Aisha, The Fae and The Other Human
Corte Noturna
Velaris
Atualmente
Nestha me olhou da cabeça aos pés, e todos na sala pareceram parar de respirar ao ver a forma que eu olhava com raiva pra ela.
Para aquela fêmea que fora humana um dia, que havia me humilhado diversas vezes. Que havia me chutado pra fora no dia em que eu estava perdida, buscando por ajuda. Buscando por Feyre.
-Então? Ainda morando na rua?- disse Nestha pra mim e eu trinquei os dentes, tentando conter minha raiva.
-Nestha, não comece.- disse Feyre, mas Nestha a ignorou. Seus olhos estavam cravados em mim.
-É bem curioso você ter vindo parar aqui. Azriel foi arrumar logo você como amante? Coitado.
-Eu sugiro que pare de falar antes que se arrependa.- eu disse e ela deu uma risada cheia de sarcasmo.
-O que faz pra sobreviver? Vende o corpo? Bem, pelo menos deve ser mais digno do que da vez que foi colocada pra fora de casa por ter aberto as pernas pro noivo da sua irmã.- ela disse sorrindo e aquilo foi o basta.
Puxei Nestha pela frente do vestido e a joguei contra a parede antes mesmo que alguém pudesse reagir. Pressionei meu braço contra o pescoço dela, aproximando nossos rostos para que ela visse a raiva em meus olhos da mesma forma que eu podia ver as chamas queimando nos dela.
-Você, Nestha Archeron, é uma imbecil.- eu disse com a voz baixa e letal. -Não deve sequer saber o que é estar na merda. Diga-me, por um acaso alguém já te forçou a fazer algo que não queria? Você foi tocada em partes que não deveriam ser tocadas sem permissão enquanto gritava e implorava para que parassem?- eu disse e a expressão dela foi fechando a medida que ela entendia o que eu estava falando. Sombras percorreram seus olhos, como se ela entedesse perfeitamente. Como se tivesse sofrido o mesmo.
"Alguém rasgou sua roupa, te bateu e forçou sua entrada? Fez você se sentir suja por dentro e querer morrer? E depois disso tudo, você foi jogada na neve pra morrer? Então sugiro que cale essa sua boca e mantenha essa sua língua de cobra longe dos meus ouvidos."
Soltei Nestha e ela sequer se mexeu. Não disse nada, somente me encarou, parte daquele brilho feroz sumindo dos olhos.
Quando me virei, ah, ótimo, tinhamos uma plateia maior. Porque Azriel estava ali com o parceiro de Feyre, e todos me encaravam como se pudessem ver minha alma. Talvez pudessem depois do que eu havia revelado.
-Por que estão encarando ela, cecete?- disse Alynia irritada. Talvez eu tivesse acabado de estragar a festa de casamento dela com minhas merdas. -Vão procurar algo de útil pra fazer, vai!
Ela empurrou Cassian pra fora da sala, chutou Rhysand, puxou Nestha pelo vestido e carinhosamente guiou Feyre. E depois saiu, fechando a porta atrás de si. O que eu não sabia se era bom ou ruim, pois agora estava sozinha com Azriel, e ele me encarava.
-Não me olhe assim.- eu disse irritada, me sentando no sofá somente para não ter que olhar Azriel nos olhos. Não sabia o que faria se encontrasse pena de mim dentro deles. Aquilo seria demais pra mim. -Não me dê esse olhar.
-Não estou te dando nenhum olhar.- disse Azriel sentando ao meu lado. -Entendo porque não falou nada, e eu jamais te cobraria que falasse.
Ficamos em silêncio por um bom tempo. Eu estava tensa e estava me sentindo mal. Queria simplesmente sumir. Relembrar aquilo era demais pra mim, e fazer aquilo ao lado de Azriel... Bem, era pior ainda.
-Não vai perguntar o porque nunca te contei nada?- eu disse baixinho.
-Não.- ele respondeu. -E eu meio que já sabia. Sua tatuagem...
-Ah, é, esqueci que você é velho assim.- eu disse com um meio sorriso e Azriel fez um careta.
Ficamos e um silêncio constrangedor novamente. Como se não nos conhecêssemos de verdade, e será que nos conhecíamos? E o que realmente importava, no fim das contas?
-Sei que também não venho sendo sincero com você como deveria. - ele disse e eu finamente me virei para olha-lo de verdade dessa vez. Azriel olhava para as próprias mãos repousadas no colo. As mãos cheias de cicatrizes, que eu sequer sabia de onde vinham.
Se formos ser honestos aqui, eu também não havia revelado a Az todas as merdas que já tinham acontecido na minha vida. Por mais que eu confiasse nele, não sabia se me sentia pronta pra abrir aquela porta do meu passado. E deixar que ele visse o esqueleto lá dentro.
-Não importa, Azriel.- eu disse e era verdade. Porque nenhuma história que ele contasse ia mudar nada entre nós. Já se eu começasse a falar... Bem, Azriel nunca mais olharia na minha cara. Ele se virou e me olhou nos olhos de uma forma tão intensa que me fez perder até a fala.
-Importa sim, Aisha.- ele disse e suspirou, fechando os olhos. -Eu... Tive uma infância de merda.
-Posso dizer o mesmo.- eu resmunguei e Az deu um sorrisinho pra mim. As sombras realmente estavam agitadas ao redor dele naquele momento. Queria eu ter sombras para me esconder daquela conversa que fazia eu me sentir ansiosa e fazia meu coração disparar.
-Nós dois temos cicatrizes, pode acreditar nisso.- ele disse. -E não estou falando das que podem ser vistas.
Ah. Ah. Ele estava prestes a me dizer algo e acho que eu acabei de estragar tudo. Sensacional, porque foi que eu saí de casa hoje mesmo? Deveria ter ficado lá afiando minhas armas e, quem sabe, torturando algum imbecil por informação? Por que achei que ir até a maldita Corte Noturna seria boa ideia?
-Az...- eu comecei e segurei a mão dele na minha. Azriel me olhou meio chocado antes de voltar para aquela máscara indecifrável de sempre. Mas sabia que ele não estava esperando por aquilo.
Eu não era carinhosa, eu não demonstrava amor ou afeto. Havia sempre sido somente sexo sem nenhum sentimento pra mim, com qualquer pessoa, durante muitos anos. Parte disso porque cresci numa família de merda e não sabia como amar alguém, parte disso porque era difícil pra mim tocar as pessoas com essa intimidade. Porque era difícil deixar as pessoas me tocarem também quando eu não estava chapada. Era difícil deixar que as pessoas vissem a Aisha que existia por baixo daquela camada de ferro que eu havia colocado sobre mim mesma.
Eu nunca tive amor de ninguém. O mais próximo disso não é nem de longe o ideal. Eu não sabia o que fazer. E talvez... Talvez Azriel também fosse assim. Talvez não soubesse o que fazer. Ou talvez não soubesse como lidar comigo, uma humana fodida e quebrada.
E eu nunca tinha segurado a mão dele daquela forma. Com tanta intimidade, como se não fosse nada. Ele me olhava como se eu tivesse cometido um crime. Não sabia dizer o que se passava na cabeça dele naquele momento.
Puxei minha mão de volta, tentando não deixar que ele percebesse o como aquilo, aquele olhar, me deixava desconfortável. Azriel suspirou pesadamente.
-Não sei o que te dizer. - eu disse. -Agora você sabe.
-Não, Aisha. Saber do que aconteceu e saber a história de verdade são coisas diferentes.- ele disse me olhando e eu desviei o olhar. -Não quero que conte. A menos que queira.
Eu queria contar a Azriel a verdade? Eu... Eu não sabia. Ele também não tinha me contado coisas sobre ele, a começar pelas cicatrizes nas mãos. Como ele havia as adquirido? Qual era o verdadeiro passado do mestre espião da Corte Noturna?
-Não é fácil falar sobre isso.- eu disse e era verdade. Se eu começasse a falar, ia abrir uma porta que não queria abrir. Porque... Bem, porque me trazia péssimas lembranças.
-Eu sei.- ele disse.
-Não quero que me veja como vítima. Como se eu precisasse de alguém pra me proteger. - eu disse e ele me encarou, e eu podia ver as faíscas em seus olhos.
-Eu jamais pensaria isso de você.- respondeu Azriel se levantando. Franzi o cenho pra ele. -Vamos dançar.
-Acho que estraguei a festa da sua parceira.- eu disse me levantando. Azriel deu um sorrisinho.
-Vai aprender que sempre tem uma briga e um caos nas reuniões da minha família.
-Uau.- eu disse rindo enquanto seguiamos para parte de fora.
Quando saímos, tentei esconder meu choque. Meu olhar caiu sobre uma bela mulher de cabelos cor de fogo, ao lado de Alynia. Ela conversava com a fêmea e com um homem. Um homem que eu também conhecia, assim como ela. Era Vassa, a sexta rainha. E meu mundo começou a girar.
-O que foi?- perguntou Azriel.
Vassa se virou na minha direção, e me virei tão rápido para ficar de costas pra ela que acabei batendo contra o peito de Azriel. Não pensei muito antes de reagir. Coloquei as mãos ao redor do rosto de Az e o beijei.
Ele pareceu meio surpreso com aquele gesto antes de relaxar e retribuir. Quando senti a língua dele envolver a minha lentamente, tive que manter todo meu autocontrole pra não me derreter em seus braços. Deuses, porque era tão bom beijar Azriel?
Mas eu precisava manter o foco. Vassa estava aqui. Porque ela estava aqui? E com Jurian, deuses, Jurian! O humano que foi enviado pelo rei de Hybern e o traiu.
Naquele momento, comecei a achar estranho as coisas. As informações que eu tinha obtido de Luna era de que Vassa estava doente e tinha ido para uma cidade distante se tratar e que o local precisava ser mantido em segredo pra preservar a imagem dela. Mas ali estava Vassa, bem vívida e saudável. Que merda estava acontecendo?
A mão de Azriel descendo pelas minhas costas foi o suficiente pra me fazer perder minha linha de raciocínio. Simplesmente desisti de pensar naquilo e me entreguei a aquele beijo cheio de desejo.
Eu tentei me afastar três vezes, mas era realmente difícil de fazer isso quando a sensação da língua de Azriel envolvendo a minha era tão êxtaseante. Quando consegui me afastar o suficiente pra respirar, Azriel parecia querer me dizer algo.
-O que?- perguntei e ele abriu a boca para falar quando alguém trombou em mim e senti um líquido gelado escorrer pelas minhas costas. Xinguei criativamente e me virei e, deuses, devia ter ficado de costas.
-Ah, sinto muito.- disse a mulher na minha frente me olhando com os olhos brilhando em um fogo voraz. Claro que ela havia feito de propósito. Claro que ela sabia quem eu era. -Não queria te molhar, que desastre!
-Tudo bem.- eu disse, entrando no jogo dela. -Acontece.
-Vou te mostrar o banheiro, te ajudo a limpar isso!- disse Vassa segurando meu pulso. Tentei me afastar, mas seu aperto era realmente forte.
-Não precisa.- eu disse trincando o maxilar, tentando soltar meu pulso. Ela cravou as unhas na minha pele e eu tive vontade de voar no pescoço dela, mas Azriel nos encarava. E se eu não fizesse o que ela queria, ela começaria a abrir a boca.
-Ah, eu insisto. - disse Vassa dando um sorriso selvagem. -Já trago ela de volta pra você, Azriel.
E, antes mesmo que eu pudesse dizer alguma coisa, Vassa já estava me arrastando para longe de Azriel. E para longe de ouvidos feéricos. E eu sabia que estava fodida.
Boa noite meu povo!
Só deixando claro que não vou seguir os acontecimentos de ACOSF na fofique, já disse isso, mas é bom reforçar né. Talvez tenha algumas referências, porém, é uma fofique sem ligações, até porque já to com ela toda bolada né
Vassa e Aisha... É, vamos ter problemas risos
Quero ver umas teorias rsrs
Vejo vocês no próximo capítulo!
~Ana
Data: 16/02/21
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