7 - É bom ver você também, Peterson.
Enquanto Peterson tentava convencer Thomas de que havia alguma coisa errada lá fora, Janson comparecia na sala de sistema de segurança para verificar o que havia de errado.
—Tinha razão, senhor. —Disse o guarda que tinha o chamado. —A varredura o captou do lado de fora dos muros.
Janson olhou para o painel onde continha um grande aviso de que Peterson, "a famosa cura", era fugitivo. Ele deu um leve sorriso satisfeito e tomou uma decisão sem pensar duas vezes.
—Prepare as armas. —Janson ordenou, apesar do olhar relutante dos dois guardas.
O que havia chamado o chefe de segurança saiu, provavelmente para executar a ordem. Janson deu um passo para frente, observando o maior painel onde havia uma gravação ao vivo de Peterson na barricada, no meio da avenida principal destruída.
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Newt tinha ficado um pouco para trás, mas ainda estava perto de Brenda, Caçarola e Jorge. Thomas e Peterson estavam lá na frente, tentando entender o que realmente estava acontecendo.
Newt olhou para trás e viu um dos garotos daquela van que iniciou o motim com a máscara de gás de viseira vermelha, dando um aspecto assustador à pessoa por trás dela. Depois, olhou para direita e viu mais duas pessoas que estavam na van também, ambas mascaradas e segurando fuzis dos quais Peterson se orgulharia de dizer saber usar.
Newt ficou visivelmente assustado ao perceber que estavam sendo seguidos, então ele começou a andar mais rápido.
Brenda tinha conseguido alcançar Thomas e Peterson na frente do grupo com muito esforço, recebendo e dando cotoveladas. No segundo em que se aproximou, Caçarola, Jorge e Newt apareceram também.
—Aí, gente! Vamos sair daqui. —Newt falou alto para poder ser ouvido, dando um tapa no ombro de Thomas e Peterson para chamar a atenção de ambos. —Olhem só!
Ele apontou para trás e Peterson viu o rapaz com máscara de viseira vermelha se aproximar rapidamente, o que lhe fez ter um calafrio e segurar a mão de Thomas instintivamente. Thomas retribuiu, tentando pensar em como sair dali enquanto Jorge já puxava a sua pistola, mas um rangido lamentoso ecoou de trás deles e chamou a atenção de todos, inclusive da multidão.
O silêncio dominou a multidão com facilidade, que se manifestava com selvageria segundos atrás enquanto o eco ainda era ouvido. Peterson viu fumaça sair de cima dos muros e quando uma enorme caixa se movimentou na direção deles, com uma luz vermelha, ele teve certeza de que não era seguro ficar ali.
Peterson deu um passo para trás, esbarrando em Newt sem querer. A multidão começou a gritar e a correr, o que fez Thomas apertar a mão de Peterson com mais força.
—Thomas, vamos! —Peterson gritou enquanto o resto do grupo começava a reagir.
Apesar de Thomas realmente querer obedecê-lo, foi o primeiro disparo daquela engenhoca do CRUEL que o despertou do transe e fez com que ele começasse a correr. Houve mais um disparo e Peterson teve certeza que viu um homem atrás do grupo voar pelos ares, mas continuou correndo.
Thomas soltou a mão de Peterson para poder correr melhor, mas Newt pegou a mão de Peterson para não perdê-lo naquele caos. Mais e mais disparos vinham, mas eles já tinham alcançado o pequeno corredor de onde tinham vindo a tempo. Um disparo passou perto, tanto que Peterson e Newt tiveram que se segurar nas paredes para não caírem e se machucarem. Depois, voltaram a correr.
Depois do corredor, havia um pátio, o que parecia ser um antigo estacionamento de comércio. Newt e Peterson foram os primeiros a chegarem, seguidos por Jorge e Caçarola, mas pararam assim que mais pessoas mascaradas apareceram e os agarraram. Newt foi levado com facilidade, já que foi pego por duas pessoas. Peterson lutava com todas as suas forças para que não levassem seu namorado. Logo Peterson conseguiu se soltar das pessoas que tentavam colocá-lo em uma van também.
—NEWT! NEWT! —Peterson gritou a plenos pulmões quando viu ele dentro da van, enquanto Caçarola era direcionado à força para o mesmo veículo por outros sequestradores.
Thomas tinha ficado pouco para trás e esbarrou em Peterson sem querer no meio do caos, mas logo viu o que estava acontecendo. Antes que um dos dois tomasse alguma atitude, aquele garoto de máscara com viseira vermelha agarrou Peterson com as duas mãos pela gola da jaqueta, deixando Thomas com medo e nervoso.
—DEIXA ELE EM PAZ! —Thomas berrou, tentando agarrar no braço do garoto (que por sinal, era bem alto) enquanto Peterson tentava chutá-lo e socá-lo.
O garoto alto e mascarado jogou Peterson em outra van - uma com uma porta de correr na lateral ao invés de uma dupla na traseira - antes que Thomas pudesse impedi-lo. Quando estava prestes a enchê-lo de socos, dois homens mascarados vieram por trás dele e agarraram-no com muita força. Por mais que se debate-se, Thomas acabou entrando na mesma van que Peterson.
O sequestrador de Peterson e mais dois homens entraram junto com eles, mas os dois se afastaram rapidamente. Thomas procurou a mão de Peterson para segurar e o empurrou com as costas para o canto da van, mostrando apenas pelo comportamento que não deixaria ninguém encostar no seu irmão. Brenda também foi jogada lá dentro, deixando Thomas entre os dois.
Depois de alguns minutos de uma viagem constrangedora com seus sequestradores, a van parou e alguém abriu uma porta atrás deles. Perceberam que estavam em um tipo de estacionamento de shopping, já que era grande para a passagem de carros e parecia ter vários andares. De novo, mais sequestradores mascarados.
—Caiam fora! —Um rapaz mandou com grosseria, deixando Peterson irritado.
Peterson bufou irritado, mas ficou ao lado de Thomas e Brenda enquanto viam outra van chegar. O veículo parou e parecia movimentado lá dentro, até um guarda sair voando pela porta de trás e Jorge pular em cima dele.
—ONDE ELA TÁ, SEU DESGRAÇADO? —Jorge gritou, claramente perguntando por Brenda e dando um soco no homem logo em seguida.
—EI! EI! —Brenda chamou, correndo na direção do homem.
Peterson e Thomas foram junto, mas os sequestradores se alarmaram e apontaram as armas para o grupo.
—EI, TÁ TUDO BEM! —O garoto que sequestrou Peterson gritou para os parceiros.
O mesmo rapaz que tinha irritado Peterson na hora de sair da van o empurrou, fazendo com que ele esbarrasse em Thomas mais uma vez e que Thomas o segurasse por instinto. Peterson já ia avançar nele, mas Thomas segurou os seus braços e o puxou para trás, impedindo que ele fizesse uma estupidez enorme.
—Eu tô aqui! Eu tô aqui! —Brenda disse para Jorge, fazendo-o parar de socar o homem.
Enquanto Brenda e Jorge se abraçavam rapidamente, Newt desceu da van. Ele olhou ansioso para os lados, procurando por Peterson. Quando ele o encontrou, passou a mão no cabelo, aliviado. Newt não pensou duas vezes antes de correr até Peterson e o beijar profundamente, o que alarmou o garoto grosseiro com o qual Peterson não tinha começado muito bem.
—Fica quieto aí, rapaz! —Ele avisou, apontando o fuzil para Newt e deixando-o assustado, fazendo com que ele abraçasse Peterson com mais força e tentasse escondê-lo atrás de si.
—Vira isso para lá! Só fiquei feliz por ver que ele está bem! —Newt exclamou, mais com raiva do que com medo.
—Ele já me irritou muito, garoto. —Ele retrucou com desdém, apontando com o fuzil para o rosto de Peterson.
—Se quiser atirar em qualquer um dos dois, vai ter que passar por cima de mim primeiro. —Thomas respondeu com frieza, entrando na frente de Peterson e Newt enquanto encarava o rapaz mascarado com raiva.
—Abaixa isso, seu idiota. —O garoto que tinha sequestrado Peterson falou, abaixando o fuzil do rapaz antes que ele fizesse alguma coisa. —Pare de criar intriga. E vocês dois também!
Peterson e Thomas sabiam que o rapaz se referia a eles. Ele se afastou e circulou pelas pessoas presentes, continuando a falar.
—Pessoal, vamos relaxar! —Ele mandou enquanto a confusão ia diminuindo. —Estamos do mesmo lado aqui.
—Como assim "do mesmo lado"? —Thomas retrucou, voltando a segurar a mão de Peterson. —Quem é você?
O garoto o encarou por alguns segundos, dando tempo para que o grupo todo se reunisse. Peterson continuava a segurar a mão de Thomas e de Newt. Brenda estava ao lado de Peterson, olhando para todos os lados enquanto Jorge mantinha a mão no coldre para qualquer movimentação perigosa. Caçarola parecia ser o mais perdido.
Depois de olhar para os lados, o garoto tirou a máscara e ninguém conseguiu acreditar. Thomas e Peterson sentiam-se mais rancorosos do que surpresos ao ver quem era o rapaz por trás da máscara de gás.
—Oi, novatos. —Ele cumprimentou, fazendo os dois relembrarem os velhos tempos da Clareira.
Gally. Aquele era o Gally.
Peterson soltou as mãos de Thomas e Newt e deu um passo para frente, cerrando o punho direito com força enquanto o encarava com certo desprezo. Newt e Thomas estavam próximos e perceberam como o humor dele tinha mudado drasticamente, deixando-os alertas.
—Gally. —Peterson resmungou com os dentes cerrados.
—Nem vem. —Caçarola suspirou depois que Newt lhe lançou um rápido olhar.
Peterson bufou como um touro e tentou dar um passo rápido com os punhos cerrados, mas Newt e Brenda agarraram-no antes que ele chegasse perto de Gally. Mesmo sabendo que eram os seus amigos que o seguravam, Peterson se debatia como um louco e lançava pontapés na tentativa inútil de acertar o rosto de Gally. Gally suspirou, relembrando que era assim durante quase o tempo todo na Clareira.
—VOCÊ O MATOU! VOCÊ MATOU O CHUCK! —Peterson gritava sem parar, deixando todos um pouco assustados enquanto Newt e Brenda tentavam pelo menos segurá-lo. —VOCÊ MATOU O CHUCK!
—Peterson, fica calmo! —Brenda exclamou, assustada com a histeria que o amigo se encontrava.
Em um súbito, Thomas - que estava tão nervoso quanto Peterson - avançou em Gally e deu um soco no rosto dele. Ambos caíram no chão e Peterson se desvencilhou dos amigos, mas não foi atrás de Gally. Thomas ergueu o punho para mais um soco, mas Newt veio antes e segurou o braço dele enquanto Brenda vigiava Peterson. Com a agitação, os guardas voltaram a apontar as armas para eles.
—Para! Para! —Newt mandava enquanto tentava segurar Thomas.
Peterson ainda quis bater em Gally, mas Brenda conseguiu adivinhar isso e segurou o braço dele com uma força desconhecida.
—Para! —Newt pediu quando os ânimos finalmente se acalmaram. —Por favor!
—Ele matou o Chuck. —Thomas respondeu enquanto ainda encarava Gally, lendo os pensamentos de Peterson enquanto ele tentava escapar do forte punho de Brenda.
—É, eu sei. Eu sei. —Newt continuou, encarando o rapaz que nem sequer olhava nos olhos dele. —Eu me lembro. Eu também tava lá, lembra? Mas eu também lembro dele ter sido picado e ter ficado meio pirado, entende? —Newt olhou para os guardas, assustado. —Agora, quer se acalmar? Calma.
Os punhos de Thomas tremiam e ele hesitou em se afastar, mas logo se desvencilhou de Newt e saiu de cima de Gally, bufando de ódio. Brenda, vendo que Peterson estava mais calmo, o soltou e o garoto pôde sentir mais alívio no braço, se juntando ao resto do grupo logo depois. Thomas e Peterson continuavam a encarar Gally com desprezo, enquanto o mesmo se levantava e agarrava o próprio queixo.
—Bem que eu merecia isso. —Ele ironizou, voltando-se para o resto do grupo. —Mais alguém? Caçarola? Newt?
—Vocês o conhecem? —Jorge perguntou, ainda um pouco confuso com a bagunça que aquela revelação gerou.
—Era um velho amigo. —Caçarola respondeu, ainda meio estático.
—Só se for o seu. —Peterson retrucou, ainda encarando Gally com raiva.
—É bom ver você também, Peterson. —Gally ironizou de novo. —Pelo visto, sua cabeça esquentada não mudou nadinha.
—Como? —Newt questionou enquanto olhava para Gally, atraindo a atenção do mesmo para ele. —Como isso é possível? Eu... A gente te viu morrer!
—Não, vocês me deixaram para morrer. —Gally respondeu, encarando pelo menos os conhecidos do grupo. —Se nós não tivéssemos achado vocês, vocês estariam mortos agora. O que vieram fazer aqui?
O grupo hesitou um pouco para responder, mas Peterson tomou a palavra, dando o benefício da dúvida para Gally.
—Minho. —Todos olharam para Peterson, estranhando que há poucos minutos ele tinha tentado espancá-lo e agora, respondia suas perguntas com tranquilidade. —O CRUEL o trouxe para cá. A gente quer achar uma entrada.
Gally pareceu surpreso, mas logo respondeu:
—Posso ajudar a achar. —Ele deu um passo para trás, preparando-se para guiá-los. —Venham comigo.
—Não vou a lugar nenhum com você. —Thomas retrucou, encarando-o com raiva.
Peterson e Thomas eram realmente bem parecidos em vários aspectos, mas eles tinham a única diferença quando tratava-se de indulgência. Peterson sabia perdoar as pessoas, ou dar uma segunda chance no mínimo. Thomas, não. Por confiar nos outros mais facilmente, nunca perdoa no primeiro erro e guarda rancor pelo resto da vida, sem querer dar o benefício da dúvida ou sequer ouvir as explicações das pessoas que lhe machucam.
—Tom... —Peterson sussurrou, agarrando a manga da jaqueta dele, como se pedisse que só dessa vez ele desse uma chance para Gally.
—Você que sabe. —Gally respondeu em meio a um suspiro. —Mas posso te levar até o outro lado do muro.
Peterson puxou a manga da jaqueta de Thomas mais uma vez, fazendo-o ponderar se deveria mesmo dar uma segunda chance para o rapaz que havia matado o seu melhor amigo, apesar de estar completamente maluco no momento. E não era o orgulho dele que estava em jogo, mas sim, a vida do seu melhor amigo, Minho.
Suspirando profundamente e finalmente segurando a mão de Peterson, Thomas deu o benefício da dúvida para Gally, por mais que não gostasse dele. Peterson também não gostava, mas sabia muito bem a quem dava o privilégio do seu perdão.
•Não esqueçam de deixar uma estrelinha ou um comentário, que isso me motiva muito.
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