Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

Capítulo 9


  ═════ ∘◦ ミ⛧ ◦∘ ═════         


1942


O AMANHECER NO ACAMPAMENTO ERA SEMPRE SILENCIOSO, já que todos se colocavam de pé quando ainda estava escuro e faziam o café da manhã quando os primeiros raios de sol iluminavam o céu. Era geralmente um amanhecer quieto e frio, porque todos sentiam falta de sua casa, da família e principalmente de comida e papel higiênico -duas coisas raras durante a guerra.

Mas o silêncio se dava mais precisamente quando a maioria estava ocupada lendo as cartas que chegavam de manhã uma vez a cada duas semanas. As cartas de saudade, esperança e amor que aliviavam um pouco a pressão pela qual todos passavam.

Em uma manhã como essa, Violet saiu de sua tenda, do uniforme de combate só tinha vestido a calça de cintura alta e as botas. Não se preocupou em elaborar os cachos icônicos da época, só deixou os cabelos presos em um rabo de cavalo e parou na entrada da tenda fechando os olhos enquanto os primeiros raios da manhã tocavam sua pele.

— Bom dia, Stark. — A voz cortês de Peggy Carter entoou quando ela parou na frente da tenda de Violet. Peggy tinha alguns envelopes na mão e Violet observou enquanto ela procurava deliberadamente por um. — Tem uma carta pra você, é de Howard. — Ela encontrou o envelope que já parecia bem gasto e o entregou à Stark.

— Obrigada, Peggy. — Ela disse observando a carta na mão. — Queria que fosse uma carta dizendo que faço falta, mas você sabe... Meu tio só sabe falar de negócios.

Peggy sorriu e então olhou para a pilha que segurava.

— Bem, se tem alguém que está matando alguém de saudade, essa pessoa é James. — Carter declarou franzindo a cenho enquanto lia o nome do destinatário das cartas.

— Quer dizer Bucky. — Violet corrigiu de forma automática. Ele detestava que o chamassem de James, na verdade só deixava que Violet o chamasse assim. Ver Peggy dizer o nome dele causou um certo desconforto que a Stark não soube explicar, porém Peggy não percebeu.

— Eu procurei por Bucky em todo o acampamento, alguns disseram que ele estava vindo em direção à sua tenda. — Carter disse olhando ao redor como se talvez Bucky pudesse estar por perto.

— Que estranho. Ainda não o vi hoje. — A Stark também olhou ao redor procurando por qualquer sinal dele. Então seus olhos caíram na floresta que se estendia por trás do acampamento e ela soube que ele estaria lá.

— Bem... Será que você poderia ficar com as cartas e entregar a ele quando o ver? — Peggy sorriu. — Ainda não tomei café.

— Claro. — Respondeu a Stark recebendo uma pilha de cartas nas mãos.

— Obrigada, Vi. — Peggy começou a andar em direção ao acampamento. — Vou guardar uma panqueca para você.

Violet sorriu. Ela adorava panquecas.

Com a pilha de cartas, Violet saiu do perímetro do acampamento e adentrou na floresta. Era inverno, mas a época de nevascas e geadas havia passado. Agora as árvores estavam secas e sem cor, parecia que todos os galhos e folhas se inclinavam desesperadamente na direção do sol, como se estivessem morrendo de saudade do calor.

Bem, Dolores também parecia estar morrendo de saudade de Bucky a julgar pela dezena de cartas. Violet checou e todas eram da mesma remetente Dolores. Ela contou quantas cartas eram no total enquanto sua bota andava pelo solo irregular da floresta. Às vezes olhava para o chão para se certificar de que continuava seguindo as pegadas de Bucky.

Mais à frente o solo se elevava em uma subida, lá em cima havia uma enorme rocha sob a sombra de um carvalho. Há poucos metros de distância era possível ver Bucky sentado na rocha, vestia a calça e botas de combates e uma camiseta branca que de alguma maneira destacava bem a cor de sua pele e os olhos azuis.

— Sargento Barnes. — Chamou Violet cruzando as mãos atrás das costas em uma posição de reverência.

— Vi! — Ele exclamou com a voz baixa, mas o rosto se preencheu com um sorriso. Ele inclinou a cabeça na direção dela, o cabelo úmido e escuro dele se moveu. — Chegue mais perto.
Ela tomou distância, correu levemente e saltou batendo o pé no carvalho para tomar impulso. Subiu na elevação do terreno com maestria e sem dificuldade. Quando ela se sentou na rocha ao lado de Bucky, ele parecia encará-la com um brilho nos olhos silenciosos.

Olhando-o de perto agora Violet podia sentir o cheiro fresco de sabonete, café e colônia, o cabelo úmido indicava que ele havia tomado banho há pouco tempo.

Ele a olhou nos olhos e Violet desviou o olhar para as cartas que estava segurando e entregou a pilha para Bucky.

— Estavam te procurando para entregar isso. — Ela explicou enquanto ele olhava cada envelope rapidamente. -Dolores parece realmente sentir sua falta. Pela quantidade de cartas, parece que deixou de respondê-la.

— Deixei... E lamento por isso. — Ele disse abrindo o que pareceu ser o envelope mais novo e recente. -Expliquei a ela que não daria certo. Não poderia me comprometer com ela, mas pelo visto ela quis insistir.

Ele começou a ler a carta em silêncio e Violet se sentiu extremamente desconfortável como se estivesse de intrusa em um momento privado. Quando fez menção de se levantar, Bucky tcou o pulso dela a impedindo de sair.

— Aonde vai?

— Achei que iria querer ficar sozinho para ler as cartas.

Então ele deixou a pilha de envelopes de lado e a olhou soltando-a.

— Não. — Disse em um tom solene. -Fique comigo.

Fique comigo. Duas palavras que era um pedido silencioso que eles entendiam bem, significava fique comigo e eu me sentirei melhor.

A Stark hesitou por um segundo, mas afirmou com a cabeça e voltou a se sentar.

— Mas se você começar a chorar com o coração partido, vou ter que marcar uma festa do pijama com Peggy e preparar sorvete para ouvir os seus lamentos. — Ela disse brincando quando um raio de sol passou pelos galhos do carvalho e atingiu o rosto de Bucky. Ele riu como se a provocação fosse a mais engraçada que ele já tinha ouvido e inclinou a cabeça apoiando as mãos na rocha tomando sol.

— Não estou de coração partido, estou aliviado. — Confessou Bucky. — Não estava certo antes, pelo menos agora estou menos errado do que antes.

Violet Stark encarou Bucky pensativa, não conseguia entender ao que ele estava se referindo especificamente. Então chutou:

— Não estava apaixonado antes, mas agora encontrou uma garota bacana. É isso?

— Uma garota bacana... — Ele repetiu e então semicerrou os olhos enquanto encarava Violet e sorriu. Um sorriso secreto que ele dava quando guardava um segredo. — Talvez. Mas e você, encontrou o cara bacana?

Ela pensou em Steve e depois em Peggy. Na decisão que havia tomado ao ver eles dois dançando pelo acampamento. Steve não seria dela e ela deveria então seguir em frente.

— Estamos em uma guerra, não tenho tempo para romance. — Declarou Violet.

Bucky sorriu aceitando que conquistar aquela garota seria um desafio. Bucky Barnes adorava desafios.


Atualmente

As semanas passavam e Violet Stark conseguiu estabelecer uma rotina saudável em meio aos Vingadores. De manhã cedo ia treinar com Natasha e Clint, mas às vezes era preciso atividades mais desafiadoras. Aos poucos ela conseguia compreender melhor suas habilidades. No meio da adrenalina sabia que seus olhos ficavam na cor violeta e que isso era algum tipo de ativação do seu organismo. Sabia também que super excitação de seus neurônios era o que na maioria das vezes causava os seus surtos.

Agora sabia como moderar melhor a força e controlar a raiva quando tinha lampejos de seus traumas no meio de uma luta.

À tarde sempre ficava com Tony na oficina, mas na maioria das vezes ele tinha negócios para administrar fora e deixava Violet encarregada do que poderia ser cuidado dentro da Torre. Ajudava ela a trabalhar melhor as funções cognitivas e resgatar o lado cientifico e tecnológico de sua personalidade. E além disso, aproximava ela e Tony, quase como verdadeiros primos.

No final de todas as noites ela ia até o quarto de Wanda Maximoff e compartilhava com ela o que aprendeu durante o dia. Wanda checava sua mente tentando resgatar as memórias de Violet, monitorando-a para saber se em algum momento ela não quebraria de vez. Às vezes Wanda conseguia fazer Violet se lembrar de coisas pequenas como qual a cor favorita de sua mãe, qual a comida que Violet detesta e com quantos anos andou de bicicleta pela primeira vez.

Em alguns raros momentos e nos dias mais difíceis, Wanda trazia à tona as memórias de tortura. A Feiticeira não conseguia visualizar a mente da Stark por completo, era como espreitar pelo buraco da fechadura. Mas toda vez que alcançavam esse tipo de memória, Violet tinha um surto violento.

Não era como os outros surtos em que ela quase matava todo mundo. Nesses em específicos, Violet mordia os lábios e enterrava as unhas na palma das mãos até sangrarem, então ela se contorcia em uma convulsão nervosa.

Em uma noite Visão entrou no quarto de Wanda atravessando a parede e se deparou com ela tentando trazer Violet de volta à consciência.
Quando Violet acordou na cama de Wanda, a Feiticeira e Visão estavam aliviados. Violet se sentou sentindo a cabeça girar e doer violentamente.

— Vou chamar o Steve. — Declarou Visão se colocando de pé. Ele passou a usar roupas normais e sociais, mas em um estilo muito culto que ainda assim o faziam parecer mais humano. A joia amarela pulsante brilhava em sua testa.

— Não. — Pediu Violet estendendo a mão para ele. — Por favor, não chame ele. Eu estou bem. — Ela se virou para Wanda que ainda parecia atônita e preocupada. — Estou bem, Wands. Eu quero... quero tentar de novo.

— Está louca? — Ela piscou indignada balançando a cabeça. — Encontrei um bloqueio muito forte em sua mente, tentei quebrá-lo e você... Você começou a se machucar e apagou. — Ela olhou para as próprias mãos e depois para as mãos de Violet. — Eu senti a sua dor. O bloqueio ainda está muito forte.

A Stark se sentou e segurou as mãos de Wanda de forma determinada.

— Eu confio em você. Faça.

A Stark semicerrou os olhos, estava disposta e decidida. Wanda não pode negar, sabia o desespero e empenho que ela tinha para recuperar sua vida e decidiu ajudá-la. Mas se algo acontecesse, chamaria Steve mesmo que Violet se recusasse a isso.

Uma névoa vermelha envolveu a consciência de Violet em um abraço violento. Sangue pingou de seu nariz, os olhos acenderam numa cor violeta e ela gritou quando a lembrança veio à tona.


1942

Era difícil dizer se era dia ou noite, Violet não conseguia mais arranhar as paredes para continuar a contagem dos dias, as unhas já haviam caído. Também já não era mais possível fazer a contagem de acordo com o horário em que suas refeições eram servidas, depois que a série de experimentos começou, ela não conseguia ficar acordada ou focada por muito tempo. Às vezes só acordava depois de ouvir os gritos do homem que ficava na sela ao lado.

As luzes foram acesas, a jovem protegeu os olhos com as mãos. A claridade machucou no início e aos poucos a visão foi se acostumando. Piscou algumas vezes e quando seus olhos se focaram na porta de entrada, Violet conseguiu ver o Dr. Arnim Zola e outro homem alto, careca com cicatrizes no rosto, mas o que tinha mais destaque era o tapa-olho no olho direito.

— Bom dia, senhorita. — Saudou Zola entrando na sala com uma mesa móvel. Colocou a mesa no canto da sala enquanto o homem alto e careca se aproximou dela.

— Senhorita, este é o Barão Von Strucker. — Anunciou Zola em um tom cheio de orgulho e respeito. -Ele tem supervisionado nosso progresso e estava ansioso para conhecê-la.

O Barão tocou o rosto de Violet segurando-a pelo queixo. Ela torceu as algemas no pulso numa tentativa inútil de se afastar dele.

— Uma Stark. — A voz de Strucker era grave e rouca. — Uma preciosidade.

Violet respirou fundo e cuspiu toda saliva que podia na cara de Strucker.

O Barão endureceu a expressão e a mão dele que a segurava pelo queixo passou para o pescoço em uma ameaça silenciosa ele apertou obstruindo por alguns instantes o ar em seus pulmões.

Violet não conseguia respirar, seu rosto estava ficando com uma coloração intensamente vermelha. Mas em nenhum segundo o olhar dela vacilou, deixando bem claro que o encararia até a morte.

Então Strucker a soltou, o corpo dela vacilou quando os pulmões conseguiram a primeira arfada de ar. O Barão riu e a segurou pelo cabelo.

— Essa é rebelde. — Ele riu olhando para o Dr. Arnim Zola enquanto torcia os longos cabelos escuros de Violet nas mãos. — Mas vamos torná-la uma cadente obediente.

Zola sorriu como se aquilo não fosse nenhum um pouco desumano.

— Não é bom que ela continue com esse cabelo comprido, não vamos dar ao inimigo uma maneira de pegá-la. — Strucker a soltou e A. se aproximou com a máquina elétrica. — Raspe tudo.

Zola segurou os cabelos de Violet, eles haviam crescido bastante desde que ela entrara para o Howlling Commandos, eles passavam dos ombros como grandes ondas castanhas. O Dr. Zola ergueu a tesoura e os aparou sem cuidado e prática.

Violet não olhou para os fios que caíam, seus olhos continuavam focados em Strucker.

Dr. Zola voltou à mesa de utensílios e pegou a máquina elétrica, quando ele se aproximou, a Stark se retorceu na cadeira tentando se afastar. Strucker balançou a cabeça mostrando que desaprovava o comportamento dela.

— Você é uma jovem ousada, já deixou claro que não teme a morte. — O Barão caminhou ao redor da cadeira dela e voltou a parar em sua frente. — Mas tente não se rebelar tanto. Pra cada má ação sua, torturamos o homem da cela ao lado.

Violet franziu o cenho lembrando-se dos gritos escoando pelas paredes.

— Mostre um pouco de compaixão ao próximo e se comporte. — Barão von Strucker caminhou até a porta e a abriu. — Afinal, quem está na sela ao lado é James Buchanan Barnes.

Strucker fechou a porta antes que o grito de fúria dela alcançasse os seus ouvidos.


Atualmente

Depois do choque inicial, todo o resto foi uma confusão de dor. Violet gritou, Visão hesitou, mas Wanda se mostrou no controle e conseguiu acalmá-la em poucos segundos.

A Stark relaxou e Wanda pode ver alguns flashs da memória que ela estava revivendo contornada pela névoa vermelha dos poderes da feiticeira.

Wanda conseguiu ver e sentir o momento de torturas, sentia os gritos como se tivessem saído de sua garganta e quando terminou, Violet tombou murmurando um "valeu, vou guardar uma panqueca pra você", o que não fez o menor sentido.

Visão checou o pulso e níveis hormonais de Vi e quando achou que era satisfatório, se retirou atravessando a parede novamente. Wanda cobriu a outra e deixou que ela dormisse no seu quarto aquela noite. Lembrou-se que depois da morte do irmão Pietro, não havia divido o quarto com ninguém e sentiu um curioso alívio da solidão ficando feliz com a companhia da Stark, por mais que aquilo tivesse parecido com uma festa do pijama macabra marcada por horrores da segunda guerra.

No dia seguinte quando Wanda levantou, Violet estava preparando o café e realmente serviu panquecas. Ela parecia bem, pensou a feiticeira, pelo menos não tinha sangue escorrendo do nariz.

— O que você vai fazer hoje? — A Stark perguntou enquanto despejava café na xícara de Wanda. -Você sabe, além de salvar o mundo e etc.?

A outra franziu a testa, pegou a xícara e o café preto combinava com o esmalte e boa parte da roupa de Wanda.

— Nada. Por quê?

— Hum. — Violet parou pensativa. — O que garotas do século 21 fazem para se divertir?

Wanda a olhou segurando a risada.

— Saem pra beber, ficam com os rapazes, passam à noite em festas e...

Violet fez uma careta para tudo que ela citou.

— Fazem compras...? — Sugeriu Wanda.

— Legal! Vamos até a costureira! — A Stark sorriu se sentando.

— Não, Vi! -Exclamou Wanda. — Não é de costume encomendar roupas nesse estilo. É pra isso que usamos o shopping, lembra?

Violet riu e tomou um gole do café.

— Acha que eu não sei o que é um shopping? Estava brincando com você. — Ela respondeu. — Não estou tão caduca assim.

A feiticeira somente balançou a cabeça e não comentou que "caduca" era uma palavra que sua avó usaria.

Depois de ter feito uma rápida saída com Wanda para o shopping, Violet pediu para Natasha a encontrasse em seu quarto. Como não era permitido que ela ficasse muito tempo fora sem ser monitorada, ia precisar que outra pessoa a ajudasse. Quando contou a ideia, Wanda negou informando que não teria nenhuma habilidade que pudesse ajudar com uma tesoura. Mas a russa concordou até de bom grado, como se uma coisa normal demais fosse enriquecer o dia de uma agente implacável.

Agora estavam na suíte em que a Stark passou as últimas semanas. O reflexo no espelho do banheiro mostrava Violet decidida encarando os próprios olhos. Natasha estava em pé atrás dela encarando a tesoura em suas mãos.

— Já que você tem certeza disso, então tudo bem. — Ela disse com seu sotaque russo e então suspirou. -Qual o comprimento?

A Stark torceu uma mecha dos seu cabelo entre os dedos, mostrando a altura do corte.

Romanoff ergueu a tesoura e sorriu.

— Vamos deixar essa cabeleira mais interessante. — Quando começou a aparar os fios, olhou para os olhos de Violet pelo reflexo. — Acho que o Capitão vai gostar.

— Cala a boca. — Respondeu a outra.

Natasha simplesmente sorriu, um especial que mostrava satisfação quando ela conseguia irritar Violet. As mãos da russa cortaram os fios de maneira habilidosa. O cabelo ficou um pouco abaixo dos ombros, as ondas negras agora recebiam um novo balanço.

Nat tirou os fios que ficaram pelo casaco da Stark e olhou o reflexo dela no espelho.

— Mas que inferno, mesmo com essa cara pálida você está linda.

Violet riu baixo e abriu a gaveta com maquiagem.

— Isso é porque eu nem terminei.


***


Tony Stark estava revirando os dados de seu sistema tentando reconstruir Jarvis. Após o ataque de Ultron, estava impossível de recriar um completamente igual. Agora estava se esforçando para partir da estaca zero com algumas inovações e concluir seu novo sistema Friday.

Ouviu a porta de vidro se mover, mas estava acostumado com a voz de Jarvis anunciando a chegada de alguém e não deu atenção ao intruso.

— Espero que tenha reprogramado os microcompulsores como eu mandei, ou na próxima vez eu mando você enfiá-los no...

— Opa! — Tony ergueu a cabeça já fingindo um olhar indignado. — Nunca vi uma tia avó falar assim...

— Sou sua prima mais velha. — Ela balançou os ombros de um jeito que fez seu cabelo ondular, Tony congelou observando. — Não me chame de tia.

— Céus, Violet! O que você fez? — Ele se levantou e se aproximou cautelosamente. — Você sempre teve uma presença meio fantasmagórica, mas hoje você parece ter saído de uma revista da década de 30.

— Eu só cortei o cabelo, prefiro assim. — Ela franziu o cenho e se sentou na cadeira de couro DELE. Tony achou que aquilo era um tremendo desaforo, mas encarando-a ali concluiu que talvez todo Stark fosse meio desaforado.

Olhando para ela agora, Tony percebia que Violet parecia muito mais confiante. O olhar, o andar, a voz, tudo indicava que ela estava mais segura de si. Não era apenas a mudança do penteado, era o que ele significava. O ar de dama corajosa era Violet Stark recuperando sua essência. Ele decidiu que seria uma boa hora para dar continuidade ao que estava planejando.

Tony se dirigiu até a cafeteira no canto da sala ao lado do frigobar. Um braço robótico serviu duas xícaras de cappuccino para ele. Assim que pegou as xícaras, Tony sentou-se ao lado da prima.

Ela estava bagunçando todos os arquivos holográficos da armadura de Tony, provavelmente checando a configuração dos microcompulsores.

— Violet... — Ele chamou oferecendo a xícara a ela.

Os olhos distraídos focaram na xícara por meio segundo e em seguida ela levou a bebida à boca. No instante seguinte ela franziu o cenho e o encarou.

— Capuccino de chocolate?

— Steve disse que você adora. — Respondeu na defensiva.

Ela sorriu desviando o olhar, provavelmente pensando no velhote.

— Eu quero te mostrar uma coisa, Violet. — Tony deu um tapa na mão frenética dela que insistia em mexer nas suas coisas. Com alguns clicks ágeis, uma voz feminina soou pela oficina.

— Olá, Sr.Stark. — Disse o novo sistema.

— Olá, Friday. — Ele respondeu casualmente. Percebeu o olhar surpreso e tristonho de Violet, ela também sentiu a ausência de Jarvis.

— Esta é a Senhorita Violet Stark, Friday.

— Olá, Senhorita Stark. — Saudou Friday, porém Violet não respondeu e lançou a Tony um olhar questionador.

— Por favor Friday, mostre o projeto a ela.

Com a ordem as luzes do local diminuíram e o compartimento onde Tony aguardava uma de suas armaduras se abriu. A luz focou no uniforme recém criado exibido no compartimento especial para o traje, era como um closet elegante ara um peça de roupa.

O traje era um macacão azul escuro com o formato para corpo feminino, o tecido de alta flexibilidade e proteção era revestido em aço nos braços e pernas. Havia um par de luvas de aço dourado, do mesmo material havia as botas que combinavam com a grande estrela dourada no tórax do uniforme.

— O que é isso, Tony? — A voz de Violet era um sussurro admirado, os olhos se arregalavam enquanto ela se aproximava da armadura.

— Apresento a você, a armadura da Lady de Aço. — Ele anunciou num tom seguro, orgulhoso e satisfeito.

— Ela é linda! — Violet sorria com os olhos, os lábios se curvavam ligeiramente numa expressão de aprovação. Após vários segundos de contemplação, ela perguntou: — Por que fez isso, Tony?

— Um pequeno agradecimento por ter salvado minha vida. — Respondeu sincero. Violet virou o rosto para ele com gratidão no olhar, ambos estavam apreciando um momento raro de demonstração de sentimento sem verbalizar completamente. — E também porque os Starks devem andar com estilo.

Ela riu colocando uma mão na cintura. Com dourado da armadura refletido nos seus olhos, a beleza de Violet pareceu ofuscar qualquer coisa elegante deste século.

— Não vejo a hora de experimentar.

— Pode usá-la agora. — Tony se aproximou dela e lhe um tapinha no ombro. — Como Natasha está em uma missão com o Capitão, quem vai acompanhar o seu exercício de hoje é eu e o menino Gavião.

— Que ótimo. — Ela resmungou dando-lhe um leve empurrão.


***


— Muito bem, Violet. — A voz de Tony ecoou pela sala de treinamento. Assim que saíram do laboratório, Violet havia colocado a armadura e se posicionava no centro da sala. Ela esticava todo o corpo experimentado a forma como a roupa se ajustava ao seu corpo. — Consegue me ouvir bem?

A voz pelo conector soou com clareza.

— Sim Tony, estou ouvindo. Apenas cale a boca por um segundo. — Ela reclamou esticando bem os braços e fazendo movimentos circulares com eles enquanto aquecia. — Com você e Friday tagarelando o tempo todo não dá!

Desde que ligaram a armadura e isso foi há apenas cinco minutos, Violet reclamava todo o tempo sobre as sugestões e informações que Friday trazia. Tony teria desligado a opção de ter retorno de Friday, mas era importante que pelo menos na primeira vez de uso Violet tivesse essa comunicação com o sistema.

O fato de que a armadura de Violet tinha alguns recursos mecânicos só na região dos braços e nas pernas, facilitava o controle. Ela não era composta por um capacete, era uma viseira dourada que cobria os olhos e a testa da Stark. As botas tinham propulsores para que Violet também pudesse voar e Tony estava tentando convencê-la a experimentar fazia dias.

— Qual o nome que você deu a ela, Vi? — Barton perguntou enquanto rodeava a Stark observando como ela estava experimentando a armadura.

— Lady de Aço. — Ela respondeu. Clint sorriu e olhou para Tony balançando a cabeça.

— Impressionante. — Ele se afastou um pouco quando ela testou um giro e rolou pelo chão. — O que você pode fazer com isso?

— Basicamente, comparada à minha armadura, nada. — Tony respondeu passando as mãos pelo rosto. — Achei melhor começar com algumas funções básicas. Afinal se Violet surtar a gente pode acabar sem nossas cabeças.

Violet saltou usando a perna para tomar impulso na parede e deu um mortal para trás.

— Minha intenção era de que não fosse algo tão robótico quanto a minha armadura. Na verdade o traje de Violet é mais auxiliar. Revestimento nos punhos pode deixar seus golpes mais potentes e ajuda-la em atividades de escaladas. — Explicava Tony enquanto ele e Barton seguiam com o olhar Violet correndo pela sala de treinamento. — Sabe que você não precisa pipocar de um lado pro outro? Afinal, com o revestimento das botas você pode voar! — Tony ergueu a voz num tom impaciente, era a décima vez que falava sobre os microcompulsores das botas, mas ela simplesmente não usava.

Clint olhou para o controle pequeno na mão direita de Tony.

— Ativa você o comando, quero ver como Violet fica voando.

— Friday, ativar modo de vôo. — Declarou Tony.

— Vocês dois não se atrevam... — Mas antes que ela terminasse a frase, as solas das botas acenderam. Violet Stark flutuou pela sala de treinamento como um saco de pancadas. — Me coloquem no chão!

Clint riu e Tony sorriu satisfeito.

— Era disso que eu estava falando. — Declarou o bilionário.

Ela se contorceu no ar perdendo o equilíbrio e virou de cabeça para baixo, ainda flutuando sem rumo pela sala batendo em vários sacos de pancadas.

— Friday, me coloque no chão! — Gritou Violet pelo comunicador.

— Desculpe, Senhorita Stark. Comando indisponível. — Declarou o sistema.

Tony franziu a testa, algo na programação estava errado. — Para sua segurança, vou ativar o modo ejetar. — Declarou Friday.

Em um segundo, tudo o que Tony e Clint viram foi um borrão azul e dourado sendo lançado contra a parede. Violet quebrou alguns blocos de concreto e rolou pelo chão.

Tony e Clint correram para alcançá-la.

— Violet, você está bem? Alguma coisa na programação deu errado. — Tony tirou a viseira do rosto dela. Violet estava sorrindo.

— Quero tentar de novo. — Ela disse se sentando. — Foi supimpa!

Clint revirou os olhos aliviado dizendo: — Ninguém mais diz "supimpa" hoje em dia, Vi.


***


O dia havia sido longo em comparação aos outros. Depois que tinha se encaixado em uma rotina, Violet sentia-se mais segura e sua mente não parecia mais tão vazia. Percebia em si e nos outros detalhes que a surpreendiam.

Conseguia ver quando Tony estava extremamente focado e não iria nem responder um "bom dia", ele se inclinava sobre a mesa com mais empenho e só levantava a voz para dar ordem à Friday.

Também percebia o jeito que Clint e Natasha trocavam olhares com significados de anos de parceria, mas ela também sabia que tinha algo mais. Agora sabia que não devia temer os treinos com eles, Clint a tratava de um jeito meio carinhoso e protetor e Natasha sabia quais pontos provocar para que ela se empenhasse mais.

Já Sam havia se mostrado um ótimo mentor para referências culturais. Em uma tarde de sábado ele passou assoviando pela cozinha e Violet perguntou:

— Que música é essa?

Ele arregalou os olhos pasmo e olhou em volta indignado.

— Como assim que música é essa? É Billie Jean do MJ!

— Ah... — Lamentou Violet tirando os olhos da tigela de cereal. — Não conheço essa MJ.

— Não é "essa MJ". — Sam parecia estar entrando em ebulição. — É o Rei do pop Michael Jackson!

Então ele a puxou pelos ombros e a arrastou para a sala murmurando coisas como "que absurdo" e "não se ensina nada para as crianças hoje em dia".

Naquele tarde Sam fez Violet saber os maiores sucessos do Rei do Pop e conheceu também os melhores vídeos. Levou boa parte da tarde, mas Sam ensinou à Violet a coreografia de Thriller e ela agora era capaz de fazer até o Moonwalker com perfeição.

— Amanhã vou te mostrar as músicas da Madonna. — Ele anunciou como um professor que fez o plano de ensino e depois acrescentou com uma voz séria: — Não conte a ninguém.

Ela não contou a ninguém além de Steve. Agora toda semana, Sam preparava uma playlist especial para que ela pudesse ouvir.

Cada dia que passava ela descobria algo novo para fazer, outra coisa para aprender, mais um motivo para sorrir. Descobriu que conversar com Visão trazia um novo olhar de reflexão para sua própria vida e podia repensar o sentido da existência com uma criatura que parecia tão humanamente nova como um ser que tinha uma joia amarela na testa.

Se identificava com Wanda que tinha se juntando aos Vingadores há pouco tempo e havia perdido o irmão gêmeo, ela que era jovem, mas também tinha uma parte obscura dentro de si que a fazia temer os seus próprios poderes. Havia noites em que Violet não conseguia dormir e às vezes ficava acordada no quarto da feiticeira até o cansaço as vencer.

Não chegou a conversar com Thor, o deus nórdico alienígena, ele tinha partido para Asgard. Mas todos falavam bem do deus, dizia-se que somente alguém com muita honra poderia pegar o seu martelo. A primeira vez que falaram aquilo para ela, Violet virou-se para Clint e perguntou se o termo "martelo" era alguma gíria ou se era um martelo de verdade. Ele riu alto engasgando com a água que estava tomando no intervalo do treino e a abraçou, um ato de carinho e camaradagem que ela ficou feliz em receber.

Para relaxar e combater seus conflitos internos, ela reservava uma hora para si no laboratório de pesquisa. Organizou um mês apara si e toda noite depois de ter passado o dia treinando, trabalhando e fazendo uma terapia intensiva com Wanda, Violet se retirava e passava as últimas horas do seu dia no laboratório.

Natasha tinha permitido que Violet tivesse acesso a alguns arquivos de pesquisas genéticas e ao laudo que a russa e Barton montaram quando ela chegou à Torre a primeira vez. Assim, a Stark começou a sua pesquisa sobre o que havia sido alterado em seu dna com os experimentos da Hydra. Era difícil começar sem uma referência, mas conseguiu ver as substâncias que estavam alteradas em seu metabolismo.

Em de suas pesquisas de alteração genética, ela encontrou uma monografia escrita pelo Doutor Bruce Banner. A descrição e os relatos agradaram muito à Violet que achou que poderia até usar o conhecimento do cientista para compreender melhor sua situação. Ficou surpresa ao perceber que o laboratório em que estava era dele, mas que os Vingadores não tinham notícia de seu paradeiro.

Chegou ao ver os registros de vídeo dos Vingadores em combate. O grandalhão verde parecia uma máquina mortal um tanto descontrolada.

— Bem, pelo menos eu não fico verde. — Ela murmurou fechando os arquivos. Suspirou frustrada e novamente leu a pasta confidencial que carregava sempre consigo.

Os dedos percorreram a folha gasta e amassada da carta de Howard que ela lia quase todos os dias.

— Com foi que eu sumi, tio Howard? — Ela sussurrou encarando a caligrafia do tio. Estava cansada de nunca consegui as respostas que importavam.

"Deveria ter cuidado melhor da minha sobrinha, deveria ter te protegido da guerra, eu não deveria ter deixado meu último projeto secreto em suas mãos. Não só fui descuidado com você como também deixei o soro em suas mãos." Diziam as palavras dele.

Violet franziu a testa, de repente sentiu-se confusa.

"Deixei o soro em suas mãos", ela releu. Mas o último soro deveria ter sido aplicado em Steve. O combinado era que as amostras fossem destruídas para não caírem nas mãos erradas.

"Eu não deveria ter deixado meu último projeto secreto em suas mãos." –Ela leu em voz alta. Parou para pensar em um segundo. –O que nós fizemos, Howard? Eu não estava no exército só para ver o desempenho de Steve? –Ela releu toda a carta mais uma vez. Havia algo ali, mas quem teria as respostas quase um século depois?

Os olhos de Violet percorreram todos os arquivos novamente, deveria haver uma resposta. Alguém deveria saber. Então ela encontrou a sua foto com Peggy Carter.

Peggy ainda estava viva. Peggy sabia.
Violet se levantou e pegou o arquivo com o relatório de Peggy Carter e saiu à procura de Natasha.

— Preciso sair. — Foi a primeira coisa que falou assim que encontrou com a ruiva pelo corredor. Ela simplesmente a encarou de volta.

— O que quer dizer com "preciso sair"? — Natasha olhou ao redor e balançou a cabeça. — De maneira alguma, da última vez você arrastou a cara de alguém no asfalto na frente da cidade inteira e depois gritou "Eu sou a Lady de Aço'.

Nat tentou continuar o seu caminho, mas Violet se colocou na frente dela.

— Esfreguei a cara de um dos bandidos. — Explicou como se fosse óbvio. — Por favor, é importante. Preciso ver Peggy Carter, a casa dela é perto do Brooklyn.

Natasha cruzou os braços parecendo ponderar.

— Por favor, confie em mim. — Pediu Violet e algo nos olhos da Stark convenceu a russa.

-Certo, vou te dar a chave de segurança de hoje para você sair. — Sussurrou Nat passando o crachá de acesso dela. — Mas se Steve notar sua ausência vou dizer que não sei de nada.

Violet guardou o crachá no bolso.

— Tudo bem, na próxima eu te dou cobertura quando você estiver saindo do quarto do Clint de novo. — A Stark piscou para Romanoff que franziu o rosto numa expressão perturbada sussurrando um "como você sabia", mas Violet já estava saindo do compartimento sem tempo para responder.

Não foi difícil sair do compartimento, correr pela estrada até chegar a uma rua comum de Nova Iorque. Não foi difícil encontrar um táxi livre à noite na cidade que nunca dorme, muito menos difícil encontrar o endereço de Peggy Carter.

Difícil foi pesar no que Violet estava prestes a vislumbrar. Ela encarou o prédio à sua frente, em uma daqueles apartamentos estava Carter. Mas não a Carter que conhecia. Tudo parecia estranhamente irreal quando ela apertou o botão do interfone.

— Alô? — Respondeu a voz de uma mulher. O coração de Violet sentiu o aperto afrouxar ao constatar que não era a voz de Peggy Carter.

— Hã.. Oi, aqui é Violet, uma amiga da Peggy. — Disse a Stark só agora percebendo que não sabia como se apresentar. "Ah, moça, eu sou tipo uma assassina desmemoriada da década de 40 e queria ver sua velha tia indefesa", não se pode dizer esse tipo de coisa. Clint havia explicado a ela. — Gostaria muito de saber como Peggy está. Faz tempo que não a vejo.

Um longo segundo de silêncio passou enquanto a mulher do outro lado do interfone ponderava.

— Violet, você disse? — Ela perguntou por fim. — De onde conhece Peggy?

— Temos um amigo em comum, Steve Rogers. — Ela tentou.

— Tudo bem. Aguarde um instante, vou abrir a porta.

Violet relaxou um pouco e cruzou os braços para se aquecer quando a brisa passou balançando o seu cardigã. Logo a porta do prédio abriu e uma moça loira e alta saiu, ela olhou para Violet enquanto segurava a porta.

— Boa noite. — Ela disse, os olhos eram amendoados e Violet sentiu a estranha sensação de que ela lhe lembrava alguém, mas conseguiu identificar quem. — A empregada da minha tia disse que você estava subindo e pediu para que eu deixasse você entrar antes de sair.

Violet sorriu.

— Muito obrigada. — Disse entrando no prédio. — Boa noite. — Trancou a porta e subiu as enormes escadas do hall observando a decoração renascentista no interior do prédio. Que bom gosto hein, Peggy.

A empregada tinha uma estatura baixa, aparentava ter aproximadamente alguns 40 e poucos anos. O rosto era sério, porém receptivo.

— Boa noite, Senhorita...?

— Stark. — Respondeu Violet automaticamente e depois pensou: Merda. Se aquilo fosse algum tipo de avaliação de Clint, ela teria tirado zero na matéria "manter o disfarce".

— A senhora Carter está esperando. — Explicou a empregada enquanto seguia com ela para o interior do grande apartamento. Passaram pela sala de estar e pararam no corredor a caminho do quarto. — Devo lhe avisar, Peggy muitas vezes não consegue manter o diálogo e se cansa facilmente devido à idade.

Então ela abriu a porta do quarto e deixou que Violet adentrasse o local.
Assim como o resto do apartamento, a mobília tinha um traço renascentista. As paredes eram cor de creme e uma janela enorme estava no canto direito. Na cama havia uma idosa deitada, com grandes travesseiros para apoiar as costas.

Violet congelou no lugar.

A pele de Peggy Carter estava enrugada, o corpo parecia magro e frágil mesmo deitada, os cabelos completamente grisalhos caíam pelos ombros. Os olhos baços focaram no rosto de Violet.

Peggy franziu a testa como se tentasse enxergar a jovem à sua frente. Violet se aproximou devagar e se sentou na cadeira ao lado da senhora.

— Peggy? — A voz da Stark soou tremula. Sabia que ia encontra-la com a idade que deveria ter, sabia que ela ia estar diferente. Mas nada podia prepara-la para aquele momento e por mais que soubesse, por mais que soubesse que ela tinha a idade que Violet e Steve deveriam ter, ainda assim a sensação de estranhamento fez as mãos da Stark tremerem.

— Violet? — A voz dela soou rouca e confusa. — Violet é você? É mesmo você?

O coração de Violet quase desmoronou. O reconhecimento, a dúvida e a tristeza numa única pergunta desmontou tudo dentro dela.

— Sou eu, Peggy. — A voz antes trêmula agora só um sussurro.

Então Peggy Carter estendeu a frágil mão e tocou as ondas do cabelo de Violet.

— Meu Deus... você não mudou nada. — Ela disse com os olhos arregalados. — Então você nunca esteve morta? Eu temi tanto que tivéssemos perdido você. Conquistamos tantas coisas, Violet, sempre quis que você visse... a Shield, lembra da nossa ideia, a Shield...

As mãos de Peggy começaram a tremer ainda mais e ela não conseguiu terminar a frase.
Violet segurou as mãos de Peggy firmemente e por instante foi como se a fosse da Stark fosse transmitida à velha agente.

— Você voltou, agora pode ver tudo. Você está bem. — Ela sorriu, os olhos desfocados. — Steve sempre soube. Que bom te ver, depois de tanto tempo...

— Sim. — Concordou Violet e então olhou para as fracas mãos de Peggy. Ela não tinha apenas envelhecido, ela estava morrendo. Tinha tido uma boa vida, claro que foi a melhor agente e serviu o seu país, teve uma família, uma casa e agora poderia partir. Uma lágrima escorreu pelo rosto de Violet, ela não se importou de qualquer maneira, olhou para Peggy e sorriu. — Você disse que tinha guardado panquecas pra mim.

Peggy riu, uma risada rouca, afagou as mãos de Violet.

— Ah minha criança, não chore. — Ela olhou profundamente nos olhos da jovem e ali Violet enxergou a sabedoria que só alguém que tinha vivido uma vida inteira teria. — Eu sei o que está pensando, afinal o tempo não para. Meu tempo está acabando, mas querida, não pense no que a vida poderia ter sido. Pense no que ela poderá ser, é isso que significa recomeçar.

Violet sorriu, era exatamente o que precisava. Recomeçar.

— Peggy, eu vim aqui porque estava pensando no que aconteceu antes de...

— Quem é você? — Peggy a interrompeu. Os olhos parecia embaçados, encarou Violet agora com uma expressão confusa e soltou as mãos dela.

— Sou eu... a Violet. — Respondeu ela e Peggy continuou a observando confusa.

A porta do quarto se abriu e a empregada sorriu para Violet.

— Desculpe, Miss Stark. –Disse ela ao se aproximar. — Mas já está na hora da medicação da Senhora Carter e ela precisa repousar.

Violet olhou uma última vez para os olhos desfocados e distraídos de Peggy Carter.


  ═════ ∘◦ ミ⛧ ◦∘ ═════         


Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro