28 - Sabe, eu vou adorar matá-lo.
Todos viraram-se para ver o que estava acontecendo e viram um caminhão passar por trás das fileiras em alta velocidade, atropelando barris de ferro e muitas outras coisas pelo caminho. Guardas começaram a atirar veículo, mas aqueles dardos eram inúteis. Enquanto o caminhão corria, Peterson ouviu o motorista gritar com raiva lá de dentro e reconheceu a voz. Jorge.
O caminhão seguiu rapidamente até atingir um helicóptero. Os vidros se quebraram e a aeronave tombou de lado. A hélice ainda girava, o que fez destroços e poeira serem jogados quando entraram em contato com o chão. Para se protegerem, todos se jogaram no chão. Ainda assim, alguns guardas foram atingidos.
Aquilo havia sido o início de um motim.
As pessoas do Braço Direito começavam a lutar contra os guardas. Alguns recuperavam rifles confiscados, outros usavam os punhos. Ava e Teresa foram escoltadas pelos guardas e por Janson até o Berg no meio da confusão. Peterson acabara de se levantar, ainda um pouco confuso. Aquele soco na costela ainda lhe causava dor. Percebeu que seus amigos já tinham se dispersado e quando se virou de costas, deparou-se com um guarda.
—Parado aí! —Ele exclamou, carregando o Lanca-Granadas. —Larga isso, garoto!
Peterson pensou rápido e de certa forma, acabou obedecendo a ordem jogando a bomba atrás dele, no meio do grupo de guardas. Depois, saiu correndo enquanto gritava:
—TODOS, PRO CHÃO!
Ele se jogou no chão, já distante dos guardas e apertou o botão, cobrindo a cabeça com os braços logo depois. Uma enorme explosão surgiu atrás de Peterson e mesmo cobrindo o rosto, pôde ver o clarão provocado. Seu ouvido zumbiu, o que lhe deixava apenas mais tonto e confuso, mas precisava agir rápido.
Ava e Teresa já estavam dentro do Berg, Jorge acabara de sair do caminhão para ajudar como podia e Peterson viu tudo isso completamente perdido, sem saber o que fazer, mas mesmo assim, se levantou e procurou por alguma arma. Achou uma pistola abandonada no meio da confusão e a pegou.
Thomas se arrastava enquanto tentava se levantar, a mais ou menos quinze metros de Peterson, provavelmente experimentando dos mesmos sintomas que ele experimentou depois da explosão. Quando apoiou-se nas mãos, Janson apareceu na fumaça e estapeou o seu rosto, fazendo-o virar e solta um grito.
Janson pisou no ombro dele, causando-lhe dor e impedindo que Thomas fugisse. Ele gritou novamente e tentou se debater, mas aquilo só fez com que sentisse mais dor. Thomas sentiu lágrimas escorrerem pelo seu rosto novamente, não queria morrer ali.
—Que desperdício. —Janson murmurou, destravando a pistola e apontando-se para a cabeça de Thomas.
Thomas ouviu um tiro e um gemido, estava tão assustado que só depois que se arrastou para trás, viu que a vítima havia sido Janson. O homem cambaleou para trás e agarrou o ombro esquerdo. Thomas continuou se arrastando até esbarrar nas pernas de alguém e quando virou-se para ver quem era, o alívio inundou seu peito. Peterson.
Ele estava ofegante e provavelmente, meio tonto, mas pelo menos havia salvado o irmão. Ele voltou o olhar para Janson que olhava para a mão ensanguentada por causa do ferimento que Peterson causara. A bala não havia atravessado o ombro dele, tinha sido de raspão.
—Parece que você não treinou o suficiente, né, Peterson? —Janson zombou, rindo de forma irônica.
—Será? —Peterson respondeu no mesmo tom, erguendo a pistola na direção do homem. —Já se perguntou que eu poderia ter acertado se não tivesse me espancado antes?
—Deixe-me dizer algo sobre as outras cobaias. —Janson voltou um olhar frio para Peterson. —Nunca me importei com as outras cobaias porque elas não tinham o mesmo potencial que você, mas eu queria que você tivesse morrido também.
Janson podia dizer qualquer coisa, mas aquilo já era demais. Antes que ele acrescentasse mais alguma coisa. Peterson começou a atirar. Sua tontura e as suas mãos trêmulas fizeram com que errasse todos os tiros. Ele odiava admitir, mas Janson tinha pegado na sua ferida. A arma descarregou e Peterson não havia acertado Janson nenhuma vez.
Peterson jogou a arma longe e agarrou o braço de Thomas. Os dois se levantaram, mas Peterson escorregou e Thomas caiu em cima das suas pernas. Eles se viraram para Janson e Thomas começou a empurrar Peterson morro acima de costas, mas o pânico era tanto que moveram-se menos de um metro.
—Deixa ele em paz! —Thomas exclamou com uma coragem súbita.
—Sabe, eu vou adorar matá-lo. —Janson falou em um tom sinistro de piada, destravando a pistola pela segunda vez.
Janson voltou a apontar a arma para a cabeça de Thomas, mas antes que o homem atira-se, eles ouviram mais um tiro e Janson caiu para trás com um gemido doloroso. Novamente, seu ombro esquerdo havia sido atingido e ele não voltou a se levantar. Peterson e Thomas se arrastaram mais um pouco, assustados e confusos.
Ambos olharam para trás e viram Brenda carregar um rifle, bem distante deles. Thomas olhou para Janson, que começava a se mexer e agarrou na mão de Peterson, puxando-o para fugir dali. Ele não hesitou e assim eles foram. Janson apontou a pistola novamente para eles, mas Brenda continuava dando cobertura para os dois, atirando próximo do homem.
Enquanto isso, Vince voltava a dominar a metralhadora, atirando em qualquer coisa de uniforme preto que se move-se. Harriet dava cobertura com sua pistola. Depois de ter aniquilado grande parte da horda inimiga, Vince mirou no helicóptero que restava no céu e atirou sem parar, forçando a aeronave a fazer manobras de emergência.
Peterson e Thomas ainda corriam no meio do caos do acampamento, correndo dos dardos de choque dos guardas que os perseguiam. Por sorte, reencontraram os outros. Minho pegou um rifle abandonado e o carregou.
—ANDEM, SAIA DAQUI! —Ele gritou enquanto Newt e Caçarola passavam.
Depois disso, passou a atirar nos guardas perseguidores com raiva.
—VOCÊS DOIS, ANDEM LOGO! —Minho gritou para Peterson e Thomas que haviam passado por ele no mesmo segundo.
Peterson estacou atrás dele, fazendo Thomas parar também porque não haviam soltado as suas mãos ainda.
—MINHO, VAMOS! —Peterson gritou de volta, desesperado.
—SAI DAQUI, PETERSON! —Minho gritou, carregando o rifle e atirando em mais um guarda.
Thomas puxou Peterson para trás de um caixote, onde Newt e Caçarola estavam e começaram a assistir o que Minho faria em seguida.
O rifle de Minho havia travado e ele começou a ter dificuldade para destravar, o que deu tempo para um guarda carregar o Lança-Granadas e atirar um dardo nele. O dardo foi certeiro em seu peito e ele caiu de bruços em um caixote, soltando o rifle antes. Minho agonizava com o choque e lançou o olhar para os amigos que assistiam tudo.
—MINHO! —Peterson gritou, desesperado, saindo de trás do caixote, mas um guarda atirou e ele se jogou no chão deixando que Newt o puxasse de volta.
O guarda continuou a atirar, até Jorge atirar nele com uma pistola. Dois guardas agarraram Minho e começaram a arrastá-lo até o Berg. Peterson aproveitou a situação e saiu correndo atrás de Minho, gritando o seu nome sem parar. Thomas e Newt haviam tentado segurar o seu braço, mas sem sucesso.
Peterson estava quase alcançando a dupla de guardas, mas Newt pediu para alguém segurá-lo antes que Peterson fizesse alguma besteira. Thomas tinha ido atrás dele e o segurou com força, começando a arrastá-lo para longe do amigo sequestrado. Peterson se debatia e chorava cada vez mais que era afastada. Thomas até o derrubou no chão sem querer enquanto Jorge atirava em mais alguns guardas.
O helicóptero foi embora e Vince não preciso mais atirar. O barulho de tiros e gritos cessavam, exceto os de Peterson que se tornavam os únicos sons daquela noite fria.
Peterson voltou a se levantar e a tentar correr na direção do Berg. Newt não pôde impedi-lo, mas Thomas conseguiu e o agarrou novamente. Como não tinha mais em que atirar, ficou mais fácil arrastá-lo para o penhasco onde Brenda e os outros encontravam.
Chegando lá, Thomas e Peterson caíram sentados no chão, ainda meio abraçados depois de toda a luta de Thomas para arrastar Peterson do Berg. Minho já havia sumido dentro do Berg junto com os outros e as lágrimas ainda escorriam pelo rosto de Peterson sem freio. A dor de perder seus dois melhores amigos em uma noite era insuportável.
Ava e Teresa entraram na frente dos guardas sobreviventes e encararam Peterson. A expressão de Teresa mostrava decepção e tristeza, o que fez o coração de Peterson se partir em mil pedaços. Teresa havia pedido que ele não lutasse, mas mesmo assim Peterson o fez. Lutou até se livrar do CRUEL mais uma vez, decepcionando a sua amiga de certa forma.
Peterson poderia sentir que seus olhos inchavam, pois nunca tinha chorado tanto em uma noite. E provavelmente choraria mais nos próximos dias por conta das suas perdas. Sua costela doia demais por causa do soco e lhe causava tonteira, uma tonteira muito forte que o fazia achar que iria desmaiar a qualquer momento.
A rampa do Berg se fechou e as hélices foram ligadas, fazendo aquela nave de tamanho surreal partir sem nada que pudesse impedir.
Peterson havia perdido seus dois melhores amigos. Para sempre.
Sem que alguém precisasse dizer alguma coisa, Peterson começou a chorar aos prantos, apoiando as duas mãos no chão mesmo com a dor insuportável que sentia no pulso. Ninguém disse nada, apenas suspiraram ao verem o garoto chorar tanto, tentando buscar algum consolo apenas pelo olhar dos outros amigos.
Thomas passou a mão nas costas de Peterson e o puxou para perto, que deitou a cabeça no seu ombro sem hesitar. Toda a confusão já tinha acabado, mas Thomas ainda estava assustado, pois nunca tinha visto Peterson daquele jeito. O choro de Peterson foi cessando, mas Thomas percebia que ele ainda estava arrasado.
—Ei, tá tudo bem. Já passou. —Thomas sussurrava para Peterson, beijando o topo da cabeça dele e acariciando o seu cabelo castanho escuro enquanto Peterson pensava sobre os amigos que havia perdido. —Peter, eu tô aqui com você. Tá bom? Já passou.
Peterson fechou os olhos e suspirou, já mais tranquilo, mas ainda terrivelmente triste enquanto recebia um cafuné maravilhoso de seu irmão.
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