Capítulo 30 - Rede de sedução
-- Vamos, meu amor . Só mais dois passos. Eu prometo que te seguro. Não tenha medo. -- Gilbert disse deliciosamente em seu ouvido.
Ele a segurava pela cintura e mantinha as costas dela encostadas no tronco masculino para lhe dar sustentação, enquanto ajudava Anne a fazer seus exercícios de fisioterapia diária.
Ele estivera ali todos os dias daquela semana, observando a fisioterapeuta a aplicar cada técnica de reabilitação nas pernas da ruivinha, e aprendera tão rápido cada movimento, que nos dias em que a moça não vinha, Gilbert a ajudava a praticar.
Anne estava adorando ter a presença dele por perto, pois nunca fora tão bem cuidada como estava sendo por seu novo namorado. E com que rapidez, ela estava se acostumando às coisas boas. Tinha até medo de pensar que um dia isso poderia acabar.
Era tão patética esta sua necessidade por carinho e atenção que Anne tentava disfarçar essa necessidade insana de Gilbert, porque não queria parecer que dependia demais da presença dele, ou de tudo o que ele vinha representando em sua vida.
Era tão fácil se apaixonar por ele, e Anne vinha se policiando para não cair naquela armadilha, mas em pouco tempo com ele, já era impossível não sentir seu coração acelerado quando ele estava por perto, ou mesmo não contar os minutos até que ele chegasse.
A ruivinha ainda tentava resistir, mas o charme de Gilbert Blythe era demais para o seu coração. Ela já estava com os dois pés dentro daquele relacionamento, e a menos de meio centímetro de entregar tudo de si àquele homem lindo. E não estava falando apenas da beleza que conseguia ver, mas também daquela que ele carregava em sua alma terna e adorável.
--Vamos, Pimentinha. Você consegue fazer melhor que isso. -- Gilbert disse de novo em seu ouvido, fazendo-a quase tropeçar.
-- Você está me distraindo. - Anne reclamou, tentando mais uma vez se concentrar, mas o hálito de Gilbert em seu pescoço a deixava toda arrepiada, sem que ela pudesse evitá-lo.
-- Ah, é? Diz para mim como eu te distraio. -- Gilbert pediu de forma quase inocente, mas a ruivinha sabia que ele estava fingindo, especialmente porque as mãos dele puxaram de leve seu quadril para trás, fazendo-a se encontrar ainda mais nele. Ela não era tão ingênua assim para não perceber o que ele estava fazendo.
-- Eu preciso mesmo dizer? -- Anne fez de sua resposta uma pergunta, ofegando de leve ao sentir os dedos dele tocarem a pele de sua barriga nua, pois ela usava apenas um top para não atrapalhar tanto na hora dos exercícios.
-- Na verdade, eu não quero apenas que diga, mas que sinta também. -- O fotógrafo disse, virando-a de frente para ele, e capturando os lábios dela, empurrando-a suavemente em direção à parede atrás dela.
Seus corpos ficaram grudados, enquanto Gilbert enterrava suas mãos na cabeleira ruiva espessa, saboreando a boca macia com sofreguidão.
Todas as vezes em que a beijava, Gilbert tinha a mesma certeza. Fazia meses que não tocava em ninguém ou era tocado intimamente, e isso para a libido masculina era bem difícil de controlar. Entretanto, a abstinência que fora obrigado a se submeter por conta do acidente não lhe cobrara um preço alto por estar sem uma companhia feminina, mas sim por estar sem Anne.
Ela era o único afrodisíaco capaz de fazê-lo queimar vivo pelo desejo que o consumia quando estavam juntos, e com outra mulher, continuaria faminto, pois Anne o satisfazia como nenhuma outra, mesmo que ainda não tivessem ido muito longe.
O corpo de Gilbert estava quase perdendo o controle, se deleitando com a pele sedosa que seus dedos não desejavam parar de tocar; os sussurros baixos da ruivinha que o puxava para cada vez mais perto, deixando-o louco e extasiado, por saber que ela o queria também.
O ar faltou a ambos, e Gilbert separou sua boca da dela, mas a transferiu para a linha do pescoço de Anne, enquanto suas mãos subiam até os seios femininos cobertos apenas pelo top.
- Eu trouxe um cafezinho com bolo para vocês. - Marilla disse, entrando no quarto, fazendo Gilbert se afastar bruscamente de Anne, enquanto a boa senhora arregalava os olhos e exclamava: - Meu Deus! Me desculpem.
- Tudo bem, Marilla. - Anne disse, com o rosto em chamas, escondido no ombro de Gilbert.
- Bem, vou deixar o lanche aqui. - Ela apontou para a mesinha do canto.- Mas não se acanhem por minha causa. Continuem o que estavam fazendo. - Marilla disse, saindo dali totalmente sem jeito.
- Deus! Que vergonha. - Anne disse, ainda com a cabeça encostada no ombro de Gilbert.
- Você precisava ver sua cara, Pimentinha. - Gilbert falou, rindo, enquanto Anne tentava se recompor.
- Acho que nunca passei por algo tão embaraçoso na vida. - Ela disse, envergonhada.
Anne nunca trouxera um namorado para seu quarto quando vivia com os Cuthberts antes de ir para a faculdade, por respeito à Marilla e Matthew, que tiveram uma outra criação.
Ela só esperava que sua tia não se sentisse desrespeitada dentro de sua própria casa, depois que flagara Anne e Gilbert em uma situação tão íntima. Conversaria com Marilla mais tarde e pediria desculpas, pois não se sentia confortável naquela situação.
- Ei. Não acho que Marilla tenha se importado com o que viu aqui. Não estávamos fazendo nada demais. - Gilbert disse, tentando fazê-la se sentir melhor.
- Ainda assim, é uma situação desagradável. Eles me trouxeram para cá a fim de cuidar de mim. Não quero parecer que estou abusando da boa vontade deles. - Anne explicou, encarando Gilbert.
- Certo. Então eu tenho uma solução. Quero te fazer dois convites. Haverá uma festa de lançamento da nova campanha na qual venho trabalhando neste fim de semana, e quero que seja minha acompanhante. - O rapaz disse, olhando-a nos olhos. Ele desejava muito que Anne aceitasse, pois queria apresentá-la como sua namorada a todos os seus amigos, e aquela seria uma ocasião perfeita.
- Não sei o que dizer. - Anne falou, surpresa pelo convite.
Nunca participara de nada daquele tipo, e também não sabia como se sentiria em suas condições em um lugar público. Ela temia não dar conta, pois ali em seu quarto, podia esconder suas frustrações, mas fora dele, não tinha escapatória, por isso, nos últimos tempos, Anne preferia lugares neutros onde não precisaria se expor tanto.
- Apenas diga sim. - Gilbert disse, acariciando os cabelos dela.
- Não sei se consigo ficar muito tempo em pé. - Apesar daquela afirmação ser verdadeira, aquele não era o único motivo da sua dúvida.
- Você não precisa ficar em pé. Pode muito bem permanecer sentada. Isso não será necessário. - Gilbert disse, tentando pensar de que forma a convenceria.
- Mas e você? Vai passar a noite inteira sentado ao meu lado? - Anne perguntou, incrédula.
- Vou sim. Você é minha namorada e obviamente que não levá-la à uma festa para te deixar sozinha.- Gilbert disse, esfregando a ponta do nariz no dela.
- Será que podemos nos sentar um pouco? Estou cansada. - Anne pediu.
- Claro. - O rapaz assentiu, sentando na cama, com Anne em seu colo, para continuarem a conversa que estavam tendo.
- Não acho justo você perder tempo comigo, quando a festa é para promover uma campanha sua.
- Não vou perder tempo nenhum. Quero celebrar com você mais um trabalho no qual dei o melhor de mim e não aceito uma recusa. - Gilbert respondeu, lançando-lhe um olhar que fez a ruivinha morder seu lábio inferior, um tanto nervosa pelo bater descompassado do seu coração.
Ele não desistia de envolvê-la em sua rede de sedução. Era como um jogo que Gilbert adorava jogar todas as vezes em que estavam juntos, e do qual Anne tentava escapar, mas estava cada vez mais impossível não fazê-lo, porque havia um anjo malvado dentro dela que soprava coisas demais em seu ouvido.
- Tudo bem. Se é importante para você, eu vou. Mas qual é o segundo convite? Você disse que eram dois. - Anne perguntou, curiosa pela resposta dele.
- Depois da festa, quero te levar para o meu apartamento. - Ele respondeu sem ao menos pensar. Não ia esconder dela algo que desejava há muito tempo. Preferia ser transparente do que fingir que era um convite inocente e sem intenções.
- O que este convite significa exatamente? - Ela perguntou, com dificuldade para respirar, enquanto sua mente a levava para inúmeros cenários dentro da sua mente.
- Significa o que você quiser. Deixo para você a decisão de como nossa noite vai terminar. O que quiser fazer, eu vou respeitar. - Gilbert respondeu com sinceridade. Jamais a forçaria a fazer algo que não quisesse, ou não tivesse certeza sobre.- Ei, não me olhe assim. - Ele pediu, ao perceber que Anhe parecia um pouco assustada com sua proposta.
- Assim como? - Anne perguntou, sem entender que seus olhos revelavam o receio que sentiu com a revelação dele.
- Como seu eu fosse um Lobo Mau que quisesse te devorar. - Ele disse em tom de brincadeira.
- E não é exatamente isso? - Anne perguntou, também em tom de brincadeira.
- Não no sentido literal da palavra. Você sabe que pode participar também, não é? - Gilbert insinuou, desta vez fazendo Anne ficar calada e com as faces ruborizadas. Estavam entrando em um campo de provocações, que ela não dominava tanto assim, mas Gilbert tinha diploma e doutorado, por isso, era melhor se calar, antes que acabasse ficando perigoso demais para sua sanidade. - Você não confia em mim? - Gilbert perguntou, sério naquele momento.
-,Confio sim. -,Anne respondeu, sorrindo timidamente.
- Então, não tem nada a temer. - O fotógrafo disse, beijando-a suavemente nos lábios.
O que Anne não disse era que ele estava enganado, pois ela tinha muito a temer sim, mas não era por ele, e sim por si mesma.
- Acho melhor eu ir embora. Eu preciso trabalhar e você precisa descansar. Te vejo no sábado. - Gilbert disse, colocando Anne sentada na cama e deixando um beijo carinhoso em sua testa.
- Está bem. -,Anne respondeu com um sorriso, que Gilbert sabia que manteria em sua memória o resto do dia.
Depois que ele foi embora, Anne tomou banho e foi até a cozinha, onde Marilla serviria o almoço. Ainda sem jeito pelo que tinha acontecido algum tempo antes, ela perguntou:
- Onde está Matthew?
- Ah, querida. Seremos só nós duas hoje. Ele foi pescar com alguns amigos e só volta à noite. - Marilla disse, com seu bom-humor tão característico.
-.Quer que eu te ajude a colocar a mesa? - Anne perguntou solícita.
- Não precisa. Já está tudo pronto. Sente-se que já vou acompanhá-la.
Assim que Marilla colocou a travessa de salada na mesa e se sentou para almoçar, Anne se serviu e começou a comer devagar, pensando em como abordaria um assunto tão complexo. Por fim, decidiu que falaria de uma vez, antes que perdesse a coragem e permanecesse com aquele mal-estar o resto do dia.
- Marilla, eu queria pedir desculpas pelo que viu no meu quarto. Eu não queria que pensasse que estou desrespeitando esta casa. Prometo que não tornará a acontecer. - Anne disse de uma vez, baixando os olhos para o próprio prato.
- Querida, você não tem que pedir desculpas por nada. Estou tão feliz de te ver aproveitando a vida. Depois de ter te visto em uma cama em coma por três meses, e em seguida, lutando com todas as forças para tornar a andar, acho um milagre que esteja se recuperando tão bem. Gilbert é um excelente rapaz, e não vejo motivos para você pensar que está desrespeitando esta casa. É normal que queiram aproveitar cada segundo juntos e eu devia ter batido antes de entrar. - Marilla disse com um gracejo. - É bom estar apaixonada por alguém que vale a pena, não é?
-,Não sei ainda se estou apaixonada, mas Gilbert me faz muito bem. - Anne disse sem jeito.
- Bem, os amassos que vi em seu quarto sugerem outra coisa. - Marilla disse, com certa malícia, que fez Anne corar.
- Não tenho como me defender disso.
- Não precisa, meu amor. Apenas me diga como está se sentindo como namorada daquele bonitão. - Marilla perguntou, rindo.
- Ainda é bem novo para mim. Gilbert é um príncipe e sei que posso me apaixonar por ele de verdade a qualquer momento, mas tenho medo. - Anne respondeu, espetando uma rodela de tomate da salada que estava em seu prato com o garfo.
-,Medo de quê? - Marilla perguntou, interessada naquela confissão.
- De me machucar e quebrar meu coração. - Anne respondeu, levando o tomate à boca, e mastigando-o devagar.
-,É compreensível, mas me parece um crime não aproveitar aquele homem com tudo o que tem a lhe oferecer. - Marilla disse, dando uma piscada para Anne, que arregalou os olhos e disse:
-,Marilla!
Ela nunca imaginara ouvir tal coisa de sua tia. Ela era uma mulher tão discreta que não falava uma palavra imprópria, mesmo quando estava zangada ou irritada. Era chocante ouvir algo daquele tipo vindo dela, uma mulher que de certa forma, tivera uma criação repressora.
- Não sei porque o espanto. Não disse nenhuma mentira, e se eu tivesse a sua idade, aproveitaria cada momento. - A boa mulher disse, abrindo uma porta para Anne perguntar.
- E você e John? Rola alguma coisa?
- Talvez sim, talvez não. - Marilla disse misteriosa, comendo com atenção a massa que preparara, fazendo Anne compreender que era hora de encerrar aquele assunto.
No sábado de manhã, ela e Marilla foram em busca do vestido perfeito, pois como era uma festa muito importante, nenhum dos vestidos que tinha pareciam apropriados para a ocasião. Assim, sua escolha ficou por conta de um vestido preto, estilo sereia, com uma fenda lateral e de um ombro só.
Quando Gilbert veio buscá-la, ele quase não cumprimentou Marilla e Matthew, pois seus olhos encantados ficaram hipnotizados pela ruiva deslumbrante, que seria sua acompanhante naquela noite. Assim que percebeu sua indiscrição, ele disse, envergonhado:
- Boa noite, Sr. E Sra. Cuthbert.
- Boa noite, meu querido.- Marilla respondeu, beijando-o no rosto.
- Boa noite, Gilbert. Cuide bem de nossa princesa, esta noite. - Matthew pediu.
- Claro, Sr. Cuthbert. Pode ficar tranquilo. - Gilbert respondeu, depois se virou para Anne e perguntou: - Está pronta para ir?
- Sim. - Ela disse, admirando Gilbert em roupas sociais esportivas. Seu namorado ficava bem de qualquer jeito. Isso não podia negar.
Assim que entraram no carro, ele a olhou mais uma vez e disse:
- Deus! Você parece uma visão.
- Você gostou mesmo? - Anne perguntou, apontando para si mesma.
- Não sei nem como descrevê-la. Este é mais um motivo para levá-la ao meu apartamento. Quero olhar para você a noite inteira. - O rapaz disse, fazendo o coração de Anne dar um salto no peito. Aquela ia ser uma noite e tanto, ela pensou.
O local escolhido para o lançamento da campanha não seria feito no estúdio de Gilbert. Para isso, ele escolhera o lugar mais badalado da cidade e conhecido por sua popularidade. Anne sentiu-se ainda mais intimidada ao pensar que não tinha o refinamento que tal local exigia.
Ela tinha se esquecido que seu namorado era um homem bastante conhecido em sua área de trabalho e, por isso, qualquer projeto no qual ele estivesse envolvido seria comentado e exposto ao público do mundo da fotografia.
Anne realmente só entendeu o grau de poder que Gilbert Blythe exalava em sua pele de fotógrafo experiente quando vários flashes de câmeras explodiram em seus rostos e microfones colocados diante deles, com inúmeras perguntas que a estavam deixando zonza.
- Sr. Blythe, quais são as suas expectativas para a nova campanha? - Uma das repórteres perguntou, com simpatia.
- As melhores possíveis. - Gilbert respondeu, com o máximo de discrição, pois nunca deixava todos os seus trunfos serem revelados de uma só vez. Ele gostava de surpreender e era muito bom nisso.
- Tem data prevista para o lançamento em rede internacional? - Outro repórter perguntou.
- Ainda não. Sempre esperamos primeiro pelo lançamento nacional. Mas estamos confiantes que será em breve. - Gilbert respondeu, tentando conduzir Anne pela massa de gente que se formava ao redor deles, mas sem muito sucesso.
- E quem é esta moça tão linda? - Uma fotógrafa loira e muito bonita perguntou, fazendo Anne se encolher por dentro. Não estava gostando dos olhares interessados das pessoas sobre ela, pois se sentia terrivelmente tímida e desconfortável.
- Sem mais perguntas. Vocês terão as respostas até o fim da noite. - Gilbert disse, tirando Anne do meio de toda aquela curiosidade, pois sentira as mãos dela tremendo e seu corpo todo tenso.
Com cuidado, por conta da dificuldade dela de acompanhar seus passos, ele a levou até uma mesa discreta de canto, a qual havia reservado com antecedência e perguntou, preocupado.
- Está tudo bem?
- Está, sim. Apenas fiquei surpresa com a recepção. Você não me disse que seria algo tão grandioso. - Anne disse, encarando-o com seus olhos azuis um pouco assustados.
- Perdoe-me. Não pensei em como isso seria para você. - Gilbert respondeu, sentando-se ao lado dela. - Este tipo de coisa é tão comum no meu trabalho, que esqueci que para outras pessoas pode não ser assim. Como pude ser tão insensível? - Ele se lamentou, beijando-a na testa.
- Está tudo bem. Posso me acostumar com isso. Apenas me dê algum tempo. - Anne afirmou, entrelaçando seus dedos nos dele.
- Tem certeza? - Gilbert perguntou, fazendo um carinho no rosto dela com sua mão livre.
- Sim. Não se preocupe. - Anne respondeu, dando a Gilbert um sorriso tão lindo que o rapaz ficou hipnotizado.
Era assim que ela o deixava sempre que estavam juntos. Só existia Anne e mais ninguém. Aqueles olhos azuis o faziam sentir coisas que pensara nunca sentir se verdade. Aquilo era amor, puro e simples, com uma boa dose de paixão acumulada e prestes a explodir a qualquer momento.
- Quer beber alguma coisa? - Ele perguntou, acariciando-a com os olhos.
- Um suco de fruta seria bom. - Anne respondeu, continuando a sorrir.
- Vou providenciar. - O rapaz disse, levantando-se da mesa após deixar um beijo na bochecha de Anne.
A alguns metros dali, Samantha observava cada movimento dos dois. Não esperava que Gilbert trouxesse aquela ruivinha caipira para um evento tão importante. Isso queria dizer que ela significava bem mais que uma simples amiga para ele.
Disposta a descobrir, Samantha se aproximou da mesa onde Anne estava sentada, e disse:
- Então, você veio para o lançamento. Confesso que não esperava te ver por aqui.
- Gilbert me convidou. - Anne respondeu, sentindo-se desconfortável. Samantha a analisava como se ela fosse uma aberração e isso realmente a incomodava.
- Vocês estão juntos? - Samantha perguntou de forma direta.
- Acho que não tenho que responder esta pergunta. - Anne disse, inconformada pela falta de tato da morena. Gilbert havia lhe contado muito pouco do relacionamento com sua ex-namorada, e Anne também não tinha interesse em saber mais.
Ela queria um relacionamento com o fotógrafo livre daquele tipo de cobrança e influência. Ambos não precisavam do fantasma de seus antigos relacionamentos, assombrando os dois.
- Bem, seja lá o que vocês tenham, não vai durar. Gilbert vai se cansar logo, principalmente por você ser uma simplória que não faz parte do nosso mundo.- Samantha disse, com tanta arrogância que fez algo dentro de Anne se agitar. Sem se deixar intimidar, a ruivinha respondeu:
- Eu tenho pena de uma mulher como você. Tão linda e tão sem amor próprio. Devia se valorizar mais, ao invés de ficar correndo atrás de um homem, que, definitivamente, não te quer mais.
- Quem é você para me dizer isso, sua insignificante? - Samantha perguntou, visivelmente indignada.
- Sou a mulher que Gilbert quer. Então, não creio que eu seja tão insignificante assim. - Anne respondeu, com toda segurança de que foi capaz, enquanto Samantha cerrava os punhos e saía de perto dela, batendo seus sapatos de salto alto com força no chão.
Não demorou muito tempo, e Gilbert apareceu com o suco de Anne e disse:
- Perdão pela demora, mas Moody me prendeu por alguns minutos para me apresentar algumas pessoas. Espero que não esteja entediada.
-; De jeito nenhum. Até que estou me divertindo bastante. - Anne disse, com humor, enquanto pensava em Samantha. - Pena que minhas pernas ainda não estão boas. Eu adoraria poder dançar. - Ela explicou, ao mesmo tempo em que seus olhos se fixaram em algumas pessoas que dançavam a alguns passos dali.
- Quando suas pernas estiverem cem por cento de novo, vou te levar em uma festa havaiana. - Gilbert comentou, enquanto sua mente se enchia de lembranças doces.
- Por que uma festa havaiana? -. A ruivinha perguntou, intrigada.
- Porque eu gosto do tema. - Gilbert mentiu.
- Mas...- Anne ia fazer mais perguntas, contudo, Moody se aproximou quase correndo e disse:
- Vamos, Gil. Está na hora. O pessoal está esperando o lançamento da campanha.
- Certo. Você pode ficar um pouco com a Anne? - Gilbert pediu.
- Posso sim. - O amigo concordou.
Assim, Anne o viu tomar o seu lugar no palco preparado para aquela ocasião e o ouviu dizer ao microfone:
- Caros amigos e colaboradores. Quero agradecê-los por sua presença aqui hoje, e dizer que nossa campanha da marca Stylish Fashion já está pronta para ser lançada. Aqui está uma mostra de como vamos apresentar os produtos desta empresa fabulosa ao mundo.
Gilbert fez um sinal, e o telão foi ligado, aparecendo Samantha instantaneamente, fazendo várias poses e em diversos estilos de roupa, desde moda-praia até modelos de vestidos deslumbrantes.
Observando Samantha em todas aquelas poses, Anne não podia deixar de admitir, que a morena tinha uma sensualidade inerente, a qual sabia utilizar muito bem em seu trabalho. Era uma pena que tanta beleza pudesse ser admirada apenas por fora, pois em seu íntimo, ela não parecia ter muita coisa a oferecer
Quando todos os filmes foram exibidos, muitos aplausos coroaram aquele momento, e assim, quando pôde falar novamente, Gilbert disse:
- Eu quero dedicar esta campanha a alguém muito especial, que me inspira todos os dias a ser um homem melhor. - Ele olhou para Anne e pediu: - Você pode vir até aqui, amor?
Em choque, Anne quase não se mexeu, apenas permitiu que Moody a levasse até onde Gilbert estava, enquanto muitos aplausos e milhares de olhos caiam sobre ela com curiosidade, e também uma pitada de inveja. Ela quase podia sentir os olhos de Samantha perfurando sua nuca. Se ela não gostava de Anne antes, agora devia odiá-la.
Quando ela subiu no palco com a ajuda de Moody, Gilbert a esperava com um enorme sorriso no rosto, e o manteve, enquanto dizia ao público ali presente:
- Esta é a fonte da minha inspiração, a garota dos meus sonhos e a mulher da vida.
Em seguida, Gilbert deixou um beijo suave nos lábios de Anne, ao mesmo tempo em que a ruivinha tentava processar tudo o que o rapaz acabara de dizer. Quando ela tornou a olhar nos olhos do rapaz, Anne encontrou ali algo tão intenso e inexplicável, que ela descobriu que estava irremediavelmente apaixonada.
Então, ela sorriu com aquela descoberta, como se muitos horizontes se abrissem de uma só vez. Ainda estava com medo, mas estava disposta a tentar, um dia de cada vez, e viver aquela paixão que parecia uma luz a iluminar sua alma, antes tão escura e magoada.
- O que foi? - Gilbert perguntou, ao senti-la diferente.
- Nada. Só estou feliz por estar aqui com você. - Anne respondeu, surpreendendo Gilbert, que tivera receio de sua atitude tão ousada, pois tudo com Anne ainda era frágil, e ele tentava não ultrapassar certos limites por medo de ela se ofender. Mas quisera fazer aquela homenagem, pois por causa dela, ele voltara a se sentir motivado pelo trabalho.
- Então, vamos descer daqui e aproveitar a noite. - Gilbert sugeriu, segurando na mão dela.
Depois deste momento, eles não tiveram muita tranquilidade para ficarem juntos, pois todos queriam se aproximar e falar com o jovem casal, que parecia radiante juntos. Quando Anne começou a dar sinais de cansaço, Gilbert disse:
- Está na hora de irmos.
- Mas não vão sentir sua falta? - Anne perguntou, olhando para as pessoas que ainda se mantinham por ali.
- Moody vai cuidar de tudo. Já fiz a minha parte e, se conheço bem este pessoal, vão ficar por aqui até a comida e a bebida acabarem.
Anne assentiu e, após se despedirem de todos, o rapaz a conduziu até o carro e, uma vez lá dentro, ele perguntou:
- Quer ir para o meu apartamento?
Anne sentiu um frio no estômago com aquela pergunta, mas resolveu fazer o que seu coração estava lhe pedindo. Com certa timidez, ela respondeu:
- Quero sim. - Gilbert sorriu com a resposta dela, e não perdeu mais tempo para sair dali.
Logo estavam em frente ao prédio dele e chegar até o quarto andar não foi tão difícil, pois fizeram uso do elevador.
Quando abriu a porta para que Anne entrasse ali, o rapaz sentiu um certo de ansiedade que não esperava. Era a primeira vez que trazia alguém ali depois do acidente. Ele tinha mudado bastante coisa e não havia vestígio nenhum de sua vida com Samantha ali. Gilbert pensara em se mudar, mas ele gostava da localização, da vizinhança, por isso decidira ficar. Apenas esperava que Anne gostasse de seu cantinho tipicamente masculino.
- E então? - Ele perguntou, ao observar Anne olhar para cada coisa que seus olhos pudessem alcançar com bastante atenção.
- Seu apartamento é lindo. Combina muito com você. - Anne disse, adorando o ar de praticidade que o local transmitia. Sem dúvida, tudo ali era de extremo bom-gosto e caro, mas não era isso que importava, e sim a personalidade do dono impregnada em cada canto daquele lugar.
Em seguida, ela caminhou até a janela e completou:
- Você tem uma vista maravilhosa daqui.
- Eu sei. - Ele respondeu, olhando diretamente para Anne, mas ela não percebeu que o rapaz falava dela, pois estava de costas.
Gilbert segurou na cintura dela por trás e posicionou a cabeça no ombro dela, enquanto seus lábios distribuíam beijos suaves ao longo do pescoço alvo.
- Quero que goste muito daqui, porque desejo que volte outras vezes. - Ele sussurrou, fazendo o corpo de Anne se arrepiar com a respiração dele tocando sua pele.
- Eu já gosto. - Ela respondeu, virando-se de frente para encarar o rosto de Gilbert.
Tudo nele era perfeito. Desde seu maxilar desenhado até sua boca carnuda e seus olhos penetrantes. Ela sempre soubera o quanto Gilbert era bonito, mas naquela noite seus sentimentos por ele iam além da beleza masculina incrível.
Ela tocou o rosto de Gilbert com cuidado, analisando cada traço, como se o estivesse desenhando com a ponta dos dedos. Quando Anne chegou aos lábios, ela se inclinou e os traçou com a ponta da língua, pois além de provocá-lo, ela conseguia senti-lo também.
- Você sabe que o que está fazendo é perigoso.
- Por que ? - Ela perguntou, continuando a brincar com a ponta da língua nos lábios dele.
- Porque não se oferece o oásis a um homem, sem permitir que ele o desfrute completamente. - Gilbert respondeu, com os olhos pregados nos dela.
- Não o estou impedindo de tentar. - Anne respondeu, com certa desenvoltura, pois não tinha muita certeza do que estava fazendo.
Gilbert tomou os lábios dela para si, porque aquela textura rosada era uma tentação, enquanto suas mãos se enterravam na nuca de Anne, aprofundando o beijo até que ele se afastou por falta de ar, mas manteve seus olhos conectados com os dela.
Anne sabia o que ele queria e era assim que se sentia também. Ela se viu assentindo para o convite nos olhos dele, deixando qualquer dúvida de lado.
Ela balançou a cabeça concordando, e Gilbert a levou direto para o quarto. Assim que entraram, ele tornou a beijá-la ao mesmo tempo em que tateava nas costas dela, em busca do zíper do vestido.
Logo o encontrou e o deslizou para baixo, fazendo com que o tecido se amontoasse no chão frio. Quando as mãos dele correram pela pele nua das costas dela, a ruivinha suspirou longamente entre o beijo, sentindo seu corpo sedento por carinho reagir intensamente.
Ela se afastou dos lábios de Gilbert para abrir os botões da camisa de Gilbert, tocando com a boca cada parte da pele dele que ia surgindo conforme ela ia sendo aberta.
Gilbert imaginara aquele momento tantas vezes, que pensara que estava sonhando, mas quando as mãos dela chegaram ao zíper da calça, ele compreendeu que estava acontecendo de verdade.
Assim, ele se livrou da calça e dos sapatos, ficando apenas de peça íntima, enquanto olhava para o corpo seminu de Anne com legítimo prazer.
- Você é tão linda. - Gilbert sussurrou, subindo as mãos pelo abdômen liso de Anne até alcançar a curva dos seios.
Eles eram mais cheios do que se lembrava, mas ainda mais lindos, e quando Gilbert acariciou o mamilo de cada seio, prendendo-os em seus lábios, fazendo o movimento de sucção, Anne pensou que poderia morrer ali mesmo, perdida naquele desejo febril que estava se alastrando por sua pele.
Gilbert a deitou na cama, retirando a calcinha dela vagarosamente, deslizando os dedos pela parte interna da coxa dela, fazendo com que Anne apertasse as duas pernas uma contra a outra, pois sua intimidade pulsava pelo desejo intenso que estava roubando sua razão.
Quando Gilbert se livrou de sua roupa íntima, Anne ofegou ao vê-lo completamente nu e cheio de desejo por ela, fazendo-a imaginar como seria ser completamente dele.
Ela não obteve resposta, porque o rapaz se inclinou sobre ela e começou a tocá-la por toda parte, com suas mãos e boca, fazendo-a se sentir consumida em uma fogueira de paixão e desejo.
As sensações eram intensas e novas, mas ao mesmo tempo tão conhecidas. Nunca fora amada com tanta devoção, assim como nunca sentira aquela necessidade pulsante de ter Gilbert em seu corpo completamente.
Ele também se sentia da mesma maneira. Talvez até mais, porque ele se lembrava de cada momento em que a tocara no passado, tornando quase impossível para que ele se controlasse e seguisse o ritmo dela.
Gilbert sentia o amor por aquelas mulher correndo em suas veias, e depois daquela noite, com todos os seus desejos por ela satisfeitos, ele sabia que a amaria exatamente daquela maneira todos os dias.
Os dedos de Anne o tocavam com suavidade, mas nem por isso era menos excitante ter as mãos dela em seu corpo. Era como um roçar de asas de borboletas, e assim, ela ia traçando os músculos de suas costas, moldando‐os à sua vontade, enquanto ele se deleitava com o corpo feminino embaixo do seus.
As carícias se tornaram mais intensas, os beijos mais famintos, dando indícios de que nenhum dos dois aguentaria por mais tempo.
Assim, Gilbert pegou a proteção na gaveta de sua escrivaninhau e se posicionou na entrada de Anne, enquanto ela prendia a respiração.
Não era como se nunca tivesse feito isso, mas era como se fosse a primeira vez. Gilbert estava sendo extremamente cuidadoso, e fazia apenas o que a deixava confortável, e quando ele a olhou como se pedisse sua permissão para continuar, Anne se rendeu.
O corpo dela pareceu em êxtase assim que sentiu Gilbert dentro de si, como se ocorresse ali um reconhecimento e a conexão que os levava ao passado.
Os movimentos coordenados de ambos, se tornaram mais frenéticos depois de um tempo, tentando alcançar o ápice juntos. Quando aconteceu, Anne se agarrou a Gilbert, movendo seus quadris contra os dele, até que ela sentiu uma explosão dentro de si e depois a calmaria que a fez voltar para a realidade.
Com seu corpo ainda grudado no do rapaz, ela esperou alguns minutos para dizer:
- Isso foi tão intenso. Eu nunca senti algo assim.
- Eu também. Acho que pela primeira vez na vida me sinto completo, porque você me completa. - Gilbert disse, rolando para o lado e puxando Anne para cima de seu corpo para poder olhar nos olhos dela.
E descobriu que tudo estava ali de novo. A alegria, o brilho e a paixão. Ela era sua, mesmo que ainda não se lembrasse do sonho, ou mesmo se nunca viesse a se lembrar . A realidade estava superando suas ilusões acerca de uma noite com ela, e realmente tinha sido perfeito em todos os detalhes.
Ele quis dizer que a amava mais uma vez, mas não o fez, porque talvez Anne se sentisse forçada a dizer o mesmo também, e não era assim que queria que as coisas acontecessem.
- Vai passar a noite aqui? - Ele perguntou, ansioso para que ela ficasse.
- Acho que esta noite não. Não avisei nada em casa e prefiro deixar para uma próxima vez. - Anne respondeu.
- Está certo. Mas antes de ir, quer conhecer o apartamento? - Gilbert perguntou, fazendo Anne sorrir e responder:
- Quero, sim.
E assim, depois de vestir uma camiseta dele, e Gilbert colocar um par de shorts para cobrir sua nudez, eles andaram pelo apartamento juntos, como duas crianças prestes a descobrir um mundo totalmente novo e feliz para ambos.
Olá. Mais um capítulo postado. Espero que gostem. Beijos.
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