The End
O Outro Continente;
Terras Mortais
As vezes, nem tudo saí como planejamos, apesar de pensarmos nos mínimos detalhes. E, as vezes, nossos atos tem consequências. E, as vezes, outras pessoas pagam pelos nossos erros. E isso foi exatamente o que aconteceu naquele dia.
Matthew não conversou muito comigo naquela manhã. Nós dois sabiamos que estamos presos em uma situação péssima. E, apesar de estarmos enganando Luna muito bem, tinha sempre o medo de tudo ir por água abaixo.
A cidade em questão que fomos visitar era realmente péssima. Estava abrigando os piores tipos de pessoas, não que isso chegasse a me incomodar. Eu era tão ruim quanto qualquer uma delas.
-Vamos fazer isso logo.- eu disse para Matt e ele assentiu. Nós sabiamos onde e com quem conseguir o que queriamos, graças a Azriel. Quando disse que tudo estava planejado, é porque estava.
-Não vejo a hora de voltar para Prythian.- resmungou Matthew começando a caminhar na frente, analisando o lugar, as pessoas. Eu não podia concordar mais com ele.
Naquela manhã Eris tinha me dito que Ayla estava inquieta porque sentia minha falta. E, claro, aquilo me destruiu. Eu também sentia falta da minha filha, mas saber que ela estava segura já era o suficiente para fazer minhas noites serem minimamente melhores.
Aquele lugar era realmente bizarro, e as pessoas pareciam ter sido esquecidas pelos deuses, pelo tempo, por todos. Só os deuses sabiam que tipo de pessoas habitavam aquela cidade, e eu senti meus pelos arrepiarem com esse tipo de pensamento.
-Talvez devessemos dar uma enrolada.- murmurou Matthew. -Se voltarmos muito rápido, Luna vai desconfiar.
-Não vai nada, tenho certeza que ela confia na eficiência do meu trabalho.- eu zombei e Matthew revirou os olhos.
Nós logo chegamos na taverna sombria que Az havia nos mandado ir para encontrar o comerciante. Eu esperava, honestamente, que ele não desse problemas, porque não estava afim de manchar minhas mãos com sangue naquele dia.
Para minha infelicidade, a taverna estava praticamente vazia. Eu gostava mais de multidões, pois era muito mais fácil roubar e espionar quando estava ocupados demais com outras pessoas para notarem alguém ouvindo sua conversa ou passando a mão na sua grana.
-Que dia de merda.- resmungou Matthew de novo e dessa vez tive que concordar com ele.
Nós entramos e a dona da taverna olhou feio para nós. Bom, eu também olharia se dois jovens com cara de idiotas tivessem entrado na minha propriedade. Mas ela pareceu ficar menos rabugenta quando Matthew pediu bebidas para nós. Encher a cara em horário de serviço, adorava isso. Só assim para conseguir sobreviver a aquele dia péssimo. E, deuses, eu nem ia cair no erro de dizer que podia piorar porque sempre pode piorar.
Quando a bebida chegou, Matthew virou tudo de uma vez e pediu outra. Deuses, o que tinha acontecido para ele estar tão mal assim?
-Desembucha, Matt, o que aconteceu?- eu disse puxando a caneca dele quando ele fez menção de vira-lá mais uma vez. -Não é só por causa de Dominique te secando que você está assim.
-Eu caguei para a Dominique, Aisha. - ele disse e colocou a cabeça entre as mãos. -Lyssa está me preocupando.
Aquela vadia, eu sabia!
-Ela quer fugir.- espera ai, o que? Matthew deve ter visto o choque no meu olhar, pois começou a explicar. -Isha, ela é semifeérica.
-O QUE?- eu quase dei um grito, mas Matthew me beliscou. Deuses, por essa eu não esperava.
-Ela não tem poderes nem nada do tipo, mas de que isso importa? Ela tem sangue feérico, e se esse plano de Luna e Briallyn se der certo vai afetar ela também. Ela quer fugir, sei lá o que ela quer fazer, mas ela está com medo.
-Matthew, não tem como fugir de um feitiço!- eu disse e ele suspirou.
-Eu sei! Mas ela está desesperada, Aisha.- ele disse me olhando nos olhos.
-E eu também estou.
Matthew abriu a boca para dizer mais alguma coisa, mas um ser sentou na nossa mesa e eu quase desmaiei. Apesar da magia que o fazia parecer humano, ele não deveria estar ali, não se arriscando daquela forma. Meu parceiro olhou nos meus olhos e sorriu.
-Eris, sua puta maldita, que porra é essa?- eu sibilei e ele riu. Eu vou mata-lo.
-Praticamente um mês sem me ver e é assim que você me recebe, minha dama?- ele disse estalando a língua e cruzando os braços, aquele maldito sorriso arrogante nos lábios. Vou mata-lo, vou mata-lo.
-Eris.- eu sibilei de novo e ele riu. Eu o odeio.
Eris jogou um saquinho na mesa entre nós e eu franzi a sobrancelha. Que merda era aquela ali? Matthew esticou a mão para segurar e abriu para ver o que tinha dentro.
-Mas... Achei que fossemos encontrar com o comerciante dessa merda aqui.
-E estão falando com ele. É uma substância vindo de uma flor que só tem na Corte Outonal. Vai dar pra enganar Luna e Briallyn por tempo o suficiente para vocês destruirem os planos delas e darem o fora.
-Obrigada. - eu disse o olhando e Eris sorriu. Ele se levantou e deu uma última olhada para nós.
-Estou indo visitar uma certa rainha revoltada. - ele disse e eu ri. Vassa. -Tentem não morrer, tudo bem? Vejo vocês em alguns dias.
Eris saiu da taverna e eu sabia que já tinha desaparecido para voltar a Prythian. Dei um suspiro pesado e olhei para Matthew, erguendo minha caneca em um brinde sem ânimo.
-A nós, os humanos mais fodidos da história.
Eu estava exausta quando chegamos ao Castelo, mas Luna tinha pedido uma reunião na sala dos Tronos. Com um suspiro pesado, Matthew e eu praticamente nos arrastamos até lá. Mas quando as portas foram abertas... Meu coração deu um salto. Porque Lyssa estava ali, ao lado de Briallyn e Luna, e a culpa em seus olhos já dizia o suficiente.
Os guardas fecharam as portas atrás de nós e eu nem precisava me virar para saber que se tentasse fugir, morreria antes mesmo de dar o primeiro passo em direção a porta. Meu coração batia acelerado dentro do peito, apesar de eu conseguir manter minhas expressões neutras.
-Aqui está o que nos pediu.- eu disse casualmente mostrando o saquinho para elas. Mas Briallyn deu um sorriso cruel para mim.
-Quem dos seus amigos feéricos mandou esse presentinho para você nos enganar, Aisha?- disse ela e minha garganta oscilou. Merda, ela sabia tudo.
-Não sei do que está falando. - eu respondi com um sorriso cínico. Briallyn deu uma gargalhada cruel.
-Achou que ia nos fazer de trouxas por muito tempo, garota?- ela disse. -Lyssa nos disse que você e Matthew estão aqui para nos destronar e colocar Vassa no poder.- Briallyn estalou a língua. -Ela ouviu vocês conversando no quarto no meio da noite. - como essa filha da puta tinha escutado? Ah, claro. Claro que ela teria ouvidos feéricos. Que incrível. -Ela trocou essa preciosa informação por proteção. Sinto em dizer a vocês, mas Vassa já perdeu essa batalha. E vocês vão ser executados por traição!
Briallyn ergueu uma espécie de arma que eu não fazia ideia do para que servia, mas sabia que era mágica. E mortal. Ela apontou aquilo diretamente para mim e eu prendi a respiração. Porque sabia que era meu fim.
-Espera!- Matthew gritou, se colocando na minha frente. -O plano foi meu! Aisha não sabia de nada até ontem, e ela estava tentando me convencer a não fazer isso. A ideia foi toda minha, então a traição também foi só minha!- era uma mentira, claro que era, se tinha alguém culpada naquilo tudo era eu. E somente eu.
-Matthew, não. - eu sussurrei, mas ele olhou para mim e sorriu tristemente. Ele iria dar a vida dele pela minha e eu... Deuses, não, aquilo não!
-Nobre da sua parte. Mas os dois vão morrer.
E, antes mesmo que eu pudesse dizer que aquilo era tudo culpa minha, que eu pudesse implorar de joelhos e, deuses, eu o faria, Briallyn usou aquela arma contra Matthew. E ele nem teve a chances de gritar antes daquela força atingir em cheio seu peito. E ele caiu no chão. E eu sabia que Matthew estava morto.
Eu gritei. Deuses, eu gritei. Era como se tivessem rasgado meu próprio coração, como se tivessem destruído minha alma. Porque Matt... Meu primeiro amigo, meu primeiro em tudo. Ele era parte de mim e agora estava morto, morto por minha causa.
As lágrimas de desespero e dor me invadiram enquanto eu caia de joelhos e segurava o rosto sem vida de Matthew em minhas mãos trêmulas.
-Me perdoe.- eu disse em meio aos soluços.
-Levante. - rosnou Briallyn.
Eu a olhei com ódio, ódio verdadeiro. Sabia que nada podia me salvar dela. Então, morreria com dignidade. Eu me levantei.
-Você vai queimar, Briallyn, no fogo da irá dos deuses. E quando estiver queimando e sofrendo, se lembre desse dia. - eu disse secando com força as lágrimas em meu rosto. Briallyn riu.
Ela apontou a arma para mim e eu sabia que era o meu fim.
Boa tarde, meu povo lindo! Tudo bem com vocês?
Primeiro, perdão pelo surto de ontem e obrigada a todos que comentaram. Aquilo ajudou muito!
Segundo, a fanfic está em reta final, provavelmente só teremos mais dois capítulos e eu espero que gostem!
Vejo vocês no próximo capítulo!
~Ana
Data: 15/03/2021
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