15 - Estão caçando fantasmas.
A garota os guiou daquela sala fedorenta para outro lugar bem mais agradável. Era mais iluminado e havia outras pessoas lá, apesar delas não estarem muito limpas e nem simpáticas.
—Rápido, andem. —A garota falou enquanto os guiava pelos corredores. —Jorge quer ver vocês.
—Quem é Jorge? —Thomas perguntou depois de terem subido uma escada. Peterson não saía do lado dele, pois ainda se sentia desconfiado.
—Vão ver. Ninguém sai do Deserto há muito tempo, deixaram-no curioso. —A garota olhou para Peterson de cima a baixo. —E a mim também.
Newt não deixou aquilo passar despercebido e arqueou uma sobrancelha, olhando para a garota e depois para Peter enquanto sentia a sua primeira pontada de ciúmes. Parecia que Peterson se sentiu desconfortável, mas encarou a garota da mesma forma que ela o encarou, deixando Newt um pouco nervoso. Os outros homens que haviam encarado os Clareanos com surpresa começaram a segui-los, esboçando um sorriso malicioso e deixando Peterson inseguro.
—Alguém mais tá com um mau pressentimento desse lugar? —Newt questionou, observando o ambiente com atenção.
—Eu não posso confiar em mais ninguém, pelo visto. —Peterson resmungou, mas ninguém ouviu.
—Vamos ouvir o que o cara tem para falar. —Thomas sugeriu, virando para trás e acenando com a cabeça.
Eles subiram mais um lance de escadas, seguidos por todos aqueles homens esquisitos. Eles chegaram a uma enorme sala cheia de tralhas velhas e enferrujadas, onde um homem estava sentado na frente de uma grande mesa - repleta de objetos também -, de costas para o grupo enquanto mexia no que parecia ser um rádio comunicador.
—Jorge, eles chegaram. —A garota avisou, jogando-se em um sofá próximo.
—Shh. —Jorge pediu silêncio enquanto voltava a mexer no objeto. Ele desligou o objeto bruscamente e trovejou lá fora, dando um aspecto assustador ao homem. —Droga!
O homem se virou e colocou as mãos na cintura, observando o pequeno grupo. Ele era alto e moreno, os cabelos eram grisalhos e cacheados.
—Já tiveram a sensação de que o mundo está contra vocês? —Ele perguntou. O grupo trocou olhares e suspiraram baixo, como se tivessem acabado de escutar a pergunta mais idiota do mundo. —Três perguntas: de onde vocês vem, para onde vocês vão e quanto é que eu ganho?
Jorge pegou uma jarra de água e encheu um corpo, esperando por uma resposta, mas ninguém disse absolutamente nada.
—Não respondam todos de uma vez! —Ele disse ironicamente enquanto gesticulava com os braços.
—Vamos para as montanhas. —Peterson tomou a iniciativa. —Procuramos o Braço Direito.
Risadas genuínas se romperam atrás do grupo enquanto a garota morena lançava um olhar confuso para Peterson e depois para Jorge.
—Estão caçando fantasmas. —Jorge respondeu, dando mais um gole na água. —Pergunta número dois: de onde vocês vem?
Peterson e Thomas trocaram um olhar longo, procurando algo para dizer. Peter estava farto de confiar nas pessoas e acabar quebrando a cara depois. "Não dessa vez", ele pensou.
—Isso é assunto nosso. —Peter respondeu com a voz firme, erguendo o queixo para falar com Jorge e fazendo Thomas lembrar quando Peter enfrentou Janson.
Jorge mexeu a cabeça e arqueou a sobrancelha, encarando Peter da cabeça aos pés e dando os ombros logo depois. Um homem agarrou Thomas por trás e imobilizou Peterson. Os outros iriam defendê-los, caso não tivessem sido presos também.
—Aí, me larga! Me larga! —Thomas gritava enquanto se debatia. A garota pegou um instrumento em cima da mesa de Jorge e foi na direção do rapaz. —Me larga, cara!
—Cala a boca, seu chorão! —A garota passou um scanner na nuca de Thomas.
Peterson se debatia com mais força e resmungava pelo esforço. Ele ficou com raiva quando escutou a garota chamando seu irmão de chorão.
—O que é isso? —Thomas questionou enquanto a garota escaneava a nuca dele.
A garota não respondeu, mas olhou admirada para a pequena tela do objeto. Os homens começaram a soltar os Clareanos, mas o que segurava Peterson não o fez, chamando a atenção para si.
—Até que é fácil segurar um garoto, né? —Ele debochou.
—Ah, é? Você acha? —Peterson riu, mas agiu de forma rápida logo depois.
O garoto pisou no pé do homem com força e ele afrouxou as mãos, permitindo que Peterson lhe desse uma cotovelada no estômago. Depois, Peterson se virou e deu um soco no rosto dele. O homem ficou tonto e viu que seu lábio havia se cortado, mas ele parecia um pouco assustado.
—O que me diz agora? Ainda acha fácil?
—Gostei dele. —Jorge murmurou, acenando com a cabeça sorridente. —Mas então. Brenda, me diz logo o que apareceu aí.
—Você adivinhou. —A garota - que fora apresentada como Brenda - respondeu, o que tirou o sorriso do rosto de Jorge e deu lugar a uma expressão de surpresa.
Jorge colocou os óculos, pegou o aparelho que Brenda usou e olhou a tela.
—Adivinhou o quê? Do que ela tá falando? —Thomas perguntou, um pouco nervoso.
—Desculpa, hermano. —Jorge respondeu, esboçando um sorriso novamente e tirando os óculos. —Parece que foram marcados. Vieram do C. R. U. E. L., ou seja, vocês são valiosos demais.
Os homens começaram a cercar o grupo, aproximando-se cada vez mais deles. Thomas encarou Jorge com um olhar raivoso enquanto Peter cerrava o punho e se preparava para fazer algo muito estúpido. Porém, antes que ele pudesse fazer algo, seu irmão agarrou a mão dele e o impediu de fazer o que quer que estivesse pensando.
Depois de toda a resistência possível, eles acabaram ficando presos de cabeça para baixo em um fosso.
—De quem foi essa brilhante ideia mesmo? —Peterson indagou com raiva.
—Thomas. —Todos - menos Peterson e Thomas - responderam e Thomas abriu os braços incrédulo.
—Aliás, que belo plano, hein, Thomas. —Minho comentou com todo o sarcasmo possível. —Vamos ouvir o que o cara vai dizer! Deu super certo para a gente.
—Cala a boca, Minho! —Thomas exclamou antes mesmo dele terminar de falar. —Eu acho que... Consigo pegar a corda.
Thomas e Minho tentaram lutar contra a gravidade, mas o cansaço venceram ambos.
—Curtindo o visual? —A voz de Jorge apareceu ao lado deles e Thomas o olhou com raiva. Peterson, se fosse capaz, já teria matado Jorge com o olhar.
—O que você quer? —Thomas questionou com a voz firme.
—Eis a questão. —Jorge respondeu, apontando a bengala para Thomas e rindo. Ele parou de frente com o garoto e bateu de leve a ponta da bengala na própria mão. —Meus homens querem vendê-los para o C. R. U. E. L.. A vida os ensinou a pensar pequeno, mas eu não sou assim. E alguma coisa me diz que você e aquele garoto moreno de olhos azuis ali também não.
—O sangue já zoou com a minha cabeça ou esse trolho não tá falando coisa com coisa?
Jorge voltou a atenção para Minho, que de repente se tornou muito corajoso. Ele revirou os olhos e o ignorou, depois apontou a bengala para Thomas e falou:
—Contem-me o que sabem sobre o Braço Direito.
—Você não disse que eram fantasmas? —Newt se manifestou, percebendo que havia lido a mente de Peterson naquele segundo.
—Mas eu acredito em fantasmas, ainda mais quando os escuto tagarelando pelas ondas de rádio. —Jorge encostou a ponta da bengala no braço de Thomas e se dirigiu a uma alavanca próxima. —Contem-me o que sabem e talvez a gente faça um trato.
—A gente... A gente não sabe muito. —Thomas gaguejou.
Jorge arqueou a sobrancelha e empurrou a alavanca, fazendo com que eles descessem um pouco e os assustando muito. Todos soltaram um grito, até mesmo Peterson.
—Não, não, não! —Thomas gritou. —Tá bem, beleza! E-Eles se escondem nas montanhas. Eles atacaram o C. R. U. E. L. e têm muitas crianças. É só isso. É tudo o que sabemos.
Jorge ia falar algo mais, mas um de seus homens apareceu e isso lhe pareceu um problema.
—Jorge, o que tá pegando? —O homem perguntou.
Peterson reconheceu o homem e seus olhos arderam de raiva. Era aquele que ele havia dado um soco.
—Estava batendo um papo com os meus novos amigos. —Jorge respondeu e se virou para Thomas. —Já terminamos.
Jorge fez menção de sair e Thomas estranhou aquela atitude.
—Espera aí, não vai ajudar a gente? —Ele questionou, confuso.
—Relaxa, hermano. Vamos colocar vocês num lugar certo. —Jorge sorriu e saiu andando. —Aguenta as pontas.
O homem pareceu desconfiado do próprio líder e olhou para os prisioneiros, fitando Peterson com raiva nos olhos. E Peterson tinha certeza de que o sentimento era recíproco. Então, o homem saiu.
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