16 - Janson! Eu os quero vivos.
Peterson, Thomas, Teresa e Newt refizeram todo o caminho até um elevador. Peterson tinha ficado ao lado de Teresa, junto com Thomas enquanto Newt estava logo atrás deles. Peterson apertou o botão do elevador e esperou que ele descesse, até que um guarda que se aproximava lentamente chamou a sua atenção.
—Vai, vai... —Peterson sussurrava enquanto apertava o botão mais algumas vezes.
O elevador finalmente chegou e todos entraram, deixando o trio logo atrás de Teresa enquanto as portas não se fechavam. Faltando alguns milésimos de segundos para as portas se fecharem completamente, um braço entrou no meio delas e assustou a todos lá dentro. As portas voltaram a se abrir, revelando um acompanhante de elevador um tanto inesperado. E indesejado.
Janson.
—Espere. —Ele murmurou enquanto entrava, posicionando-se ao lado de Teresa depois de apertar o botão do andar desejado.
Discretamente, Peterson levou o dedo ao gatilho do Lança-Granadas que segurava, desejando muito poder atirar nele quantas vezes quisesse para fazê-lo pagar por tudo que ele o fez passar, mas se conteve, tinha coisas mais importantes para se preocupar naquele momento. Thomas percebeu a reação de Peterson e queria muito poder segurar a mão dele, mas aquilo poderia estragar tudo.
—Trabalhando até tarde? —Janson perguntou, depois de lançar um olhar rápido para Teresa, recebendo um risinho sem graça dela. —É disso que eu gosto em você, Teresa. Por mais desoladora que seja a situação, você nunca desiste. É quando você precisa de um amigo com quem possa contar.
—Vou me lembrar disso. —Ela respondeu, depois de piscar algumas vezes.
—Precisa saber de uma coisa, de amigo para amigo. —Ele suspirou, fazendo uma pausa e encarando-a. —Peterson está aqui.
Os três guardas disfarçados se entreolharam discretamente, confusos. Ele sabia? Ou só imaginava? Ou ainda achava que eles estavam fora dos muros, mas não nos arredores da cidade?
Teresa o encarou, recebendo um aceno de cabeça de Janson.
—Nós o vimos do lado de fora dos muros. —Ele continuou, ambos voltaram a encarar seus reflexos embaçados na porta de metal. —A Ava não quis te contar, mas há uma chance dele tentar falar com você. Se ele tentar... Bom, gosto de pensar que você vai ligar para mim primeiro.
—Você vai matá-lo? —Teresa questionou, encarando-o mais uma vez.
—Isso seria um problema? —Janson indagou, sorrindo daquele jeito cínico que fazia o estômago de Peterson revirar.
Como se as preces do garoto fossem ouvidas, o elevador parou e se abriu.
—Eu desço aqui. —Teresa falou, saindo logo depois.
Com apenas um segundo de diferença, Newt e Thomas saíram enquanto seguiam Teresa. Peterson fez questão de esbarrar em Janson, como uma afronta bem discreta. Ainda deu uma olhada sutil ao virar o corredor, mas acelerou o passo para acompanhar os outros. O que Peterson não esperava era que Teresa continuasse a insistir sobre a imunidade dele e de Thomas.
—Thomas e Peterson, vocês têm que me ouvir. —Teresa disse enquanto eles entravam no último corredor, que levava para a ala médica. —Conseguir o soro não vai salvar o Newt. Pode ganhar algum tempo, mas...
—Só a ignore. —Newt interrompeu, a empurrando para frente. —Ela tá tentando mexer com a cabeça de vocês.
—Teresa, eu sei que você pode estar certa, mas você sabe muito bem o que farão com a gente. —Peterson interveio, parecendo um pouco impaciente. —Eu não tô afim de mais experimentos ou torturas.
—Me escutem! —Ela pediu enquanto paravam na porta da ala médica. —Sabem o que acontece lá fora. As pessoas estão morrendo, o mundo tá morrendo. Tem alguma coisa no sangue de vocês que eu não entendo.
—Abre. —Foi o que Thomas respondeu, como se ela nunca estivesse ali.
Teresa obedeceu, abrindo a porta e deixando os três passarem.
—Se me deixarem fazer alguns exames, eu prometo que protejo vocês.
—Ah, é? —Thomas retrucou, jogando a máscara no chão. —Como protegeu o Minho?
—O que tá fazendo? —Peterson agarrou o ombro dele, mas Thomas se esquivou.
—Quantas pessoas precisam? —Thomas continuou. —Quantos mais eles vão ter que juntar, torturar e matar? Hã? Quando é que isso acaba?
—Acaba quando acharmos uma cura!
—Não tem essa de cura! —Thomas exclamou com os dentes cerrados. Ele não iria deixar eles matarem seu irmão.
Peterson jogou a máscara no chão e entrou no meio dos dois, afastando um do outro enquanto os encarava com medo.
—Já chega, vocês dois! —Ele exclamou, apesar de querer ser o mais discreto possível. —Eu não aguento mais isso. Eu não quero fazer nada do que a Teresa tá pedindo porque sei muito bem o que vem depois, mas a gente também não precisa ficar nessa troca de elogios. Eu vim resgatar um dos meus melhores amigos, não assistir outros dois deles em uma briga de cão e gato, por mais que vocês não se entendam!
Aquilo deixou eles sem graça, especialmente Thomas que já tinha conversado com Peterson sobre aquilo. Teresa abriu a boca para dizer alguma coisa, mas outra pessoa a interrompeu.
—Não perca o seu fôlego, Teresa. —Era Janson, apontando uma pistola para Peterson, que logo ergueu a dele junto com Thomas, enquanto Newt erguia o Lança-Granadas. —Ele fez a escolha dele há muito tempo.
—Larga, moleque! —Um guarda exclamou, vindo do lado de Thomas.
—Você também, garoto! —Outro guarda também exclamou, mas vindo do lado de Peterson.
Em um súbito, Thomas passou a mão pelo pescoço de Teresa e apontou a arma para a cabeça dela, fazendo tanto ela quanto Peterson arregalarem os olhos.
—Pra trás! Mande se afastarem. —Thomas exclamou enquanto os guardas paravam de andar. —MANDE SE AFASTAREM!
—Ah, Thomas! Qual é, sou eu. —Janson zombou, aproximando-se devagar mesmo sob a mira de Peterson. —Conheço você há mais tempo do que se lembra, não vai atirar nela. Não na frente do que me pertence.
—Eu não pertenço à você. —Peterson interrompeu, destravando a arma e deixando os guardas alarmados, pois eles sabiam muito bem quem era aquele garoto.
—Não é o que o seu DNA diz, Peterson.
Depois daquilo, até Newt apontou o Lança-Granadas para Janson. Peterson bufou como um touro, colocando o dedo no gatilho e recebendo um berro de um dos guardas, mas ele fingiu que nem ouviu.
—Deixe ele fora disso. Acho que você já o perturbou demais. —Thomas interveio, ainda apontando a arma para Teresa.
—Você não vai atirar nela.
—Acha que não? —Ele perguntou com convicção, mas Peterson esperava muito que fosse apenas um blefe.
—Tudo bem, vai lá. —Janson respondeu com tranquilidade, abaixando a arma. —Atire nela. Mostre que estou errado.
Thomas passou a língua pelos lábios, sentindo o ódio por aquele homem fervilhar pelo seu corpo mais uma vez como não tinha fervilhando havia muito tempo. Peterson ficava mais apreensivo a cada segundo que passava, mas não abaixou a arma um minuto sequer. Thomas só podia estar blefando. Ele não ia atirar em Teresa.
—Atire. Nela. —Janson repetiu, cerrando os dentes.
Teresa pensou muito mais rápido que qualquer um dos três ali. Ela deu uma cotovelada na barriga de Thomas e o empurrou junto com Peterson e Newt para dentro do outro corredor, puxando a alavanca de emergência logo depois. Ao fazer isso, um vidro grosso com adesivos que indicavam "porta de segurança contra incêndios" desceu, assustando o trio lá dentro.
Janson deu três tiros no vidro, mas era grosso demais para que as balas ultrapassassem. Ele se aproximou e socou o vidro algumas vezes, deixando os três meio alarmados, mas Janson não fez nada além de barulho.
Peterson olhou para Teresa, esperando algum traço de raiva ou decepção por tê-los deixado escaparem, mas a viu calma e nenhum traço do seu rosto mostrava que ela estava arrependida de ter empurrado o trio lá dentro. Satisfeito, deu um sorriso e encostou no ombro de Thomas, tomando a frente dos três logo depois.
—É melhor ter uma boa desculpa! —Janson esbravejou, virando-se para Teresa.
—Eu fiz um favor para você. —Teresa respondeu, sem acreditar em uma palavra do que dizia. —As portas estão trancadas, não tem como sair.
Antes de se afastar totalmente dos guardas e de Janson, ela se virou e exclamou:
—Janson! Eu os quero vivos.
Ele acenou com a cabeça e seguiu para um dos lados do corredor, enquanto Teresa puxava os dois lenços com sangue do seu casaco, preparada para descobrir o que tornava Peterson e Thomas tão diferentes dos outros imunes.
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Gally tinha acabado de pegar o soro no cofre e colocar em uma mochila, já reunindo todos os vinte e oito imunes ali. Vinte e nove, se contasse com ele.
—Certo, temos que sair daqui. Agora. —Ele avisou, vendo os alarmes que começaram a soar. —Fiquem perto de mim e fiquem juntos.
O grupo deu uma resposta positiva, deixando Gally bem mais tranquilo. Ao ver um garoto colocar uma das mochilas com equipamentos nas costas, ele se aproximou e estendeu a bolsa com o soro.
—Ei, proteja isso com a sua vida. —Ele falou com seriedade enquanto o garoto pegava a bolsa hesitante, mas assentindo com a cabeça mesmo assim. Gally sorriu, bagunçando o cabelo dele, fazendo-o rir enquanto tomava a frente do grupo e carregava o Lança-Granadas. —Vamos embora!
O grupo o seguiu sem hesitar. O próximo passo era entrar no ônibus que estaria com Brenda no estacionamento, que nem era muito longe.
—Abaixem-se! Abaixem-se! —Gally exclamava baixo, conferindo se todos já tinham atravessando a rua sem serem vistos.
Indo até uma esquina com todos os imunes atrás, Gally puxou o walkie talkie do bolso.
—Brenda, cadê você? Estamos aqui! —Ele exclamou, logo guardando o objeto.
Quando viraram a esquina, um ônibus freou na frente deles, fazendo com que todos parassem de correr. O motorista, ou melhor, a motorista abriu a janela e disse:
—Rápido! Vamos! —Era Brenda.
Os imunes não hesitaram nem um pouco, foram entrando no ônibus com Gally como guia.
—Espera aí. Cadê o Peterson? —Brenda questionou enquanto os imunes entravam no veículo.
—O quê? E-Eu pensei que ele estivesse com você. —Gally gaguejou, deixando Brenda meio assustada. —Espera, fica aqui com as crianças. Eu encontro aquele trolho. Só espera a gente, tudo bem?
—Espera. —Brenda pediu e pegou um dos frascos de soro. —Aqui. —Ela jogou para ele, que pegou e guardou num dos seus bolsos. —Não vamos a lugar nenhum. —Murmurou, mesmo depois de Gally já ter ido embora.
Eles ficaram esperando dentro do ônibus por um bom tempo, até que uma viatura apareceu.
—Abaixem! Abaixem! —Brenda exclamou, abaixando-se junto com os outros no ônibus.
Três guardas saíram da viatura, atravessando a rua e sumindo atrás de uma enorme coluna, mas o último deles não seguiu o resto e encarou o ônibus com dúvida. Brenda suspirou, balançando a cabeça.
Ela tornou a olhar para frente, vendo que os outros dois outros guardas também estavam vindo.
—Foi mal, Peterson. —Ela sussurrou antes de ligar os faróis e sentar-se no banco. —SEGUREM-SE!
Sem esperar resposta nenhuma, Brenda pisou no acelerador e arrancou com o ônibus, ouvindo todos gritarem pela rápida dose de adrenalina que estavam experimentando naqueles segundos.
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