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Capítulo 18


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1943
 

   
A FUMAÇA DO ACAMPAMENTO se erguia para o céu durante o amanhecer. Havia alguns feridos e poucos mortos, o grupo continuaria com o que tinha conseguido salvar do incêndio, até mesmo a barraca de poucos suprimentos havia sido esvaziada antes das chamas a alcançar. Mas o restante era retalhos pretos retorcidos, pó e cinzas.

Todos os soldados estavam tão cansados há tanto tempo, ver o acampamento destruído parecia tirar o último brilho dos olhos deles. Steven não conseguia nem mesmo pensar em quais palavras poderia usar para levantar o pouco ânimo de todos.

Ele chegou à clareira onde havia combinando de reencontrar Bucky após a terceira ronda de buscas na floresta. Ao redor os soldados mexiam nos destroços procurando por coisas que pudessem ser reutilizadas.

Bucky se aproximou o rosto sério e os olhos inquietos sondando a expressão de Steven buscando algo positivo. Steve balançou a cabeça de forma negativa.

— Há poucos rastros e depois de alguns metros eles somem. Não há mais nada, Steve. Nenhum sinal. — Bucky começou em um tom de voz baixo e preocupado. — Achei isso....

Bucky ergueu a mão e mostrou para Steve. Em seu pulso estava a bandana vermelha que ela usava quando prendia o cabelo e em sua mão havia uma corrente de prata com a dog tag dela.

Violet Elise Stark.

Steve estendeu a mão e tocou a dog tag, ele não percebeu quando o Coronel Philips se aproximou, mas o ouviu dizer: 

— Isso é uma guerra, meninos. — Ele os lembrou. — Se a dog tag foi encontrada sem o corpo, a soldado é considerada morta.

Steve pegou a bandana e a amarrou ao redor do seu pulso direito. Bucky colocou a corrente de Violet ao redor do próprio pescoço deixando o nome dela junto ao seu.

— Agora precisamos continuar e honrar a memória não só de Violet, mas também de todos os companheiros que perdemos durante o caminho. — O Coronel Philips tocou a aba do chapéu de seu uniforme e se retirou.

Bucky chutou levemente as cinzas do solo que se misturavam com a neve que começava a cair.

— Não vou desistir de encontrá-la. — Ele assegurou.

— Nem eu. — Steve colocou o escudo em suas costas, ele usou a bandana de Violet como uma lembrança do seu verdadeiro propósito até o fim da guerra, até ele ter ficado em suspensão no gelo, até ele acordar em uma nova época.

Ele viria guardar o pedaço que restou da bandana décadas depois e levaria consigo em cada missão. Vários anos depois, na noite em que Violet o viu sair com a foto de Peggy em sua mala, ela não reparou no pequeno pedaço gasto e desbotado do tecido vermelho que Steve levava consigo sempre desejando que ela estivesse com ele.



Nova York, atualmente


Tony acordou se sentindo exausto, a primeira coisa que queria era voltar a dormir. Mas sua mente imediatamente o lembrou que ele não fazia ideia de que dia era e que horas eram. E para Tony que comandava uma das maiores indústrias do país, tempo era dinheiro.

Ele se forçou a sentar na cama, sentiu uma terrível pontada na costela esquerda, suas costas estavam doloridos e o seu rosto ardia. Ele piscou para abrir os olhos.
Violet estava sentada na ponta de sua cama.

— Em nome de Deus, Violet. Quer me matar do coração? — Ele resmungou com a voz rouca.

— Eu não preciso nem me esforçar, você já tem uma capacidade autodestrutiva inacreditável. — Ela murmurou depois de um longo suspiro, parecia cansada.

Ele então olhou para si mesmo e percebeu que havia curativos pelo seu corpo, na costela, braços e uma das pernas. Levantou os dedos para o seu rosto e sentiu o curativo em sua testa.

— Você fez isso? — Ele perguntou em um tom acusatório.

— De nada. — Ela disse sem muito ânimo e só então ele percebeu que ela parecia cansada.

— Dormi por muito tempo?

— Um dia inteiro, só. — Ela olhou na direção dele. — Ross está atrás de você, Happy tem tentado despistá-lo o máximo que pode. Mas ele nos deu apenas mais dois dias.

— Mais dois dias para quê? — Tony forçou sua mente a trabalhar tentando ignorar o pequeno zunido da dor de cabeça.

— Para me colocar sob custódia, Anthony. — Ela disse simplesmente. — Para eles eu estava morta e depois de décadas reapareci, suspeitam do que tenha acontecido. E sejamos francos, cometi crimes sob as ordens da Hydra mesmo que eles não possam provar. — Ela suspirou e se levantou indo até a cabeceira dele. Ela pegou a jarra de água e encheu um copo que entregou para ele.

Tony bebeu e devolveu o copo.

— Eu apoiei Steve e não assinei o Acordo de Sokóvia, bem... Não ainda. — Ela continuou voltando a se sentar ao lado dele.

— Você quer ficar? Podemos resolver isso e entrar em um acordo com o governo, podemos também de alguma forma exigir que os outros possam receber uma punição amena e temporária. — Ele sugeriu calmamente listando os fatos em sua cabeça. Ele queria que Violet ficasse.

— Eu teria um lugar aqui? — Ela perguntou e ele balançou a cabeça como se fosse óbvio, então ela afirmou com mais clareza. — Quero assumir meu lugar como uma Stark, Tony. Eu quero o que é meu por direito e isso envolve os negócios, mas também envolve família.

Ele trocaram um olhar demorado.

— Sem mentiras. — Ele por fim afirmou. 

— Sem jogos. — Ela concordou.

Ele estendeu a mão e ela apertou com um sorriso.

— Céus, você pode ao menos me tratar como se não estivéssemos fechando um negócio? — Ela soltou a mão dele e checou o curativo em sua testa.

Por um instante Tony sentiu uma preocupação quase que materna nela e aquilo o fez sentir o conforto que não sentia há muito tempo.

— Família, han... — Ele murmurou para si mesmo.

— Tem uma coisa que preciso fazer nesses dois dias. — Ela afirmou com a expressão mais séria e ergueu o queixo como fazia quando estava decidida.

Naquele momento ele soube. E ela não estava pedindo permissão, ela estava comunicando.

— Vai atrás deles? Depois de tudo? — Ele não pode evitar o tom indignado e um tanto rancoroso.

— Sim, eu vou. Eu preciso falar com eles. — Ela segurou a mão dele com uma determinação misturada com carinho, uma coisa que só ela sabia fazer. — Você conhece a minha história, poderia ter sido eu a puxar o gatilho.  Se fosse eu, o que você faria?

Tony não conseguiu responder.

— Se conseguisse matar Barnes isso só faria de você um assassino também. — Ela disse e a sinceridade de suas palavras causaram pontadas no peito mais fortes que a que o incomodava nas costelas. — A diferença é que você estava escolhendo o matar, Bucky não fez essa escolha.

Ele sabia que ela tinha razão, mas Tony Stark era muito orgulhoso para responder naquele momento.

Violet se levantou e pegou o casaco longo que havia pendurado na cabeceira. Ela pegou o chapéu bege que deixou na porta do armário dele e o colocou sobre a cabeça.

— Você sabe que ninguém mais usa esse chapéu, não é? Meio ultrapassado. — Ele não podia perder a oportunidade de comentar.

— Chame de vintage. Nós somos Starks, lançamos tendências. — Ela disse ajustando a aba do chapéu e se dirigindo até a porta.

No último instante ele decidiu dizer em voz alta a pergunta que ficou em sua mente: 

— Se a mão que segura a arma não é a mesma que decide puxar o gatilho, que diferença faz? —Ele falou quando ela abriu a porta do quarto.

A luz do corredor iluminou parte do rosto e do cabelo dela. 

— Essa resposta cabe a você encontrar. — Ela disse e se virou para sair. — Mas eu não quero mais essa culpa para me assombrar, Anthony. 

Então ela saiu e fechou a porta.



Wakanda


T'Challa havia mandado uma mensagem para Violet assim que ela e Tony saíram da Sibéria. Ele havia se oferecido para ajudá-la a chegar em Wakanda rápido e em segurança para que ela pudesse ver Bucky e Steve antes que tudo ficasse ainda mais complicado.

Ela estava realmente grata pela ajuda do príncipe, ele a havia surpreendido. De alguma forma, Violet se afeiçoou a ele desde aquele momento que tiveram com Zemo na Sibéria. Pra ela T'Challa havia deixado de ser uma figura sedenta por vingança para se tornar alguém misericordioso, tinha o potencial para ser um bom rei.

Quando ela chegou foi recebida pela guarda do rei, composta apenas de mulheres. Aquilo a fez imediatamente se sentir segura, e toda a tecnologia avançada estampada nos prédios que se misturavam às árvores a fez perder o fôlego. Eles permitiram a entrada dela rápido e a guiaram para o laboratório, todo tempo agora era precioso.

A sala do laboratório era ampla com uma cama móvel, do lado havia uma câmara de criogenia. Era visível que a tecnologia era mais avançada, Violet conseguia perceber isso nos metais utilizados, nos comandos touch screen e até no design mais compactado. Havia uma longa mesa de computadores, havia dois cientistas nela e que se retiraram da sala quando ela entrou.

Bucky estava sentado sobre a cama, sem o braço de metal, com regata e calças brancas e os fios escuros do cabelo quase chegavam ao seu ombro. Ela fechou a porta atrás de si e o som suave chamou a atenção de Bucky que olhou em sua direção.

Ela caminhou em sua direção e ele abaixou a cabeça sem olhá-la novamente.

— Eu vim para te ver, James. — Ela disse e ele fechou os olhos e balançou a cabeça de forma negativa enquanto fechava a mão direita. — Por favor, olhe pra mim.

— Você realmente está aqui? Por que viria depois de tudo? — Ele murmurou.

Ela tocou o rosto dele e foi quando Bucky abriu os olhos para vê-la.

— Eu estou aqui. Aqui no presente com você. — Ela disse e o abraçou e ele finalmente a abraçou de volta em um silêncio que dizia muitas coisas. — Estou aqui porque precisava te ver, precisava estar com você.

— Mas o que eu fiz... — Ele começou a dizer, mas não conseguia terminar.

— Você disse que aceitaria minha vingança, Bucky Barnes. — Ela passou os dedos pelo cabelo dele. — Mas não pode aceitar o meu perdão?

Ele estava com o rosto afundado em seu ombro, quando ele se sentava e a abraçava assim ficavam da mesma altura. Ela pode sentir o tecido do seu vestido molhar com as lágrimas dele e ela apertou ainda mais o abraço.

— Você sabe que eu não mereço.

— Eu sei que você não teve escolha, eu sei que eu não tive. — Ela murmurou. — Não vou mentir pra você e dizer que está tudo bem, porque dói tanto, James... — Ela passou os dedos pelas costas dele e pelo seu ombro que não carregava mais o braço de metal. — Mas eu não posso perder você.

Bucky sentiu seu coração leve como se toda a culpa que o sufocava fosse mais suportável agora, como se pudesse respirar. Ele respirou e o cheiro de Violet encheu suas narinas e por um instante tudo o que ele sentia era paz e amor. Ele a apertou em seu único braço que era forte o bastante para carregá-la se precisasse.

Ele e a soltou e ergueu a mão para tocar o seu rosto. Violet aninhou a bochecha na palma de sua mão permitindo o toque, ele enxugou as lágrimas dela e olhou nos olhos dela. Havia tanto tempo que não ficavam perto.

Ela tocou o ponto em sua testa que ele sempre fazia quando ficava pensativo. Ele sorriu.

— Eu senti tanta saudade, boneca. — Bucky disse enquanto Violet passava os braços sobre o ombro dele.

— Lembra que você me perguntou se eu recordava do que aconteceu em 1974? — Ela disse deixando Bucky com o olhar de expectativa, ele balançou a cabeça positivamente. — Eu lembro de tudo.

— De agora em diante eu só lhe tocarei quando você permitir, nunca mais como inimigos.

— Você pode me tocar, pode me abraçar... — Ela sussurrou e ponta do nariz dela passou pelo dele. — E você pode me beijar. Chega de guerras, Sargento.

— Estou às ordens, Lady Stark. — Ele disse soprando o ar nos lábios dela e as bocas se encontraram.

Eles estavam juntos outra vez e isso fazia desaparecer todas as memórias e sonhos ruins. Porque no fim valia a pena. Ele estava vivo. 

Não apenas existindo ou sobrevivendo. Estava vivendo.

Quando ele abriu os olhos encontrou os dela de novo e ele apreciava isso com muita intensidade, porque não importava quantas vezes fechasse os olhos quando os abria ela ainda estava lá. Não precisava mais ter medo de que tudo se desaparecesse ou perdesse as cores como uma memória roubada.

— A partir de agora eu estou sob o seu comando. — Ele disse com um olhar brincalhão que ela conseguia tão bem e que podia lembrar de todas as vezes que já o tinha visto antes.

— Pronto para servir, sargento?

— Por você, sim.

***

Eles conversaram em sussurros. Bucky por vezes segurava a mão dela e beijava os dedos, depois voltava a olhar em seus olhos e beijava os seus lábios, beijava a bochecha, o queixo e os olhos e ela acabava esquecendo o que estava falando. Ele queria aproveitar cada segundo, porque sabia que não poderiam ficar juntos assim por um tempo.

— Você tem certeza que quer fazer isso? — Ela perguntou encarando a câmara de criogenia.

— Tenho, preciso ficar isolado até que consigam tirar tudo isso da minha cabeça. — Ele deixou a mão na cintura dela. — Eu não quero mais ser um perigo para as pessoas. Além disso, precisamos de um tempo.

Ela olhou para ele e acariciou o seu rosto.

— Sim... precisamos mesmo. — Ela concordou e ele percebeu que ela já havia pensado naquilo. — Eu vou voltar a trabalhar, quero me dedicar ao meu empreendimento. Quero ter tempo com Tony, um tempo em família. E precisamos de um tempo pra curar todas essas coisas...

— Eu sei. Por mais que tudo isso seja maravilhoso, eu preciso lidar com a culpa e você com o remorso. — Ela suspirou e ele beijou a testa dela. — Não se preocupe, boneca. Teremos tempo.

Violet riu.

— E tenha paciência com o Steve. — Ele acrescentou. — Ele sempre foi devagar em relação a sentimentos.

Violet arregalou os olhos surpresa, ela endireitou a postura se afastando, mas Barnes a prendeu de volta no abraço rindo.

— Por que está fugindo? Não fique sem graça.

— Bem, você sabe que...? — Ela murmurou incerta de como organizar as palavras.

— Aquele idiota me contou que pisou na bola. — Enquanto ele falava, Violet procurava algum sinal de aborrecimento. Mas ele parecia estar falando sério e até se divertindo em certo ponto. — Mas não seja tão dura com ele por muito tempo. Eu quero que você viva, Violet. Eu sei que não vai ficar sentada esperando eu acordar, nem deveria. Viva e ame também.

— James, mesmo depois de todos esses anos você ainda me surpreende. — Ela murmurou e tocou o próprio rosto sentindo as bochechas quentes.

— Passamos por tanta coisa, a última coisa que vai ficar entre nós é ciúmes. Ainda mais ciúmes de Steve. — Ele riu olhando o rosto avermelhado dela. Não era fácil fazer Violet Stark corar. —Contanto que eu sempre tenha o meu lugar no seu coração...

— Sempre. — Ela disse escondendo o rosto no ombro dele.

— Nunca se esqueça de mim, boneca.

— Não vou esquecer tão cedo. — Ela sorriu e se virou para a porta quando o som dela se abrindo lhe chamou a atenção.

Steve entrou e seu rosto se acendeu quando os viu juntos, mas Violet imediatamente ficou vermelha - muito mais do que estava antes. 

Rogers começou a se aproximar, mas então notou a expressão de Violet e de repente pareceu sem graça.

— Desculpe por interromper. — Ele disse colocando as mãos nos bolsos da calça jeans. — Eu posso voltar depois.

Bucky sorriu quase não acreditando em como os dois poderiam ser bobos daquela forma.

— Não interrompeu. Na verdade estávamos esperando você, Stevie. — Ele soltou a mão de Violet e fez um sinal para que o outro se aproximasse. Eles trocaram um aperto de mãos e Rogers deixou sua mão apoiada no ombro de Bucky.

E era isso. Naquele instante eles estavam reunidos novamente. Não no passado como uma lembrança melancólica e nem no futuro como uma esperança distante. Era no presente, vendo o próprio reflexo nos olhos uns dos outros.

Stevie garantiu pela milésima vez que Bucky estaria seguro ali, Violet assegurou que eventualmente faria viagens para Wakanda com a ajuda de T'Challa. Bucky deixava os sorrisos escapar com mais frequência na certeza de que quando abrisse os olhos de novo Steve e Violet estariam lá.

Ele piscou e abriu os olhos.

Eles estavam lá ao seu lado.
E nada confortaria mais o coração dele.

Ele piscou e abriu os olhos.
Violet e Steve olharam um para outro rindo e depois para ele.

Ele piscou e abriu os olhos.
Eles estavam olhando de volta.

Bucky sabia que quando acordasse de novo enxergaria o seu lar nos olhos deles.


***


Steve e Violet ficaram até Bucky fechar os olhos. Estavam em pé lado a lado, a mão dele roçou na dela quase como se pedisse por ela inconscientemente. Ela segurou a mão dele e entrelaçou os dedos. Os dois em silêncio concordando com a certeza de que veriam Bucky seguro novamente, era tudo o que eles queriam.

— Lady Stark. — Chamou uma das guardas na porta. — O jato está à sua espera pronto para partir.

Ela olhou para Steve e ele apertou a mão dela levemente.

— Eu te encontro depois. — Ele garantiu. E sem perder tempo, Violet seguiu para fora da sala.


Nova York, dois dias depois

Violet segurou o escudo e o colocou sobre o seu braço esquerdo, aquele símbolo carregava tanto da sua história. Não podia deixar qualquer um usá-lo, nem mesmo Tony saberia onde guardar. Desejou que o escudo fosse como o martelo de Thor: algo que só quem era digno poderia usar. Olhou para as portas de vidro da pequena varanda que mostrava a cidade lá fora, pensou em Bucky que estava em Wakanda adormecido novamente. Ela iria conseguir dar um jeito de ir vê-lo sempre, inventaria projetos e relatórios tecnológicos pra realizar lá. Mas Steve não poderia ser encontrado.

Ela suspirou. Parecia que um dos três sempre ficava perdido, enquanto os outros dois trocavam as linhas dos destino pra poder se encontrar. 

Steve havia dito que a encontraria, mas quando e como ele faria isso não era possível saber. Vi estava nervosa com o fato de que no dia seguinte deveria receber uma intimação, possivelmente deveria assinar o acordo de Sokóvia além de permanecer em detenção domiciliar por um tempo.

Violet se levantou com o escudo no braço e abriu a porta de vidro, passou para a varanda aberta e caminhou até o muro baixo para ver as luzes da cidade se estendendo até o horizonte. Ela esperava ver algumas estrelas, mas a noite estava escura demais. As nuvens carregadas no céu pareciam tremer, um relâmpago se manifestou no céu iluminando o mundo por um segundo e se apagando logo depois.

Nesse rápido segundo de luz ela viu que uma sombra se estendia atrás de si. O céu desabou em uma torrente de gotas como se não aguentasse mais segurar a chuva.

A água rapidamente escorreu pelo cabelo de Violet, deslizaram pelo seu vestido e chegaram até o escudo. Ela se virou para ver o que estava projetando aquela sombra e foi quando seu coração deu um salto.

Ele estava apoiado no muro e se moveu quando ela virou para ele.
Steve caminhou em sua direção, as gotas da chuva escorriam pelo seu rosto e ela queria enxergar o azul esverdeado de seus olhos, mas estava escuro demais. Ele tirou o escudo do braço dela e ergueu sobre a cabeça dos dois o usando como um guarda-chuva enquanto a outra mão passou pela cintura de Violet a puxando mais para perto.

Ela passou os braços ao redor do Steve e os dois se apertaram em um abraço.
Nenhum dos dois falou por um tempo, Violet apenas deixou suas mãos por baixo da jaqueta dele, tocando o tecido de sua camisa e sentindo o calor do seu abraço. Steve beijou a testa molhada dela e eles se olharam.

— Eu...
— Eu... — Disseram ao mesmo tempo e Violet riu. Steve percebeu o quanto sentia falta daquilo.

— Eu quero conversar com você. — Ele disse. Outro relâmpago estourou no céu iluminando o rosto de Steve, os olhos dele eram como faróis azuis o cabelo loiro estava molhado e a jaqueta era azul como o escudo que ele segurava sobre os dois.

— Consegue ir para o seu apartamento no Brooklyn? Eu cuido do local, ninguém está monitorando. — Ela deixou uma das mãos sobre o peito de Steven e ficou surpresa ao sentir o coração dele acelerado.

— Comprou o meu apartamento?! — Ele ergueu uma das sobrancelhas em uma expressão divertida. — Estarei lá meia-noite.

Ela sorriu e ele a conduziu até a porta de vidro. Violet entrou e Steve entregou o escudo para ela. Mesmo debaixo da chuva ele tomou um segundo para observá-la.

— O que foi? — Ela disse sem conseguir captar a cor em seus olhos.

— Acho que o escudo fica bem em você. — Ele deu um sorriso fraco, tomou distância e correu saltando o muro caindo com a chuva no meio da noite.


***


O apartamento de Steven era simples e a mobília continuava a mesma. Era uma sala com cozinha aberta, um quarto e um banheiro. Na sala havia um abajur, uma vitrola, um velho rádio e uma poltrona. Algumas coisas faziam Violet lembrar da própria casa, como por exemplo, as almofadas no sofá pareciam as que sua mãe, Alyssa Stark, colocava na sala. Havia uma pequena mesa de madeira ao lado do balcão da cozinha, Violet havia colocado alguns discos sobre ela. Steven tinha uma estante repleta deles, mas depois de olhá-los por um tempo decidiu que queria outra música.

Ela foi até o rádio e o tentou ligar, mas ele não captava sinal algum. Era meia-noite e meia e nenhum sinal de Steve. Ela teria tempo para consertar o rádio já que ele provavelmente iria demorar bem mais.

Não foi difícil, mas foi mais fácil que se livrar da tornozeleira de monitoramento por uma noite. Depois de alguns fios mexidos, o rádio emitia a música com um leve chiado que a deixou satisfeita. A música não era nenhuma que ela conhecia, era lenta e cantada por uma voz feminina levemente rouca. De certa forma, parecia combinar com o ambiente.

A única luz do local vinha do abajur da sala, fazia parecer que o apartamento estava dormindo esperando por Steven. Ela foi até o balcão da cozinha e se sentou sobre ele escutando a música com os olhos fixos na janela esperando que pudesse notar quando ele chegasse.

Sentia-se cheia com uma certa expectativa, saudade e medo. Medo de não vê-lo ou de ser a última vez, ele não podia se arriscar agora que era procurado em todo o país. Às vezes parecia tão cruel que Bucky estivesse do outro lado do mundo e Steven precisasse viver nas sombras, mas era a liberdade que poderiam ter no momento. Mesmo uma liberdade amarga parecia-lhe melhor do que as correntes da Hydra.

Violet viu a cortina da sala se mover com o vento e Steve saiu de trás dela. Ele teve acesso pela janela e Violet percebeu que esperava que ele entrasse pela porta da frente, de certa forma seu pensamento incoerente quase a fez rir ou era apenas a realização de que ele tinha conseguido ir vê-la.

— Desculpe o atraso. — Ele disse se movendo para mais perto. — Eu estava contando com Scott para ajudar a bloquear algumas câmeras de segurança pelo caminho. Mas ele também não pode fazer muito já que também está preso em casa. — Ele olhou para ela sentada na bancada de sua cozinha.

O cabelo estava solto, sem laque, as ondas naturalmente caíam pelos ombros dela. O vestido era azul esverdeado, um tom que ela escolhia porque lembrava os olhos de Steve e Bucky, como se tivesse misturado a aura dos dois em uma pincelada e pudesse usar consigo.

— Não vai poder fazer isso com frequência, então... — Ela murmurou confirmando seus próprios pensamentos de instantes atrás.

— Não. Na verdade, não posso mais fazer isso. — Steve colocou as mãos no bolso da calça jeans e olhou para o chão pensativo. — Isso coloca em risco você, se alguém descobrir vão acabar com o acordo que fizeram com você e Ross vai se certificar que haja uma punição.

— Sim, eu entendo. E também poderia prejudicar Clint e Scott, eles também estão preventivamente presos em casa. — Ela murmurou. — Mas por quê se arriscar dessa vez?

Ele levantou os olhos e observou o seu rosto.

— Da última vez eu não pude me despedir e levou anos até que conseguisse te ver e mais algum tempo até eu perceber...

Ele não conseguiu terminar a frase de imediato, mas Violet esperou.

— Você deveria saber que eu te amo e que sim, eu errei. Eu não conseguia lidar com tudo mudando tão de repente, sempre me apeguei ao passado. E eu fiquei tão cansado, Vi... — Ele suspirou forte e seus ombros estavam tensos. — Tão cansado de me sabotar e de ter medo de viver. Isso me consumiu durante tantos anos que eu nem mesmo percebi que quando estávamos juntos, eu estava arranjando desculpas para continuar no passado. Por mais que eu quisesse, por mais que amasse, eu mesmo me impedia. E eu te machuquei no processo, eu sinto muito mesmo por isso.

Ele levou um tempo para respirar e organizar as palavras em sua mente e Violet sempre dava o espaço que ele precisava para falar e nunca era um constrangimento. Olhando para ela agora e pensando em tudo o que ele sentia em relação a ela e ao medo iminente de não poder vê-la novamente.

— Agora deixando pra trás todos esses receios, o que realmente sentimos? — Ela disse em um sussurro terno passado os dedos pela saia do vestido. — Eu me lembro de quase tudo agora. Muita coisa aconteceu e há algum tempo atrás algo entre mim e Bucky mudou... Eu não sabia bem o que eu sentia até eu me lembrar, por isso não lhe disse nada antes.

— Eu entendo, Violet. E aos poucos eu percebi que vocês são mais do que amigos e isso me deixa muito feliz. Sinceramente, muito feliz.

— E nós não somos mais do que amigos? — Ela perguntou encarando os olhos de Steve dando-lhe a oportunidade de desdobrar seus sentimentos.

— Nós somos. — Ele disse simplesmente. — Você ama Bucky e tem uma história com ele, mas ainda existe nós. Você apagaria isso? Escolheria um de nós?

— Não posso escolher. Não sei explicar, mas não posso. — A mão direita se fechou na saia do vestido. — E não é por orgulho ou luxúria. Eu amo vocês e não apagaria nenhuma memória, nenhuma história e se eu pudesse escolher... escolheria que ficássemos juntos.

— Não precisa escolher, eu aceitaria isso. — Ele se aproximou mais um passo.

— Aceitaria estar comigo e me ver com Bucky? — Ela soou ligeiramente surpresa. — É assim que se sente?

— Eu sinto que vocês são as pessoas mais importantes da minha vida e eu também não apagaria nenhuma memória. Se você e Bucky eventualmente escolherem viver só vocês, eu continuarei meu caminho. Mas se um dia você, Violet, me quiser como eu te quero hoje, então essa é uma escolha que não precisa nos dividir.

Violet se lembrou do que havia conversado com Bucky e como ele havia dito que o amor nunca aprisiona.

— Bucky disse a mesma coisa. — Ela murmurou.

— Então devíamos deixar esses receios pra trás, sabemos que somos muito mais do que isso. — Ele disse e ela não podia discordar, eles haviam permanecido juntos há anos atrás e se reencontraram. Mesmo quando estavam despedaçados, havia uma linha que os ligava e isso os dava esperança. Violet nunca poderia sentir algo maior ou tão forte.

— Se essa for nossa última noite juntos, não posso ir embora assim. — Ele sussurrou, os olhos azuis brilhando na pouca luz.

Ela se levantou da bancada e Steven ansiou durante cada passo que ela deu lentamente em sua direção. Agora vendo a fraca luz em seu rosto, ela pode perceber que ele estava deixando a barba crescer e isso de alguma forma aprofundava a cor de seus olhos.

Ela tocou o rosto dele. Ele fechou os olhos sentindo o toque da pele quente dela.

— Eu te amo, Steven Grant Rogers. E eu amo James Buchanan Barnes. E eu nunca vou amar assim de novo. — Ela disse em um sussurro como se fosse só pra ele ouvir. — Podemos não estar juntos agora, mas nunca estivemos tão unidos.

Ele abriu os olhos e Violet pela primeira vez pode ver que ele se permitiu sentir. E nos olhos de Steven havia saudade e desejo. Ele inclinou o rosto e beijou a palma de sua mão, então a segurou com a dele e deixou que os beijos carinhosamente fizessem o caminho do seu braço até o ombro.

Os lábios de Steve eram quentes e faziam com que tempo e espaço colidissem na pele de Violet. Ele deixou um beijo demorado em seu ombro e a olhou nos olhos. Ela inclinou o pescoço lhe dando passagem e ele a beijou ali ao mesmo tempo em sua mão a envolveu pela cintura. Ele subiu os beijos pelo seu rosto e quando chegou em sua boca, Violet respondeu.

E era como se o apartamento fosse ao mesmo tempo a cabana do acampamento e todos os outros lugares onde se encontraram pela vida, o beijo era todos aqueles beijos que perderam, cada toque uma promessa cumprida.

O gosto de Steve era o gosto de vencer uma batalha, aquele momento a maior conquista dos dois porque não existiam as marcas do passado ou os receios do futuro, os dois estavam presentes.

Não havia pressa, eles sabiam que tinham o seu tempo. Steve tirou as botas e Violet tirou a jaqueta dele, se separavam só para se abraçar novamente.

As mãos dele aos poucos contornavam o seu corpo e Vi levou suas mãos até o tórax dele depois de tirar-lhe a camisa. 

Eles trocaram um olhar, Steven já ofegante com o toque dela em sua pele, sentia que poderia beber todo aquele desejo nos olhos dela.

— Alguém já te tocou assim? — Ela perguntou enquanto eles iam direção ao sofá, Steve se sentou e Violet se aninhou em seu colo.

— Não. — Ele disse sincero. — Você deveria ser a primeira.

Dessa vez ela o beijou e guiou a mão dele até os botões do seu vestido. 

Eles se beijaram e se olharam até que não havia mais nada entre eles. Os corpos unidos, bocas e olhos eram só um para o outro. Steven se permitiu se entregar, seguir ao invés de comandar, servir e ser companheiro enquanto ele e Violet se descobriam e se achavam nos braços um do outro. 

Toda a fidelidade de um soldado era agora a devoção de um homem, porque naquele momento ele não era só o Capitão América e o peso de seu escudo. Ele era Steve Rogers pequeno e frágil da década de 40, ele era Steve Rogers perdido e sozinho quando acordou em uma nova época, enquanto que Violet era a garota que conheceu ele desde o princípio e que desafiava padrões, era a mulher que sobreviveu e lutava, era a mulher que amava Bucky assim como o amava e ele amava cada parte dela.

Ele estava presente e completo. Ele entrelaçou seus dedos com os de Violet e aquela noite era deles.

Dele, Steven Grant Rogers, Capitão América e foragido que se permitiu ser livre do próprio passado.

Dela, Violet Elise Stark, antes perdida como Ghost e que foi capaz de reconstruir seu próprio caminho.

Antes que o sol nascesse, Steve seguiu seu caminho pronto para se manter nas sombras da cidade. E Violet seguiu o dela de volta para casa. Sozinha, mas não solitária.


***


O silêncio no interior do complexo dos Vingadores levou Violet a pensar no espaço que poderia preencher na sua vida. Tentava se convencer de que ao menos Bucky estava em segurança e Steve estava vivo, eles sabiam onde estavam e estavam aprendendo a viver novamente. A inquietação dela era tão intensa que até mesmo Tony percebia, mas não tocava no assunto. Ela havia escolhido ficar ao lado da família, mesmo lhe custando tudo.

Mas assim também poderia cuidar de Bucky e Steve mesmo de longe, era bom ter alguém do outro lado pra oferecer suporte quando necessário. Violet não tomava partido de fato, aprendeu a ser fiel somente a si. Mesmo que estivessem longe, ela sabia que agora era um pouco mais livre do que antes e tinha uma caminho que poderia seguir e outras possibilidades para explorar.

Ela tinha uma vida, sonhos e decisões. E isso era maravilhoso e por mais que a saudade fosse grande, Violet ainda tinha a si para conhecer.

Olhou para o escudo em cima da mesa. Tinha poucos arranhões causados pela última luta com o Tony, estava chamuscado nas bordas e a estrela no meio parecia meio opaca. As coisas já não brilhavam como antes,  mas ela poderia criar um novo brilho sobre o escudo e sobre a vida também.

Alguém bateu na porta, Violet se virou e viu Tony na entrada da sala.

— Estou indo, quando terminar apague as luzes e verifique o alarme de segurança. — Ele disse ao se aproximar. Foi então que viu o escudo sobre a mesa  e observou os olhos de Violet.

— Vi... — Ele começou colocando as mãos nos bolsos da calça. — Eu sinto muito, sei que nada disso foi fácil. Eu entendo o motivo de suas ações por mais que eu não concorde com elas.

Violet sabia que ela e Tony não se odiavam, não era uma coisa que precisava ser dita. Ambos sabiam. Mas fazia um bem enorme ouvir isso do outro, era como aliviar um peso que ela ainda não tinha notado que estava carregando. Tudo o que conseguiu fazer no momento foi balançar a cabeça e desviar os olhos, temia que se falasse a voz traísse e jorrasse as emoções que estava engolindo nos últimos dias.

Ele respirou fundo e voltou na direção da porta, mas antes de sair parou e disse:

— Eu sinto por depois de todos esses anos você ainda não ter conseguido encontrar o amor de sua vida. — Disse Tony segurando a maçaneta da porta. — Digo, ter ficado com ele.

Não era possível saber se ele falava de Steve ou de Bucky, talvez de ambos.

— Mas Tony... — Ela suspirou. — Nunca foi sobre encontrar o amor da minha vida. Foi sobre me encontrar. — Ela sorriu, mas ele não notou os olhos marejados na pouca luz. — Eu sei quem eu sou agora e entendo que mesmo com todas as dores é possível continuar. — Ela tocou o escudo com as pontas dos dedos. -Eu me basto e eu sou o suficiente, era disso o que eu precisava.

— Eu fico feliz em saber. — Ele se aproximou dela e apertou-lhe o ombro. — E talvez eu não seja de dizer esse tipo de coisa... — Ele limpou a garganta quase como se estivesse um pouco constrangido. — Mas é bom ter uma família por perto. — Ela abriu a boca para responder, mas ele balançou a cabeça como se tudo tivesse sido dito e resolvido e saiu da sala fechando a porta.

Era o jeito Stark de conversar sobre família.


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NOTAS DA AUTORA: Toda vez que chego nessa parte, eu me emociono muito. Essa fic levou cinco anos para ser escrita e eu lembro exatamente onde eu estava e que momento da minha vida foi em cada capítulo. Os primeiros capítulos escritos em 2015 surgiram nas madrugadas dons fins de semana quando eu deveria estar escrevendo trabalhos da faculdade, mas queria mesmo era escrever cenas da Violet. Depois os capítulos passaram a ser escritos no meu celular durante os percursos de ônibus, trem e metrô. Algumas cenas foram escritas pelos corredores de hospitais, madrugadas em camas desconfortáveis de enfermarias. E houve um período de dois anos que eu queria escrever, mas não existia mais nada em mim. Em 2018 consegui retomar e eu recordo o quanto chorei de alívio e satisfação, e também chorei de gratidão à Violet. Sem ela eu não teria enfrentado o período mais difícil de toda a minha vida. Espero que nossa querida Lady de Aço tenha compartilhado a força dela com vocês e ela estará aqui sempre que precisarem de coragem para enfrentar a vida. Obrigada mais uma vez por me darem algo em que acreditar quando mais nada fazia sentido, vocês leitoras são as verdadeiras heroínas.

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