Capítulo 8
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1942
A NOITE HAVIA COMEÇADO, o pôr do sol havia se despedido havia poucos instantes. Para iluminar o local, os soldados haviam pendurado velhas luzes pisca-pisca pelo acampamento. As luzes lembravam Bucky do Natal e de repente sentiu falta de casa. Sentiu falta de ver as luzes de Natal do Brooklyn enquanto caminhava pelas ruas com as botas afundando na lama.
Então viu Steve, os cabelos tão dourados quanto as luzes do acampamento. Ele estava cercado pelos Howling Commandos e os soldados riam alto à beça enquanto outro grupo assava espetinhos na fogueira.
Do outro lado da fogueira estava Violet olhando para o soldado na frente dela. Logo reconheceu o sujeito como Tom, Steve contou que quando a Stark havia entrado para o esquadrão logo após de ter acertado a cara do sujeito Tom se mostrou muito mais cavalheiro com ela. Agora parecia que o idiota estava tentando se aproximar.
Quando Bucky se aproximou de Steve, viu que há muito tempo o amigo também estava observando os dois.
— Está vendo a cara de tédio de Violet? — Steve perguntou se divertindo com a situação.
— Sim. Esse sujeito está a ponto de levar outro soco dela. — Bucky riu aceitando o copo de bebida que o loiro ofereceu.
Então Violet olhou em volta como se procurasse uma desculpa para se afastar. Foi aí que os olhos dela se acenderam tão ardentes quanto a fogueira quando viu os dois.
Bucky não sorriu quando seus olhos se encontraram com os dela, Steve fez menção de ir ao encontro de Violet, mas Peggy Carter barrou o caminho quando apareceu para saudar os dois. Após Peggy começar a falar qualquer coisa a respeito da comida, Steve maneou a cabeça e estava visivelmente sem jeito quando ela sugeriu que eles dançassem a música.
Steve não recusaria o convite de uma dama na frente de todos os soldados, era educado e tinha bom senso. Então pegou a mão de Peggy Carter e seguiu para mais perto da vitrola, isso fez com que todos os soldados soltassem assovios e todos os homens do recinto estavam desejando companhia.
Ele percebeu no aquilo resultaria assim que todos os soldados por perto começaram a olhar Violet de relance, era óbvio que todos iriam querer ter uma dança com a Lady Stark. Bucky sorriu consigo mesmo, ele queria ver quem era o idiota que iria tentar.
Tom continuava falando e só parava para levar o copo à boca, Violet sorria educadamente, mas estava claramente concentrada em outras coisas. O olhar da jovem vagava pelo acampamento e então ela viu Steve dançando com Peggy. Ela se virou para Tom entregando seu copo à ele, ele sorriu assentindo e se afastou.
Bucky se aproximou assim que Tom saiu, reparou que Violet permaneceu de cabeça baixa e ela virou o corpo em direção à floresta como se cogitasse uma fuga da comemoração. Quando ela começou a se mover, Bucky a alcançou.
— Olá, senhorita. — Ela a tocou no braço. Ela se virou e quando os olhos castanhos dela reconheceram os dele, o sorriso que ela abriu foi grande.
— Boa noite, Sargento. — Disse toda cortês piscando os longos cílios e as ondas do cabelo balançaram. Por pouco, Bucky Barnes quase tropeçou nas palavras.
— Vi que seguia para a floresta, senhorita. Temo que não seja seguro ir para lá sozinha. — Ela sorria enquanto ele falava e estava o olhando nos olhos, diferentemente do que havia feito com Tom. Era um bom sinal.
— Eu aprecio a sua preocupação, Sargento James. — Ela acariciou a mão dele e então estendeu os braços para arrumar o chapéu de Bucky. — Mas eu não sou uma donzela em perigo.
Ele riu segurou a mão dela e beijou-lhe a mão.
— Bom, talvez seja uma donzela que goste de dançar...
Ela riu, pareceu ter um corado um pouco e então balançou a cabeça positivamente.
Atualmente
Violet,
Onde você está? Já faz tanto tempo que estamos a sua procura. A Guerra já acabou, nós vencemos e você não está aqui para brindar conosco. Você, Bucky e o Capitão desapareceram e deixaram para trás uma América vitoriosa. Fico me perguntando o que aconteceu na noite do seu desaparecimento. Ainda não descobri ao certo quem foi a última pessoa a te ver. Já organizei as maiores buscas e as melhores investigações. As suspeitas são de que te sequestraram e te mantiveram em cativeiro para conseguir informações sobre os Howling Commandos e que provavelmente te mataram com o fim da guerra. Mas você realmente morreu? Não consigo ser capaz de aceitar isso. Eu sei que mesmo sobre tortura e ameaça você não iria informar nada e que arranjaria uma forma de sobreviver. Mas tanto se passou e você ainda não deu notícias.
Agora tenho as minhas dúvidas acerca das possibilidades de você ter sobrevivido. Agora acho que de alguma forma você está morta e eu não posso enterrá-la ao lado de nossa família. Ah, Violet... Eu sinto muito. Me perdoe... Aonde quer que esteja, me perdoe, porque eu mesmo jamais conseguirei me perdoar. Deveria ter cuidado melhor da minha sobrinha, deveria ter te protegido da guerra, eu não deveria ter deixado meu último projeto secreto em suas mãos. Não só fui descuidado com você como também deixei o soro em suas mãos.
Achava que esse seria o meu maior acerto quando na verdade foi o maior erro da minha vida. Queria de alguma maneira poder lhe ajudar a encontrar o caminho de volta para casa, para que seu espirito descanse em paz. Então providenciei que colocassem a sua lápide ao lado de sua mãe e quando eu também partir, lá estarei.
Com todo amor do mundo,
Howard.
As palavras de Howard ecoavam pela mente de Violet sem parar. Todo dia antes de dormir ela relia a carta e pensava no tio a escrevendo com lágrimas nos olhos, lágrimas que ele nunca deixaria realmente alguém ver. Imaginava a própria lápide no cemitério onde sua família estava enterrada e aquilo a assombrava todos os dias. Todas as noites tinha pesadelos, no entanto nunca realmente se lembrava dos sonhos.
Ao sentar na cama tentou contar até cinco e recordar o que tinha visto em seu sonho, mas não conseguiu reunir nada além da sensação de desespero que os pesadelos deixam. Então decidiu praticar o exercício que fazia antes de dormir, já que o exercício anterior não iria funcionar.
Meu nome é Violet Stark. Eu nasci na década de 20, sou filha de Alyssa Stark e sobrinha de Howard Stark. Trabalhei para o governo e desapareci durante a Segunda Guerra Mundial. Fui presa e torturada, apagaram as minhas memórias e minha família está morta. Menos o Tony, ele é meu primo e é um pé no saco.
Violet entrou no banho e aproveitou para relaxar enquanto a água escorria pelo seu corpo, não havia dormido bem à noite e sentia-se extremamente cansada. Sua mente passara a noite tentando encontrar formas de escapar do sonhos ruins ao invés de repor as energias e treinar naquele dia seria algo ainda mais árduo. Treinar. Abriu os olhos com o pensamento e se deu conta de que já havia passado da hora de seu treino e ninguém havia ido acordá-la.
Saiu do banheiro, vestiu o macacão e calçou os coturnos. Retirou-se do quarto andando apressada pelo corredor, desceu as escadas e parou na sala de estar encontrando o recinto estranhamente vazio. Passou pela sala e seguiu até a sala de jantar, esbarrou em alguém e ergueu os olhos para encarar o moreno alto à sua frente.
— Bom dia, Vi. Tudo bem? Parece nervosa. — Sam disse ao mesmo tempo em que mastigava cereais com leite. Segurava a tigela com cereais próxima ao peito e parecia esfomeado pela maneira que mastigava.
— Bom dia, Sam... — Respondeu se afastando um pouco dele, olhou ao redor ainda à procura de mais alguém. — É que estou atrasada para o treino e ninguém foi me chamar...
— Ah, sim. O treino foi cancelado. — Confirmou ele ainda mastigando cereais. Puxou uma cadeira da mesa e indicou para que Violet tomasse um lugar enquanto ele se sentava. — A turma saiu pra atender um chamado no centro da cidade e eu tive que ficar caso você precisasse de alguma coisa.
Vi arqueou uma das sobrancelhas e sorriu incomodada.
— Preciso da minha memória de volta, preciso de uma boa noite de sono... — Suspirou sentando-se em cima do balcão, fingindo uma expressão reflexiva. — Preciso de muitas coisas, Sam. Mas definitivamente não preciso de uma babá.
Ele riu, uma alta e sonora gargalhada balançando a cabeça.
— É verdade. Depois de ver a surra que você consegue dar em todo mundo, talvez eu é quem precise de cuidados.
Ela decidiu se juntar a Sam e tomar café da manhã com ele. Levantou-se e tirou uma tigela do armário, encheu-a com leite e acrescentou uma porção de cereais.
— Todos estão atendendo a um chamado? O que foi que aconteceu? — Ela perguntou voltando a se sentar ao lado de Sam. O moreno balançou a cabeça enquanto mastigava.
— Wanda e Visão foram até Long Island ajudar uma escola que estava em chamas, eles conseguiriam chegar lá mais rápido. -Sam então pegou o controle em cima da mesa e apertou um botão.
Uma tela holográfica se formou no centro da mesa de jantar, a transmissão high tech mostrava imagens de um viaduto no centro da cidade e embaixo do viaduto Violet viu Viúva Negra, o Capitão América e o Homem de Ferro cercando um homem que devia ter cerca de 2 metros de altura, extremamente forte e usava uma máscara de couro bizarra.
Os três heróis investiam contra o homem, mas ele defendia todos os golpes com uma capacidade sobrenatural, ninguém conseguia sequer encostar um dedo nele.
— Qual é a desse cara? — Ela perguntou curiosa sem tirar os olhos da tela. — Olha como ele defende perfeitamente, até parece que sabe exatamente como os três vão atacar e se defender... Eles estão apanhando demais!
Falcão concordou com a cabeça e uma ruga de preocupação se formou em sua testa quando o homem derrubou o Homem de Ferro.
— Ele se intitulou como Treinador. — Explicou Sam que agora tinha parado de comer para observar a transmissão com Violet. — É um antigo agente da Shield que na verdade é da Hidra e quando a organização entrou em conflito com os agentes duplos.
A imagem na tela era emitida pelas câmeras de segurança da cidade. Na região era possível ver o enorme aglomerado de civis que fugiam do viaduto e da rodovia correndo abandonando os seus carros. A Viúva Negra afastava os civis mais próximos tirando crianças das regiões e pedindo que todos saíssem do local.
O Homem de Ferro e o Capitão não estavam dando conta do Treinador e logo um grupo de agentes passou pelos civis indo de encontro à Natasha. O grupo de agentes com uniforme de combate era composto por no mínimo oito indivíduos e o que vinha na retaguarda tinha um uniforme que mais parecia uma armadura, o capacete tinha o desejo de uma caveira e no seu peito o desenho de dois ossos cruzados tinha destaque.
Violet abriu a boca para fazer mais perguntas, mas viu que Tony ainda não havia se levantado. Ele permanecia no chão fazendo força para movimentar os braços e uma pequena onda de curto percorreu os ombros da armadura. Ela soube na hora qual era o problema.
— Jarvis! — Ela chamou elevando o tom de voz.
— Olá, Senhorita Stark. — Respondeu o sistema.
— Quando eu ajudei Tony a consertar os microcompulsores da armadura, falei para ele reprogramar corretamente. — Violet deixou a tigela de cereal de lado e ampliou a imagem da transmissão focando-a no Homem de Ferro que parecia estar tendo uma convulsão no chão.
— Tony afirmou que iria reprogramar depois se achasse que haveria necessidade, mas ainda não o fez. — Respondeu Jarvis calmamente.
Ela bufou irritada e virou para Sam que a encarava de boca aberta sem entender.
— Precisamos ir pra lá agora antes que Tony exploda a própria cabeça.
— Mas eu nem terminei o meu cereal. — Ele resmungou.
Levou apenas alguns minutos para Sam colocar o seu traje de Falcão e acompanhar Violet até o velho viaduto no centro de Nova Iorque. Quando estavam saindo da Torre, Falcão praguejou ao vê-la com uma armadura que consistia em um metal bem trabalhado que caiu perfeitamente bem em sua silhueta feminina.
— A armadura ainda não está pronta pra voar. — Ela declarou colocando uma máscara pequena de aço que cobria-lhe o rosto da testa até abaixo dos olhos. — Vou precisar de uma carona.
— Acho que vou ser demitido. — Foi o que Falcão disse ao levantar voo carregando Violet consigo. Mesmo que tenha recebido ordens para não permitir que Violet saísse da Torre, reconheceu que Tony parecia bem debilitado pela transmissão.
Sobrevoaram pela cidade fazendo caminho entre os milhares de prédios, o sol brilhava refletindo o seu brilho nos enormes arranha-céus e Violet sentiu um frio na barriga quando olhou para baixo e por um instante imaginou o que aconteceria com ela se Falcão a deixasse cair.
O ar quente da cidade batia em seu rosto e Violet se lembrou que era a primeira vez que saía da Torre e também não se lembrava da última vez em que viu uma tarde ensolarada na cidade de Nova Iorque. Sentiu-se livre e de repente o medo de cair foi substituído pela sensação de liberdade que a fez perceber o quanto se sentia presa. Passara anos cativa, mesmo que não lembrasse o que aconteceu, seu coração não se esquecia do sentimento de opressão e ela carregava isso consigo todos os dias. Menos naquele momento, porque finalmente não havia nada que pudesse prendê-la.
Falcão fez uma curva e Violet balançou de um jeito nada seguro e por um segundo quase gritou, mas Sam logo estabilizou e sobrevoou o viaduto.
Pelo céu era possível ver a Viúva Negra atrás de um carro se protegendo segurando a coxa ensanguentada com uma das mãos.
Falcão soltou Violet próxima ao chão, ela rolou amortecendo a queda e ergueu-se próxima à Romanoff.
Natasha a encarou com seus enormes olhos verdes pulsando de adrenalina.
— Mas o que diabos, Violet?! -Ergueu a cabeça na direção de Falcão. — Trouxe ela para o meio de um confronto em lugar público?! Ela pode se desligar.
As palavras de Natasha soaram duras, indignadas e rápidas demais. Violet levou um segundo para entender o clima de tensão. Falcão ficou sem resposta, o Capitão olhou de relance na direção deles.
— O que você quis dizer com...
— Não importa. — Natasha cortou a pergunta e se levantou com um curativo improvisado na perna. — Tony precisa de ajuda. — E correu de volta até o Capitão sem olhá-la nos olhos.
O grunhido impaciente de Tony fez com que Violet voltasse sua atenção para ele. Correu até a caminhonete abandonada na rodovia e observou o Homem de Ferro caído no teto do veiculo. Os braços da armadura sacudiram como uma onda de energia.
— Vendo você assim não parece nada heroico. — Violet subiu na caminhonete e puxou um dos braços da armadura.
A estrutura de aço abriu-se com suas mãos hábeis e revelou o fio solto na parte posterior do antebraço.
— E você não parece o Homem Lata nessa armadura rústica. Caçoou Tony parecendo impaciente. — Mas você tem mais quadril que o Homem de Lata.
Violet sorriu com o gracejo e acertou o punho de metal no revestimento de Tony, ele gemeu com o choque gerado.
— Eu mandei você reprogramar os microcompulsores no sistema, não mandei?! — Violet reconectou o fio solto no antebraço. — Agora reprograme com Jarvis, idiota.
Tony respondeu com um xingamento que foi abafado pelo grito de Falcão.
Violet se virou a tempo de inclinar o corpo para longe do punho preto que vinha na direção dos seus olhos. Mas o adversário a acertou com um chute, ela se desequilibrou, mas não caiu.
Quando ergueu os olhos para o agressor identificou que em seu rosto havia uma cicatriz, ele usava uma pseudo armadura feita de uma material rustico. O desenho de dois ossos em forma de "x" estavam entalhados no peito dele.
— O que você está fazendo com os Vingadores? vEle perguntou com um tom de divertimento na voz.
Violet permaneceu a uma distância segura dele, sentiu o estomago latejar com a dor do chute levado, mas não demonstrou o incomodo que estava sentindo para ele.
— Você se lembra de mim? — Ele perguntou sorrindo, tirou a viseira do chão e a esmagou com uma só mão. — Parece que você entrou em surto de novo e dessa vez conseguiu fugir não é?
— Quem é você? — Ela perguntou, estreitou os olhos porque a luz do sol quase bloqueou a sua visão.
— Fomos parceiros, querida. — Ele sorriu, sedutor e cruel. — Achei que se lembraria do seu amigo Ossos Cruzados.
Antes que ele respondesse Violet sabia que no fundo de sua mente as palavras de saudação estavam gravadas Heil Hydra.
— Sabe quem você é? — Ele perguntou agora a cercando. — Vou fazer você lembrar. — Então ele avançou com uma força furiosa e ao invés de lhe acertar um golpe jogou seu corpo para cima dela e ambos caíram pela borda do viaduto em direção ao concreto da rodovia lá embaixo.
Nos milésimos de segundos que durou a queda, Violet tentou usar o peso de seu corpo para cair por cima de Ossos Cruzados. Mas não conseguiu, foi peso dele que a esmagou sobre o teto de uma caminhonete. Quando as costas de sua armadura chocou com o metal do veículo, ela sentiu o impacto fazer seus ossos tremerem. Se não estivesse com a proteção seria uma saco quebrado.
Um forte zumbido chiou em seu ouvido, piscou atordoada e ainda assim conseguiu segurar o punho de Ossos Cruzados.
— Violet você esta bem? Consegue me ouvir? Pedi para Jarvis integrar seu aparelho de escuta no sistema. — A voz de Tony ecoou pelo comunicador. — Aguenta aí, estou arrumando a armadura.
Crossbones se inclinou sobre o corpo dela e pressionou o joelho contra o estomago de Violet.
— Quando precisávamos te colocar nos eixos, era só te machucar. — Ele segurou o rosto dela de forma brusca. — Você sempre recupera as memórias sob pressão.
A Stark encarou bem os olhos por trás do capacete rústico que tinha pintado uma caveira por toda a extensão do rosto. Mas não o reconhecia, nada lhe era familiar. Por mais que ele pressionasse o joelho em seu estômago e fechasse as mãos em seu pescoço, nada lhe vinha à cabeça. Pelo menos, conseguiu ouvir a voz de Steve berrando no conector: Violet, reaja!
Uma rajada de vento sacudiu o ar em volta deles, era Falcão sobrevoando a área mantendo os civis curiosos a uma distância segura do confronto. Quando os olhos de Crossbones tiraram o foco dos seus por um segundo, ela agarrou-lhe a perna que pressionava o seu estomago e torceu enquanto usava o peso do seu corpo para derrubá-lo.
Ambos caíram da caminhonete, mas ela tinha a vantagem de estar por cima. Quando Crossbones tentou se levantar, Violet segurou a porta aberta do veículo e a bateu contra a cabeça do grandalhão.
— Só vou perguntar uma vez. — Ela se ajoelhou o agarrando pelo colarinho e encarou os olhos vermelho atordoados pela pancada. — Quem é você e o que sabe sobre mim?
Os olhos dele tentaram focar no dela, estava recobrando os plenos sentidos. Ela riu e apesar de não poder ver a expressão completa do rosto dele, reconheceu em seus olhos o deboche quando ele falou:
— Acho que a questão aqui é "Quem é você?".
Uma onda de fúria percorreu o corpo de Violet, tão viva e intensa como um choque elétrico e, antes que pudesse conter, explodiu deixando fluir toda sua angústia pela memória perdida, pela falta de propósito que a guiava todos os dias, explodiu batendo a porta do carro mais uma vez na cabeça de Crossbones.
— Eu? Eu sei quem eu sou. — Ela se ergueu sobre ele e ficou satisfeita ao ver o olhar de deboche mudar para uma expressão de desentendimento. — Eu sou a Lady de Aço. — Complementou o acertando com um soco cheio no estômago. — Babaca.
Vários gritos e assobios soaram do outro lado do viaduto, ela se virou par ver o que acontecia e para surpresa percebeu que a multidão aplaudia a ela.
— Essa foi boa, Vi. — Falcão falou pelo comunicador, enquanto sobrevoava e emitia avisos aos civis que gritavam pelos Vingadores.
Com Crossbones desacordado, a Stark procurou por Homem de Ferro e viu que eles estavam na parte de cima do viaduto, trabalhando em conjunto para alternar os golpes no Treinador.
A Viúva Negra, apesar de estar mancando, trabalhava com sua mira certeira para atingir os outros da equipe. Apesar de a arma ser de pequeno porte, a munição claramente era capaz de derrubar um cara se fosse usada por uma agente russa claramente irritada.
Quatro dos agentes armados investiam contra Natasha quando Violet avançou até o um deles, o que estava mais distante na extremidade do grupo foi facilmente atingido com a chave de pernas que a Stark habilmente lhe deu. Ambos foram ao chão e com o punho ela quebrou o nariz do sujeito. Porém, um dos agentes mais próximo a acertou com um tiro de choque.
No momento a dor foi tão intensa que todos os nervos de seu corpo pareceram explodir, com certeza estavam em uma voltagem acima do normal para uma arma de choque. Por instante, o cérebro da jovem pareceu explodir em um lapso desconcertante e enquanto a dor fluía por cada centímetro de seu corpo, Violet pode sentir uma parte adormecida de si voltar à vida.
A força e poder em suas mãos a faziam sentir a segurança de estar no controle, o pescoço que segurava na chave entre os seus braços era tão frágil quanto o corpo de um boneco. Ela já havia feito aquilo tantas vezes, o movimento era completamente automático. Matar era automático e de certa forma até prazeroso.
Mate. Era o comando em sua mente.
Violet Stark obedeceu a comando como a incrível máquina projetada que era. O corpo já trabalhava com a mente desligada dos questionamentos, não havia regra ou moral, havia somente a ordem a cumprir.
Quebrou o pescoço do agente que estava imobilizado em seus braços. Virou-se com a mesma fúria, mal podia enxergar os olhos de quem segurava a arma elétrica, somente o puxou pelo colete e esmagou sua cabeça no concreto da rodovia.
— VIOLET! — Era a voz de Steve soando pelo comunicador.
Uma parte dela escutou a urgência na voz dele, mas a outra estava ocupada demais amassando a cabeça de um agente no concreto. Bateu com ela uma, duas e na terceira vez um braço segurou o seu corpo.
— Ele está morto. — Foi o que Tony falou a segurando e afastando do corpo. — Acabamos aqui. Vamos sair, os civis estão olhando.
A voz dele soou como a de Howard e Steve gritava seu nome enquanto se aproximava, a familiaridade com o abraço de um Stark e a voz de Rogers a fez olhar para o sujeito que ela tinha deixado no asfalto.
— Assassina.... — Ela sussurrou para si mesma ecoando a voz que estava dentro da sua mente.
O Capitão América se aproximou dos dois e olhou para os agentes no asfalto, sem seguida dirigiu seu olhar para Natasha que mantinha uma certa distância deles e observava Violet com a expressão indecifrável. Foi nesse momento que Violet percebeu que havia algo que não estavam contando a ela.
— Devemos voltar à sede e contatar o Fury. — Conclui Steve com sua voz de comandante, a postura séria e segura que sempre assumia em campo. Mas Violet já havia aprendido a reconhecer a apreensão em seus olhos há muitas décadas atrás e Rogers estava claramente tenso para ela. — Perdemos Crossbones e o Treinador, ambos conseguiriam fugir com o que restou do esquadrão e não temos sobreviventes para interrogar.
— Certo, Capitão. — O Homem de Ferro tocou no braço da Stark. — Vamos para casa então.
Durante todo o percurso, Violet nada comentou. Tony deixou Jarvis no piloto do aerodeslizador dos Vingadores e se sentou ao lado da Stark perguntando se ela estava bem. Ela o olhou de relance, maneou a cabeça, mas nada acrescentou em palavras. Steve notou que ela não o olhou desde que o encarara longamente no campo de batalha. Depois do comentário que Natasha soltou ao ver Violet fora da sede, deve ter ficado claro que algo estava errado.
Desde que encontraram os arquivos remanescentes da Hydra, Steve repetia todas as informações mentalmente. Sentia a raiva e indignação crescer dentro de si, mas a sensação de completa impotência era a pior parte. Ele não podia simplesmente se aproximar e dizer: "E aí, Violet? Tudo bem? Espero que tenha recuperado suas memórias, porque você fez coisas ruins como por exemplo matar uma boa quantidade de pessoas e talvez agora esteja sendo procurada por um grupo de terroristas nazistas e talvez o governo federal dos Estados Unidos queira te prender. Mas então, quer sair pra jantar?".
Não, não poderia ser simples assim.
O Capitão suspirou sentindo que carregar esse peso estava o fazendo sentir um cansaço palpável nos ombros. Os olhos azuis dele encontraram os verdes de Natasha que estava ao seu lado o observando. Depois de terem descoberto os arquivos, a russa mostrou-se mais pensativa a respeito das poucas pistas que haviam encontrado até então. No começo da manhã ela chegou a sugerir que se a Stark não mostrasse uma boa melhora, seria melhor que a entregassem à SHIELD.
— Sobre o que eu falei hoje cedo... — Ela suspirou e olhou para Violet do outro lado do veiculo. — Desculpe. — Ouvir a russa pronunciar aquilo era extremamente raro. Havia resistência e até uma certa ternura em sua voz.
Natasha se aproximou e sentou ao lado do Capitão, olhou para os olhos de Steve que ainda estavam focados em Violet.
— Olhei pra ela hoje dando uma surra naqueles caras e percebi que talvez eu esteja julgando ela errado.
Um lampejo de divertimento passou pelos olhos dele quando se virou para encarar a russa.
— Talvez? — Enfatizou ele.
— Talvez. — Ela concordou torcendo os lábios. — De certa maneira, eu vejo que ela é como eu. — Romanoff pousou seus olhos na Stark que encarava a janela do aerodeslizador. — Eu também fiz coisas horríveis no passado, mas encontrei na Shield um lugar para fazer algo bom. E agora nos Vingadores eu acho que achei uma maneira de quitar minha dívida em vermelho. — Natasha olhou para Tony que estava concentrado nos comandos do transporte e depois para o Capitão. — Talvez sejamos o recomeço dela.
Steve sorriu de maneira tímida e contida.
Natasha revirou os olhos.
— Pelo amor de Deus, chama logo ela pra sair. — Foi o que a ruiva disse ao se levantar e caminhar se alongando.
***
O aerodeslizador chegou à sede, assim que saíram a da sala de transportes e seguiram para o saguão dos Vingadores, Violet alcançou Steve. Ela o segurou pelo braço fazendo-o diminuir o ritmo enquanto Natasha e Tony entravam na Torre. Sam passou por eles e deu uma piscadinha para os dois e também entrou. Só quando estavam realmente sozinhos, foi que ela o olhou nos olhos.
— Pode falar, Capitão. — Disse simplesmente.
Steve sabia que em algum momento teria que explicar à ela o que haviam descoberto nos arquivos.
— Vi, talvez você precise de mais tempo...
— Não, Stevie. — Ela insistiu. A voz soou frágil quando pronunciou o nome dele. — Eu sei que quer me proteger, eu sei. Mas eu preciso saber agora. — Os olhos castanhos encararam os dele decididamente.
— Encontramos alguns arquivos. — Steve suspirou, indicou o caminho com a cabeça. — Eu posso explicar...
Os dois começaram a caminhar para a sala.
— Não. — Ela disse seguindo até à sala com ele. — Me mostre os arquivos.
Rogers não soltou o braço dela até chegarem na sala.
Ao adentrar o lugar, ele separou duas cadeiras da mesa e puxou uma delas para Violet se sentar. Depois dela ter se acomodado, Steve se sentou, abriu a gaveta da escrivaninha ao lado e tirou de lá uma pasta. Ele deixou a pasta na mesa à frente de Violet que, sem esperar permissão, abriu os arquivos. Assim que os olhos dela começaram a percorrer as informações, a expressão no rosto dela e o silêncio fizeram Steve se aproximar arrastando a cadeira para ela.
— Você foi a chave para um projeto inicialmente chamado de Darksouls. — A voz dele era branda e acolhedora. — O projeto fazia parte de um plano para criar um exército ou uma equipe de indivíduos com incríveis capacidades. Você foi uma peça chave para o desenvolvimento da metodologia que chamavam de Controle Mental Monarca, que eles descrevem com a sigla MK.
— Isso você já tinha me falado. — Ela sussurrou em resposta e apontou para uma lista de nomes e datas e em seguida seus olhos encontraram os de Steve. Ela já sabia o que estava por vir.
— Deu certo o plano deles. Te transformaram em uma grande máquina da Hydra. Durante anos usaram você em missões, mas o controle MK apresentava falhas e decidiram descartá-la.
Ela ergueu os olhos dos arquivos.
— As falhas são os surtos?
— Sim. — Steve tentou se ajeitar na cadeira desconfortável. — As falhas são quando alguns lampejos de lucidez tomam conta e você ficava incontrolável. Com o passar do tempo o controle MK demanda mais intensidade e piora as consequências. Ao que parece, precisaram aprofundar mais e mais o método e talvez isso interfira bastante na recuperação de sua memória. — Ele baixou os olhos e estendeu a mão tocando a de Violet. — Há coisas que você nunca vai lembrar.
Ela respirou fundo, com os olhos marejados balançou a cabeça.
— Tudo bem, talvez sejam coisas demais para uma mente humana suportar.
— Não suporta. Por isso você sofre os lapsos de dissociação da realidade. — Ele esticou uma das mãos e colocou os fios soltos dela atrás da orelha.
— Parece que as coisas estão fazendo mais sentido agora. Lembro-me de estar fugindo e de ser perseguida. — Ela olhou para a mão de Steve sobre a dela. — Às vezes me lembro de frases, palavras, imagens aleatórias. Às vezes sonho com você.
A confissão foi tão delicada e suave que Steve Rogers por um momento ficou sem palavras, olhou para a mão dela em contato com a sua e lembrou-se de quantas décadas esperava que aquilo acontecesse.
— Em outros momentos sinto apenas um enorme vazio. Estou cansada de tentar resgatar quem eu fui um dia, Stevie. — Ela sussurrou, apertou levemente a mão dele e suspirou. — Então eu vejo quanta fé você tem colocado em mim e em como até mesmo o Tony tem se esforçado comigo. Ganhei um espaço aqui e talvez seja algo que me faça continuar.
Os olhos dela encontraram os dele e Rogers percebeu no quanto ela parecia desolada, pela primeira vez realmente disposta a mostrar como estava se sentindo.
— É muita coisa pra pensar e ao mesmo tempo há um vazio por dentro. — Os olhos dela voltaram para os arquivos e depois para a tela do computador. — Eu quero ver o resto sozinha.
Ele assentiu, entrelaçou os dedos nos dela e franziu a testa sentindo-se relutante em deixá-la ver tudo sozinha. Mas acataria a vontade da Stark. Por fim se levantou, aproximou-se e beijou a testa dela.
— Até mais tarde, então. –Se afastou e conseguiu ver ela sorrindo um pouco. — Se precisar, me chame.
Steve Rogers saiu da sala deixando Violet Stark com os arquivos recuperados.
***
O dia passou e Steve prosseguiu com as organizações de treinos, escalas para os Vingadores e relatórios que precisariam reportar. Tentou ao máximo não chegar na parte onde precisavam contatar o Fury para compartilhar o que tinha descoberto até agora. Provavelmente receberiam uma chamada urgente assim que a SHIELD tivesse acesso às informações do ocorreram no centro da cidade pela manhã.
Entre uma tarefa e outra, ou enquanto estavam malhando e se exercitando com Sam, chegou a perguntar aos outros se haviam visto Violet. Não houve sinal dela desde que a deixou sozinha na sala, então pensou em procura-la na hora do jantar.
— Ei, Nat. — Disse ao encontrar a russa na sala de estar. — Viu Violet por aí?
Ela tirou os olhos da televisão e franziu a testa.
— Não. — Sentou-se com a postura ereta enquanto observava Steve. — Achei que ela estivesse com você. Tony estava procurando ela algumas horas atrás, mas como não a encontrou em nenhum lugar, achamos que vocês... estavam juntos.
— Não vejo ela desde que voltamos da cidade.
Natasha estreitou os olhos e se levantou.
— Acha que ela fugiu da Torre?
— Acho que sim. — Ele passou a mão pelos cabelos, pensativo e ansioso. — Já procurei por todo lugar.
— Vamos emitir um sinal para a equipe, precisamos achá-la. — Romanoff pegou o celular e começou a digitar na tela. — Vamos chamar o Nick e avisar que ela fugiu e é uma ameaça à...
Steve segurou o braço dela a impedindo de digitar.
— Não. — Disse em um tom que não aceita contradições. — Eu vou encontrá-la, Romanoff.
Então pegou a jaqueta e saiu da Torre com a sua moto.
Steven conhecia cada canto de Nova York, também conhecia a Violet Stark de quase setenta anos atrás. Deveria ser capaz de encontra-la agora, não poderia falhar de novo. Pensou em parar no museu e verificar se ela estaria lá olhando todas as imagens e esculturas feitos em homenagem a eles, talvez ela tivesse se lembrado de procurar por Peggy Carter, duas coisas que ele havia feito assim que acordou nesse século.
Mas tinha um lugar que só Violet quereria ir, ele pensou quando se recordou dela olhando pela primeira vez na carta que Howard Stark deixou. Violet foi visitar sua família. Não Tony, o primo que ele acabara de conhecer, mas sua família no passado. Rogers saiu de Manhattan, atravessou o Rio East e chegou ao Broolyn em alguns minutos. Seguia em direção aos Queens, sabia que o Machpelah Cemetery estava situado entre os dois bairros. Era lá que os Stark estavam enterrados.
Na entrada do cemitério, estacionou a moto debaixo de uma árvore e adentrou o local silencioso. Alguns postes iluminavam as fileiras de lápides. Não eram lápides grandes, cheias de esculturas como na maioria dos cemitérios, eram pequenas e organizavam-se no gramado. Era fácil identifica-las e foi fácil encontrar Violet olhando para a família dela.
Ele se aproximou em silêncio e colocou-se ao lado dela. Encarou a lápide de Alyssa e Howard Stark e mais uma vez olhou para a lápide de Violet Stark. Antes sentia um pesar enorme ao ver nome dela ali, agora sabia que não deveria temer que ela estivesse morta.
Steve ergue os olhos para o céu e encarou as estrelas solitárias lá em cima. Da última vez que contemplou um anoitecer tão belo, ela estava ao seu lado sorrindo. Agora ela estava chorando, pode ver as lágrimas assim que a luz do luar banhou o seu rosto. Era um choro silencioso e solitário, uma dor que ela não queria compartilhar. Mas ainda assim estava lá do lado dele encarando a lápide.
— Eu estou morta... — Violet sussurrou, dessa vez não soava espantada. Parecia que tinham-lhe arrancado toda esperança. Parecia que ela estava falando com algo dentro dela.
— Estou morta. — A voz dela ecoou com o olhar vidrado em seu nome exibido na velha lápide.
— Você não está! — Steve a encarou, mas ela não o olhava e se quer parecia notar sua presença. — Está aqui comigo agora. Essa lápide foi algo que Howard fez acreditando que você não iria voltar. — O loiro sacudiu-a pelos ombros, manteve o tom de voz firme mesmo quando ela o olhou nos olhos pela primeira e o tempo parou, a brisa congelou. Havia só os olhos dela encarando os dele. — Pode ter perdido a si mesma por um tempo, mas nunca esteve morta. Nem a Hydra com todo o seu exército conseguiria te derrubar. — Steve estendeu a mão e tocou o rosto dela. Sentiu a pele macia sob seus dedos e ela fechou os olhos com o seu toque deixando a última lágrima rolar. — Você me trouxe de volta à vida. Confie em mim e eu farei o mesmo por você.
A voz dele se tornou um sussurro e ela abriu os olhos e Steve soube naquele olhar que ela por fim estava se entregando a ele, porque apesar de não ter como fazê-la lembrar-se do passado, havia o fato de que quando estavam juntos, passado e presente se chocavam em um único instante e os fantasmas voltavam à vida.
A brisa parava, os segundos desaceleravam e o universo se dobrava, porque nada nem mesmo o tempo poderia dar um fim à ligação que eles tinham. Ela respirou fundo e Steve pode sentir em seu rosto o hálito quente e doce. Uma nuvem cobriu a lua e por algum momento não havia nenhuma luz iluminando o rosto de Violet.
— Acha que fizeram de mim um monstro? — A pergunta pairou no ar como um peso, o rosto da Stark estava em trevas.
— Não, Vi. Você nunca seria um monstro pra mim. — Steve respondeu com segurança.
-O que faremos a seguir? -Ela perguntou passando as mãos pelas suas.
— Nós encontraremos o Bucky. — Ele consentiu e o olhar dela mostrou mútua determinação.
***
James Buchanan Barnes encarava o próprio rosto na grande imagem do museu. Lia e relia todas as informações e gloriosas imagens do Howlling Commandos. Algumas coisas estavam voltando à memória, mas depois de alguns instantes ele perdia tudo em um lapso. Em uma tentativa de guardar o pouco que conseguia, Bucky criou uma espécie de pequeno diário. Carregava consigo o notebook e sempre que alguma velha sensação, lembrança ou pressentimento o tomava, Bucky guardava daquela maneira.
Olhou no relógio e viu que estava anoitecendo, seria melhor sair antes que o segurança fosse o avisar de que estavam fechando. Guardou o notebook na mala e levantou-se, passou pela foto de Steve Rogers sentiu que um milhão de informações estavam presas em sua cabeça. Aos poucos ele lembrava de coisas pequenas, como flashs de sua infância, imagens da guerra, frases e conversas aleatórias. O diário o ajudava a pegar todo aquele apanhado do passado e tentar organizá-lo de forma que fizesse sentido.
Passou então pela grande imagem de Violet Stark, às vezes tudo o que conseguia lembrar dela era o sorriso atrevido e o olhar de determinação. Em outros momentos, os lapsos de memória era tão fortes que ele podia sentir o que havia sentido quando olhava para ela e Steve no meio do caos.
O que fazia Bucky continuar tentando era principalmente a lembrança do amor, companheirismo e conquista.
— Você é um dançarino admirável, Sargento. — Ela riu enquanto ele a guiava em volta da fogueira e todos os soldados batiam palmas no ritmo da música.
— Eu sei disso, boneca. — Ele piscou para ela.
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notas: estou revisando o capítulo e a data que escrevo esta nota é 09/09/2022. quando eu comecei essa fic era o ano de 2015, A Era de Ultron ainda ia lançar, tinha somente o trailer e antes desse filme todo mundo shippava Clint e Natasha - por isso no comecinho da fic tem essas menções. Então até o capítulo 5, eu não fazia ideia de como o MCU seria desenvolvido e como o Bucky poderia retornar. até o capítulo 9 (aproximadamente), nem existia o filme de Guerra Civil ainda. Parei a fic por alguns anos devido a problemas pessoais e retomei a escrita para finalizá-la em 2018, e nessa época os filmes já tinham lançado e o plot evoluído, por isso leva um tempinho para outras partes - incluindo o núcleo de Bucky - serem desenvolvidas. Quando comecei The Ghost of You, não existiam fanfics do Bucky, era tudo mato quando eu cheguei kkkk infelizmente houveram diversos plágios em muitos sites e muitas "inspirações" não autorizadas. então se encontrarem alguma inconsistência entre a narrativa e o universo do MCU, pode ser devido a época em que a fic foi iniciada. e você está lendo-a pela primeira vez: calma, o Bucky vai aparecer. KKKK
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