Forest
Corte Noturna
Sabe, Alynia tinha razão quando havia dito que ver Cassian cuidar das quatro crianças seria engraçado, para não dizer um desastre completo.
Treinar com as Valquirias foi realmente revigorante. Eu já estava até sentindo falta da sensação de estar quebrada em todas as partes do corpo. Nestha, apesar de não poder treinar pela gravidez, ficou o tempo todo latindo ordens para Alynia, o que foi engraçado. A illyriana, por sua vez, não ligou nem um pouco. A amizade delas era mesmo bem estranha, eu tinha que dizer.
Elas tinham táticas de batalha muito diferentes de tudo o que eu havia aprendido na Toca. Tudo o que eu tinha aprendido sequer se comparava a aquele treinamento. E eu me vi com cada vez mais e mais vontade de ficar ali com aquelas mulheres, de lutar ao lado delas como uma equipe. Até mesmo Feyre parecia inclinada a concordar com meu pensamento. Nestha, Alynia e Cassian estavam mesmo fazendo um trabalho incrível ali.
-Parabéns pela sua gravidez, Nestha.- eu disse quando todas nós começamos a ir embora. Ela me deu um sorriso, e, deuses, eu acho que nunca a tinha visto sorrir antes.
-Obrigada.- ela respondeu e aquela pequena interação foi o suficiente para quebrar as camadas de gelo que existiam entre nós.
-Aquele dia.- eu comecei e Nestha me olhou. Ela sabia do que eu estava falando, vi pelo brilho em seus olhos. -Você passou pelo mesmo que eu, não foi?
Nestha olhou para o céu azul e respirou fundo. Apesar dela ser uma muralha, não no sentido ruim, eu conseguia ver as rachaduras dela. Ela tinha me permitido ver aquilo. Para que eu entendesse que ela me entendia.
-Algo similar, sim.- ela disse e eu estremeci. Senti minha garganta oscilar. Nenhuma mulher deveria passar por aquilo, nenhuma.
-Você o fez pagar por isso?- eu disse e Nestha me olhou.
-Eu irei.- ela disse com um sorriso que não chegou aos olhos.
-Ótimo.
-Você fez aquele lixo pagar?
-Não tem um dia sequer que eu não pense nisso.- eu disse baixinho. -Quando eu acha-lo e, acredite, eu irei, o farei implorar por misericórdia. Ele não vai morrer fácil. Se eu ainda sou capaz de sentir a dor de tudo o que ele me fez...- respirei fundo. Falar daquilo ainda era um desafio, mas Nestha... Ela entendia. E aquilo era o suficiente para tornar aquelas palavras mais fáceis. -Ele me estuprou e eu vou acabar com a vida dele.
-Sei disso.- ela disse e segurou minha mão com força. Por algum motivo, aquilo me reconfortou. -Você vai fazer ele se arrepender de ter te conhecido, Aisha. E, ah, ele vai mesmo.
Uma parte do peso em meu coração, naquele momento, se desfez. E talvez eu estivesse mesmo começando a juntar os caquinhos e a curar meu coração.
Nós caminhamos juntas até a sala da Casa do Vento e, antes mesmo de entramos, já podia escutar os gritos de Cassian.
-Pelo maldito Caldeirão!
Eu olhei para Feyre, para Nestha e para Alynia antes de cair na gargalhada. Isso antes mesmo de ver a cena, porque quando entramos naquela sala, deuses, a situação só ficou ainda melhor!
Nyx estava agarrado ao pescoço de Cassian, puxando seu cabelo enquanto ele tentava trocar a fralda de Jesminda, que chorava sem parar, talvez pelo fato de seu irmão estar puxando o pé dela. Ayla observava todos com uma cara feia e eu sabia que ela ia começar a chorar também, logo logo. Cassian, por sua vez, parecia estar vivendo um verdadeiro inferno.
-Graças a Mãe vocês voltaram, isso aqui não são bebês não!- ele disse desesperado.
Alynia riu e tirou Adrien de cima da irmã enquanto Feyre pegava Nyx de volta. Segurei Ayla em meus braços e ela sorriu e, deuses, eu nunca cansaria de dizer o como aquele sorrisinho era capaz de fazer meu coração acelerar.
-Tenho dó do seu filho, Cassian, esse bebê vai sofrer. - disse Alynia rindo e Cassian fez uma careta.
-Você é a piorzona.- ele resmungou segurando Jesminda no colo.
-Porque ainda a escuta?- disse Nestha sorrindo para ele. Cassian deu um sorrisinho para ela.
-Me pergunto isso todo dia.
Apesar da discussão entre eles, puxei Feyre para o lado e ela me olhou meio intrigada.
-Você pode ficar com Ayla hoje?- perguntei e ela assentiu, meio confusa. -Preciso resolver umas coisas com Vassa. Aliás, você acha que consegue me levar até as Terras Mortais?
-Claro, Aisha. Vamos, eu te levo.
Feyre me deixou na saída da floresta que levava em direção a propriedade de Vassa e Jurian. Eu dei um sorriso para ela.
-Volto pra te buscar mais tarde?- ela perguntou e eu assenti.
-Eu agradeceria.- eu disse e ela riu.
-Vai voltar a morar conosco?- ela perguntou esperançosa. Eu sorri.
-Se deixarem.
-Você ainda acha que não deixariamos? Pelo Caldeirão.- ela riu e me deu um abraço antes de atravessar.
Eu me virei para seguir o caminho até a casa, mas... Tinha algo errado. Senti meus pelos arrepiarem, e meus sentidos me diziam para correr e não olhar para trás.
-Finalmente sozinha.- disse aquela voz que ainda assombrava minhas noites.
Peter caminhou lentamente por entre as árvores e parou bem no meio do caminho até a casa. Eu não tinha lugar para fugir.
-Por que não terminamos o que ficou pendente no nosso último encontro?- ele disse com um sorriso nojento no rosto. -Talvez repetir aquela noite, o que acha, Aisha?
Meu coração batia acelerado no peito. Medo e ódio lutavam dentro de mim, em conflito. O que eu faria, o que faria? Por que sequer conseguia me mexer?
Peter era meu pior pesadelo. O motivo para as marcas que ainda estavam gravadas em minha alma. E talvez eu nunca fosse superar o que ele havia feito comigo, mas, ah. Ele não me tocaria novamente. Nem em um milhão de anos. Eu não era mais aquela garota fraca de dezesseis anos. Eu era uma mulher de vinte e dois, que havia destruído homens por menos. Eu era forte, eu sabia lutar, e eu acabaria com ele. Mas antes... Eu iria jogar o jogo dele. Sorri para Peter.
-É mesmo? Então me pegue primeiro.
Então, eu corri para floresta.
Boa noite (ou seria bom dia¿)
Gente, não postei nada hoje (ou seria ontem¿) porque tive prova da Universidade e tava meio desesperada, então não tinha nada escrito pra postas risos
E, sim, eu fiz esse cap agora. E, sim, eu fiz essa bomba KKKK
Enfim, vejo vocês no próximo capítulo!
~Ana
Data: 10/03/21
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