O piso de mármore refletiu as silhuetas de todos. A mulher encarou tudo em choque, tentando se lembrar. Claramente estava drogada. — Qual é o seu nome?

— Lonnie — disse de modo arrastado. Ela engoliu seco e assentiu, depois deu um sorrisinho.

— Foi a Weaver, não foi? Ela que mandou você fazer isso — Adora falou. Percebeu ficar mais raivosa a cada instante, então deu um passo a cada frase dita, na direção de Lonnie.

Ela bufou.

— Apenas recebi ordens e as cumpri.

Adora cerrou os dentes com tanta força que achou que fosse quebrá-los.

— Adora... — Bow disse cauteloso. Catra deu um passo para trás, com medo da loira. — Espere um pouco.

Lonnie sacou a faca do bolso manchada de sangue e encontrou os olhos azuis de Adora. Um conflito de cores, de sede, de determinação demoníaca percorreu entre elas, e foi bem ali que Adora se perdeu totalmente.

Ela já não tinha mais noção de nada.

Isso sempre acontecia quando libertava sua fera interior. O pior dela saía. E ela não dava a mínima, porque Glimmer era sua melhor amiga e não morreria assim sem vingança.

— Adora! — Catra exclamou em aviso.

Ela partiu para cima mesmo assim. Nem quis usar qualquer arma, fosse uma faca ou uma arma escondida. Acabaria com Lonnie com as próprias mãos, e isso seria um lembrete à Weaver.

Lonnie a cortou com a faca na barriga, mas não foi profundo demais porque a outra não deixou que fosse. De qualquer modo, sangue jorrou da região, manchando assim sua camisa branca. Adora chiou e deu um soco no rosto de Lonnie, então recuou um passo quando a mulher tentou acertá-la com a faca de novo.

Bow permaneceu ao lado de Glimmer como se para protegê-la. Catra também ficou onde estava, mas não foi até a briga também. Aquilo não era assunto seu. Apenas observava atentamente e em posição de ataque caso precisasse.

Mas Adora era boa sozinha. Todos sabiam. Ela sabia. Porque ela era a melhor.

A loira recuou em direção às cabines do banheiro, vazias e com cheiro de detergente. Lonnie tentava usar a faca, ainda atordoada por conta dos golpes na cabeça. Adora não pensou demais e então segurou as duas paredes da cabine feitas de granito, fez força para cima, os músculos latejando, e então chutou a mão de Lonnie. Foi o suficiente para fazer a faca voar de sua mão e atingir o espelho do outro lado do cômodo.

Lonnie gritou de dor e apertou o punho. Adora a chutou de novo, dessa vez no peito, fazendo-a cair.

Adora tinha tanta raiva que parecia ser implacável.

Em anos de treinamento, tanto ela quanto Bow (quanto Glimmer) aprenderam a deixar a cena de lutas o mais limpa possível para nunca serem identificados. Era difícil. E naquele banheiro isolado, Adora nem se lembrava das malditas regras.

Lonnie rastejou de costas para tentar alcançar a faca. Adora foi caminhando como se tivesse todo o tempo do mundo e a pegou primeiro em meio aos cacos de vidro no chão que poderiam ferir qualquer pessoa. Sua mão sentiu o corte, mas a dor da perda de Glimmer era tão forte que nada se comparava.

— Você quer isso? — Adora perguntou erguendo uma sobrancelha e riu. Girou a faca na mão e apontou para o rosto de Lonnie. — Acho que não.

Lonnie riu e cuspiu. Seu nariz sangrava.

Adora ficou por cima dela. Lonnie, com seus braços fortes, bateu em Adora, apesar de não haver tanto efeito. Ela tinha uma das mãos machucadas, e gritou de dor com o choque.

De onde estava, Bow enxergou os olhos de Adora. Não eram mais azuis. Eram praticamente cinzentos e sem vida.

Ela não tinha controle.

— Sabia que eu fui a melhor aluna na aula de anatomia? — perguntou ela, retórica. Estava sem fôlego, assim como Lonnie, que ainda continuava a tentar socá-la. Adora falava pausadamente, desviando. — Eu sei... Muito bem os pontos... Específicos de onde atingir... Alguém.

A mão de Lonnie tentou chegar até Adora mais uma vez, mas foi interrompida quando a loira segurou seu pulso.

Adora deu um risinho, e com a outra mão atingiu a lateral do pescoço de Lonnie, e então sua garganta, bem na região da traqueia. Aqueles pontos eram específicos.

Lonnie desmaiou na hora.

O banheiro ficou em silêncio, e os únicos sons eram as respirações pesadas das três pessoas vivas, uma inconsciente, e a outra morta e quieta, além da música eletrônica da festa.

Adora estava cheia de sangue, e ficou mais ainda quando pegou de volta a faca e acabou com tudo.

Ela virou o rosto. A cabeça da mulher pendeu para o lado já sem vida.

— Porra — Catra disse baixinho e passou as mãos no cabelo, exausta apenas por assistir a luta.

Bow desviou o olhar.

Adora permaneceu onde estava. Tomou ar, soltou, e assim por diante. Encarou a segunda pessoa que havia matado em uma noite.

— Entrapta, dê um jeito nisso depois, pode ser? — Ela disse, ciente de que a sua amiga do outro lado havia escutado tudo.

Entrapta engasgou.

— Vou fazer o que puder.

Adora assentiu e se levantou. Uma dor latejante atingiu sua têmpora, como se uma agulha tivesse perfurado o local e atravessado até o outro lado. Ela cambaleou, ainda sem entender o motivo disso tudo. Piscou algumas vezes até parecer lúcida o suficiente.

— Ei, você está bem? — Catra a segurou para não cair, apesar de tremer também. Adora fez que não. — Estamos no banheiro, quarto andar, e logo vamos subir.

Catra segurou sua mão manchada e apertou, e estava quente. Adora percebeu isso porque a sua estava fria como gelo, tremendo sem parar.

— Ela está em choque. Acontece sempre — Bow dizia. Ele parecia tão cansado. — Sempre que faz isso.

Catra suspirou.

— Vai ficar tudo bem. Você já vingou a Glimmer.

Adora apertou os lábios e os olhos. Soltou um soluço e sentiu o rosto ficar quente. Uma preparação para o choro que viria.

Sinos soaram, um alerta alto e claro avisando que a festa chegou ao fim. Adora olhou desesperada para Glimmer e Lonnie no chão.

— Elas vão ficar bem — Bow disse e tocou seu ombro. — Entrapta vai cuidar disso. Alguém da Rebelião deve estar infiltrado aqui também. Glimmer não vai ser descartada assim desse jeito. — Pelo menos era isso que ele acreditava e repetia para si mesmo. Sua confiança deixou Adora parcialmente melhor.

— Precisamos ir — insistiu Catra.

Adora correu até Glimmer, o rosto já inchado e molhado. Deu um beijo na testa dela e acariciou seu rosto já pálido demais.

— Eu te amei muito — disse num sussurro.

Adora levantou e, dessa vez, entrelaçou o braço com o de Bow. Eles precisavam um do outro.

Ele olhou para Glimmer uma última vez com tanta tristeza nos olhos que Adora se perguntou como conseguiriam passar por aquela missão.

Não que isso importasse mais.

Porque a princesa Glimmer de Bright Moon estava morta.





...

... oi kk

agora vcs sabem pq a Glimmer não tava no prólogo (que se passa no futuro né?) 😗

ai gente, perdão kkkkk eu juro que não quis causar sofrimento de ninguém e nem fazer disso algo gratuito, sério. eu sempre faço as escolhas que tenham sentido na trama

apesar de tudo, eu espero que vcs tenham gostado do capítulo 🥲 tentei não ser muito gráfica nas cenas pq sei que algumas pessoas não se sentem bem com isso

eu amo o capítulo 5 pq a partir dele muita coisa muda ✨✨

aaahhhh vcs já entraram no grupo do WhatsApp? Tá na minha bio!!

vejo vcs semana que vem! 💜 se cuidem!

beijão 💗💗

...

resumo do capítulo: o 4° andar é uma grande boate. o grupo se separa em busca de respostas e acessos. Adora ainda está mal por conta das memórias e Catra a ajuda. Elas dançam juntas e se beijam. Ambas usam drogas alucinógenas e perdem noção de tudo. Quando Adora procura por Glimmer, a princesa é encontrada morta. Adora vai atrás do responsável e acha Lonnie, que recebeu ordens para fazer aquilo (sabiam que a princesa estava no Hotel). Elas brigam no banheiro e Lonnie também morre por conta de Adora. O grupo não tem escolha a não ser seguir para mais um andar, agora todos abalados.

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