17 - Minho, você tá um lixo!
Brenda estava em uma perseguição frenética, arrebentado toda e qualquer viatura que perseguia o ônibus que dirigia, fazendo com que as crianças gritassem muito mais do que antes.
—TÁ TUDO BEM, PESSOAL! —Brenda gritou, olhando para trás e dando um sorriso para tentar acalmar eles enquanto passava por cima da calçada ao virar uma esquina.
As crianças gritaram novamente assim que Brenda freiou bruscamente ao se deparar com uma enorme barricada de viaturas e guardas.
Brenda olhou para trás, vendo que os guardas que estavam a perseguindo bloqueavam a saída.
—Saia do veículo! —Um Camisa Vermelha exclamou com a voz amplificada por grandes megafones nos carros, carregando o Lança-Granadas que segurava.
Brenda saiu com uma arma do seu acento, deixando as crianças meio alarmadas.
—O que você vai fazer? —Uma garota sussurrou, segurando-se na barra de ferro.
—Improvisar. —Brenda sorriu, dando uma piscadela e descendo os degraus, mas logo voltou. —Não se movam. Estão se saindo bem.
Ao pular no asfalto, Brenda olhou para a barricada feita na frente do ônibus como se desafiasse cada guarda ali.
—Agora, afaste-se do veículo! —Brenda continuou parada, olhando para frente e para trás. —Eu mandei se afastar! Ponha as mãos pro alto!
Brenda fez o que o Camisa Vermelha mandou, percebendo que mais viaturas surgiam na esquina à direita.
—Largue a arma! —Ele ordenou, mas Brenda não obedeceu, fez o contrário ao erguê-la para o alto bem lentamente.
O que ela segurava não era uma arma, era um sinalizador.
Ao apertar o gatilho, uma grande fagulha vermelha subiu, explodindo bem no alto e amplificando a luz vermelha. Aquilo era só um sinal para Caçarola descer o gancho do guindaste, para que eles finalmente pudessem escapar da cidade. O gancho desceu sem demora e Brenda não hesitou em prendê-lo ao para-choque do ônibus. Obviamente, os guardas ficaram alarmados.
—RÁPIDO! SEGUREM-SE EM ALGUMA COISA! —Ela berrou, logo voltando a se sentar no banco do motorista.
Em alguns segundos, o ônibus estava pendurado no ar e até acertou alguns guardas que se aproximaram demais. As crianças gritavam sem parar, especialmente quando o ônibus bateu na lateral de um prédio. Os sons metálicos eram muito assustadores e as luzes piscavam, mas as crianças mais atentas percebiam que a visão iluminada embaixo do ônibus começava a mudar.
Caçarola estava colocando o ônibus para fora dos muros.
Quando o ônibus parou de balançar, já fora dos muros, os gritos cessaram. O silêncio deu espaço para que estrondos metálicos tomassem conta do ar, o que fez com que os gritos voltassem. Ao sentir a chacoalhada que o ônibus deu, Brenda soube que o para-choque do veículo não aguentaria muito tempo.
—O QUÊ QUE É ISSO? —A mesma garota daquela hora perguntou, completamente apavorada com os barulhos.
—SEGUREM-SE EM ALGUMA COISA! —Brenda repetiu, com medo de dar a resposta para ela.
Caçarola também percebeu o que estava havendo, então acabou soltando todo o cabo para que eles descessem bem rápido. Os gritos aumentaram quando o ônibus começou a cair, mas o cabo logo se esticou e o para-choque se quebrou. Por sorte, eles estavam próximos do chão e o impacto do veículo com o solo foi bem menor, mas ainda assim, muito assustador.
O ônibus permaneceu em pé por alguns segundos, enquanto o silêncio dominava o ar. Brenda voltou a agarrar o volante quando ouviu um guincho metálico e sentiu uma leve inclinada para frente, o que significava que o ônibus cairia em sua posição comum. Todos voltaram a gritar, inclusive Brenda. O para-choque foi completamente destruído com o impacto e o placar onde antes dizia "Zona Vermelha" mudou para "Fora de Serviço" depois de alguns segundos em silêncio e no escuro.
Brenda olhou para frente, tentando assimilar o que havia acontecido naqueles últimos minutos enquanto recuperava o fôlego.
Brenda riu, mas logo chamou a atenção do grupo de imunes, dizendo para que todos saíssem do ônibus. Depois de um tempo, eles reencontraram Caçarola e foram todos para a construção onde o pessoal de Lawrence se alojava. Estava tudo vazio, completamente abandonado.
—LAWRENCE! —Brenda gritou, segurando a mão do garoto que carregava o saco com os soros enquanto corria na frente do grupo.
—Espera aí, gente. —Caçarola pediu, colocando a mão na frente do grupo que os seguia pela ladeira do estacionamento do shopping. —Cadê todo mundo?
—Era para Peterson estar aqui com os outros, não era? —Brenda questionou, revezando o olhar entre Caçarola e o lugar.
Caçarola não teve coragem nenhuma de responder, mas saiu correndo junto com ela enquanto gritava o nome de todos os amigos. Brenda fez o mesmo, com o grupo de imunes os seguindo cautelosamente.
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Peterson, Thomas e Newt estavam escondidos dentro de uma das salas da ala médica, permanecendo ali até dois guardas que os perseguiam passassem direto.
—Vamos. —Thomas sussurrou, enconstando no ombro de Peterson enquanto se levantava cautelosamente.
Ao abrir a porta, deparou-se com um Lança-Granadas no rosto. Ele olhou para o lado e viu um guarda que usava uma boina militar ao invés de uma máscara que aparentava ter a idade deles, mesmo assim se assustou.
—Surpresa, otários! —O rapaz riu, destravando a arma.
Antes que Thomas fizesse qualquer coisa, Peterson bateu com o Lança-Granadas do rapaz na parede, prensando a mão dele com força, fazendo-o exclamar de dor e soltar a arma no mesmo instante. Rapidamente, Peterson sacou a própria pistola, agarrou no colete do rapaz e apontou para o peito dele. Algum traço no rosto dele parecia arrependido para Peterson, mas aquilo não anulava a afronta covarde que tinha feito a Thomas.
Porém, pela demora de Peterson para puxar o gatilho, o rapaz levou seu joelho em direção a costela esquerda de Peterson. Peterson exclamou de dor e se ajoelhou no chão.
O rapaz agarrou na gola de Peterson e o colocou contra a parede, deixando Thomas e Newt alarmados e confusos.
—Larga ele! —Newt exclamou avançando no rapaz, agarrando sua cintura e o levando para o chão.
Porém, o rapaz conseguiu se livrar de Newt e se levantou, mas Peterson deu uma coronhada com a pistola na cabeça dele, que logo caiu desacordado no chão.
Logo levou a mão a sua costela, sentindo uma forte dor na mesma e fazendo uma careta.
—Você tá bem, Peter? —Newt indagou preocupado enquanto se levantava e se aproximava de Peterson.
—Tô, eu tô bem. —Ele respondeu sorrindo forçadamente. —Obrigado, Newt.
Newt sorriu e Peterson voltou a guiar o grupo, mas Thomas ficou muito irritado com aquele rapaz. Thomas sabia que Peterson tinha a costela esquerda machucada, e um impacto nela só piorava as coisas. E enquanto pensava nisso e depois de percorrer por alguns corredores, Thomas percebeu que Peterson parou em um deles e encarou alguma coisa do outro lado. Ele logo chamou Newt para ver o que tinha acontecido, mas também ficou incrédulo ao ver quem Peterson encarava com tanta raiva.
Ava Paige.
De uma coisa Peterson sabia, o CRUEL nunca iria parar. Então, para acabar com o CRUEL, ele precisava acabar com Ava Paige. Era ela a responsável por todos os seus tormentos, por todos os seus pesadelos, por todas as suas angústias e por todas as suas perdas. Por isso, não sentiu remorso ao erguer a pistola na direção dela.
Antes que ele atirasse, Thomas percebeu que Janson tinha aparecido no fim do corredor de onde tinham vindo. Sem pensar duas vezes, agarrou seu irmão pelos ombros e o puxou para o outro lado.
—PETERSON, NÃO! —Ele gritou quando o primeiro disparo atingiu a parede metálica, sem ricochetear em nenhum deles por pura sorte.
Mais disparos vieram, mas o trio pôde fugir a tempo. Entrando em outro corredor com os Lança-Granadas erguidos, as pessoas que circulavam pelo andar começaram a fugir e a gritar.
—MINHO! —Peterson gritava sem parar, esperando encontrá-lo no meio daquele caos. —MINHO!
Três guardas apareceram no fim do corredor. Thomas acertou um, deixando os outros dois com Peterson, pois Newt não conseguia mirar muito bem por causa da tremedeira que sentia. Depois de entrar em mais um corredor, a munição do Lança-Granadas de Peterson e Thomas acabou, forçando-os a usar as pistolas.
Antes que os guardas os vissem, eles se esconderam na esquina de um corredor, sentando-se para carregar as armas e recuperar um pouco de fôlego enquanto Newt usava a munição restante do seu Lança-Granadas.
—Você está bem, Peterson? —Thomas perguntou preocupado e um pouco ofegante, enquanto procurava um pente para a sua pistola.
—Tô, eu tô bem sim. —Peterson respondeu, fazendo o mesmo que Thomas. —Foi só uma pancada, não machucou não.
Thomas bufou, ainda sentindo-se irritado com o rapaz enquanto aproveitava um pouco da pausa relativamente tranquila. Peterson percebeu que Thomas não tinha respondido nada depois, percebendo também que Thomas parecia irritado.
—Ainda tá irritado? —Peterson questionou um pouco alto, fazendo Thomas dar um sobressalto.
—N-Não, eu só... Tá, eu ainda tô bravo por ele ter te batido. —Thomas gaguejou, parecendo extremamente focado em carregar a pistola, apesar disso não pedir muito da sua atenção.
Peterson sorriu, sabia que Thomas só estava preocupado com ele. Terminando de carregar a arma, Peterson virou-se para Thomas rapidamente.
—Não se preocupe. —Ele deu um selinho demorado na bochecha de Thomas, agarrando o queixo dele com firmeza como se não quisesse que ele fugisse. —Eu tô bem, tá?
Peterson nem esperou por uma resposta, o sorriso no rosto de Thomas e o brilho nos olhos dele dizia tudo. Logo, Peterson se virou para a esquina do corredor e atirou em alguns guardas, deixando que Newt descansasse um pouco. Thomas terminou de carregar a pistola, mas viu que Newt sorria largamente para ele, o que o deixou um pouco confuso.
—O que foi? —Thomas indagou, vendo se tinha mais munição para se preparar mais tarde.
—Você ganhou um beijo na bochecha? —Newt riu, vendo que não tinha mais munição no Lança-Granadas e jogando a arma longe. —Aí sim, eu não ganhei nem um abraço quando o protegi.
—Fica na sua, Newt. —Peterson riu também, sabendo que o namorado só estava brincando e tirando uma com a cara de Thomas. —Tô quase sem munição!
Newt viu um guarda desacordado bem próximo, pegando em seu cinto o que parecia ser uma granada. Logo reconheceu o objeto de quando estavam perto da metralhadora durante o ataque ao Braço Direito, sentindo que aquele momento era perfeito para uma vingança.
—Pra trás! —Ele gritou, empurrando seu namorado para trás e jogando a granada.
Em três segundos, houve uma grande explosão de luzes e raios que eletrocutou os três guardas que os perseguiam. Newt, Peterson e Thomas se levantaram, preparados para seguir a outra direção do corredor.
—Boa! —Peterson parabenizou, dando um tapinha no ombro do namorado enquanto começavam a correr.
Assim que viraram a esquina de um pequeno e curto corredor, depararam-se com um guarda que erguia o Lança-Granadas na altura da cabeça deles. Era o rapaz mais uma vez, mas com um hematoma roxo na testa e um filete de sangue escorrendo do cabelo.
—Deitem no chão agora ou frito vocês três! —Ele disse com raiva, dizendo mais para Peterson do que para qualquer um ali. —Eu mandei...
Antes que ele concluísse, alguém muito descontrolado veio gritando e esbarrando nele, fazendo com que ele batesse na parede com força. Depois de agarrar no colete dele e gritar com raiva, os três reconheceram aquele maluco.
Minho.
No momento em que Minho o jogou na sala, quebrando a vitrine com o corpo do rapaz, Newt jurou a si mesmo que nunca mais teria ciúmes de Peterson por causa de Minho - até porque Minho arrebentou com o rapaz que tinha batido em Peterson, diferente de Minho que era só o melhor amigo do garoto. Apesar de terem reconhecido o rapaz, os três ficaram incrédulos ao reencontrá-lo depois de tanto tempo.
Minho gritou para o rapaz mais uma vez, apesar dele estar desacordado na outra sala. Ele parecia completamente descontrolado. O amigo desaparecido se virou para o trio, bufando como um touro que tinha acabado de sair de uma tourada e mal podendo acreditar nos seus próprios olhos.
Peterson foi o primeiro a se manifestar, correndo na direção de Minho e abracando-o com toda a força enquanto Thomas e Newt abraçavam os dois, formando um abraço coletivo muito confortável. Peterson o encarou da cabeça aos pés, sorrindo como nunca tinha sorrido na vida enquanto Thomas e Newt faziam o mesmo.
—Isso é real? —Minho perguntou muito feliz, apesar da exaustão que sentia.
—Minho, você tá um lixo! —Peterson riu, fazendo todo mundo rir também.
—É bom te ver também, trolho. —Minho riu, bagunçando o cabelo de Peterson.
—ALI! PEGUEM-NOS! —Um guarda gritou logo atrás deles, junto com mais outro.
Todos retomaram a fuga, mas muito mais leves que antes. Minho estava de volta, como nas outras vezes que ele, Peterson, Thomas e Newt corriam do CRUEL.
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