🐚 . ⁰² "Eu digo que não, Miami"
Malia estava simplesmente com os nervos a flor da pele naquela tarde. Campeonato de surf? Na sua praia? Aquilo era sério? As trocentas manifestações que ela liderou pelo litoral não adiantaram de nada?
Baker se tornou uma das ativistas ambientais mais influentes em Miami, seu nome estampado nos jornais quando o assunto era a proteção do ecossistema marinho daquela área. A princesa do mar - como passou a ser chamada pelos seus seguidores - estava em seu primeiro ano de faculdade de biologia marinha e não tinha nada que orgulhasse mais seu pai do que ter a filha sendo reconhecida de modo tão influente pelo que ela amava fazer.
O surf traria grandes impactos para a costa, principalmente na área em que estavam instalando os quebra-mares e píers para a competição. Aquilo acabaria com o ecossistema marinho da região, fora que os turistas trazidos com os atletas não eram nem um pouco educados e deixariam a praia num estado crítico de sujeira.
Mas seria mentira caso a cacheada dissesse que era apenas por esses pontos que não queria aquele campeonato em suas águas.
Agora torcia para que a maldita tivesse o mínimo de noção e não voltasse a colocar os pés ali, mas de qualquer forma, não importava naquele momento.
Ela tinha uma causa e, mesmo que o estrago parcial já tivesse sido feito, ela estaria ali, na praia, ao lado de seus amigos lutando pelo que acredita.
As tranças recém feitas no cabelo cacheado destacavam seu rosto impassivel para que todos pudessem olhar bem para a garota em cima de duas caixas de madeira, com um megafone em uma das mãos e circulada por jovens de cartazes erguidos gritando por respeito a suas praias e por proteção a sua biodiversidade local.
Eram muitos, mais do que Malia havia previsto na realidade. Mal ela sabia que as notícias haviam circulado por toda região costeira do estado e que os turistas que chegaram nos aeroportos não eram apenas espectadores do esporte aquático que Miami receberia. Eram pessoas querendo salvar algo.
──── Mali… - a garota loira mais próxima do palco improvisado chamou sua atenção, o mais discretamente que conseguia - Não acha que isso saiu um pouquinho de controle?
Ruby era a melhor amiga de Malia desde… Nossa, desde sempre. A morena não se lembrava de já ter vivido algo que a garota não soubesse ou que não estivesse junto.
Até mesmo aquela parte que a Baker desejava esquecer.
──── Relaxa, Ru, deixa comigo. - a garota piscou de modo confiante para a loira e voltou a sua postura, levando o megafone próximo aos lábios - Estão prontos para isso, galera?
Gritos de afirmação enviaram de todos os cantos e a garota sorriu, jogou as tranças para o lado e se empertigou um pouco mais.
──── Hoje Miami irá fazer a abertura do campeonato de surf mais importante do ano, apresentando todos surfistas competidores e, adivinhem só? Nenhum deles se importa com o que vai ficar para trás depois de tirarem do nosso mar as ondas que querem.
Mais gritos interromperam a voz de Malia que agora já estava com o megafone no volume máximo.
──── Hoje faremos história! Se nossos representantes não podem impedir que destruam o que a gente tem de melhor, nós iremos! - a Baker fez mais uma pausa olhando para a amiga que sorria para a garota enquanto o namorado a envolvia nos braços - Tem um motivo pelo qual nunca tivemos um esporte aquático por aqui e lá está! - apontou para a pedreira não muito longe dali e continuou para o público - As ondas quebravam naquela pedreira e o risco era quase mortal para os surfistas, mas adivinha o que fizeram?
──── Eles decidiram fazer o que fazem de melhor! - Perder gritou subindo ao lado de Malia nos caixotes e a garota passou a fala para o amigo continuar o discurso - Mudaram as rotas da natureza de acordo com suas vontades! Mais de quinze subespécies de peixe e uma colmeia de corais foi devastada por conta disso, o que vocês acham disso, pessoal?
A plateia vaia de modo ensurdecedor, deixando claro sua posição sobre aquele massacre.
──── E esse foi só o começo, pessoal! - o garoto devolve o megafone para Baker que sorri dispensando o amigo e assumindo a posição de antes.
──── Algum de vocês viram alguma arraia perto da nossa costa desde que aquelas máquinas vieram mudar a rota das ondas? Pois bem, elas estão se afastando! A mudança nas correntes deixou muitas desorientadas e algumas perderam os ninhos que tinham! - Malia mais gritava do que falava agora, ódio a consumindo por toda aquela verdade cruel que ela proclamava - Os corais estão perdendo a cor! E pra quê? Para um atleta ridículo ter mais um troféu bonito na estante? Estamos nos orgulhando de estragar nossas fauna marinha para dar palco a um estrangeiro que está pouco se fodendo para nossa praia?
Uma pausa que aumentou os burburinhos. Baker jogou o megafone no chão e gritou a plenos pulmões:
──── EU DIGO QUE NÃO, MIAMI!
E então o coro de vozes repetindo aquela frase começou e, sem que ela soubesse, a princesa das águas tinha acabado de criar o bordão que perduraria por séculos.
──── Eu, Perder, Joshua e Ruby iremos até aquele lugar e nós faremos que nos ouçam! Queria poder levar todos, mas se quisermos ser ouvidos de verdade, temos que ser organizados!
──── Já nos chamaram de arruaceiros e essa foi a desculpa para não darem atenção a nossas pautas! - Ruby gritou por cima complementando com a amiga - Não vamos permitir isso mais uma vez!
Alguém na multidão gritou “filha das águas”, outro gritou mais alto “princesa do mar”, já outro estava jogando as mãos para o alto e gritando que amava Malia Baker.
Filha das águas.
Princesa do mar.
Salvadora.
Esperança.
Baker.
Depois de muitos apertos de mão, fotos com ativistas desconhecidos e outros adolescentes e até mesmo crianças que só queriam o bem para o mar, a cacheada finalmente pode respirar. Colocou seu boné branco e foi até seus amigos que estavam juntando as coisas para irem até o outro lado da praia onde ocorreria a cerimônia de apresentação dos surfistas.
Tinham que convencer com certo coordenador.
──── Gata, que discurso foi aquele, fiquei todo arrepiado! - Josh comentou puxando de leve uma das tranças da garota, recebendo um tapinha para que tirasse a mão de seu cabelo.
──── Eu estou sentindo que vou desmaiar a qualquer segundo. - disse a morena com sinceridade num muxoxo enquanto colocava sua mochila nas costas.
──── Que isso, se anima! Você viu o tanto de flashes que estavam em você? - a loira entrou na frente do namorado e abraçou a amiga, a afastando rapidamente com um sorriso no rosto - Estou orgulhosa, Mali, e aquilo de “eu digo não, Miami”, meu Deus, você arrasou demais!
──── Vou personalizar minha camisa com essa frase agora! - Peder disse rindo dando um soquinho no ombro da princesa das águas que revirou os olhos de modo divertido
──── Vamo parar com o papo furado e fazer acontecer? A gente tem um acordo pra tratar!
A Baker começou a andar na frente puxando os amigos por um laço invisível que tinham.
Ruby sempre esteve ali com ela, Josh se juntou ao grupo a um ano, quando começou a namorar a garota e Perder, bom, ele e Malia compartilhavam muita coisa, se conheceram em um dos movimentos para retirada de lixo da praia a mais ou menos quatro anos e desde então mantinham contato para combinarem novos protestos ou manifestações.
Malia não conseguiu expressar sua felicidade ao chegarem naquele lugar e não encontrar nenhum surfista por ali. Isso era bom. Era ótimo. Perfeito.
Depois de olharem um pouco ao redor entraram numa tenda grande mais isolada que dizia coordenação. Passaram por alguns conhecidos que estavam trabalhando na montagem e manutenção dos equipamentos, cumprimentaram alguns, outros não, mas independente disso, agora estavam ali, de frente para o percursor de tudo aquilo.
──── Estava esperando por vocês mesmo!
A visita tinha sido agendada, claro. A última vez que o grupo trabalhou sem o mínimo de cordialidade, foram chamados de “pirralhos arruaceiros sem futuro” e não conseguiram nada além de uma manchete no pior jornal de Miami sobre o protesto fracassado.
E eles não queriam isso de novo.
──── Então suponho que saiba o porquê de estarmos aqui. - Malia tomou a frente, cuidadosamente mantendo um tom firme para passar uma credibilidade e confiança que ela não tinha no momento.
──── Sei. E analisei muito o material que me mandaram. - o homem comentou alisando o queixo e olhando para o grupo de amigos com algo perto de curiosidade - Baker, não é? - a garota acenou positivamente - Bom, senhorita Baker, meu nome é Kelly Slater, fundador do Word Surf League, e acho que tenho algo que pode lhe agradar.
A garota olhou para os amigos pedindo a confirmação.
──── Estamos ouvindo, senhor Slater.
──── Sei da sua preocupação com a praia e o mar de Miami, então façamos o seguinte, tenho um pessoal a postos para fazer um mutirão de limpeza na praia após cada dia de campeonato, basta um telefonema. Essa é uma das duas propostas que tenho para você.
Aquilo era bom, os amigos concordavam e estavam trocando olhares cúmplices.
──── E a outra sua outra proposta? - Ruby questionou por fim olhando para o homem que agora estava sentado em sua mesa improvisada.
──── Quero Malia Baker como responsável pelas manobras de sustentabilidade do campeonato aqui em Miami.
A citada travou no lugar sem saber como reagir, não se atreveria a falar qualquer coisa por medo de gaguejar e colocar sua credibilidade e responsabilidade a prova.
Logo ela?
──── Fiz algumas perguntas sobre você pela região e todos só tem coisas boas para me falar sobre a princesa do mar deles. Você conhece essa praia como ninguém e quer uma chance de fazer a diferença. - Kelly encarou a garota com um sorriso cúmplice - Eu era como você na sua idade, a diferença era a causa. Com o empurrão certo criei meu nome e o WSL. Quero ter a chance de fazer isso com você.
Aquilo era bom. Bom até demais. Não é atoa que Perder estava desconfiado.
──── E o que você ganharia com isso? - o garoto questionou de modo desafiador - Não pode estar fazendo isso apenas por querer um futuro melhor para a vida marinha, anda, o que o senhor está escondendo?
──── Garoto esperto! Mas acredite não é algo que vocês me julgariam tanto, afinal, vocês passaram a se preocupar com o meio que vocês fazem as coisas. - o empresário pegou um jornal antigo sobre a mesa e mostrou a manchete do jornal furreca que os haviam chamado de pirralhos - Quero enaltecer meu campeonato de surf. Já devem ter notado que sustentabilidade é algo que está em alta. Salvar o planeta, não destruir, coisas assim. E ter um nome como o de Malia Baker, maior ativista da costa regional, filha das águas, aliada a um campeonato como o meu buscando o tornar mais sustentável seria ótimo para minha imagem.
──── Então você está dando uma oportunidade da gente elevar nossa voz por uma imagem? Isso parece pouco, não? - Josh riu olhando para a namorada e depois de novo para o homem que, para sua surpresa, também estava rindo.
──── Garoto, você ainda é jovem, mas vou te explicar algo: no mundo dos negócios, imagem é dinheiro e, quanto melhor sua imagem para o mundo, mais dinheiro você tem.
──── Você me quer como um pretesto para alimentar mais ainda seu sistema capitalista-consumista? Isso não vai mudar esgoto sendo jogado no oceano, os corais morrendo, ilhas de lixo se formando no meio do mar. Você quer o meu nome para alimentar o seu desastre natural que vai além de um monte de pessoas em cima de um pedaço de madeira no meio da água. - Malia disse num fôlego só com o rosto passivo, mas que escondia uma tempestade, e deu as costas - Estou fora desse seu acordo.
Seus amigos um a um a acompanharam e, assim que Perder virou as costas para seguir o restante, Slater se levantou numa última tentativa para resolver aquilo de modo amigável com a princesa das águas.
──── Eu te ajudaria a criar sua própria ONG, Baker!
Malia parou abruptamente, aquele era um de seus maiores sonhos desde que se juntou a causa e de fato, agora a proposta que já era boa se tornou tentadora.
──── O campeonato começa de fato em três dias, Malia, pode pensar até lá, entendo que precisa de tempo, estarei esperando uma resposta.
Sem esperar que o empresário dissesse mais alguma coisa, Ruby puxou a amiga pelo braço para que voltassem a andar.
──── Não precisa aceitar se não quiser, a gente pode arrumar outro jeito.
──── Embora seja um acordo maravilhoso! - o moreno comenta levando um pisão no pé da namorada - Ai! Mas é mesmo, só que…
──── Gente acho melhor a gente ir pelo outro lado, sabe? - Peder fez um movimento para puxar o braço da Baker para outra direção mas já era tarde.
──── Malia?
Aquela voz. A morena esperava nunca mais ouvir aquela voz.
Esperava nunca mais ver aquela pele bronzeada, os olhos cor de mel, a boca cheia e que ela sonhava em beijar a dois anos atrás e aquelas malditas mechas, mais vermelhas do que nunca.
E, ah, biquíni preto e short jeans? Aquilo era uma piada para ela?
Claro que era. Baker nunca passou de uma piada para Cantrall.
Os olhos de Kylie dessa vez pareciam tristes, decepcionados, talvez até arrependidos. De qualquer forma, não importava.
Não podia importar.
Mas é claro que ela viria, Malia realmente acreditou que ela deixaria de surfar apenas porque ela a mandou sumir a dois anos atrás? Patético.
Ficaram em silêncio por tempo demais, numa troca de olhares dolorosa demais.
Kylie queria abraçar Malia de novo.
Malia queria que Kylie sumisse de novo.
A morena queria arrancar cada fio de cabelo daquela garota, deixar o rosto dela desfigurado de tanta porrada, mas principalmente, Malia queria chorar, mas não daria esse gostinho para aquela Cantrall.
Nunca mais.
──── Cantrall. - forçou dizer e se sentiu satisfeita com o tom desdenhoso que saiu de seus lábios, ela merecia sua pior versão - Desprazer rever você.
Jogou as tranças para o lado e passou ao lado da surfista batendo os ombros numa afronta silenciosa. Agora estava alguns centímetros mais alta que a garota e aquilo lhe deixou satisfeita.
Mas não o suficiente para não sentir a visão ficar turva. Seus amigos estavam a seu lado, então caso caísse, sabia que eles a segurariam, mas se recusava a fazê-lo.
Sentia sua nuca queimar, mas não viraria para trás, do contrário iria desabar sob o olhar de Kylie.
E não faria isso.
De novo não.
Maldita surfista linda e fodidamente sem coração.
Com certeza aquela festa não estava sendo para ela, a dois dias ela não falava direito com Kylie, mas aquilo não parecia um problema, afinal, era normal ficarem um pouco estranhas depois do que aconteceu, mas quando a surfista ligou a chamando para a festa que teria num quiosque do outro lado da praia ela não imaginava que fosse acabar desse jeito.
Kylie tinha bebido, era fato, mas tinha beijado outra garota. Não qualquer garota. Ela tinha escolhido, aparentemente, e ninguém tiraria isso da cabeça da Baker que viu os lábios de seu primeiro amor real tocando os de sua melhora amiga. Ruby Rose Tunner.
Aquilo tinha sido o suficiente para que lágrimas começassem a escorrer pelas suas bochechas, mas um sentimento quente a preencheu quando viu a loira empurrar quase que no mesmo momento a garota de mechas e lhe desferir um tapa estalado que com certeza deixaria marca.
Agora sentada na beira do mar com as sandálias na mão pensava que pelo menos sua amiga era fiel a ela.
Ruby ainda a considerava mais do que tudo.
──── MALIA! - ouviu de longe a voz grogue da surfista que agora já tinha se aproximado o suficiente para não gritar - Malia, aí está você, por que saiu da festa?
──── Por que? - a garota riu sem humor e secou as lágrimas do melhor jeito que pode, enquanto se levantava para encarar a cara sem vergonha da Cantrall. A marca da mão de Ruby ainda estava lá, ótimo - Sério que você está me perguntando o por quê? Por favor, Cantrall!
Kylie estava num estado de embriaguez que seria cômico se não fosse trágico. Não tão chapada a ponto de não se lembrar do que aconteceria nos minutos seguintes pelo resto de sua vida, mas o suficiente para não raciocinar o que falava por conta da tonteira.
──── Isso é por causa daquela garota?
──── AQUELA ERA MINHA MELHOR AMIGA, PORRA!
──── O que?
A Cantrall não era idiota, sabia que Tunner era amiga da Baker, melhor amiga era pedir demais, esse posto era dela, mas no momento em que aconteceu ela parecia não ser ninguém. Só uma loira bonita que a ajudaria a esquecer que teria que se mudar no dia seguinte. Alguém que iria a fazer esquecer de Malia Baker.
──── Você tem merda na cabeça? - a cacheada agora não estava chorando pela mágoa, mas sim de raiva, a surfista a estava tirando de idiota, e aquilo era demais - Ou você tomou tanto caldo que tem água do mar no seu celebro? Porra, Kylie. O que aconteceu entre a gente não significou nada pra você?
Malia não parava de pensar naquela pergunta desde que saiu de perto da música alta e pessoas se encostando sem motivo.
A noite estrelada, o mar, a troca de carinho, as confissões e, ah, o beijo, aquele maldito beijo.
O primeiro beijo de Malia Baker.
──── O que aconteceu… Entre… A gente?
──── Você está brincando? - a morena não tentava mais esconder as lágrimas e o tom de choro na voz - Me diz que está!
──── Mali, aquilo foi algo que… - Kylie se recompôs da melhor forma que pode, tentando pegar as palavras em sua mente da melhor forma que conseguia no seu jeito abobadado - Foi natural, foi, foi… Foi um erro bom, tinha um clima, um espaço, mas foi só, eu não imaginei que…
──── Pera, foi só? - a raiva queimava por trás da imagem chorosa que ela passava - A gente trocou eu te amo na porcaria daquela ilha! Você me deu o momento mais incrível da minha vida, caralho Cantrall, meu primeiro beijo foi com você pra você falar que foi só? Que foi algo de momento, algo casual? Não diga que não sabia ou que não imaginava!
──── Malia eu…
Kylie não tinha o que falar.
Sabia daquilo tudo
Sabia que era o primeiro beijo dela.
Sabia que tinha feito merda.
Sabia que não tinha como concertar.
──── Eu gosto de você, idiota! - Baker gritou para ver se um pouco daquela onda que Kylie estava passava e ela conseguisse assimilar alguma coisa que não fosse a porra de uma frase que a quebraria mais - Caso você ainda não tenha notado!
──── Eu… O que eu deveria dizer agora?
──── Não sei! - impressionante como a Cantrall era capaz de mudar tão depressa. Beber demonstra a real imagem da pessoa, sua versão mais pura, e Malia estava se decepcionando com a de Kylie - Você não tem nada pra me contar? Tipo que você estava tentando foder com a minha melhor amiga?
──── Eu não estava… - Cantrall estava tentando de toda forma parar com aquilo.
Com certeza a sua ideia de acabar com as coisas foi a pior possível, mas não queria que piorasse.
Malia estava prestes a surtar. Kylie não queria isso.
──── Eu fui um jogo pra você, Kylie? Uma piada?
──── Não, Mali, calma eu…
──── Calma, Kylie? CALMA? - a cacheada estava perto o suficiente para dar um empurrão de leve na garota de mechas que a fez cambalear pelo estado em que se encontrava - Você simplesmente desconsiderou tudo que eu te falei a dois dias atrás pra enfiar a língua dentro da boca da Ruby na primeira oportunidade e, nossa, como eu fiquei feliz quando ela te deu aquele tapa! Porque eu acho que não tenho forças pra te arrebentar!
──── Malia, por favor…
A surfista queria abraça-la, então tentou ao menos tocar nas mãos da garota que recuou como se seu toque a queimasse.
Porra, Kylie, o que você fez.
──── Não encosta em mim! Quer saber? - Baker estava limpando as lágrimas pela terceira vez desde que aquela conversa começou e agora seu olhar estava resignado - Volta pra lá, vai! Procura uma outra garota pra você se divertir, porque acho que se você tiver o mínimo de senso não vai tentar algo com a Ruby de novo pra levar outro tapa!
──── Você não tá entendendo, eu não disse que o que você me falou não importa eu…
──── Sim, Kylie, você não falou. Você mostrou, o que é mil vezes pior.
Aquelas palavras acertaram a surfista de um jeito que nada nunca a fez querer tanto cavar uma cova para se enterrar de uma vez.
Malia Baker foi quebrada naquele dia.
E nada a reconstruiria de novo.
──── Eu não queria…
──── Não queria o que? Me magoar? Quebrar meu coração? Me usar como uma das suas diversões?
A surfista não respondeu o que afundou mais ainda o coração da cacheada dentro do peito.
──── Eu pensei que você gostasse de mim, Kylie. Do mesmo modo que eu gosto de você.
Ela pegou as sandálias e se virou, mas antes de dar as costas totalmente, deixou algo claro para que a Cantrall jamais se esquecesse:
──── Eu deveria ter te deixado afundar nas águas aquele dia, mesmo que tivesse levado meu coração junto.
──── O que você quer que eu faça então? - a surfista gritou caindo de joelhos na areia enquanto a morena se afastava - Quer que eu me ajoelhe? Implore as suas desculpas?
E, quando ela desabou em lágrimas, sem esperar uma resposta. Ouviu um choro gritado de volta.
Malia Baker estava acabada, os olhos embaçando de novo, mas reuniu forças para mais duas palavras.
──── Some, Cantrall.
×
Notas do Autor:
Não me matem...
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