Newt não teve coragem de dizer o que tinha acabado de descobrir e também não sentia que era o momento certo. Guardou aquilo no seu coração trancado com sete chaves e prometeu a si mesmo que iria dizer quando fosse a hora.

Eles ficaram abraçados alguns minutos e só pararam quando Peterson secou o rosto.

—Você tá legal? —Newt perguntou, limpando uma mancha de fuligem debaixo do olho esquerdo de Peterson.

—Sim, tô bem. —Peterson sorriu, apesar de ainda secar o rosto.

Newt sentia-se triste por vê-lo daquele jeito, mas sorriu de volta para não desanimá-lo, agarrou a mão livre dele e apanhou a mochila com a outra, levando Peterson para onde todos os outros estavam.

Quando Newt e Peterson chegaram, ninguém se surpreendeu. Todos encaravam o chão com um olhar vazio. Brenda sorriu brevemente ao ver os dois de mãos dadas, lembrando-se da vez que pegou os dois se beijando. Thomas fez o mesmo, um pouco convencido por ter acertado no palpite.

—E agora? O que faremos? —Caçarola questionou, quebrando o silêncio mortal que pairava no ar.

—A gente pega os que sobraram, mantém o plano, leva vocês para o Refúgio Seguro. —Vince respondeu enquanto se levantava, estava ajoelhado, fazendo uma homenagem aos amigos perdidos. —E recomeça. Eu acho.

Newt abaixou a cabeça, parecendo ponderar sobre algo. Ele soltou a mão de Peterson lentamente e colocou a mochila nas costas, virando-se para Vince.

—Eu não vou com vocês.

Todos o encararam, confusos.

—O quê? —Vince indagou.

—Eu fiz uma promessa para o Minho. Eu não o deixaria para trás, eu tenho que ir buscá-lo. —Ele falou, pegando um rifle e colocando nas costas, relembrando uma conversa que teve com Minho no Labirinto.

—Rapaz, olha ao seu redor. —Vince exclamou com os braços abertos. —O CRUEL detonou com a gente. Pense bem para onde está indo.

—Não tô pedindo para ninguém vir comigo.

—Não está, mas eu vou com você. —Peterson respondeu, pegando outro rifle e colocando nas costas.

—Vocês dois, me escutem. —Thomas disse como se fosse dar um grande sermão, levantando-se. —Eu conheço o Minho há... Sei lá, desde que me entendo por gente. Então, se tivesse um jeito de ajudá-lo, podem crer que eu seria o primeiro a estar do lado de vocês. Isso que vocês querem fazer é impossível.

—Tá mais para suicídio. —Jorge acrescentou, aproximando-se dos dois com Brenda.

—Pode ser, mas eu sei o que a gente deve fazer agora. —Peterson respondeu. —Não é só pelo Minho, que também é meu melhor amigo. É por todo mundo que o CRUEL já pegou, por todos que eles vão levar. Isso não vai acabar. Não vão parar nunca, então nós vamos pará-los. —Apontou para Newt que havia animado ele até demais. —Eu vou matar Ava Paige.

Jorge e Brenda se entreolharam, parecendo gostar do discurso. Caçarola e Thomas transmitiam esperança pelo olhar.

—Eu confesso. —Harriet falou, levantando-se e posicionando-se ao lado de Vince. —Que adoraria uma vingança.

—É um belo discurso, garoto. —Vince elogiou com confiança. —Qual é o plano de vocês?

Todos olharam para Newt e Peterson, que trocaram um olhar confiante. Depois, encararam Vince com convicção do que iriam fazer.

Eles iriam destruir o CRUEL de uma vez por todas.

Mas antes de bolarem um plano, Newt levou Peterson até uma pedra e o mandou se sentar. Peterson obedeceu e Newt sumiu por um tempo, mas logo voltou com vários panos para limpar a ferida de Peterson.

—Nossa, isso tá muito feio. —Newt comentou assim que ergueu a barra da camisa de Peterson e viu que a ferida estava muito roxa e com bastante sangue.

Peterson concordava com Newt. Então depois que Newt limpou a ferida, fez um curativo na mesma e desceu a barra da camisa de Peterson.

—Olha, Peter. É melhor você não deixar mais nada atingir esse lugar. —Newt orientou. —Porque eu acho que a próxima batida vai atingir num lugar vital e você vai sangrar até a morte.

Peterson arregalou os olhos, mas logo assumiu uma expressão neutra. Se era pra morrer, então ele iria levar todos do CRUEL junto com ele.

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