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This ain't love

"Eu nunca entendi o jogo
Sempre estranho quando eu tentei jogá-lo
Eu fico muito profunda com tudo
Mas de vez em quando eu fico impaciente"
This ain't love - Andy Grammer

Smarkle observou Lucas mover a estante de livros para o canto esquerdo do quarto extra. Os móveis tinham sido montados, porém, os entregadores não aceitaram movê-los para os locais que ela queria. Algo sobre um trabalho extra que eles não queriam fazer; hurf, a perda era deles afinal. Seu amigo se ofereceu para ajudá-la e era lógico que ela aceitaria de bom grado, seria muito trabalhoso para ela ter que colocar tudo em seu devido lugar. Continuou a encarar o quarto, agora novo escritório, levando a xícara de chá à boca lentamente, seus olhos passeando por toda a extensão das costas de Lucas. Desde a contração de seus músculos à cintura marcada pelo tecido da blusa que se agarrava ao seu corpo. Ela estava perdida e o pior era que iria continuar assim por um tempo considerável e frustrante.

Lucas não a via de outra forma além da ex-namorada de Farkle e uma amiga do grupo. Sua reação à simples comprovação de que ela era capaz de realizar um dos atos humanos mais básicos era a prova necessária. Engoliu quase metade do chá de hortelã quando ele se agachou para pegar algo do chão. Tinha a plena certeza de que ele podia sentir a sua atenção, o suave franzir de sobrancelhas quando ele a atirou um olhar por cima dos ombros foi recebido com um sorriso inocente e um dar de ombros que o fez murmurar algo inteligível por conta da distância e balançar a cabeça sorrindo descrente.

Smarkle sorriu, resolvendo parar de deixá-lo tão desconfortável e virando-se na banqueta para ficar de frente para a sala. Lucas Friar nunca a olharia de outra forma e ela teria que se contentar com isso. Havia visto muitos filmes, por influência quase forçada de Riley, e lido livros, por culpa da Matthew, em que uma relação entre dois amigos se desenrolaria da pior maneira possível antes de dar certo. O grande porém era que tudo aquilo era ficção, Isadora trabalhava com fatos e as pesquisas diziam que 66% dos relacionamentos começavam a partir da amizade desenvolvida entre os parceiros. As chances não eram boas para o seu lado, ela e Lucas não tinham uma amizade sólida. Sem mencionar o outro fato de que ela não estava apaixonada, somente atraída e da parte dele nem isso seria remotamente possível.

Respirou fundo, olhando ao redor da sala um pouco mais cheia. O sofá azul contrastava com as paredes em um amarelo claro suave, a mesa de centro já apoiava um conjunto de livros e um pequeno vaso com um cacto que fora presente de sua mãe. A lareira, de frente para o sofá, contava com porta retratos enfeitando o aparador e na parede perpendicular, de frente para a bancada da cozinha, uma estante baixa começava a se encher de livros e pastas. Sorriu, seu apartamento aos poucos começava a parecer um lar. No início não havia entendido o que Celina queria dizer, mas a cada hora que se sentia mais a vontade dentro daquele espaço, a compreendia melhor.

- Pronto.

Girou para encarar o amigo, que não devolveu seu olhar. Lucas olhava ao redor como se procurasse algo para fixar a atenção. Smarkle estreitou os olhos em desconfiança, eles tinham acabado de ter uma conversa sincera e agora ele estava recuando. Parou antes que interpretasse de outra maneira a tensão que preenchia a sala aos poucos. Baixou a cabeça para a xícara, girando o restante do líquido enquanto tentava organizar seus pensamentos. Eles haviam conversado sobre ela, sobre seus medos e passado, Lucas não tinha falado quase nada sobre ele, nenhuma contribuição saiu de seus lábios em relação ao seu passado ou presente.

- Você caminha, Lucas? - sua pergunta o pegou de surpresa. - No parque, quero dizer. - complementou, tentando não soar desesperada e respirando aliviada, e discretamente, quando retomou a total atenção dele.

O Friar arqueou suavemente as sobrancelhas, um olhar observador se prendendo ao dela. Smarkle segurou a respiração, mordendo o interior da bochecha enquanto sentia seu corpo esquentar à análise dele. Não sabia o que Lucas procurava, mas uma onda de excitação começava a se mover por seu corpo quando ele abriu um sorriso quase impressionado.

- Por que a pergunta, Isadora?

Impediu um sorriso de tomar seu rosto quando o escutou chamá-la pelo primeiro nome. Poucas pessoas a chamavam de Isadora e o som de seu nome na voz de Lucas era... Ela ainda não sabia definir, mas era algo para se aproveitar.

- Eu corro toda manhã. Um exercício para ajudar em algumas coisas. - desconversou rapidamente, saltando da banqueta para ficar mais próxima dele. Era uma vontade irritante, se fosse ser sincera, a de acabar com o espaço entre os dois. - Pensei que você poderia me fazer companhia ou eu poderia acompanhá-lo, levando em questão que você está morando aqui há mais tempo do que eu.

Lucas assentiu tranquilamente, ou quase, Smarkle notou a leve contração no olho esquerdo e o tremor quase imperceptível no canto de seu sorriso. Percebeu porque estava perto, notou porque fora a sua presença que o deixara tenso. O que estava acontecendo com Lucas Friar? O que ele tanto tentava camuflar através de sorrisos gentis e uma polidez forçada? Esse era um mistério que ela iria adorar resolver.

- Claro. - o mesmo sorriso despreocupado de sempre. - Podemos nos encontrar no coreto que fica no meio do parque.

- Tudo bem. - concordou, o guiando até a porta. - Nos vemos amanhã, Lucas.

- Até amanhã, Isadora.

Após fechar a porta, soltou o ar lentamente. Seus pulmões agradecidos como se tivessem passado o dia em altas altitudes e lutassem desesperadamente por oxigênio. Encostou a testa na madeira fria, seus batimentos cardíacos acelerados a provocando a sensação de que seu coração pulsava em sua garganta à procura de uma saída. Isso tudo, todas aquelas sensações e reações, eram de mais para ela. Se sentia sufocada, nervosa e um tanto curiosa. Nunca pensou que alguém pudesse provocar tanto a partir de tão poucos encontros.

Riu levemente incrédula. Nunca imaginou que estaria dissecando o que sentia à presença de Lucas Friar. O garoto por quem Riley Matthew foi apaixonada por anos e Maya Hunter teve sua dose de atração por algum tempo. Mas, sendo realista, era quase impossível não se envolver ao redor de Lucas, não por sua beleza, que era subjetiva, mas pela forma como ele sempre tratou a todos, com uma gentileza e importância que quase fez Smarkle suspirar, quase. Presenciou muito Celina suspirando em cada canto de sua casa quando começou a sair com seu atual namorado no ano anterior. Era desnecessário e extremamente dramático, em sua opinião. Desistindo de pensar mais, por enquanto, resolveu procurar algo para compor o seu jantar, comida sempre a ajudava.

◇•◇•◇•◇•◇

O parque estava parcialmente vago, não vazio como ela estava acostumada em Newberry, mas com poucas pessoas, o suficiente para deixá-la mais confortável. Olhou para os tênis de corrida cor cinza com branco, combinavam com sua legging preta e o moletom esportivo verde escuro que usava. Começou a se interessar por moda após seu primeiro dia de volta para casa. Os olhares que recebeu, como se ela fosse tão fofa e dependente, a irritaram profundamente. Por vezes a encaravam como uma adulta normal, porém, quando descobriam sobre ela ter Aspenger, mudavam a forma como a tratavam automaticamente, às vezes sem nem perceberem.

A reação de Lucas na noite anterior a irritara por lembrá-la de outras situações. A descrença ao dizer que já tivera um namorado, os olhares surpresos ao se defender de comentários "inocentes", o desconforto no olhar daqueles que preferiam vê-la pelo prisma do estereótipo ainda a faziam se sentir pesada e errada. Foram incontáveis os momentos desnecessários pelos quais passou durante toda a sua vida. Não iria se desculpar por ser ela. Não amenizaria seus desejos para que a outra pessoa não se sentisse mal por fazer suposições esdrúxulas acerca dela. Smarkle estava cansada e nunca mais iria se envergonhar de sentir o que sentia.

- Ei.

Se assustou, girando em seus pés para encarar o dono da voz. Lucas a recebeu com um semblante divertido. Ele estava vestido com um short esportivo e uma regata preta em malha fria. Seus braços estavam à mostra, o contorno de seus bíceps chamando a atenção de Smarkle. "Mas que merda", pensou indignada quando sentiu um conhecido calor se espalhar por seu corpo. Inspirando profundamente, se forçou a desviar a atenção para qualquer outro lugar.

- Hum, bom dia. - desejou, em uma voz baixa e robótica.

- Como estamos nessa manhã, Isadora?

Franziu a testa intrigada. Teria sido sua imaginação ou um tom provocativo povoou seu nome?

- Eu estou bem. - respondeu, cruzando os braços instintivamente e começando a andar sem encará-lo. Sabia que ele iria segui-la e foi exatamente o que aconteceu. Impediu um sorriso de adornar seu rosto e continuou a falar despreocupadamente. - Normalmente só corro, mas como hoje é meu primeiro dia por esse parque, prefiro conhecer melhor o entorno.

Lucas sincronizou seus passos, se colocando à direita dela quando adentraram a via de passeio, a privando de um esbarrão ou toque acidental com qualquer outra pessoa. Em seu lado esquerdo ficava uma extensão de grama verde, com indícios do orvalho da manhã, se estendendo até chegar no concreto ao redor da fonte. Smarkle se viu agradecida pelo gesto que possivelmente Lucas nem percebeu fazer. Por mais que tenha se acostumado a estar no centro de um grupo de pessoas, seu desconforto ainda se mostrava presente em graus variados a partir da situação em que se encontrava.

Caminharam em silêncio. Ela observava os topos dos altos prédios, as árvores grandes com caules grossos e os transeuntes que corriam pela pista e atravessavam o parque. Não era um espaço tão grande quanto o Central Park, mas era lindo e tranquilo aquela hora da manhã. Se viu relaxando, seu ombros se livrando da tensão que fazia suas costas doerem, seus pés diminuindo o passo enquanto seus olhos absorviam todos os movimentos ao seu redor. Sorriu ao ver uma senhora andando de mãos dadas com uma criança; a mais nova, com uma mochila roxa nas costas e uma lancheira amarela atravessada no corpo, contava algo animada enquanto gesticulava com a mão livre e a mais velha sorria abertamente do que ouvia, fios de seu cabelo branco se movendo por conta da brisa.

Sentiu um arrepio descer por sua espinha ao olhar de alguém. Percebeu confusa que havia parado para observar a cena. Olhando por cima do ombro, encontrou o Friar a encarando com um sorriso... carinhoso no rosto e uma emoção indescritível em seu olhar. Smarkle piscou lentamente, como se estivesse saindo de uma névoa de confusão e virou completamente para encará-lo. Sentiu seus batimentos cardíacos, fazendo uso de uma comparação, retumbarem como um tambor em seu peito ao perceber o quão próximos estavam.

- Eu... - parou, momentaneamente perdida em sua fala.

- Você?... - Lucas insistiu, dando um passo para frente e para mais perto.

Um ínfimo espaço os separava, na visão de Smarkle. Notou, quando ele inclinou o rosto para baixo, que a cor de seus olhos era na verdade um verde com toques de castanho ao redor da pupila, e pequenas sardas claras pontilhavam sua face aleatoriamente. Provavelmente as sardas seriam consequências de muito sol, teria que pergunta-lo o que havia feito anteriormente para que aquelas pequenas manchas tivessem aparecido. Lucas piscou, o brilho em seu olhar diminuindo consideravelmente antes dele fazer menção de dar um passo para trás. Novamente fugindo.

- Não.

Smarkle declarou decidida, fechando a mão em torno de um punhado de sua regata e o prendendo à sua frente. Ele pareceu surpreso, mas poderia ter se afastado se quisesse a qualquer momento. Ela travou seu olhar no dele, não desviando e levando uma mão ao rosto quente de Lucas para que ele não ousasse recuar. Algo estava acontecendo e toda vez que ele se aproximava minimamente, dava dois passos para trás, literalmente.

- Isadora.

Seu nome foi pronunciado como um pedido e um aviso. Ele não queria que ela insistisse e seria exatamente isso o que ela iria fazer. Se colocando na ponta dos pés, o usou como apoio para aproximar seus rostos, não cedendo quando ele tentou recuar.

- Não, Lucas. Eu não vou deixar para lá. - garantiu firme, tentando não se distrair quando ele jogou a cabeça para trás em frustação, seu pomo de Adão se movendo bem em frente aos seus olhos. - Você está me evitando. - acusou séria.

- Estou bem aqui, não estou?

Franziu a testa impaciente, seus lábios se franzindo em um bico de irritação. O olhar de Lucas desceu ao longo de seu rosto, encontrando o caminho até os seus lábios. Smarkle podia sentir as batidas do coração dele contra sua mão cerrada, tão apressadas... e poderia jurar que soavam tão altas quanto as suas. Entreabriu os lábios, o ar saindo pelo mínimo espaço entre eles enquanto seu corpo se impulsionava naturalmente para mais perto do dele. A mão que segurava o rosto quente e macio deslizou cuidadosa até encontrar um lugar na nuca do Friar.

- Isadora.

Novamente o seu nome em um tom de aviso, porém, era possível notar a quebra na resistência que ele tanto tentava impor. Smarkle pressionou seu corpo contra o dele, automaticamente se sentindo derreter quando mãos fortes apertaram sua cintura. Lucas encontrou seus olhos, as pupilas dilatadas e a respiração rarefeita se misturando à sua. Ela deu o primeiro passo, o puxando pela nuca para inclinar a cabeça um pouco mais, Lucas fechou a lacuna em seguida. Lábios quentes cobriram os seus, um toque suave de pele contra pele enviando inúmeros arrepios por seu corpo.

Smarkle suspirou quando ele se afastou, abrindo os olhos para encontrar um universo em verde e castanho. Os olhos nebulosos tornaram a se fechar, seu dono capturando novamente os lábios dela entre os seus. Smarkle contornou um braço ao redor do pescoço dele, sentindo uma mão quente ser espalmada contra sua lombar a puxando para, quase impossivelmente, mais perto. Um suave gemido a escapou quando ele aprofundou o beijo. Lucas a beijava com tanto cuidado e desejo, causando um frenesi em seu corpo e mente.

Um assobio alto bem ao lado deles os fez se separarem ofegantes. Smarkle piscou repetidamente, recobrando a noção de que estavam em público ao ser empurrada suavemente para trás. Quando percebeu o que Lucas fazia, sentiu a irritação borbulhar em seu peito. O encarou com uma clara expressão de desagrado, não vacilando diante do olhar culpado, o que só aumentou a sua indignação. O próximo passo do Friar seria se desculpar e colocar a culpa em um impulso repentino e que todas as divindades que ele acreditava resolvessem protegê-lo, porque se ele fizesse isso ela iria esganá-lo.

- Smarkle.

Se encolheu internamente quando escutou seu nome. Smarkle, não Isadora. Ele já se sentia extremamente culpado por beijá-la. Recuou um passo quando ele estendeu uma mão para tocá-la, sentindo seu peito apertar em algo ainda não identificável, mas que a sufocava aos poucos.

- Não ouse. - murmurou firme, ainda levemente ofegante. - Não ouse fazer o que você está prestes a fazer.

- O quê? Me desculpar? - indagou frustrado, desviando o olhar momentaneamente antes de retornar decidido. - Eu agi por...

- Impulso. - o interrompeu seca, soltando uma risada vazia. - Para o inferno com esse discurso. Não somos mais adolescentes, Lucas Friar. Não agimos porque não "queremos"... - fez aspas exageradas com os dedos no ar. - ...ou não conseguimos nos controlar. Eu quis beijar você. Eu queria beijar você desde o dia em que nos encontramos e você também queria me beijar...

- Smarkle, por favor.

- Não! - o impediu de falar mais. Levantando a mão em protesto. - Nos beijamos, ponto. Somos apenas dois adultos que se beijaram porque se sentem atraídos pelo outro. O que tem de errado nisso? Ou você só está se sentindo culpado por que foi eu quem você beijou?

- Isso não. - parou, cerrando os lábios ao passar a mão pelo pescoço em nervosismo. - Você é a Smarkle. - declarou por fim, um tom de súplica na voz como se precisasse que ela entendesse. - E você é tão você que...

- Que é inconcebível. Já compreendi. - o cortou gélida. - Preciso trabalhar, não posso chegar atrasada em meu primeiro dia. - deu outro passo para trás quando ele fez menção de se aproximar. Podia vê-lo lutando contra algo, mas não seria ela a puxar suas dores para si. Era problema dele se resolver consigo mesmo. - Por favor, senhor Friar, vamos voltar a nossa parca interação anterior. Será o melhor para todos.

O deu às costas prontamente, começando a andar rápido, mas logo suas pernas a forçaram a correr para longe e sem olhar para trás. Tentava respirar, acalmar seu coração, mas sua garganta apertava a cada segundo e seus olhos ardiam tanto. Não queria chorar, se recusava a chorar em público. Mal notou quando chegou em frente à porta de seu apartamento, a destrancado rapidamente e permitindo um soluço escapar por seus lábios. Os mesmos lábios que minutos atrás foram beijados por Lucas Friar. Quis rir de sua situação. Quando ela iria aprender que muitas pessoas só iriam ser gentis com ela por educação. Ela não era alguém que desejariam, principalmente não alguém que Lucas veria como algo além de uma adição para seu grupo de amigos.

Parou sua linha de pensamento indignada consigo mesma. Ela não merecia estar se culpando por algo que não estava em seu controle, por mais que doesse imensamente, fora escolha dele recuar e deixá-la sozinha. Smarkle tinha um trabalho novo e possivelmente incrível para começar, um apartamento só seu e uma família que sempre a receberia caso o futuro não fosse o melhor. Ela não estava sozinha e algum dia encontraria alguém que a acolheria sem mas, sem ressalvas ou dúvidas. Retirou os óculos para limpar as lágrimas teimosas que escorriam por sua bochecha, marchou decidida para o quarto a fim de encontrar algo para vestir e que lhe desse confiança. Afinal, o dia estava apenas começando e o mundo pararia antes dela perder seu emprego por conta de um homem.

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