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Capítulo 3

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A ENFERMARIA POSSUÍA TODAS AS MACAS organizadas em duas fileiras pelo amplo salão. Armários com variados medicamentos e equipamentos tomavam conta das paredes e dois refrigeradores se encontravam no canto oposto ao da janela. Tudo que Violet tinha para encarar o dia inteiro. A cor excessivamente branca do local estava a tediando profundamente e toda vez que alguém entrava ou saía pela porta sentia uma grande vontade de tentar escapar, queria saber onde estava mesmo que não conseguisse entender o que poderia fazer em seguida.

Às vezes se pegava encarando as próprias mãos ou a própria imagem refletida na janela ao invés de prender sua atenção na cidade lá embaixo. Não sabia quem era. Não saber quem se é. Terrivelmente aterrorizador, por mais redundante que possa soar, era o que ela pensava ao tentar descrever a sensação de profundo vazio, a sensação de não existir. Sensação de não pertencer a um lugar, a um tempo, a alguém...

Poucas coisas que se passavam pela sua cabeça das quais elas tinham convicção de serem reais era o nome Projeto Darksouls que não sabia de onde vinha aquele nome, mas pronunciá-lo e pensar nele trazia uma estranha sensação de assombro, também convicção de que era uma combatente, soldada bem treinada e podia sentir isso em cada poro de seu corpo quando entrava em ação e tinha a missão de encontrar dois outros soldados. Sabia os nomes desses soldados: soldado invernal e o capitão américa.

Curiosamente não sabia quem aqueles dois eram, só conhecia o nome deles. Até à noite anterior quando o homem extremamente alto, musculoso, loiro e de olhos azuis lhe perguntou por que queria matá-lo. Então deduziu que aquele seria o Capitão América. Lembrou-se dos poucos segundos que passaram juntos e as perguntas que ele havia feito naquele momento lhe trouxe uma angústia profunda, como se um grande buraco negro tivesse sido aberto dentro de sua alma e estava sugando tudo que era ela ou quem ela chegou a ser um dia.

Não ter memórias é como não ter uma identidade, por isso estava num estado desesperado de tentar se agarrar a alguma coisa na tentativa de encontra-se a si mesma. Desde a noite anterior tentou lembrar-se de sua infância, adolescência e se era tão boa no combate corpo-a-corpo deveria ter aprendido em algum lugar. Tentava se recordar desse lugar, de qualquer lugar. Entretanto tudo o que conseguia ver dentro de si era o vazio.

Sentia-se fraca, exposta, vulnerável e consequentemente furiosa. Os punhos dela se fecharam violentamente com a onda de raiva que sacudiu seus músculos. Encarava a si mesma pelo reflexo, sua expressão não demonstrava fraqueza por mais que se sentisse assim. Alguém tinha feito aquilo com ela, destruído seu passado e se tinha uma coisa que Violet queria tanto quanto recuperar suas memórias era vingança.

Uma mão tocou o seu ombro e sem pensar o corpo de Violet respondeu. Agarrou o pulso e o girou enquanto posicionava o seu corpo para encarar quem a tinha tocado e, no instante em que encarou o rosto do homem que vira também na noite anterior, o soltou e defendeu precariamente com os braços a chave que ele tentou lhe aplicar.

Com apenas um segundo de ação e defesa Clint prendia um dos braços de Violet, o olhar dele centrado e em alerta. Violet acenou com o outro braço indicando redenção.

— Desculpa, me pegou desprevenida. — Explicou sentindo o olhar de Barton lhe sondando duvidoso. — É sério, não ouvi quando entrou no quarto.

— Nem quando eu chamei o seu nome? — Parecia uma pergunta carregada de ironia, por mais que ele permanecesse sério sem desviar os olhos dos dela nem por um segundo.

— Não, não te ouvi me chamar. — Ela afrouxou a outra mão que segurava o braço dele que a prendia. — Eu estava concentrada, numa espécie de meditação tentando recuperar minha memória.

Clint a soltou, mas sua linguagem corporal deixava bem claro que estaria pronto caso ela o atacasse.

— Credo, até parece que um homem desse tamanho tem medo de mim. — Provocou Violet se afastando dele rolando os olhos e voltou a encarar a janela, o sol começava a ser pôr.

Clint riu como se aquela fosse realmente uma ideia ridícula.

— Nós dois sabemos que você não é de confiança, mas eu te quebraria em um minuto.

— Uau! Isso soou extremamente tentador. — Violet piscou um dos olhos para ele, Clint abriu a boca para responder, mas a porta da enfermaria foi aberta e ele se virou para olhar quem estava entrando.

A jovem seguiu o seu olhar e encarou o homem que entrava. Observou o relógio caro no pulso, a camisa esportiva e os sapatos italianos. Ele andou devagar até os dois, parou e tirou os óculos escuros aproximando seu rosto do de Violet de uma maneira que quase a deixou constrangida.

— Santa Maria... — Murmurou o homem arregalando os olhos. — Quando disseram que encontraram a minha tia desaparecida durante a Segunda Guerra achei que estivessem falando de no máximo uma senhora caduca prestes a bater as botas e não de uma jovem bem conservada!

— Tia? — Questionou Violet olhando do homem atrevido a Clint.

Barton sorriu olhando para os dois.

— Tony, essa é Violet. E Violet esse é Tony Stark. — Clint declarou encarando a expressão dos dois com um expressivo sorriso de divertimento.

***

Assim que Steve abriu a porta da sala de treinamentos, um punching ball quase lhe acertou a cabeça. Felizmente ele desviou prontamente graças aos seus reflexos. Olhou ao redor da enorme sala de treinamento e deparou-se com Wanda o olhando quase que constrangida e falcão sobrevoando o amplo salão com suas asas e assoviando animado.

— Essa foi por pouco, Wanda. — Falcão sorriu enquanto pousava, andou em direção a Steve. — Mais um pouco e teríamos um Capitão sem cabeça. — Deu um soco leve no ombro do colega.

— Desculpa. — Pediu a Feiticeira Escarlate com o seu leve sotaque. Steve percebeu que ela já estava usando o seu novo uniforme. — Mas devia bater antes de entrar. Achamos que não viria hoje.

— Por que eu não viria? — Steve perguntou confuso, olhou ao redor e percebeu que ninguém mais estava treinando além de Wanda e Falcão.

— Parece bem dedicado a encontrar o que restou da Hydra, sem falar na mulher misteriosa que deu uma surra em você e na Romanoff. Clint também está monitorando ela agora junto com o Tony já que ela possivelmente também é a tia desaparecida dele. — Falcão tirou seus óculos e observou a expressão séria e contrariada de Steve, sabia que ele ficava bem tenso quando algo estava relacionado com a Hydra e seu passado, mas também sentia que Steve às vezes parecia equilibrado demais e só aliviava o estresse socando a cara de alguém.

— Tia do Tony? Ela parecia bem nova pelo que vi ontem. — Wanda perguntou confusa. Steve a olhou.

— Viu ela ontem?

— Não pessoalmente. Clint a estava monitorando, eu vi pelo televisor dele. — Explicou a Feiticeira. -Mas talvez mais tarde eu a veja, querem que eu descubra se ela tem boas intenções não é?

Falcão assobiou impressionado.

— Então é provável que ela entre para o nosso time também, não é? Já que estamos agregando mais gente.

Steve pareceu alarmado com tanta informação de uma vez só.

— Na verdade eu não tinha pensado nisso. Antes precisamos descobrir muita coisa até poder fazer suposições. — Respondeu ele encarando os dois.

— Se tem uma coisa que podemos supor com certeza é que dois Stark no mesmo lugar vai ser impossível de aguentar. — Falcão riu e até Wanda segurou um sorriso divertido.

— Sabe de uma coisa, hoje devemos fazer um treinamento a céu aberto. — Sugeriu o Capitão. — Wanda, cheque as notícias e veja quais ocorrências podemos responder nessa noite. Chame o Visão para se juntar a nós.

— Parece estar ocorrendo um incêndio no centro de Nova Iorque, fora de Manhattan. — Wanda informou depois de checar o sistema de atualizações da Torre.

Steve pendurou o escudo nas costas e se retirou sendo seguido pelos outros.

Violet encarou Tony que estava do outro lado da mesa sentado de frente para ela.

— Então eu não sou sua tia, eu sou sua prima e há uma grande diferença nisso. — Disse rolando os olhos e cruzando os braços.

— Na verdade, eu te chamei de tia por você ser... de mais idade. — Provocou Tony abrindo algumas pastas diante da mesa e as empurrou na direção de Violet. — Mas se você achar que é falta de respeito eu posso lhe chamar de Senhora.

Ela o encarou prestes a dar uma resposta que envolvesse algum insulto, mas quando seus olhos encararam os arquivos que ele colocou na mesa a resposta se perdeu. Olhou para Clint que estava calado desde então e com um olhar ele a induziu a pegar os arquivos. A jovem encarou a pasta que continha muito mais que fotos e protocolos, aquilo tinha um valor subjetivo enorme. Não ia encontrar só seu histórico escolar e médico, parte de quem era estava ali naqueles papéis e em parte aquilo era assustador.

Abriu a primeira pasta e uma foto em preto e branco tomava conta da metade da primeira folha. A jovem na foto tinha os cabelos escuros, um olhar forte e um quase sorriso doce. Estava de braços cruzados e parecia vestir um uniforme do exército. O penteado clássico e beleza suave davam a jovem um estilo lindo retrô. Violet perdeu a respiração por um segundo enquanto reconhecia aqueles traços como seu.

Olhou o nome escrito embaixo da foto: Violet Elise Stark, Codinome: Miss Stark, Posição: Agente e Estrategista de batalhas do exército americano e Coordenadora das indústrias Stark. Nascida em 12 de Setembro de 1921.

Ao ver a data de nascimento um arrepio gélido percorreu pela espinha. Ela tirou os olhos do arquivo e encarou Tony e Clint seriamente.

— Tá de brincadeira comigo, não é? Querem me convencer de que eu nasci em 1921? — Sibilou entre dentes. — Tudo bem que não estou mentalmente sã, mas eu não sou idiota!

— Violet, por favor. — Pediu Clint calmo. — Que vantagem teríamos se criássemos uma história absurda? É tão inacreditável pra você quanto é pra nós, também precisamos descobrir o que houve com você. Por favor, continue a ler os arquivos.

Ela olhou para Tony que repentinamente havia parado com as provocações e agora a observava atento, voltou a encarar os arquivos e deparou-se com um pequeno registro de tudo que havia vivido. Nasceu e cresceu em Nova Iorque, seu pai morreu na adolescência e logo depois a mãe o que a fez ir morar com o seu tio Howard. Howard que cuidava de uma indústria e dono de um conhecimento cientifico incrível deu espaço ao crescimento de Violet que ao trabalhar com o tio ampliou seu conhecimento e prática cientifica, patenteou várias criações tecnológicas e embarcou em missões com o exército americano derrubando várias tropas nazistas se tornando assim uma grande figura.

— Céus, eu fiz tudo isso mesmo? — Murmurou virando páginas e páginas de relatórios sobre suas missões. — Eu fui uma máquina. — Usou um tom quase irônico.

— Você foi uma lenda. — Corrigiu Tony.

Depois de fotos e relatórios, vieram recortes de manchetes dos jornais mais famosos da época. Fotos de Violet e sua grande beleza classista ao lado do Capitão América e de outros soldados, Violet e Peggy Carter, Violet e Howard que carregavam o título das indústrias Stark. E depois das manchetes vieram as fotos antigas e desbotadas dela com o loiro que vira na noite anterior, pareciam sorrir segurando xícaras e muito agasalhados em alguma cabana fria, pareciam cansados.

Em outra foto ela estava com o cabelo despenteado, nada das curvas glamorosas seguradas pelo laquê, estava suja de terra no meio de dois rapazes. O da direita era o loiro que vira na noite anterior e o da esquerda tinha os cabelos negros, também alto e com o uniforme do exército tão sujo quanto o de Violet. Apesar de parecem ter lutado pra caramba, o sorriso no rosto dos três mostravam satisfação. Virou a foto e viu que estava escrito atrás "Companheiros de guerra: Bucky, Violet e Steve depois de acabar com uma tropa nazista".

— Esse loiro da foto, o Capitão América... — Violet virou a foto para que Tony e Clint pudessem ver. — Eu não lembro de nada praticamente, mas algo na minha mente fica dizendo que ele é minha missão.

— Lembra-se de ter visto ele antes, lembra-se de ter vivido isso? — Clint puxou uma cadeira mais próxima dela e se sentou.

— Não exatamente. — Ela respondeu e Tony mudou sua postura endireitando as costas visivelmente curioso. — Sinto uma grande nostalgia, como se houvesse saudade. Quase sinto que posso alcançar lembranças, mas não consigo nada.

— Tudo bem, pelo menos a sensação de nostalgia pode nos dizer que se se esforçar um pouco mais pode lembrar-se de alguma coisa. — Comentou Tony pegando a foto da mão de Violet e apontou para o Capitão América. — Esse é o vovô Steve, vocês eram bem próximos. Talvez convivendo com ele de novo possa ir se lembrando de algumas coisas.

Seus olhos voltaram-se novamente para os arquivos, tinha acabado com uma pasta já e então pegou a segunda e a abriu. Tinha uma ficha sua novamente com dados, mais especificamente da que era considerada sua "última missão". Tinha um relatório de Peggy Carter, um de Howard e outro de Steve. Lendo por cima Violet percebeu que em um confronto contra o acampamento do exército americano conseguiram captura-la e desde então haviam registrados rastros que poderiam usar para encontra-la. Mas ao ir avançando por cada relato do arquivo feito por diferentes pessoas sentia o crescente desespero da equipe ao constar que mesmo derrotando o Caveira Vermelha não havia nenhuma pista do que havia acontecido com ela.

"A desaparecida Miss Stark" diziam as manchetes, "Qual será o paradeiro de Violet Stark?" e mais "Nazistas podem ter matado Violet Stark". Ela leu a última manchete e respirou fundo, sentia o peito comprimido como se não existisse mais ar naquela sala. Os olhares de Clint e Tony caíam como chumbo sobre ela. Na última folha do arquivo tinha uma carta anexada, no envelope estava escrito "De Howard para Violet".

— A perdida Miss Stark. — Comentou Tony a tirando de seu torpor. — É assim que te chamam até hoje. Quer dizer, se você é você... Quer dizer, se você é quem pensamos quem é...

— Já entendemos, Tony. — Cortou Clint. — E ela é. Os exames do DNA confirmaram isso ontem.

Os dedos de Tony tamborilaram batidas na mesa, um sinal um tanto apreensivo percebeu Violet.

— Legal, então. — Ele comentou com os olhos arregalados para Violet. — Minha única família é uma tia da década de 40 que não envelhece.

— Prima! — Corrigiu Violet com fúria na voz.

— Seja lá o que você tenha feito pra se conservar poderia me passar a receita, imagina o quanto poderíamos vender com a indústria de cosméticos. "Fibra de Violet para você que tem problemas com rugas"... — Tony anunciava pensativo, Clint tossiu sem saber se ria ou mandava os dois pararem e Violet irritada pegou umas das pastas e bateu com ela na cara de Tony. O Homem de Ferro se levantou dando um soco na mesa como resposta e Clint se colocou entre os dois.

— Já chega! — Resmungou Gavião. — Parecem duas crianças! Tony pare de provocá-la e Violet controle sua agressividade!

Tony ajeitou o paletó e voltou a se sentar com um olhar duro na direção da jovem enquanto ela se abaixava para juntar os arquivos que tinham caído. Seu olhar pensativo parou mais uma vez sobre várias fotos. Pegou um que tinha olhado há pouco e não tinha prestado tanta atenção, era ela com Howard Stark e uma mulher mais velha que eles dois. Tocou a foto para tirá-la do chão e então sua cabeça latejou de dor, ela arfou e sibilou tentando se controlar, mas a dor progrediu até a fazer gritar.



1942

As paredes brancas do hospital davam enjoo à Violet. Ela tremia sem parar, já não sabia mais se era de nervoso ou por estar com frio e toda molhada. Sair correndo para a rua gritando por socorro quando sua mãe desmaiou na sala foi uma tarefa tão instintiva que ela só percebeu que estava debaixo de chuva quando chegaram pra ajudar. Tinham levado sua mãe desacordada e a deixaram esperando lá em mio a um monte de enfermeiras com seus aventais e chapeis que passavam pelo corredor trazendo uma corrente de ar que só fazia Violet estremecer ainda mais.

Estar em uma situação crítica como aquela sem saber se estaria tudo bem com a sua mãe era particularmente difícil por ela estar sozinha, sentia imensa saudade do seu pai e desde que morrera as coisas foram ficando cada vez mais difíceis principalmente financeiramente. O pai de Violet fora enviado para a Europa no ano anterior quando o presidente Roosevelt começou a mandar tropas americanas pra lá e ele morreu em combate duas semanas após ter saído de casa.

Alyssa, mãe de Violet, não queria aceitar dinheiro do irmão mais novo Howard e dizia que seria capaz de cuidar de si e da filha sozinha, mas não era tão simples quanto parecia. Violet sentia que não precisavam só de dinheiro, mas também de apoio familiar, por isso antes de ficar no corredor esperando por notícias tinha pedido a uma vizinha para mandar um telegrama para seu tio Howard.

— Violet Stark? — Perguntou uma enfermeira loira se colocando diante da jovem enquanto arrumava seu chapéu. Violet balançou a cabeça afirmando. — Bem, Alyssa era sua mãe, certo? Não posso imaginar como seja difícil ouvir isso, eu sinto muito, mas sua mãe teve um infarto e quando ela chegou ao hospital já não havia mais nada que podíamos fazer.

As lágrimas rolaram enquanto seu coração era partido mais uma vez. Não sabia se a enfermeira tinha dito alguma outra coisa, se ela havia tentado abraçá-la, só conseguia ouvir os próprios gritos e de repente Howard Stark vinha correndo pelo corredor do hospital e a prendeu em seu abraço.

— Vai ficar tudo bem, pequena. -Ele sussurrou abraçando uma Violet sentada ao chão.



Atualmente

As lágrimas escorriam enquanto Violet gritava, Clint a tentou tirá-la do chão, mas ela o arremessou contra a parede e Tony surpreso a encarou nos olhos.

— Ei... vai ficar tudo bem, pequena. — Disse ele enquanto Clint se levantava com um resmungo. E sua voz soou exatamente como a de Howard. — Ninguém vai te machucar, Violet, por favor, se concentre em nós. Lembra que estávamos conversando, não lembra?

Ele respirou fundo olhando o ambiente a sua volta, estava de novo na sala com Clint e Tony. O que havia vivido alguns minutos atrás era na verdade... uma lembrança.

— Desculpa... — Sibilou levantando as mãos em um sinal de paz. — Desculpa, de verdade. Eu só acabei de ter uma lembrança muito forte.

Clint suspirou aliviado e voltou a se sentar enquanto Tony fazia o mesmo.

— Do que se lembrou? — Eles perguntaram ao mesmo tempo.

Violet pegou a foto do chão e mostrou para eles.

— Aqui, essa é a minha mãe! E meu tio Howard.

— Também conhecido como meu pai. — Declarou Tony, mas ela o ignorou.

Ela olhou para a foto mais uma vez e sentiu o que reconheceu como saudade.

— Isso não pode ser verdade. — Murmurou e olhou seriamente para os dois, sentia as lágrimas ainda presas nos olhos. — Estão fazendo algum teste mental comigo? Como posso confiar em vocês?

— Como nós podemos confiar em você? — Clint se levantou e a olhou nos olhos. — Os dois lados aqui estão se arriscando, mas se queremos descobrir mais precisamos de alguma maneira nos unir.

Violet olhou mais uma vez a foto e os arquivos e depois a cara de idiota do Tony e concordou.

— Então, hoje pedirei para que Wanda veja sua mente e a intenção que há nela. Se todos concordarem, te mostrarei a Torre e você nos ajudará a descobrir o que aconteceu. — Clint explicou observando Violet que parecia pensativa e depois olhou Tony que maneou a cabeça de forma afirmativa.

— Está bem. — Respondeu por fim a jovem sentando-se novamente.

— Já que resolvemos em parte todo esse drama, eu vou me arrumar porque espero curtir bem a noite de Manhattan antes que comecemos a semana salvando todos os indefesos civis de Nova Iorque. — Tony declarou ajeitando seu blazer enquanto se levantava e caminhava até a porta. Clint se levantou recolhendo os arquivos.

— Posso ficar com eles? — Violet perguntou olhando para as pastas nas mãos do Gavião.

— Pode, talvez lhe ajude com alguma coisa. — Entregou em suas mãos os arquivos e caminhou até a porta com Tony. — Aguarde aqui, mandarei Wanda vir lhe encontrar.

— Como se eu tivesse como ir pra algum outro lugar. — Ela resmungou cruzando os braços voltando seu olhar para o teto. Infelizmente a sala nem janelas tinha. 

Clint pareceu não ouvir a última frase dela e saiu trancando a porta.

Uma hora.

Duas horas.

Talvez três.

Violet perdeu a noção de há quanto tempo estava esperando, apoiou os braços na mesa e deitou a cabeça sobre eles e dormiu um pouco até Tony entrar novamente na sala e bater a porta.

Ela se endireitou em um pulo atenta no segundo em que despertou.

— Oh, desculpe. Eu te acordei? — Havia um leve tom irônico e divertido na voz dele. — Vim te apresentar uma pessoa, Violet.

Violet se levantou ignorando o comportamento irritante de Tony e observou a mulher entrar na sala. Ela tinha cabelos longos e pretos, usava uma jaqueta de couro vinho e um vestido preto com meias longas e coturno. Pareceu um visual um tanto gótico, Violet reparou. Então pensou em buscar referências do que exatamente era gótico, mas sua mente vazia não foi capaz de lhe apresentar nenhuma lembrança relacionada ao termo.

— Olá, Violet. — Ela tinha um sotaque que lembrava os russos, mas era um pouco diferente. — Meu nome é Wanda.

Como Violet não respondeu, Wanda se aproximou e sentou-se na ponta da mesa. Tony saiu da sala fechando a porta.

— É você que vai ler a minha mente? — Perguntou observando a outra que parecia um pouco mais velha, ou talvez tivessem a mesma idade. Não, Violet se lembrou, não teriam a mesma idade porque a Stark tinha nascido em 1921.

— Sim. — Wanda se aproximou então ficando de frente para Violet, depois a observando andou ao redor dela. — Poderei ler quais são suas intenções, assim saberemos melhor o que fazer com você.

Com uma careta Violet soltou um risinho de escárnio, uma resposta tão involuntária quanto um reflexo.

— "O que fazer comigo?", parece ser a sensação do momento. — Comentou quando Wanda se posicionou novamente à sua frente.

— Não tente nada ou eu explodo a sua cabeça. — Wanda arrumou as mangas da jaqueta. — Ah, e a sala é monitorada. — Foi só o que disse antes de colocar seus dedos nas têmporas de Violet. Seus dedos gelados tocaram a pele quente da jovem e seus olhos adquiriram um brilho vermelho intenso, enquanto que os de Violet ascendiam num tom violeta extremamente incomum. Wanda observou curiosa e viu Violet entrar em torpor perdendo o controle de sua consciência dando passagem para Wanda.

Ler a mente de alguém era intenso, muito árduo. Wanda às vezes ficava impressionada com a magnitude de suas próprias habilidades e ainda havia muita coisa que precisava aprender a controlar, mas ainda assim tinha certeza que nunca veria algo como aquilo novamente.

Estava completamente escuro, não podia ver nada ao seu redor. Estendeu a mão na tentativa de sentir Violet parada à sua frente, mas ela não estava lá.

— Violet? — Wanda sentiu a ansiedade na própria voz. Uma brisa gelada soprou ao seu redor fazendo todo o seu corpo arrepiar violentamente. Então, o local começou a clarear como se as luzes fossem acesas gradativamente.

Wanda estava cercada por outras Wandas.

Assustou-se no primeiro segundo, mas depois percebeu que eram reflexos seus. Vários espelhos estavam espalhados ao redor, incontáveis espelhos.

— Violet? — Ela chamou começando a caminhar entre os espelhos e as variadas imagens de seus reflexos não a deixavam entender que caminho estava fazendo, confundiam sua cabeça, já começava a achar que alguns dos reflexos não se moviam como ela estava se movendo. 

E então ela viu a imagem de Violet passando pelo espelho à sua direita. Virou-se para observar o reflexo dela, mas agora ela estava passando pelo espelho da esquerda.

Virou-se para o espelho da esquerda e num piscar de olhos todos os reflexos eram da imagem de Violet, mas ela não conseguia encontrar a verdadeira. Olhou ao redor a procura dela, mas percebeu que só conseguia ver reflexos e a imagem que o espelho apresentava era de uma Violet com os cabelos ondulados perfeitamente arrumados com laquê e um vestido de festa, a imagem de uma Violet antiga.

— Onde você está? — Sussurrou Wanda encarando a imagem no espelho.

A imagem de Violet sorriu.

— Eu estou bem aqui. — A voz não saiu de nenhum dos espelhos, mas sim detrás de Wanda. E no espelho à sua frente, a feiticeira Escarlate viu o seu próprio reflexo e o de uma Violet a encarando pelas costas. Virou-se para a jovem confusa.

A Violet que a encarava agora tinha a os traços do rosto cansado, os cabelos estavam compridos e mal cuidados amarrados em um rabo de cavalo, o olhar em seu rosto era completamente insano e um brilho violeta profundo irradiava de sua íris.

— Quem é você? — Perguntou a Feiticeira tentando ler o olhar sombrio no rosto insano de Violet.

Em resposta a Stark sorriu e os espelhos explodiram violentamente assustando Wanda que reagiu com seus poderes tentando controlar os milhares de fragmentos no ar, mas logo percebeu que não era necessário. Os próprios fragmentos se sustentaram no ar, levitando, cada um mostrando a face de uma antiga Violet.

A Violet de agora caminhou entre os fragmentos, tocando alguns com os dedos ainda sorrindo.

— Eu sou o que restou. — Respondeu levando seu olhar até Wanda agora. — Sou a parte que conseguiu sobreviver enquanto o meu ser se despedaçava em fragmentos. Sou um caco do espelho rachado que não pode encontrar o seu resto, sou a parte de um todo. — Caminhou até a Feiticeira Escarlate, ficando perigosamente próxima e seu sorriso se desfez enquanto sussurrava no ouvido dela: — E infelizmente, sou a parte ruim.

Wanda olhou para os fragmentos que flutuavam ao redor das duas.

— Como pode ter tanta certeza? — Perguntou esticando as mãos para pegar dois cacos de espelho ao seu redor. — Os pedaços ainda estão aqui, pode ser que ainda dê pra juntá-los. — Falou encaixando os dois cacos que refletiam o sorriso de uma Stark perdida décadas atrás.

A Feiticeira Escarlate olhou os olhos amendoados da Miss Stark que estavam nos cacos em suas mãos e depois para os olhos violetas de Violet à sua frente.

— Por que os seus olhos brilham dessa cor?

— Assim eu enxergo melhor. — Ela respondeu. 

Então as luzes se apagaram, a escuridão voltou e a única coisa que Wanda enxergou antes de ser envolvida pelo escuro foram os olhos violetas da Miss Stark.

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