
22 - E como você sabe sobre essas coisas?
—Eu sugiro que fale, SEU DESGRAÇADO! —Jorge gritou, socando um homem amarrado em uma cadeira.
—ARGH, DROGA! —O homem agredido gritou, cuspindo um pouco de sangue.
Thomas finalmente saiu do quarto, um pouco atordoado pela gritaria. Peterson encarava os dois homens e fitou Thomas com um sorriso quando ele apareceu, depois voltou a atenção para Jorge e seu refém. Ele estava de braços cruzados entre Newt e Minho. Teresa estava sentada em uma pilha de roupas logo atrás deles, enquanto Aris e Brenda estavam em um sofá atrás de Jorge.
—Desculpe, mas você vai ter que se retirar da minha casa. —O homem se atreveu à dizer. Era o mesmo homem que os recebeu antes da festa, mas Thomas mal pôde reconhecê-lo. Seu olho direito estava inchado como uma bola de beisebol e escorria sangue do seu nariz e da sua boca, além de ter hematomas pelo rosto inteiro.
—Escuta: eu não gosto de te machucar, ouviu? —Jorge falou, parecendo estar realmente arrependido de bater nele. —Onde está o Braço Direito, Marcos?
—Espera, ele é o Marcos? — Thomas perguntou um pouco confuso, mas não surpreso.
Marcos riu de forma estranha.
—O rapaz aprende rápido. —Ele ironizou, dando um sorriso horrível. —Você é o cérebro da operação?
—Eu sei que sabem onde se escondem. —Jorge retomou o assunto, agarrando o cabelo dele e erguendo a sua cabeça bruscamente, fazendo-o soltar um grunhido de dor. —Então me conta que eu faço um trato com você. Pode vir com a gente.
Marcos riu novamente, e aquela risada fazia Peterson querer rir junto de tão ridícula.
—Eu virei essa página há muito tempo. E depois, eu fiz o meu próprio trato. —Marcos explicou, balançando a cabeça. —Foi você que me ensinou a nunca perder uma oportunidade.
—Do que ele tá falando? —Minho questionou, franzindo o cenho.
—Eu tô falando de oferta e procura. O CRUEL quer todos os imunes que puderem ter, e eu os ajudo fornecendo. —Aquele assunto fez Teresa refletir. —Então, eu atraio os moleques, eles se embebedam, se divertem e mais tarde, o CRUEL aparece para separar o joio do trigo.
Marcos riu mais uma vez, mais aquilo soou assustadoramente horrível.
—E pelo o que me disseram, aquele garoto esquentado e o cérebro da operação valem muito. —Ele acrescentou, acenando com a cabeça para Peterson e Thomas. —Muito mesmo.
—Por que a gente? —Peterson indagou, dando um passo à frente com os braços cruzados e fazendo todos olharem para ele.
—Eu não sei. —Marcos se mostrou sério, mesmo com a metade do rosto deformado.
—Por que somente nós dois? —Peterson perguntou, aproximando-se de Marcos com um olhar duro. —Não deveria lhe dizer, mas todos aqui são imunes e eu acho que eles deveriam valer o mesmo que eu. Afinal, somos imunes, não é?
—Eu já disse que não sei. —Ele respondeu pausadamente. —E se fosse seu amigo, te venderia na primeira oportunidade. Você parece tão irritante que eu não sei como pode valer tanto.
Newt expressava neutralidade, mas era óbvio que estava com raiva. Thomas bufou, perguntando-se o porquê do mundo inteiro ter de implicar com Peterson.
O garoto não deixou Marcos impune. Chutou a barriga dele, fazendo a cadeira tombar para trás enquanto gritava de dor. Todos se assustaram.
—Meu Deus. —Thomas murmurou, fazendo Peterson e Newt rirem por causa da sua cara de bobo.
—Eu acho que tá na hora de mudar de ideia, sobre não gostar de machucá-lo. —Peterson disse, virando-se para Jorge. —Porque eu gostei muito.
—Talvez esse pavio curto e sua tagarelice sejam úteis de vez em quando. —Jorge respondeu, voltando-se para Marcos. Depois puxando uma pistola e aproximando-se dele, apontando a arma para o nariz do mesmo. —FALA!
—TÁ BEM! EU FALO! —Marcos respondeu, tendo dificuldade para respirar. —Mas eu não vou garantir nada, esses caras vivem mudando de lugar.
Jorge reergueu a cadeira e deu um tempo para Marcos respirar.
—Eles têm um acampamento nas montanhas, mas é muito longe daqui. E metade do CRUEL tá na cola de vocês, nunca vão chegar lá. —Marcos finalizou com uma risada.
—Não a pé. —Jorge acrescentou, dando um sorriso de animação e agarrando no ombro do refém. —Onde está a Berta?
Um semblante triste tomou conta do rosto de Marcos.
—A Berta, não. —Marcos resmungou com a voz triste.
Minutos depois, todos estavam dentro de uma caminhonete enorme à caminho do Braço Direito. Mais alguns minutos e o ar já estava frio. No começo foi refrescante, depois ficou incômodo porque não estavam muito preparados. Todos esfregavam as mãos uma na outra para esquentá-las, mas Peterson teve o privilégio de ter as mãos quentinhas por Newt.
Depois de mais algum tempo, eles chegaram a um desfiladeiro e tiveram que parar, pois haviam carros abandonados no meio da estrada.
—Bom, acho que vamos andar um pouco. —Jorge anunciou depois que todos saíram do carro.
Todos começaram a caminhar em silêncio. Estava tudo tão quieto. As coisas não foram assim por um longo tempo para os Clareanos. Depois de caminharem por alguns metros, eles começaram a desconfiar e pararam para observar as montanhas e os carros.
Peterson se aproximou de um e viu um buraco fino de bala no para-brisa. Sua experiência semi resgatada dos treinamentos na sua infância lhe diziam que aquilo havia sido feito por uma arma usada à distância, pois não havia rachado o vidro como uma pistola faria. Havia um simples e único buraco.
Foi quando um tiro atingiu o capô do carro que ele observava. Um som muito familiar aos seus ouvidos, mas muito assustador naquela situação.
—Todos, abaixem-se! —Ele gritou, jogando-se atrás do carro que observava junto com Thomas e Jorge.
Peterson ouviu mais três tiros, um deles quebrando o vidro do carro onde ele se escondera. O último ecoou pelo desfiladeiro como uma pequena trovoada.
—Tudo bem por aí? —Peterson gritou para os outros, a voz ecoando pelo desfiladeiro.
—Tudo bem! —Teresa gritou de volta.
—Alguém sabe de onde os tiros estão vindo? —Newt gritou, olhando para todos os lados.
—O desgraçado do Marcos nos mandou para uma emboscada. —Jorge murmurou, revirando a mochila que carregava desde o início.
Thomas se virou e começou a se levantar lentamente para observar de onde vinham os tiros. Mal levantou a cabeça e mais três tiros quebraram o silêncio do lugar, atingindo o capô perto dele e fazendo-o recuar assustado. De novo, aquele pequena trovoada tomou conta do lugar.
—O que você tá fazendo? —Peterson o repreendeu, puxando a gola da camiseta dele bem próximo do seu rosto. —Quer levar um tiro na cabeça? Esse rifle sniper te mata em um milésimo de segundo. Ou te transforma em um vegetal, dependendo de onde te atingir.
Thomas sorriu com certa surpresa e Peterson o soltou, mas continuou com uma séria expressão.
—E como você sabe sobre essas coisas? —Ele questionou, surpreso por Peterson se mostrar experiente tão de repente.
—Eu... E-Eu não sei, só lembrei de algumas coisas. —Peterson respondeu, de repente meio tímido.
—Parece que você entende de tiro à distância, hein, garoto? Vamos ver se entende de lançamento de bombas. —Jorge entregou uma bomba caseira para ele. —Temos que distraí-los, preparem-se.
Os dois aceitaram a ideia e se prepararam, deixando a adrenalina começar a correr pelas veias de ambos.
—Pessoal, preparem-se para correr até a Berta! —Jorge gritou enquanto levantava uma pequena alavanca vermelha e piscante do objeto que iria atirar a bomba. —E tapem os ouvidos! Pronto? —Peterson acenou com a cabeça e agachou na ponta dos pés. —Um, dois...
Ouviram um clique de uma arma sendo destravada e de uma bala caindo no asfalto logo atrás deles, um claro aviso para que Jorge não falasse "três".
—Larga. —Uma voz feminina falou atrás do trio, fazendo com que congelassem da cabeça aos pés, mesmo que a mulher não identificada estivesse tranquila.
Peterson não pôde vê-la por estar de costas, mas tinha certeza que o rifle estava apontado para ele.
•Não esqueçam de deixar uma estrelinha ou um comentário, que isso me motiva muito.
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