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Capítulo 4

  

   

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SAIR DA MENTE DE VIOLET STARK foi tão difícil quanto entrar. Wanda sentiu-se forçando a si mesma a voltar enquanto sua cabeça parecia estar sendo arrancada de si. Doeu e muito. Quando conseguiu abrir os seus olhos sentiu a cabeça doer também por conta da iluminação da sala, como se ela tivesse ficado realmente no escuro por muito tempo.

Olhou para Violet que continuava de olhos fechados, sangue escorria do nariz dela e aos poucos o corpo dela amoleceu e Wanda a pegou antes que ela caísse no chão.

— Ei, Violet! — Wanda chamou na mesma hora que Clint entrou na sala e a ajudou a sentar Violet em uma cadeira.

A Stark franziu o rosto e se sentou colocando as mãos na cabeça.

— Você disse que não ia doer. — Ela resmungou ao abrir os olhos, passou a mão no rosto e depois encarou seus dedos manchados de sangue.

— Isso nunca tinha acontecido antes. — Murmurou Wanda em resposta.

As duas se olharam por um momento, relembrando o que havia acontecido. Wanda e Violet analisaram os olhos uma da outra como se o que tivesse acontecido fosse extremamente íntimo e de fato era. Wanda sentiu-se invasiva na mente dela e Violet claramente não estava confortável.

— Vocês duas estão bem? — Clint perguntou ao ver as duas se encarando.

Violet balançou a cabeça de forma afirmativa e se levantou.

— Você espera aqui... — Ele falou olhando para Violet e saiu da sala sendo acompanhado por Wanda.

...

Steve estava cansado, precisava de uma boa noite de sono. Logo após o farto jantar para repor as energias, uma preguiça havia tomado conta do super soldado. Sem falar no dia corrido depois de discutir com Natasha sobre os arquivos encontrados, treinamento dos Novos Vingadores e salvando algumas pessoas de um prédio em chamas no centro da cidade. Precisava de um tempo pra descansar, mas antes tinha uma coisa que os Vingadores deveriam resolver e por mais que estivesse com vontade de deitar, ele queria ainda mais era saber o que seria decidido sobre o caso de Violet.

Depois de ter feito o jantar, ele seguiu até a enorme sala de estar da Torre e sentou-se no sofá aguardando pelos outros. Tudo na Torre era muito sofisticado com tecnologia de ponta, tudo tinha um ar de riqueza e moda que Steve felizmente já havia se acostumado, mas que também o fazia sentir saudade de seu pequeno apartamento no Brooklyn com os móveis de madeira.

Thor foi o primeiro a chegar. Com todo o seu porte enorme forte sentou-se na outra ponta do sofá e Steve sentiu o móvel se mover um pouco. 

— Olá, irmão. — Ele disse todo sorrisos com sua voz grave digna de um deus.

— Olá, Thor. Como foi a viagem?

O deus tinha ido passar alguns dias com a namorada Jane e voltara agora todo sorridente, pelo visto os dias de folga tinham sido proveitosos.

— Foi ótimo! — Thor deu uma risada grave que reverberou pela sala. — E você, irmão? O que fez nos últimos dias?

Steve suspirou se acomodando mais no sofá.

— Nada demais. Mas encontrei uma pessoa que pode ajudar a encontrar mais informações sobre a Hidra.

— Humm... — Thor coçou o queixo observando Steve. — Vejo que parece preocupado, mas não fique ansioso. Tenho certeza de o que quer que tenha encontrado pode tirar coisas boas disso.

Steve sorriu, percebeu que sentiu falta do jeito amistoso e ao mesmo tempo poderoso de Thor, a presença dele era reconfortante de diversas maneiras. Sem mencionar que muitas vezes Steve e Tony não matavam um ao outro, porque Thor sempre trazia a razão para qualquer discussão.

Clint entrou na sala acompanhado de Wanda e logo atrás Natasha apareceu. Wanda sentou-se no sofá de frente para Steve e Thor e Steve a observou por alguns segundos. Ela foi a última a ter contato com Violet e queria o quanto antes saber como foi, mesmo que estivessem a ponto de falar sobre isso ele não podia evitar o hábito de observar alguém e tentar ter alguma resposta através disso.

Olhou para Natasha que estava sentada em uma cadeira ao seu lado e ela olhou para a perna dele que não parava de balançar. Ele notou que sua ansiedade não passou desapercebida aos olhos da russa e parou de sacudir a perna.

— Onde está Tony? — Steve perguntou percebendo que não havia nem sinal dele pela Torre.

— Ele saiu. — Clint disse apoiando uma das pernas na mesa de centro. — Mas já viu Violet e nós contamos a ele o que sabemos de sua história.

Natasha apoiou os braços nos joelhos projetando o seu corpo mais à frente, claramente interessada.

— E como foi?

— Espera. — Pediu Thor olhando de Clint para Steve. — Violet é a pessoa da qual falou agora há pouco?

— Sim. — Steve confirmou balançando a cabeça uma vez. — É uma velha amiga, foi sequestrada pela Hidra em 1942. Eu e a Natasha a encontramos e ela não faz ideia de quem é, não tem memória.

— Mas ela pode recuperá-las. — Completou Natasha. — E por isso ela está conosco. Através dela podemos conseguir mais informações para acabar de vez com o que restou da Hidra, podemos chegar ao Soldado Invernal...

— Bucky. — Corrigiu Steve rapidamente.

— E quem sabe as habilidades não nos sejam úteis para outras missões também. — Completou Romanoff encostando as costas na cadeia e cruzando as pernas.

— Mas para deixá-la na Torre precisamos saber se ela é de confiança. — Concluiu Thor e com essa afirmação todos pousaram o olhar em Wanda.

— Enquanto eu e Tony estávamos com ela, observamos algumas coisas. — Clint olhou para cada um até seu olhar parar em Steve. — Demos fotos a ela pra provar as histórias que contamos. Duas em especial parecerem afetá-la remotamente e uma em especial a fez entrar em um estado de transe enquanto revivia uma memória.
Steve se inclinou para frente no sofá:

— Que fotos? O que aconteceu?

Clint pegou a pasta que estava em seu colo e a abriu sobre a mesinha de centro. Na primeira página estavam separadas três fotos e ele as entregou a Steve.

Steve segurou as fotografias, olhou a primeira e o aperto em seu peito quase o deixou sem respirar como se Thor tivesse dado uma grande martelada em seu tórax. A fotografia mostrava ele e Violet segurando duas xícaras de café e ele se lembrava perfeitamente bem daquele dia. Estavam acampando no leste europeu e durante as frias madrugadas de inverno ele, Violet e Bucky tomavam café e tiravam um tempo pra conversar antes de voltarem para as batalhas. Aquela fotografia foi tirada por Bucky, e os três costumavam ter uma cópia dela.

Ele olhou para a segunda foto e viu a imagem dele abraçando Violet e Bucky, os três com uniforme de combate completamente sujos e rindo. Era uma foto que ele tinha e olhava sempre que podia recordando dos bons momentos, por muitas vezes aquela lembrança o fazia ter esperança em continuar lutando. Não pode evitar um sorriso ao ver aquelas duas fotos.

— Foi assim que ela reagiu. — Clint falou olhando para Steve. — O mesmo olhar de saudade que você tem agora Violet mostrou ao ver essas duas fotos.

Steve pegou a terceira foto e viu Violet nela com a mãe Alyssa e o tio Howard.

 
— Ao ver essa foto ela começou a chorar, então os olhos dela ficaram... diferentes. — Clint franziu a testa tentando descrever para os outros. -A íris tomou uma tonalidade violeta muito forte e ela se agachou no chão com o olhar perdido por alguns segundos, então voltou a soluçar chorando...

Todos olharam atentamente para Clint esperando que ele continuasse.


— Eu fui tentar acalmá-la, perguntar o que estava sentindo. Mas quando me aproximei, com um simples empurrãozinho ela me arremessou contra a parede.

Thor arregalou os olhos:

— Te arremessou como se fosse uma folha de papel?

— Calma. Não é pra tanto! — Riu Clint levemente incomodado. — Se eu quisesse teria revidado...

Natasha riu alto.

— O que quero dizer é que a jovem é extremamente forte. — Completou Clint cruzando os braços e rolando os olhos.

— Os olhos dela. — Wanda começou a falar se pronunciando pela primeira vez e todos os olhos da sala se voltaram para ela. — Eu também vi.

Steve guardou as fotografias dentro da pasta de Clint e a deixou sobre a mesa, olhou para Wanda atento cruzando os braços sob o peito.

— O que viu na mente dela, Wanda? — Ele perguntou enfim. Ansiava por aquela respostas há dias. O que quer que estivesse na mente de Violet definia quem ela era agora e toda decisão que fosse ser tomada a respeito dela dependeria da resposta de Wanda.

— O que vi na mente dela foi único. Nunca tinha visto algo assim antes. — Ela disse diretamente para Steve ele percebeu que os olhos dela o observavam. — Ela realmente não tem lembrança alguma, o que vi foi sua personalidade fragmentada e uma parte dela lutando para permanecer durante esse processo árduo de identificação que ela está buscando.

— Então é como se a personalidade estivesse fragilizada? — Questionou Natasha.

— Sim. — Respondeu Wanda. — Ela não faz ideia de quem é, mas ela sabe que é perigosa. Está tentando descobrir quem é e ainda assim parece ter medo de si mesma.

— Coitada. — Comentou Nat franzindo a testa. — Então o que faremos com ela? Se ela está em um processo de reconstrução da personalidade pode demorar até recuperar as memórias, isso se ela recuperar.

— Ela vai recuperar. — Wanda disse em um tom de total certeza que praticamente acalmou o coração de Steve. — Eu sei que vai, vi isso na mente dela. As memórias estão lá, em pedaços e inacessíveis no momento. Mas se soubermos como estimular ela é provável que ela as recupere.

Todos ficaram em silêncio por um momento, pensativos.


— Acho que devemos dar uma chance à ela. — Thor disse finalmente quebrando o silêncio. — Melhor monitorá-la de perto do que descartar ela.

— Não estávamos pensando em descartar. — Steve respondeu imediatamente e Natasha sorriu de lado.

— Fica tranquilo, Cap. Não queremos acabar com sua única paquera dos últimos setenta anos. — Ela brincou. Steve rolou os olhos enquanto Clint segurava uma risada e Thor sorriu contente.

Paquera? — Ele perguntou curioso. — É outro termo que vocês mortais usam para "namorada"?

Depois disso Clint não conseguiu segurar uma risada e Wanda também riu baixo e Steve lançou um olhar impaciente aos dois.

— Jovens, por favor, vamos manter o foco. — Ele pediu descruzando os braços e passando uma das mãos pelo cabelo claramente desconfortável.

— Certo. — Concordou Wanda tentando colaborar com Steve. — Eu concordo com Thor, ela precisa ser monitorada. Mas não dá pra mantê-la presa dentro de uma sala, ela precisa de um espaço para que possa se desenvolver e para que possamos descobrir mais sobre ela.

— Concordo com a Feiticeira. — Clint declarou. — Quero conhecer as habilidades de combate dela e vou precisar de Natasha pra isso. Sem falar que precisamos descobrir o que aconteceu com ela enquanto estava com a Hidra.

— Eu tenho uma ideia do que pode ter acontecido. — Romanoff suspirou e olhou para Steve. — Acho que ela foi torturada, Steve.

Ele a olhou nos olhos aguardando por mais informação que aquela e apenas aquela frase já fazia seu coração pesar.

— Quando ela chegou e eu fui coletar um pouco do sangue dela para fazer exames... encontrei cicatrizes pelo braço que iam até as costas. Deve ter outras pelo corpo dela. A Hidra provavelmente a torturou querendo informações para chegar até você. — Ela disse e Steve desviou o olhar, ficou encarando os seus sapatos sem conseguir formular uma resposta.

A grande culpa pesava sobre o seu espirito, mal conseguia imaginar o que sua amiga havia sofrido. Não conseguia suportar imaginar Violet sendo atingida várias e várias vezes se recusando a falar o que sabia. Não podia imaginar quantas vezes ela foi ferida a ponto de se perder de si mesma e tudo isso para cumprir o seu papel.

Você é uma boa soldada, garota. Ele dissera uma vez a ela brincando e em resposta ela tinha sorrido orgulhosa como se aquilo fosse o maior elogio que alguém já havia feito a ela. Um das muitas memórias que tinha de Violet que o fazia se sentir como uma sombra do que ele era no passado.

— Podemos colocá-la em quarto monitorado, ela vai ter horário para treinar comigo e com o Clint e conforme ela for recuperando as memórias nós progredimos na nossa tarefa. — Concluiu Natasha se levantando. Clint aproveitou para dizer que por ele tudo bem e se retirou alegando que precisava descansar.

Wanda e Thor deram boa noite ao Capitão e se retiraram, mas Natasha em pé cruzou os braços o encarando com uma expressão de divertimento.

— O que foi agora, outra piadinha sobre minha vida amorosa? — Steve perguntou arqueando uma sobrancelha.

— Na verdade, não. Tenho mais o que fazer e você também.

— Eu tenho?

— Sim, precisa levar Violet para conhecer a Torre e deixa-la no novo quarto dela. — Natasha disse antes de sair da sala de estar deixando um Steve ainda mais ansioso para trás.

Steve se levantou do sofá e saiu da sala estar indo em direção ao elevador, apertou o botão e enquanto as portas se fechavam se deu conta do quanto estava aliviado apesar de tudo o que estava acontecendo. Então admitiu pra si mesmo que ele estava com medo, estava com medo de ter perdido a amiga para sempre e dela ter sofrido algo que não poderia ser reparado, ao menos agora tinha alguma esperança.

O elevador abriu e ele saiu pelo corredor, parou na porta à direita e digitou sua senha de acesso. A porta foi aberta e ele adentrou no espaço. Olhou para a figura de costas para a porta que segurava uma fotografia em sua fina e delicada mão. Ela levantou a cabeça e olhou em sua direção, os olhos estavam avermelhados como se estivessem cansado e o cabelo negro solto emoldurando seu rosto.

Há muitos e muitos anos ele sonhava com o seu passado e em todo sonho aqueles olhos estavam presentes. Por muito tempo teve a certeza de que Violet estava morta e agora a figura dela estava sentada bem à sua frente como um fantasma. Poucas coisas haviam mudado na aparência dela, seus cabelos estavam bem mais longos, ela parecia mais forte e pelo seu olhar ele podia dizer que ela não parecia reconhecê-lo como um amigo. Os olhos dela pareciam curiosos e ansiosos, mas ela se manteve em silêncio.

— Está com fome? — Ele perguntou se aproximando, colocou as mãos no bolso da calça sem saber muito bem sobre o que falar.

Ela balançou a cabeça de forma afirmativa.

— Vem comigo, tem jantar na cozinha.

 
Ela arqueou as sobrancelhas surpresas e levou uns três segundos para se levantar, como se não tivesse certeza se deveria segui-lo.

— Vem, eu não vou machucá-la. — Steve disse indicando a porta.

Ela guardou as fotografias dentro da pasta e a colocou debaixo do braço, se aproximou de Steve e passou pela porta.

— Eu sei que não vai me machucar. — Ela disse parando no corredor e ele saiu da sala tomando a frente e indo até o elevador. Detectou um tom de confiança na voz dela e olhou para Violet enquanto caminhavam até o elevador.

— Me falaram que éramos amigos. — A voz dela soou pelo cubículo de metal enquanto as portas eram fechadas. Steve a olhou e encontrou os olhos dela ansiosos o encarando. — Eu sei que falei que minha missão era te matar, me desculpe. A minha mente anda um pouco confusa.

E lá estava, a Violet que ele realmente conhecia e não só a sombra dela. Mas também não podia deixar se iludir, se ela fosse uma espiã bem treinada também pediria desculpa. Entretanto, se fosse uma espiã Wanda teria descoberto quando entrou na mente dela. Steve soltou o ar preso em seus pulmões ainda tentando decidir como receberia aquela nova versão de uma pessoa que conhecia há muito tempo.

— Está tudo bem. Mas talvez devesse se desculpar com Barton por ter jogado ele na parede. — Comentou em tom de brincadeira saindo na sala de estar e pelo canto do olho viu ela quase sorrir abertamente.

Ela olhou ao redor observando a sala de estar, a televisão que ocupava uma parede inteira e os móveis exageradamente sofisticados. Seus olhos foram até o teto observando o enorme lustre que iluminava a sala e quando percebeu que estava distraída demais ela olhou para ele que estava sorrindo.

Quando viu que tinha a atenção dela ele virou à esquerda entrando na cozinha.

— Então, o que você quer comer? — Ele perguntou abrindo o armário, vendo a variedade de pães e biscoitos que tinha lá. Depois olhou em direção ao fogão lembrando que ainda tinha comida, provavelmente teriam esquecido de levar um jantar para ela. Steve não culpava os colegas, a rotina deles era tão agitada que eles próprios esqueciam que precisam se alimentar de vez em quando.

Olhou no relógio de pulso e percebeu que já passava da meia-noite. Lembrou que durante a guerra quando ele e os Howling Commandos passavam madrugadas acordados montando estratégia, Violet gostava de servir chocolate quente e biscoitos para todos.

— Acho que um copo de leite quente e alguns cookies seria bom. — Ela sugeriu entrando na cozinha. Tinha os olhos atentos em tudo, apreciando cada detalhe e então ela olhou para Steve. — Eu já estive aqui antes?

— Não. — Ele disse tocando na geladeira, ela se abriu sozinha e Steve pegou a garrafa de leite. — Por quê? Algo aqui lhe parece familiar?

— Não, eu só não faço ideia de quais lugares já conheci nessa vida. — Ela contou suspirando, se aproximou da bancada e colocou a pasta em cima dela e se sentou em um dos bancos. Olhando para Steve que agora colocava o leite quente na xícara e entregava para ela com um prato de biscoitos.

Já que ela havia citado que não se lembrava de conhecer algum lugar, achou que fosse uma boa hora para fazer algumas questões que estavam na sua mente desde a primeira vez que a encontrou três dias atrás.

— Não se lembra nem mesmo do que estava fazendo na base em que te achei?

As mãos dela seguraram a xícara e os seus olhos amendoados encararam os azuis de Steve. Não pareceu nervosa, mas encarou o olhar dele por alguns segundos como se estivesse tentando entender o que ele esperava daquela pergunta, pareceu estar tentando ver se estaria sendo testada. E de fato Steve a estava sondando, mas ela não pareceu notar.

— Eu já tinha acordado lá. — Ela contou enquanto seus dedos desenhavam círculos na xícara. — E eu acordei com muita raiva. Muita raiva.

Ele franziu a testa intrigado pela maneira que ela destacou o que sentiu, deduziu que deveria ser algo extremamente forte, porque quando ele olhou os seus olhos pela primeira vez na enfermaria ela ainda parecia bem alterada.

— O que acontece quando você está com muita raiva?

— Eu... — A voz soou fraca e então respirou fundo, provavelmente não querendo soar abalada. — Eu perco o controle, não consigo pensar direito. Foi o que aconteceu quando me lembrei da minha mãe e reagi de forma muita impulsiva jogando seu amigo na parede.

Rogers se lembrou da cara de Clint ao tocar no assunto, obviamente tinha ficado com o orgulho e ferido. Agora olhando para Violet e vendo o quanto ela aprecia uma doce garota que não faria mal nem a uma mosca, achou que a situação ou deveria ser muito engraçada de se ver ou ela realmente mais poderosa do que poderiam imaginar.

— Clint contou que seus olhos mudam, a íris fica em um tom violeta. — Ele contou pegando mais uma xícara de leite para si e se sentou ao lado de Violet. Com a proximidade não se sentiu encarando uma estranha, estranha foi a sensação de familiaridade com ela mesmo devido às bizarras circunstâncias.

Ela piscou algumas vezes olhando diretamente para Steve.

— Meus olhos... o quê?

— Eles mudam um pouco a tonalidade. Não sabia disso? — Ele pegou um dos cookies do prato dela e mordeu enquanto ela parecia pensativa.

— Não sabia... e ei! Pegue mais cookies, esses não vão dar pra nós dois! — Resmungou pegando um do prato e mordendo.

— Calma, eu não como tanto assim!


Ela riu balançando a cabeça de forma negativa.

— É claro que come. Analisando superficialmente sua massa corporal e sua enorme massa muscular, também se baseando no fato que você deve praticar extensas atividades físicas diárias frequentemente, acredito que para manter todo esse incrível metabolismo em um nível que está acima da linha de normalidade comparada a população em geral, você deve comer muito! — Ela disse rápido e com um tom de normalidade que trouxe a Steve a velha sensação de reconhecimento que aliviou a pressão em seu coração. 

Em momentos pequenos como esse ele se lembrava dela e em alguns outros sentia que encarava olhos vazios como se Violet não estivesse naquele corpo, e a complexidade desses momentos causava uma incrível batalha dentro de si. Confiar ou não confiar?

Lembrou-se de setenta anos atrás do dia em que se tornara um super soldado. Violet e Howard o encaravam maravilhados e analisavam cada parte do seu corpo. 

"Analisando sua massa corporal e sua enorme massa muscular, também se baseando no fato de que você vai praticar extensas atividades físicas diárias frequentemente, acredito que para manter todo esse incrível metabolismo em um nível que está acima da linha de normalidade comparada à população em geral, você vai precisar comer muito!" Ela tinha dito sorrindo fazendo anotações no caderno de Howard, enquanto as ondas do cabelo caíram sobre o seu rosto.

Agora setenta anos depois lá estava ela, repetindo as mesmas palavras. Com uma das mãos ela tirou o cabelo dos ombros e o olhou como se esperasse uma resposta. Mas Steve não fazia ideia do que dizer.

— Por que está me olhando assim?

Rogers desviou o olhar para a xícara de leite e tomou quase metade do copo de uma vez evitado olhá-la novamente.

— Assim como? — Perguntou dando de ombros uma vez.

— Deixa pra lá. — Ela baixou o olhar para o prato de cookies vazio agora. — É que pareceu um olhar de saudade.

Ele olhou para ela que encarava a pasta fechada. Ele sentia saudade sim, mas não admitiria isso naquele momento. Não enquanto não tivesse certeza de que ela poderia recuperar as memórias, não até ter certeza de que não havia más intenções da parte dela. Steve tinha receio de que ela e Bucky tivessem mudado pra sempre, sabe se lá o que exatamente a Hidra fez com eles. Mas apesar de tudo, apesar de não querer criar expectativas em ter os amigos de volta, também não poderia desistir.


Rogers abriu a pasta em cima da bancada e a primeira fotografia era deles três. Violet, Steve e Bucky sorrindo em 1942.

— Quem é ele? — Violet perguntou olhando a foto nas mãos de Steve.

— Meu melhor amigo. — A resposta veio tão natural quanto respirar. Então Steve guardou a foto na pasta e se levantou levando as xícaras e o prato para a pia. — Vou te mostrar o seu quarto agora. — Olhou para Violet indicando com a cabeça para que ela o seguisse.

Chegando na porta do quarto, Steve a abriu e acendeu a luz do aposento. Não era apertado, mas também nada muito grande. Parecia confortável, como um quarto de apartamento. Os móveis simples, era apenas uma cama, um guarda-roupa pequeno e uma escrivaninha. Em cima da cama havia algumas roupas dobradas.

— Acredito que Romanoff tenha separado as roupas para você. — Steve observou enquanto Violet olhava o quarto, se aproximou das roupas e as olhou sem tocar e depois deixou a pasta que Clint lhe dera em cima da escrivaninha.

— É um ótimo quarto. Ficar em uma enfermaria ou numa sala esquisita enquanto todos te fazem perguntas é um pouco bizarro. — Ela sorriu por um momento quando o olhou nos olhos e então se virou para acender o pequeno abajur sobre a escrivaninha.


Steve ouviu aquilo e riu, poderia citar uma lista com milhares de coisas realmente bizarras que já havia encontrado e nenhuma delas geralmente envolvia perder a memória, bem, tirando o encontro inesperado com Bucky.

— O banheiro fica no final do corredor e esteja pronta amanhã cedo. Romanoff ou Clint passarão aqui e lhe informarão o que planejaram para manhã. — Enquanto Steve falava Violet se aproximou da janela e observou que não dava para ver quase nada da cidade lá embaixo. Rogers se aproximou e tirou as mãos do bolso.

— Violet. — Ele chamou para que ela o olhasse. Quando ela se virou, encarou o rosto dela de perto. — Espero que não cause problemas e se eu descobrir que há algo de errado ou que você tem outras intenções, eu...

— Tudo bem. — Ela o interrompeu com a voz firme. — Eu já entendi. Se eu for uma traidora, você me mata. Todos já deixaram isso bem claro, Capitão. 

Os ombros dela estavam tensos e a respiração controlada, ele percebeu que talvez tenha pegado pesado e que fora um dia confuso para ela. Uma ameaça não melhoraria as coisas, mas não poderia deixar de dizer aquilo. Ao olhar para Bucky meses atrás e vê-lo como o Soldado Invernal e saber que ele poderia ter sido morto pelo seu amigo deixou em Steve um sentimento de dúvida, quase não se permitia acreditar que talvez pudesse ter o verdadeiro James de volta. O mesmo poderia acontecer com Violet.

Os dois se olharam por alguns segundos e a firmeza nos olhos dela trouxeram milhares de lembranças a ele, mas provavelmente nenhuma a ela. Steve então se virou para porta.

— Te vejo amanhã. — Ele disse fechando a porta. Suspirou pesadamente ao caminhar pelo corredor, precisa dormir e esquecer por um tempo de como seria mais fácil se o passado tivesse ficado para trás.

Violet encarou a porta mesmo depois dele ter saído por ela. Os olhos azuis do Capitão trouxeram uma sensação de tristeza a ela, como se a desconfiança da parte dele a tivesse magoado. Mesmo que não soubesse explicar, sabia que estava chateada por isso. Voltou-se para a cama e olhou as roupas deixadas nela, eram poucas, mas era o bastante para passar o dia seguinte.

Ela tirou os tênis e a jaqueta que colocaram nela quando a prenderam e abriu a pasta deitando-se na cama. Observou as fotografias que traziam a ela a sensação de nostalgia e encarou o seu próprio sorriso na imagem desejando lembrar a razão de estar sorrindo tanto.

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