Children
Corte Outonal
Minha filha estava dormindo tranquilamente nos meus braços. Ainda era um choque para mim saber que eu tinha tido um bebê. Eu nunca havia planejado ter filhos, mas agora, com ela no meu colo, eu fiquei grata por Azriel ter me dado isso. Por mais que não tivesse planejado, por mais que eu pudesse ter morrido. Mas pelo jeito os deuses queriam que eu tivesse tido aquele ser tão delicado e fofo.
Ela estava com uma semana de vida e eu ainda não sabia como chama-lá. Todos os nomes que Eris tinha me sugerido não pareciam bons o suficiente pro meu anjinho, então descartei todos. Por falar em Eris, ele virou uma "galinha superprotetora" como diriam Feyre e Alynia. Ele simplesmente não saia de perto da minha filha, mas cagava pra mim. É impressionante.
Por algum motivo, naquele dia, Eris tinha me dito para permanecer no quarto. Mas eu precisava sair, respirar, então ignorei as ordens dele. Sabia que ninguém naquela corte ia ousar me machucar, e Eris tinha dado um jeito de manter os irmãos idiotas bem longe da Casa enquanto eu estivesse lá.
Então, me levantei e peguei minha filha no colo. Ela nem mesmo se mexeu, mal abriu os olhos. Dei risada. Pelo menos ela não era chorona, o que era ótimo, já que eu não andava sequer conseguindo dormir com medo de algo acontecer com ela. Pelo menos não tinha que me preocupar em tentar fazer com que ela não chorasse tanto.
Andei pelos corredores da casa, em busca daquele lugar tranquilo que sempre ia as tardes para admirar as árvores. Mas quando virei a esquina, meu coração deu um salto. E, merda, porque eu nunca escutava Eris?
Alynia olhou pra mim e eu olhei pra ela. Ela franziu o cenho, depois olhou para Lucien ao seu lado e depois para Eris. Ela tinha um bebê no colo, um menino ruivo e com asinhas, que puxava o cabelo dela de leve. E Lucien segurava uma menininha de cabelos escuros, que dormia tranquilamente. Ela, por outro lado, não tinha asas. Nenhum deles disse nada, mas eu já estava tão desesperada que o medo de que talvez ela me separasse da minha filha foi maior.
Comecei a dar passos para trás, me preparando pra correr pra longe daquela fêmea.
-Espera!- ela disse meio exasperada. -Não vou fazer nada contra você, acredite, eu até fiz uma barganha com Eris prometendo não te ferir se ele me deixasse te ver.- ela esticou o pulso na minha direção e eu vi. Uma tatuagem pequena de uma estrela cadente. Uma igual estava no pulso de Eris, eu pude ver. Eu sabia que era assim que ficava marcado as barganhas da Corte Noturna. -Não vim aqui pra te machucar, Aisha.
-Na verdade, não viemos aqui sequer pra te ver.- disse Lucien e eu fiz uma careta. Eris olhou feio pro irmão mais novo e ele deu um sorrisinho. -Estavamos na Corte Primaveril e Alynia queria que meu irmão conhecesse nossos filhos.
-Engraçado, você fala como se somente ela quisesse que eu conhecesse seus filhos.- disse Eris e Lucien sorriu pro irmão, o que indicava que, sim, somente Alynia queria. Eris fez uma cara feia e Alynia revirou os olhos.
-Estes são Jesminda e Adrien.- ela disse pra mim. -Nossos filhos. Eles estão com quase três meses.
-Ah, quanta criatividade pra nomes vocês dois tem. - disse Eris. -Dando nomes dos amados mortos de vocês.
Alynia fez uma careta engraçada e Lucien fuzilou Eris com o olhar. Meu parceiro somente sorriu.
-Você calado é um poeta, Eris.- disse Alynia revirando os olhos. Alynia me encarou. -Você teve um bebê também.
-É filha do Eris.- eu disse e Eris me olhou com divertimento. Lucien fez uma careta de nojo e Alynia arqueou a sobrancelha.
-Não, não é não.- ela retrucou e eu respirei fundo. Merda. -Mas admiro a coragem de dizer isso, pelo Caldeirão.
-Está dizendo que ninguém ia me querer, Alynia?- disse Eris a olhando feio e ela riu.
-Jamais, Eris, meu adorado cunhado.- ela retrucou.
Alynia me olhou por um tempo e olhou para minha filha. Claro que ela sabia que não era filha de Eris, não quando minha filha era tão parecida com Azriel. O parceiro dela.
-Az sabe?- ela perguntou e eu neguei com a cabeça. Ela deu um suspiro. -Entendo porque não contou dessa vez. Ele provavelmente te mataria se te encontrasse. - eu sabia daquilo, mas ouvir isso doía mesmo assim. -Você teve sorte desse bebê nascer sem asas.
-Eu sei.- eu resmunguei.
-Posso segurar?- ela perguntou e apertei com mais força minha filha em meus braços, meu medo de que Alynia desaparecesse com meu bebê... Ela pareceu notar isso, pois a cor sumiu de seu rosto. -Eu nunca, nunca, tiraria um bebê de uma mãe.
-Você me odeia.
-Não odeio. Eu surtei naquele dia, Aisha, mas não te odeio. Gosto de você, e por isso pedi para te ver. - ela disse e eu fechei os olhos com força. -Sei que não está bem.
-E tem como estar?
-No fim das contas, todos estão errados nessa história.- disse Alynia. -Eu te devo desculpas por aquele dia.
-Tudo bem. Sei que sou uma mentirosa maldita mesmo.- eu disse e ela fez uma careta. Suspirei e me aproximei dela. -Você pode segura-la.
Alynia sorriu pra mim e entregou o filho para Eris, que fez uma careta pois Adrien começou a chorar. Eu não consegui evitar a risada que escapou.
Entreguei minha filha para Alynia, apesar de estar meio receosa, apesar da barganha de Alynia e Eris. Ela segurou minha filha com um amor e carinho que me quebrou. Ela sorriu e depois sorriu pra mim.
-Ela é linda.- disse Alynia. -Parecida com o Az. Mas tem seus olhos.
-Eu sei.- eu disse com um suspiro. -Eu queria que ele soubesse, mas...
-Mas você está com medo.- concluiu Lucien e eu assenti. -E é compreensível. Azriel também exagerou.
-Eu menti pra ele.- eu disse baixinho.
-E dai? Lucien vive mentindo pra mim.- disse Alynia e Lucien a olhou indignado.
-Eu menti uma vez.
-E quase morreu.- ela disse irritada e ele deu de ombros como se aquilo não fosse nada demais. -Qual o nome dela?
-Ela não tem um nome.- eu disse e Lucien me olhou perplexo.
-Você não deu um nome pra sua filha?- ele disse com uma careta.
-Pois é, ela rejeitou todas as minhas ideias.- disse Eris e eu revirei os olhos.
-Eu só...- comecei, mas não sabia como dizer aquilo. Os olhos de Alynia brilharam em compreensão.
-Você quer que Az esteja junto.- ela disse e eu assenti abaixando a cabeça. Claro que eu queria, mais que qualquer outra coisa. -Isso vai ser meio complicado.
-Porque ele não quer me ver, eu sei.- eu disse mas Alynia balançou a cabeça, o rosto assumindo uma expressão sombria.
-Não. Porque Azriel sumiu. E nem mesmo eu consigo acha-lo.
Bebês Alynia e Lucien, 0 estruturas pra isso
E vocês acharam que tudo ia ficar bem? Tava calmo demais pro meu gosto
Vejo vocês no próximo capítulo!
~Ana
Data: 02/03/21
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