Capítulo 19 - Tempestade de paixão
O café da manhã estava sendo preparado por Anne naquela manhã, pois ela queria surpreender Gilbert.
Era ele que sempre cuidava das refeições da casa, porque lhe explicara mais de uma vez, que cozinhar era um de seus passatempos favoritos. De fato, ele era um exímio cozinheiro e fazia de cada receita um prazer a ser contemplado e saboreado.
Anne não era tão boa cozinheira quanto ele, mas sabia fazer algumas refeições apetitosas por influência de Marilla, que a forçara a ter aulas de culinária com ela quando ainda estava na adolescência.
Naquela época, Anne detestava as sextas à tarde, quando não podia sair com as amigas, pois tinha que ficar na cozinha com sua tia aprendendo a fazer canapés, tortas, pães e bolos. E na força do ódio, ela se tornara uma cozinheira decente e sabia muito bem se virar sozinha, não graças a si mesma, mas à Marilla que não deixara que ela desistisse.
Isso valera sua independência nutricional, quando fora morar sozinha, pois enquanto suas amigas apostavam nos congelados de pouco valor nutricional, Anne fazia a própria comida sem aquele gosto de industrializado.
Assim, ela preparara alguns brioches com creme de morango, bolinhos de canela, café e suco de laranja. Estava inspirada naquela manhã, sentindo-se extremamente bem, depois de passar algumas noites no quarto de Gilbert.
Não dormiam juntos todos os dias, porque Anne não achava que tinha que ser dessa maneira ainda. Nenhum compromisso fora firmado entre eles, ainda não tinham tido nenhum contato mais íntimo que justificasse passar cada noite na mesma cama que o rapaz, além do que, estava gostando muito de como as coisas estavam evoluindo entre eles, devagar e passo a passo.
Gilbert era um homem fascinante de se conviver e Anne sentia que precisava conhecê-lo ainda mais, porém, a cautela sempre a fazia estacionar em algum ponto, como se temesse seguir em frente e acabar se perdendo demais no charme do rapaz.
Mas havia coisas que não podia evitar de sentir, principalmente, porque ele a estava conquistando diariamente e Anne estava gostando cada vez mais de seus momentos com ele.
E pensar que era para terem se conhecido naquela noite em que o acidente aconteceu. Esse fato a fazia conjecturar a respeito do destino que Marilla muitas vezes lhe falava sobre. Seria verdade que cada pessoa já tinha seu caminho marcado? E que mesmo que se afastasse dele por algum motivo, a vida sempre trabalhava para colocá-la de volta no rumo certo? Se fosse mesmo assim, então, explicaria porque viera parar no mesmo lugar que o fotógrafo, onde acabaram por alugar a mesma casa.
Quando voltasse para Toronto, teria uma história fantástica para contar e quem sabe, não teria Gilbert a seu lado para reforçar ajudá-la naquela questão? Sabia que não devia sonhar com algo que talvez não viesse a acontecer, mas também não conseguia deixar de imaginar um futuro diferente para si mesma.
Se tivesse conhecido Gilbert três meses atrás, sua vida teria sido outra, a traição de Mike não a teria atingido tão profundamente como aconteceu e ela não teria quase perdido a vida no processo.
Mas já era tempo de parar de se lamentar, e deixar no passado suas frustrações acerca daquele noivado fracassado. Não sentia mais nada por Mike, a não ser um grande desprezo. Queria voltar a viver e para isso, sua atitude teria que mudar. Já planteara demais seus seis anos perdidos e o que restava era seguir em frente.
Anne ajeitou todas as coisas que preparara em uma bandeja e a levou para o quarto de Gilbert, não esquecendo de colocar junto com as torradas ainda quentes, a geleia de uva que o fotógrafo gostava.
Quando entrou pela porta, equilibrando a bandeja nas mãos, Anne fez questão de colocá-la com cuidado sobre a cama, ao mesmo tempo em que se aproximava do fotógrafo para acordá-lo.
Ele estava deitado de bruços, a cabeça virada para a esquerda, sem camisa e apenas com uma cueca boxer preta cobrindo seu corpo musculoso. Os olhos dela viajaram por cada músculo saliente, lembrando-a da noite em que tomaram banho juntos, onde pudera conhecer um pouco daquele corpo masculino tão lindo.
Anne se inclinou sobre Gilbert, deixando um beijo suave na nuca do rapaz, enquanto suas mãos deslizavam vagarosamente pelas costas dele. Logo, ela viu as pálpebras do rapaz tremerem e um longo suspiro sair pelos lábios dele como se tivesse sido trazido de volta à terra, depois de uma noite inteira perambulando pelo mundo da inconsciência.
-Bom dia.- ela disse baixinho, assim que os olhos castanhos se abriram, a encarando preguiçosamente.
Ao invés de responder, Gilbert girou o corpo, puxando Anne sobre ele e a prendendo com suas pernas entre as dela.
-Bom dia.- ele respondeu, sorrindo de forma maliciosa para a ruivinha, que encarou os lábios dele perto dos seus.- Essa é uma forma maravilhosa de acordar.- Gilbert continuou, apertando o corpo da contra o seu.
-Sempre diz bom dia dessa forma para as garotas que passam a noite com você?- Anne perguntou, se sentindo extremamente confortável naquela posição.
-Só as que realmente me interessam.- Gilbert respondeu, correndo o olhar pelo rosto de Anne.
Ainda não se acostumara com aquela beleza natural que ela exibia sem maquiagem nenhuma. A maioria das garotas com quem já saira, jamais permitiam que eles as visse desarrumadas no dia seguinte. Ele sempre estranhara o fato de que quando abria os olhos, depois de ter passado a noite na casa de uma delas, elas estivessem perfeitamente maquiadas e sem um fio de cabelo fora do lugar.
Era óbvio que levantavam antes dele apenas para terem todo aquele trabalho de estarem perfeitas quando ele acordasse. O que Gilbert achava uma tremenda bobagem, pois o encanto de uma mulher estava em seus traços sem retoques e não por baixo de um quilo de base facial e batom.
Como fotógrafo, ele entendia a necessidade das modelos estarem sempre impecáveis para uma foto, mas na intimidade, para Gilbert, era totalmente desnecessário que uma garota se prestasse a esse papel antes mesmo de sair da cama, ou tomasse café da manhã quando estivesse com seu parceiro. Vaidade em exagero era um mal que nenhuma mulher deveria ter, pois acabava levando-as a ir em busca de uma perfeição inexistente nesse mundo. Embora o seu coração naquele momento protestasse e afirmasse, que perfeição existia sim e estava ali na sua frente.
-E eu te interesso tanto assim?- ela perguntou, tentando ler nos olhos dele se aquilo era mesmo verdade, porque Anne precisava tanto acreditar que Gilbert a queria como ela o queria.
-Acho que não precisa fazer essa pergunta, não é? Pois já deu para perceber o quanto eu adoro ter você ao meu lado.- Gilbert respondeu, esfregando seu nariz no dela.
-Também gosto de sua companhia.- Anne admitiu, passando os dedos pelo rosto dele em uma suave carícia.
Gilbert era tão carinhoso, tão espontâneo e tão sincero, que era difícil não se encantar por ele. Anne podia facilmente imaginá-lo em seu dia a dia, participando de sua vida em Vancouver, tomando o café da manhã juntos,caminhando de mãos dadas no fim de tarde e ver filmes nos dias de inverno, deitados em frente a lareira e com um balde de pipoca do lado.
De repente, ela percebeu o que estava pensando e se assustou com a maneira como aquilo parecia natural em sua mente. Estava se comportando como uma tola patética e aquilo não era nada bom. Como podia dizer a si mesma que queria mudar, ser livre e se colocar como prioridade máxima, quando em menos de dois meses, já estava sonhando acordada com outro homem?
Anne não sabia se aquilo era carência demais ou simplesmente o cuidado e carinho de Gilbert com ela, que a deixava toda derretida. Ele era um homem por quem era muito fácil de se apaixonar e difícil demais de deixar para trás.
-Eu gosto bem mais do que sua companhia, na verdade....- ele fez uma pausa para girar o corpo e deixá-la embaixo dele, onde poderia tê-la como queria.- Eu gosto de cada pequeno detalhe seu, a começar por essa pintinha aqui.- ele conclui, beijando o pescoço de Anne, onde tinha um sarda isolada das outras.
-Também gosto desse narizinho perfeito.- ele deixou uma mordida de leve na pontinha do nariz de Anne.- Essa covinha que encontrei aqui. - o rapaz continuou a falar, passando a ponta da língua no queixo de Anne. - Mas o que eu gosto mais e dessa boca rosada. Você não faz ideia de como ela é deliciosa.
E antes que Anne ansiasse pelo beijo, ele veio com toda suavidade e sensualidade que arrebatou seu coração instantaneamente.
Ela se perdeu naquela boca masculina que se movia sobre a dela com possessividade, aumentando as suas batidas cardíacas como se fosse adrenalina injetada em suas veias. Gilbert não precisava tocá-la para que Anne sentisse seu corpo se render ao dele, pois ele sabia como ganhá-la com apenas seus lábios grudados nos dela.
Essa era a diferença entre dois homens que passaram em sua vida. Um pouco se importara com seu bem-estar, suas necessidades e desejos, roubando para si qualquer satisfação que Anne pudesse ter como mulher ou ser humano. Mas o outro, era pura ternura e companheirismo. A fazia participar de cada momento entre eles, a fazia sentir que ela era a pessoa mais importante, mais amada e desejada do mundo. E essa sensação de ser preciosa para alguém fazia toda a diferença em um relacionamento.
Gilbert gostava de ter Anne assim tão perto, ouvir sua respiração descompassada, a maneira como os dedos dela se perdiam em seus cabelos, e como ela se entregava em cada beijo. Quando foi que ele começou a precisar dela tanto assim? Quando foi que seu coração se entregara tão rápido àquela garota sem que ele percebesse?
Estava apaixonado, mais do que isso, estava totalmente envolvido no sentimento por aquela ruivinha, de forma incrivelmente absurda.
E se voltasse no tempo, ele perceberia que sempre estivera, mesmo antes de saber que era ela a garota do acidente, desde o primeiro dia que a vira e que o desafiara com seus olhos azuis, Gilbert soubera que Anne não era qualquer garota encrenqueira, que apareceu em sua casa alugada para estragar as suas férias.
Ela viera lhe provar que ele era capaz de amar de novo, e dessa vez, alguém que valesse a pena, alguém que o estimulasse, que o fizesse rir das pequenas coisas, que o fizesse sentir a leveza de cada amanhecer, que o fizesse acreditar que a felicidade bateria de novo em sua porta, lhe mostrando que ele a merecia de verdade.
Gilbert desgrudou dos lábios dela apenas porque estava tendo dificuldades para respirar e encontrou o sorriso de Anne, brilhando no rosto dela como se fosse um daqueles dias ensolarados no Havaí.
-Está com fome?- a ruivinha perguntou, assim que Gilbert rolou para o lado e se deitou ao lado dela na cama.
-Depende de qual fome está se referindo. - Gilbert respondeu, deixando Anne automaticamente vermelha, fazendo-o rir.
-Bem, me refiro ao café da manhã mesmo. Está pronto e o trouxe para o quarto.- ela explicou, tentando sair daquela situação constrangedora.
-Você fez isso?- o rapaz perguntou, se sentando na cama automaticamente para se deparar com a bandeja que Anne depositara ali.- Puxa, obrigado. É a primeira vez que alguém me serve café na cama. Normalmente, sou eu quem faz isso.
-Quis fazer algo diferente para você. Espero que goste do sabor.- Anne disse, um pouco nervosa e desejosa da aprovação dele.
-Foi você quem fez ou comprou pronto?- Gilbert perguntou, antes de comer um bolinho de canela.
-Foi sim. Aprendi com minha tia Marilla.
-Deus! Isso está divino. - Gilbert afirmou, comendo outro bolinho com prazer.
-Obrigada. Fiquei com medo que não gostasse. - Anne confessou, sentindo o alívio relaxar seus ombros tensos.
-Já devia saber, Pimentinha. Amo tudo o que você faz.- Gilbert respondeu, limpando o açúcar que sujara seu rosto com um guardanapo de papel.
Pimentinha era um apelido que Anne tinha adorado, principalmente pela maneira como Gilbert o pronunciava. Se tivesse sido dado por outra pessoa, ela logo associaria com a cor do seu cabelo, e não o aceitaria. Mas dava para sentir o carinho que Gilbert colocava na voz quando a chamava daquela maneira, por isso, ela realmente se afeiçoara ao apelido com facilidade.
-Quer fazer uma caminhada na praia? Sei que gosta de se exercitar de manhã. - Gilbert sugeriu, após comer dois brioches, enquanto Anne terminava seu café com leite.
-Não vai surfar hoje?- Anne perguntou, colocando a xícara vazia no pires sobre a bandeja.
-Não. Quero passar o dia com você. O que acha? Vai gostar da minha companhia?- Gilbert perguntou, sorrindo de canto.
- Você sabe a resposta óbvia para essa pergunta.- Anne disse, olhando para o rapaz com humor. Eles estavam fazendo praticamente tudo juntos, então, a pergunta que ele acabara de fazer era totalmente irrelevante.
-Certo. Vou me vestir e saímos daqui a pouco. - O rapaz disse, levantando da cama rapidamente, enquanto Anne ia para o quarto dela vestir um biquíni.
Aquela era praticamente a única roupa que usava ali no Havaí, porque as atividades que fazia em sua maioria, eram ao ar livre e na praia. Era muito bom não ter que se preocupar com o que vestir, pois isso também era uma libertação para ela, que trabalhava em um escritório importante onde passava quase o dia todo usando roupas formais.
Anne encontrou Gilbert na sala e foram juntos para a praia mais próxima. A ideia era nadar um pouco, conversar, almoçar em algum quiosque de frutos do mar e depois voltar para casa só ao anoitecer.
Gilbert fizera todo o roteiro do dia sozinho, o que consistia também em um passeio de barco, se encontrassem um disponível e sem reserva.
Olhando algumas vezes para cima, Anne estranhou o céu. Parecia diferente dos outros dias, mais escuro, com nuvens diversas passeando sobre ele. Como não entendia de meteorologia, apenas podia encarar aquele panorama como normal, pois em sua cidade natal, o céu apresentava diferentes nuances todos os dias, e sabia interpretá-las muito bem, porém ali naquela ilha tudo era diferente.
Eles chegaram na praia que naquele dia estava um pouco mais vazia que o normal e se sentaram na areia, sentindo a brisa do vento tocá-los suavemente.
-Essa ilha parece o paraíso para mim. Nunca estive em um lugar tão mágico assim.- Anne comentou. Sua vida tinha sido tão básica nos últimos anos, que estar no Havaí era realmente a melhor aventura que já vivera.
-Eu já estive aqui antes, mas por razões diferentes e não pude explorar esse lugar como eu desejava. Mas o melhor de tudo, foi ter conhecido você. - Gilbert disse, olhando para o rosto de Anne.
-Mesmo eu sendo tão ranzinza no início?- Anne perguntou rindo, se lembrando de seus primeiros dias na casa com Gilbert.
-Principalmente por isso. Eu precisava de alguém que me tirasse da casca onde me escondi depois do acidente. - Gilbert contou, pegando a mão de Anne e a mantendo sobre o seu coração.
-Foi muito ruim para você?- Anne perguntou, curiosa por saber sobre aquele detalhe, pois Gilbert não lhe dissera nada sobre o assunto.
-Sim. Fiquei um tempo de cama, pois tive uma lesão nas pernas, e os médicos temiam que pudesse se agravar se eu insistisse em caminhar. Como sempre fui uma pessoa ativa, você pode imaginar o caos que isso foi para mim.
-É por isso que vive sua vida como se fosse o último dia?- Anne perguntou, fazendo Gilbert a olhar com curiosidade e a interrogar:
-É assim que me vê?
-De certa forma. Às vezes quando te vejo surfando, parece que existe dentro de você algo que te faz enfrentar o perigo com uma determinação que me surpreende. Queria muito ser como você, ter certeza de quem sou e o que quero. Você é tão forte e determinado. Não parece ter medo de nada e isso é inspirador.- Anne falou de forma tão intensa que fez os olhos de Gilbert se iluminarem ao dizer:
-Você também é forte. Olha para você. Deixou um homem com quem estava prestes a se casar, se recuperou de um acidente quase fatal e viajou para essa ilha sozinha. Precisa de muita coragem para deixar tudo isso para trás.
-Só que ainda não sei quem sou, o que quero para minha vida e para onde estou indo. Tudo isso me apavora de um jeito que você nem imagina.- Anne disse com uma nota de desespero na voz.
- Você já deu um enorme passo vindo até aqui. Dê mais tempo a si mesma. Tenho certeza que vai descobrir o que deseja. E vai ser lindo acompanhar isso de perto.- Gilbert disse, fazendo o coração dela se acelerar. A maneira como ele falara, implicava um relacionamento mais longo do que estavam tendo, e isso a fazia pensar se ele realmente estava pensando em ficar com ela depois do Havaí.
A verdade era, que não poderiam viver ali para sempre. Uma hora, voltariam para casa e ela não queria criar ilusões em sua cabeça que talvez não viessem a acontecer de verdade.
-Quer nadar?- Gilbert perguntou repentinamente, fazendo Anne olhar para o mar e dizer:
-O mar está diferente hoje também. Não parece que as ondas estão maiores?
-Sim, mas acho que não precisamos nos afastar tanto da margem. E não precisa ter medo, estarei lá com você. - O rapaz respondeu, lhe estendendo a mão.
-Está bem.- Anne aceitou o convite sorrindo.
Assim, eles correram para o mar e se divertiram por alguns minutos, brincando um com o outro, trocando alguns beijos rápidos, compartilhando risadas, até que James se aproximou deles e os alertou:
-Se eu fosse vocês, sairia da água e voltaria para casa. Viram a previsão de tempo hoje? Temos uma tempestade se aproximando e parece que vai ser das grandes.
-Não sabíamos. Obrigado por nos avisar.- Gilbert falou, segurando na mão de Anne.
-Por nada. Fiquei sabendo agora também, quando cheguei aqui para surfar. Vamos esperar que não cause muitos problemas.- James disse, antes de caminhar em direção ao carro dele estacionado ali perto.
-Acho melhor irmos para casa.- Gilbert sugeriu.
-Está bem.- ela respondeu, um pouco assustada com as informações que James acabara de dar.
Em Vancouver, nunca tinha presenciado uma tempestade como a que ele descrevera e lhe causava medo pensar, que estava longe de casa e que passaria por uma exatamente no meio do Pacífico. Ela olhou para Gilbert que entendeu sua preocupação e falou:
-Fique tranquila. A casa em que estamos, é bem protegida contra esses fenômenos naturais. Foi a primeira coisa da qual me certifiquei antes de alugá-la.
-Eu sei. É que nunca passei por algo assim.- ela confessou.
-Eu também. Mas quero que saiba que não está sozinha. Vamos passar por isso juntos. - O rapaz acariciou suas bochechas e a olhou com tanto carinho que algo dentro dela se acendeu. Ela o amava, como isso acontecerá? E como não percebera aquilo antes? A forma dele cuidar dela, suas palavras doces e ao mesmo tempo incentivadoras, suas carícias e seus beijos conquistaram seu coração sem que notasse.
-Não precisa ficar tão assustada. Vamos voltar para casa onde vai se sentir mais segura.- Gilbert falou, interpretando errado a forma como Anne o estava encarando.
Ela assentiu com a cabeça, ainda perplexa pela sua descoberta, seguindo Gilbert automaticamente por todo o caminho, até que chegaram em casa e Anne conseguiu dizer:
-Vou tomar banho .
-Eu também. O que acha de fazermos chocolate quente e mais bolinhos de canela? Amei os que fez de manhã e quero aprender a receita.- Gilbert disse, a encarando sorridente.
Ela sabia o que ele estava tentando fazer, e se sentia grata, pois em meio a tempestade que se aproximava e seu sentimento recém descoberto, estava se sentindo totalmente perdida.
-Seria ótimo.- ela respondeu com um sorriso hesitante.
Já em seu quarto, Anne tentou não pensar muito no que descobrira, porque não podia contar aquilo para Gilbert. Ele acabaria se afastando, a vendo como uma louca carente que se apaixonava pelo primeiro que lhe desse atenção. O fotógrafo não precisava saber por enquanto. Talvez um dia dissesse a ele ou nunca falasse, dependendo de como as coisas aconteceriam dali para frente.
Ela tomou um banho rápido e foi para a cozinha ajudar Gilbert, que estava no processo de preparar o chocolate quente. Deste modo, Anne separou os ingredientes para os bolinhos e explicou a Gilbert como fazer a massa e colocar a canela na quantidade certa, e com toda a habilidade, o rapaz modelou um a um, levando-os em seguida para assar.
Quando estavam quase prontos, os primeiros pingos de chuva começaram a cair e logo que levaram os bolinhos já prontos e o chocolate quente para a sala, o temporal já caia furiosamente sobre a ilha
Anne tentou não ficar nervosa, comendo um bolinho devagar e terminando seu chocolate quente, mas quando um raio pareceu cair perto da casa seguido de um trovão que estremeceu toda a casa violentamente, ela deixou a xícara cair no chão com o susto, se estilhaçando em mil pedaços.
-Desculpe, vou limpar essa sujeira que fiz. - ela disse, envergonhada pelo seu descontrole infantil.
-Deixa que eu cuido disso.- Gilbert falou, se levantando do sofá e indo até a lavanderia buscar vassoura e pá.
Assim que ele voltou, a chuva tinha aumentado e a velocidade do vento também. Anne estava toda encolhida no sofá e depois que terminou de retirar os cacos da louça que se quebrara, o rapaz se sentou ao lado dela e a puxou para seus braços, deixando um beijo no topo na cabeça dela.
-Fica calma. Estou aqui.
Anne tentou fazer o que ele dissera, mas não conseguiu. A cada novo raio ou trovão, ela ia ficando cada vez mais apavorada. Ela levantou a cabeça e fitou os lábios de Gilbert, tomando uma decisão que não teria coragem em outra situação, porque precisava acalmar seu medo, enquanto sua cabeça lhe dizia que precisava amar aquele homem antes que tudo se acabasse. Era uma paranoia pensar assim, mas depois do acidente, Anne tinha aquela sensação de que sua vida estava por um fio, por isso, o agora era o que importava e não todo resto.
Os olhos amendoados dele encontraram os seus, como se dissessem que ela podia fazer tudo o que quisesse. Então, ela puxou a cabeça de Gilbert em sua direção e o beijou, suspirando quando a língua dele encontrou a sua.
Ela girou a cabeça para saborear aquele beijo melhor, sentindo as mãos dele em suas costas sobre a blusa de algodão. Anne aprofundou o beijo, querendo sentir a pele dele em suas mãos, assim, ela levou a mão até a barra da camiseta de Gilbert, fazendo o rapaz a retirar de uma vez, ao mesmo tempo em que as mãos dela se perdiam naqueles músculos incríveis.
-Anne?- Gilbert disse, se desprendendo da boca dela por um instante, e ela sabia o que ele queria saber.
-Eu quero te conhecer por inteiro, então, sim, tenho certeza.
O rapaz a olhou intensamente, antes de se levantar a pegar no colo e a levar para o quarto, fazendo Anne se sentir uma princesa de conto de fadas.
Uma vez no quarto, ele a olhou nos olhos mais uma vez, acariciando o rosto dela inteiro, depois deixou um beijo na testa dela, descendo até o nariz, tocando o queixo dela com o polegar e alcançando a boca dela com a dele, arrebatando-a totalmente com um beijo quente.
A blusa dela desapareceu em segundos, enquanto Gilbert distribuía beijos por seu pescoço e colo que pareciam o deslizar de asas de borboletas sobre seda. O sutiã dela foi retirado com gentileza, fazendo com que o peito dela subisse e descesse, e suas mãos agarrassem o ombro de Gilbert com força, quando ele acariciou os seios dela com a língua, um de cada vez.
Devagar, Gilbert esculpiu as curvas de Anne com seus dedos, chegando até o elástico da calcinha dela, a puxando para baixo e se agachando na frente de Anne, até que suas mãos chegassem aos tornozelos da ruivinha, tirando a calcinha do corpo dela de uma vez.
Assim, ajoelhado na frente de Anne, Gilbert olhou para cima, admirando cada parte dela, se encantando mais uma vez com aquelas formas perfeitas, as quais naquele instante poderia tocar o quanto quisesse.
Perdida naquele rosto tão másculo, ela se lembrou das palavras dele em como se sentir venerada, e era daquela forma que se sentia, venerada, desejada como mulher e muito feliz. Pela primeira vez, ia fazer amor com um homem que sabia o que aquele ato significava. Uma comunhão e não uma ação egoísta, feita apenas para satisfazer a vontade de uma das partes.
Gilbert a olhou ainda por alguns segundos, depois, devagarinho, ele distribuiu beijos pelas coxas torneadas, subindo a língua pela parte interna da perna dela até chegar a intimidade da ruivinha completamente molhada e implorando por atenção. O rapaz deslizou os dedos pela abertura, a provocando de um jeito que a fez enterrar as mãos nos cabelos dele para conseguir se manter em pé, pois suas pernas estavam fracas demais.
Quando Anne pensou que ele a enlouqueceria, Gilbert a pegou no colo de novo, a deitando na cama, e depois, ele começou a se despir sob o olhar dela que era puro deleite e desejo, louca para tocar aquele corpo masculino tão lindo.
Assim que Gilbert tirou a última peça de roupa, Anne ofegou ao ver diante de seus olhos a prova do desejo dele por ela. Não trocaram nenhuma palavra, pois se comunicavam com os olhos onde podiam ver exatamente o que cada um estava sentindo.
Ele se deitou na cama ao lado dela e fez Anne ficar sobre o corpo dele. O contato de suas peles era tão gostoso, que a ruivinha não queria nunca mais se separar daquele calor, que a deixava ardendo por dentro e por fora.
Anne viajou pelo corpo de Gilbert, tocando-o em todas as partes, aprendendo a conhecer aquele território que era a fonte de seu desejo há semanas. Ela o ouviu gemer, quando ela chegou no abdômen firme, descendo a mão até o membro masculino que ganhou vida em seus dedos.
Ela o estimulou, observando com satisfação o rosto dele transtornado pelas sensações que as carícias dela provocavam em seu corpo. Quando pensou que Gilbert chegaria ao ápice naquele instante, ele mudou de posição e a fez ficar embaixo dele, encarando o rosto mais uma vez, a adorando com os olhos, tocando seus cabelos como se ela fosse uma joia delicada e de raro valor.
Em seguida, Gilbert a beijou de novo, sugando dela toda a razão, o fôlego e os pensamentos, deixando em seu lugar uma ânsia louca de se entregar completamente e mergulhar naquela paixão irracional que incendiava todas as partes de seu corpo.
Gilbert a provocou ainda mais com seus lábios e mãos, enlouquecendo junto com ela, pois ver aquela garota delirar com seu toque e participar intensamente do ato que estavam fazendo juntos, o estimulava mais do que qualquer outra coisa que já tivesse experimentado.
Quando sentiu que a excitação o levara a seu limite, Gilbert colocou a proteção e a penetrou, sentindo Anne enlaçar com as pernas cintura, o puxando para si e o incitando a ir mais fundo.
Eles começaram a se mover em um ritmo sincronizado, como se tivessem combinado previamente cada movimento, agarrados um ao outro como se nunca mais fossem se largar. No momento final, antes que chegassem ao ápice da paixão, Gilbert sussurrou no ouvido de Anne:
-Sou louco por você.
Então, o êxtase chegou, em ondas gigantescas, deixando a ambos completamente sem fôlego ou raciocínio, exausto e satisfeitos como nunca tinham se sentido antes.
E enquanto a chuva caia lá fora, desabando sua fúria sobre a ilha, dentro de Gilbert, o coração dele parecia ecoar suas batidas mais forte que os trovões e raios riscando o céu, pois descobrira naquele momento de insanidade apaixonada, que amava Anne de verdade, com todas as forças de sua alma.
Olá, capítulo atualizado. Me deixem suas opiniões, pir favor. É muito importante para mim. Beijos e obrigada.
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