Capítulo 13 - O acampamento
Uma semana tinha se passado desde a noite do luau, onde Gilbert e Anne tinham se entendido. Eles não tinham feito nenhum tipo de acordo ou mesmo começado um namoro, mas decidiram dar uma chance para o que estavam sentindo e se conhecer melhor.
Assim, os dias tinham corrido de forma interessante. Ela e Gilbert almoçavam e jantavam juntos, deixando espaço para ótimas conversas e reflexões. O rapaz lhe contara sobre sua infância, a relação forte que tinha com o pai, um repórter esportivo aposentado, e como se apaixonara pela arte da fotografia e se tornara quase uma referência naquela área específica.
Anne não conhecia o trabalho de Gilbert e não se lembrava de ter ido a nenhuma exposição em Toronto, que ele dizia ter organizado. Mas isso não a espantava. Vivera por seis anos praticamente longe das coisas que gostava de fazer para se dedicar ao seu noivo e ao futuro, que tolamente pensara que teria e deixara tudo de lado por um equívoco imenso. Mas as coisas iriam mudar dali em diante. Iria viver tudo o que tinha direito, e nunca mais daria a si mesma motivos para se arrepender.
Em contrapartida, Anne também falou um pouco de si mesma. Embora não tivesse nada extraordinário para contar, ela falou sobre a vida que tivera em Green Gables, convivendo com seus tios que a criaram após a morte de seus pais,a faculdade de administração que escolhera, após um bom tempo de indecisão e a necessidade que sentira de se encontrar, depois do acidente.
Enquanto Anne falava, Gilbert pensava no quanto ela era diferente das garotas que conhecera. A ruivinha parecia mais focada em suas responsabilidades e falava com tanta simplicidade sobre a vida que tivera antes dali, que chegava a ser encantador.
Contudo, ela falara muito pouco do noivo que a traíra, o que o levava a pensar que o cara era um tremendo babaca, sem visão nenhuma da mulher que tinha do lado.
Anne era uma pérola delicada, que precisava ser conquistada, cuidada e amada. Ela era profunda e nem um pouco fácil de desvendar, mas ele estava mais que disposto a surfar aquela onda e descobrir todos os mistérios daquela mulher rara.
-Você se lembra de seus pais?- Gilbert perguntou, tentando imaginar como teria sido sua vida, se tivesse perdido seu pai também.
-Muito pouco. Eles morreram quando eu era pequena, e tudo que tenho deles é um álbum de fotografias que Marilla guardou para mim.- Anne respondeu, sentindo uma pequena fisgada em seu coração. Aquele era um tópico um pouco sensível, porque mexia com um lado seu que sempre sentira que havia um vácuo enorme. Marilla e Matthew cuidaram bem dela, mas não conseguiram suprir a falta que seus pais fizeram em sua vida todos aqueles anos.
-Eu imagino o quanto deve ser difícil para você. Eu perdi minha mãe quando era pequeno também, mas tive meu pai que deu o melhor de si para que eu tivesse uma infância normal. É óbvio que não substituiu a importância que minha mãe teve em minha vida. Entretanto, amenizou bastante sua ausência. - Gilbert explicou, a olhando com certa compaixão que a deixou desconfortável.
Nunca falava desse assunto com ninguém, nem mesmo suas amigas desconfiavam que ela se sentia daquele jeito. Talvez fosse isso que a tivesse feito se apegar tanto a Mike. Sua necessidade de se sentir amada a cegara para todo o resto, e aceitara as migalhas que ele lhe dava, pensando que era exatamente aquilo que merecia.
-Foi difícil sim. Mas com o tempo fiquei bem.- Anne respondeu louca para deixar aquele assunto de lado. A magoava e mostrava demais sua fragilidade em questão de emoções, e não queria que Gilbert soubesse como ela de fato era por dentro, pois confiara demais em alguém uma vez que se aproveitara de seus sentimentos e tinha dificuldade de se mostrar completamente para alguém de novo.
-Acho que esse tipo de coisa marca alguém para sempre, mas precisamos seguir em frente, não é? - Gilbert disse, percebendo no ato, a relutância de Anne em querer falar sobre o assunto.
E assim, a conversa tomou outro rumo mesmo perigoso ou profundo, e Anne admirou a capacidade de Gilbert de mudar de assunto, sem deixar que a intensidade do momento diminuísse.
Ele era um homem interessante e também divertido, e logo Anne se viu envolvida naquele charme, que parecia chamá-la para perto, mas também a assustava, pois nunca tinha conhecido um homem que a atraísse tanto com apenas um sorriso.
Conhecê-lo melhor estava sendo um processo bastante prazeroso, mas ela tinha o cuidado de manter seu coração a salvo. Não queria se apaixonar ou se envolver demais, por isso, tinha consciência que aquilo não iria durar quando saíssem dali. Gilbert tinha uma vida intensa e cheia de modelos ao seu redor, como ela poderia confiar que com aquela facilidade, o rapaz não cometesse deslizes futuros?
Desta forma, Anne entendeu que o que vivesse naquela ilha ao lado dele, deveria ser deixado para trás quando voltasse para casa, pois as chances de ela e Gilbert levarem aquilo adiante era muito pequena.
Ainda assim, Anne permitia que a aproximação entre eles fosse maior naqueles dias e em muitos momentos, principalmente naqueles em que pareciam ser mais especiais, ela não se esquivava quando Gilbert segurava em sua mão ou fazia um carinho em seus cabelos, pois se sentia como um animalzinho abandonado e carente do mínimo que fosse de atenção.
Não tinham se beijado novamente e Anne entendia que com isso, Gilbert estava lhe mostrando que podia confiar nele, pois ele jamais se aproveitaria da situação se ela também não desejasse o mesmo que ele.
Isso a deixava mais tranquila em relação a como deveria agir com ele dali para frente, pois pensara que depois do que conversaram,Gilbert se sentiria livre para tentar uma aproximação íntima com ela, mas o que ele vinha fazendo era dar-lhe carinho, um ombro para chorar se quisesse, e uma amizade com a qual poderia contar quando precisasse.
Isso era bom em todos os aspectos, porque a fazia se sentir mais à vontade para ficar em companhia dele e também lhe dava tempo para conhecê-lo melhor.
-Vou para a praia. Você vai também?- Gilbert perguntou, ao entrar na sala e encontrar Anne no meio de uma leitura de um romance que tinha nas mãos.
-Talvez eu vá daqui a pouco.- Anne respondeu, desviando o olhar do capítulo que estava lendo para fixá-lo em Gilbert.
Ele estava lindo, e não que isso fosse uma grande surpresa, porque a beleza dele era igual todos os dias. Contudo, nas últimas semanas, o rapaz tinha adquirido um bronzeado tão intenso, que tocar aquela pele dourada estava se tornando um de seus fetiches proibidos.
-Vou te esperar lá então. Até daqui a pouco.- ele disse, saindo da sala enquanto Anne pensava se estava mesmo disposta a enfrentar aquele calor todo.
Estava amando passar aquele tempo no Havaí, entretanto o calor estava se mostrando o pior inimigo das ruivas. Ela ficava vermelha demais e transpirava em excesso, o que dificilmente aconteceria em Toronto. Sua pele não bronzeava, e apesar de abusar do protetor solar, ela acabava sempre queimada demais em algum ponto específico do corpo, e em especial, seus ombros.
Porém, pensar em ver Gilbert surfar era um imenso incentivo, e não podia deixar aquela oportunidade passar. Assim, ela foi para o quarto, vestiu um biquíni que ainda não usara e se aventurou ao sol daquela manhã que se apresentava incrivelmente brilhante.
Ela estendeu a toalha de frente para o mar, ajeitou o chapéu de palha na cabeça e pegou o protetor solar na bolsa, o qual começou a aplicar sobre seu corpo imediatamente. Quando estava tentando alcançar a parte das costas, ela ouviu a voz de Gilbert em seu ouvido:
-Deixa que eu passo para você.
Anne concordou, mas começou a ficar tensa, cada vez que sentia as mãos de Gilbert aplicar o produto em alguma parte de seu corpo. Ele fazia movimentos lentos, se aproximando de áreas perigosas que a faziam prender a respiração e tentar disfarçar sua reação. Quando ele terminou, e lhe entregou o tubo do produto, ela disse, sem sequer olhar para ele:
-Obrigada.
-Por nada. Se precisar de mim, saiba que estou sempre por perto.- Gilbert respondeu, fazendo um carinho em seu ombro, deixando um beijo no topo de sua cabeça e correndo com a prancha em direção ao mar.
Tudo foi tão rápido que ela não teve tempo de processar. Não viu de onde ele tinha surgido e nem como soubera que ela estava ali, mas era boa a sensação de que Gilbert estava cuidando dela.
Então, ela o observou como no outro dia, vencer as ondas com sua habilidade magnífica de se manter sobre elas por alguns minutos, sem cair.
Quando Gilbert se cansou da brincadeira, ele voltou para a areia e no mesmo instante, foi abordado por Jéssica que não perdeu tempo em jogar seu charme sobre ele.
Anne viu quando a garota foi se aproximando dele e colocou as duas mãos no peito do rapaz, enquanto conversavam. Aquela cena deixou a ruivinha zangada, que se levantou de onde estava, e caminhou até o casal, sentindo seu rosto queimar de indignação. Estava na hora de acabar com aquela situação, pois mesmo que Gilbert e ela não tivessem nada sério, não ia deixar que outra garota se esfregasse nele na sua frente.
Assim que se aproximou do casal, ela afastou as mãos da garota do corpo de Gilbert, o enlaçou pelo pescoço e pressionou seus lábios nos dele, que devorou a boca dela em poucos segundos em um beijo que fez Anne colar seu corpo no dele, enquanto Gilbert a abraçava pela cintura.
O gesto de Anne foi completamente inesperado para Gilbert, mas amou a maneira como ela não parecia se importar por estarem ao ar livre e beijando-o sem nenhum pudor. Quando se afastaram, ele manteve a ponta do nariz grudado no dela, acariciando o queixo dela devagar, enquanto um sorriso se formava nos lábios masculinos.
Anne sentiu alguém tocar seu ombro, e ao se virar, viu que era Jéssica que lhe perguntou com as mãos na cintura e a expressão do seu rosto extremamente zangada:
-Você me disse que não estavam juntos.
Anne abriu a boca para responder, mas Gilbert respondeu no lugar dela:
-Acho que Anne não lhe deve nenhuma explicação.
-Está querendo dizer que ela tem direitos sobre você?- Jéssica perguntou, arrebitando o nariz com petulância.
-No que me diz respeito, Anne tem todos os direitos sobre mim.- ele respondeu, surpreendendo até a ruivinha que virou o rosto em direção a ele, tentando entender se ele falava sério.
Jéssica não disse mais nada, saiu pisando duro e deixando Anne e Gilbert sozinhos. Logo que percebeu que a garota estava longe, Gilbert perguntou, ainda com Anne em seus braços:
-O que deu em você?
-Achei que já era hora de colocar essa garota no lugar dela.- Anne respondeu, corando com os olhos de Gilbert grudados nos seus.- Me desculpe se atrapalhei alguma coisa.
-Você não atrapalhou nada. Adorei sua atitude e se sinta livre para agir assim quando quiser.- Gilbert disse, sem tirar os olhos dos lábios dela.
-É melhor eu voltar para minha toalha. - Anne disse, sentindo seu corpo esquentar perigosamente. Gilbert a fazia ter vontade de fazer coisas, as quais nunca se atrevera e isso a assustava terrivelmente.
-Ei, que tal surfar comigo? Prometo que não vai ser como as últimas vezes.- Ele a convidou, não desejando que ela se afastasse dele ainda.
-Eu não sei. Acho que não tenho muito jeito para isso.- Anne respondeu, sentindo arrepios em sua coluna quando as mãos de Gilbert subiram devagar por suas costas.
-Vamos, Anne. Não vou me afastar de você. Se não se sentir bem, te trago de volta para terra firme.- Gilbert tentou convencê-la mais uma vez. Estava tão confortável com ela em seus braços que não queria que aquela sensação fosse embora tão cedo.
-Está bem, mas vai me prometer que não vai sair de perto de mim. Não quero ficar sozinha no meio do mar.- Anne respondeu, sentindo o coração socar seu peito quando Gilbert deixou um beijo na ponta do seu nariz.
-Nós vamos na mesma prancha. - ele declarou, como se aquilo fosse algo que fizesse todos os dias.
-Não é perigoso?- Anne perguntou, franzindo a testa.
-Não se preocupe. Confie em mim e vai ver que não tem nada a temer.- Gilbert afirmou, para em seguida segurar na mão dela e a puxar para a água.
Antes de entrarem, ele deu a Anne algumas coordenadas para que ela se sentisse segura, e logo, a ruivinha estava em cima da prancha e com Gilbert segurando sua cintura com força, até que ela se sentiu segura para ficar em pé sozinha.
Durante todo o processo, Anne caiu algumas vezes, porém, Gilbert estava lá com ela, e a ruivinha perdeu a conta de quantas vezes o rapaz tivera que ajudá-la. Mas cair no meio do mar não fora tão perturbador quanto sentir as mãos de Gilbert em sua pele.
O toque dele era seguro e nada malicioso, mas mesmo assim, ela não conseguiu reprimir as reações de seu próprio corpo. Era difícil não sentir aquela atração que a estava empurrando em direção a ele. Às vezes, queria se afastar de Gilbert tanto quanto queria ficar próxima dele, porque sentia que poderia facilmente se tornar refém do próprio coração.
Em vários momentos, Gilbert apoiava as costas de Anne em seu peito, e o perfume daqueles cabelos pareciam comandar seus sentidos. Estava cada vez mais fascinado por aquela garota intensa. Ela chegara arrasando com seu primeiro dia naquela ilha, e o fizera pensar em como suportaria o dia a dia ao lado de alguém tão estressante, e descobrira com o passar do tempo, que Anne era como o pôr do sol no Havaí, cheia de nuances impressionantes.
Depois de um bom tempo dentro da água, Gilbert decidiu que Anne já tinha tido lições de surf suficientes para aquele dia, por isso, quando sugeriu que voltassem para a praia, ela concordou prontamente, pois tinha sido muito divertido, mas estava extremamente cansada.
-O que achou?- Gilbert perguntou, a ajudando caminhar até a areia.
-Foi divertido, mas ainda acho que não é para mim.- Anne respondeu com um sorriso inibido.
-Você se saiu muito bem. Precisamos praticar mais vezes. Quem sabe assim, você não adquire gosto por esse esporte.
-Acho que ainda me saio melhor no tênis. - Anne respondeu, pegando a toalha que trouxera para a praia.
-Tênis é esporte de pessoas sofisticadas.- ele disse em tom divertido.
-Está me chamando de metida, Blythe?- Anne perguntou, sorrindo e com as mãos na cintura.
-Então, estaria me chamando assim também, porque eu pratico tênis em Toronto.
-Pensei que só gostasse de surfar.
-Tem muitas coisas que precisa descobrir a meu respeito, principalmente que adoro um bom desafio.- Gilbert contou, lançando um olhar a Anne que a fez entender na hora de qual desafio ele estava falando.
Preferindo ignorar a insinuação do rapaz, Anne perguntou:
-Estou com fome. Que tal se fôssemos para casa almoçar?
-Ótima ideia. Também estou com fome. Mas antes queria te perguntar algo. James me convidou para ir acampar mais tarde, e como será uma atividade de casais, gostaria de ir comigo?
-Está me convidando para ir como amiga ou seu par?- ela perguntou, esperando pela resposta dele com certa ansiedade.
-Como quiser ir. Mas vamos ter que dormir na mesma barraca - Gilbert a avisou e Anne se perguntou se estava pronta para aquele passo. Mas logo em seguida, decidiu aceitar, pois se não saísse de sua zona de conforto, nunca viveria outras experiências e vivera para o Havaí justamente para isso.
-Tudo bem. Eu aceito.- ela respondeu, fazendo Gilbert sorrir e dizer:
-Agora podemos almoçar. - e segurando a mão de Anne, a levou direto para casa.
Eles saíram de casa no fim de tarde, e foram em grupos até um outro lugar ali no Havaí, que possuía uma praia quase que particular. Anne ficou aliviada por ver que entre os casais que iriam para aquele acampamento, Jéssica não se encontrava.
Queria aproveitar aquele passeio com Gilbert, sem ter que dividir a atenção do rapaz com ninguém. Não que tivesse algum direito de reclamar sobre alguma coisa. Ela e Gilbert estavam no início de algo que não sabia até onde poderia ir, contudo, já se interessava por ele o bastante para não gostar da maneira como Jéssica tentava se aproximar do rapaz.
Anne ajudou Gilbert a montar a barraca, e depois, colocando um biquíni, ela foi se juntar ao pessoal naquele fim de tarde na beira da praia.
Eles tinham feito uma fogueira e alguém tinha levado um violão e começara a tocar uma música popular. Gilbert estava no comando de uma churrasqueira em companhia de James, que tinha levado uma garota simpática como companhia.
O jantar servido consistia de carne assada, salada e hambúrgueres. Anne fez seu prato e enquanto comia, ela conversava com as outras garotas que tinham ido para o acampamento com seus namorados.
Gilbert veio se juntar a ela um tempo depois, e logo que Anne terminou de comer, ele a convidou para dar uma volta pela praia.
De mãos dadas, eles andaram por algum tempo, até que encontraram um lugar específico e se sentaram para observar o mar e conversar.
-Está gostando do acampamento?- Gilbert perguntou.
-É a primeira vez que faço isso em muito tempo, e sim, estou gostando muito.- Anne respondeu, encarando o rosto do rapaz.
-Nunca acampou com seu ex?- ele perguntou novamente, pois como Anne nunca falava muita coisa sobre seu passado, o rapaz esperava ir descobrindo as coisas aos poucos e juntar o quebra cabeça que lhe dariam pistas sobre como Anne era e se sentia por dentro.
-Mike nunca gostou de praia ou qualquer coisa que estivesse longe do conforto que ele adora. Ou talvez tenha sido apenas comigo que ele se sentisse assim, preso a obrigações que o afastavam da vida que queria ter.- Anne respondeu com uma pequena amargura na voz.
-Não deve pensar assim. Se Mike não conseguiu valorizar a mulher que tinha do lado, então, ele realmente não olhou para você devidamente. - Gilbert disse, tocando o rosto dela devagar.
-Passei muito tempo, fazendo de tudo para agradá-lo, esquecendo de quem eu era ou o que importava para mim. No fim, isso não adiantou muito, não é?- Anne comentou com a voz triste. Ainda era difícil encarar aquela verdade, pois fizera de tudo para ser para Mike a mulher perfeita, e ele jogou todo o seu esforço no lixo, indo buscar sua satisfação em outro lugar.
-Não deve se anular por ninguém, Anne. Se uma pessoa não consegue te aceitar como é, então, essa pessoa não serve para estar em sua vida. - Gilbert constatou, fazendo Anne perceber que ele tinha razão.
-Acho que está certo. Fui uma idiota por permitir que Mike controlasse cada mínimo sentimento meu. Ele me convenceu a pintar o cabelo de loiro, pois achava o vermelho vulgar.Ele escolhia minhas refeições, as roupas que eu devia vestir e me dizia como devia me comportar. Sinto como se tivesse me tornado um robô, programado para agradar a uma pessoa, menos a mim mesma.
-Acho que deve esquecer tudo isso, Anne. Agora está livre para ser o que quiser, fazer o que mais gosta e amar quem desejar. - Gilbert falou, e Anne assentiu em silêncio, enquanto o rapaz pensava em tudo o que ela acabara de lhe contar.
Agora entendia porque Anne era tão arisca quando ele tentava se aproximar. Ela tinha medo de ficar emocionalmente dependente de alguém de novo e no final ser rejeitada e trocada por outra pessoa. Seria uma batalha difícil conquistá-la, mas as coisas que valiam a pena eram também as que mais exigiam esforço e disposição, e para ele, Anne valia muito a pena, por isso, lutar por ela, seria um enorme prazer.
Eles voltaram para junto dos outros casais e passaram muitas horas divertidas com boa comida e boa conversa, e foram para a barraca, quando uma chuva tropical começou a cair.
Anne trocou seu biquíni por um pijama curtinho e quando Gilbert se juntou a ela, já se sentia um pouco sonolenta. Assim, ele colocou uma calça de pijama, dispensou a camisa e se deitou ao lado dela no saco de dormir.
-Adoro a chuva.- Anne disse, deixando que seus ouvidos se deleitassem com as gotas batendo suavemente sobre o teto da barraca.
-Eu também e aqui no Havaí, chuvas tropicais são muito comuns. Amanhã acordaremos com o sol brilhando novamente.
-Sim, mas momentos assim não te dão vontade de fazer milhões de coisas? Sempre penso em bolinhos e café quente na casa dos meus tios em noites assim.- Anne confessou, sorrindo ao se lembrar das duas entre as poucas pessoas que a amavam de verdade.
-Sim, me dão vontade de fazer diversas coisas, mas só consigo pensar em uma nesse momento.- o rapaz confessou e como Anne não disse nada, ele desceu a ponta do nariz pelo rosto dela, passando pelas bochechas e parando nos lábios, enquanto às mãos dele traçavam as linhas do rosto dela.
Com a pouca iluminação que tinham ali e o barulho dos pingos de chuva caindo lá fora, o ambiente parecia mais íntimo e romântico. Gilbert aproveitou aquele momento para observar a garota ao seu lado, explorando detalhadamente todo o rosto dela, sentindo a maciez da pele dela na ponta de seus dedos. Quando o polegar do rapaz começou a acariciar de leve o lábio inferior de Anne, ela sentiu seu coração disparar.
-Blythe, o que está fazendo? -Anne perguntou, sentindo a sua cabeça girar com a possibilidade de Gilbert beijá-la dentro da barraca
-Estou te namorando - Gilbert respondeu, girando o corpo e o posicionando sobre o dela.
-Então essa é sua ideia de namoro?- Anne perguntou, sorrindo com leveza.
-Existem muitas formas de namorar alguém, e quero experimentar todas elas com você.
E quando Gilbert uniu suas bocas, fazendo Anne suspirar, ela descobriu que queria experimentar todas as formas de namoro com ele também.
Olá, pessoal. Para quem curte essa fic, aqui está mais um capítulo postado. Espero que gostem e me digam se estão gostando do rumo que a história está tomando. Obrigada por lerem. Beijos.
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