Capítulo 16
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Berlim, atualmente
VIOLET ESTAVA COM O CABELO MAIS COMPRIDO do que Bucky costumava imaginar. Os fios cor de chocolate caíam pelos seus ombros em ondas bagunçadas, ela havia deixado a armadura de metal de lado, mas Bucky achou que ela parecia mais forte do que nunca. Ela segurava algumas peças nas mãos que eram parte do controle da armadura que estava avaliando, a expressão concentrada dela formava uma linha entre as sobrancelhas franzidas. Ele havia adormecido por alguns minutos, mas agora que acordara e olhara para ela, sentia que ainda estava sonhando. Porque só em seus sonhos eles ainda estavam juntos.
Em seus sonhos também havia Steve, mais forte do que quando eram jovens e sorria como faziam antes da guerra. Os olhos azuis sempre prontos para lutar ou para rir de qualquer coisa que Bucky dizia. Em seus sonhos as ruas do Brooklyn ainda era deles, havia um bom vinho e jazz em todos os lugares. Em seus sonhos ele estava em casa.
Steve entrou galpão e tirou o boné e os óculos escuros e quando eles se olharam, algo dentro de Bucky despertou como se finalmente ele se sentisse acordado. Não era um sonho como uma lembrança perdida, nem um pesadelo como costumava ter preso na Hydra. Era real. E quando Steve se aproximou e apertou o seu ombro, era muito mais vívido do que qualquer flashback que ele repetia em sua mente fragmentada.
— Partiremos em algumas horas, vamos chegar ao aeroporto de Berlim para alcançar o psiquiatra e impedir que ele siga com esse plano. — Steve falou com a voz de um Capitão, mas Bucky sabia que ele estava tentando dizer que tudo iria ficar bem. Eles dariam um jeito.
— Sam conseguiu dar as instruções para Clint? — Violet perguntou sem olhar para Steve, ela ainda mexia em peças minúsculas em cima da mesa desgastada no meio do galpão.
Haviam velhas cadeiras ao seu redor, mas Bucky havia optado por manter uma certa distância.
Se não ficasse longe, poderia arranjar desculpas para tocar na pele dela, encarar seus olhos amendoados na tentativa de recuperar um tempo há muito perdido. E por outro lado, ele não tinha direito nenhum de tocá-la, não quando já havia a machucado tanto. Toda vez que sentia vontade de se aproximar, se perguntava se ela ainda iria o querer por perto se soubesse o que ele fez com Soldado Invernal.
Steve saberia o que ele havia feito como Soldado Invernal?
Rogers se levantou e puxou uma cadeira ao lado de Violet, olhou para Bucky com olhos compreensíveis. E naquele olhar ele teve a certeza de que Steve sabia. Ele sabia, mas Violet não. E em algum momento, Bucky precisaria encarar esse fantasma por ela.
Ele se levantou e seguiu até a mesa no centro do galpão, se sentou com Steve à sua direita e Violet na sua frente. Violet prendeu o cabelo em um rabo de cavalo, como sempre fazia quando estava pensando em consertar ou modificar algo. Steve a observava em silêncio e se eles ainda eram em certa parte quem foram quando jovens, então algo havia acontecido. Bucky sabia que algo havia acontecido.
— Clint tirou Wanda do Complexo, conseguiu contato com um aliado e estarão no aeroporto em breve, vamos encontrá-los lá. — Steve bateu as pontas dos dedos na mesa e aquilo fez Violet o olhar, ela não gostava de barulho enquanto trabalhava. — Violet, se Tony aparecer...
— Se Tony aparecer, nós vamos conversar, informar sobre o plano do psiquiatra e impedir de que outros soldados sejam acordados. — Violet concluiu decidida voltando seus olhos para a peça em suas mãos. Bucky começou a suspeitar que ela havia consertado, mas estava mexendo no objeto só para ter algo para fazer com as mãos.
Steve lançava olhares furtivos para ela. Havia uma leve tensão no ar.
— Não acho que Tony vai querer dialogar, ele foi bem claro quando disse que iria lidar com nós como lidam com criminosos.
— Tony também acha que é o centro do universo. — Ela disse com uma pontada de humor na voz. — Então podemos concluir que Tony vai logo perceber que nem tudo é como ele pensa.
Steve deixou um meio sorriso escapar, era visível que Violet não queria brigar com Tony. Bucky sentiu algo dentro de si pesar ao perceber que ela estava fazendo aquilo por ele também.
— Então... — Ele começou a dizer depois de um longo tempo em silêncio. — Quais são as novidades?
Violet e Steve começaram a rir, era um som tão familiar e gostoso de ouvir.
— Você quer saber do último século todo? — Violet deixou as peças sobre a mesa o olhou para ele com o sorriso ainda no rosto. — Podemos fazer um resumo.
— Eu quero saber de vocês. — Bucky olhou para Violet e Steve. — Como me encontraram?
— Você me achou primeiro. — Ela respondeu e olhou para Steve. — Eu me lembrei há pouco tempo. Depois que escapei, a Hydra colocou Bucky para me caçar. Quando ele me encontrou, ao invés de me levar para eles, ele me deixou em uma das bases abandonadas.
Steve arqueou as sobrancelhas ao se lembrar e perceber que fazia sentido, ele e Natasha encontraram Violet após um alerta em uma das bases abandonadas da Hydra. Ela não sabia quem era, mas Bucky deveria estar começando a recuperar sua memória ali naquele momento já que escolheu deixá-la lá.
— Por que você também não ficou? Eu teria o encontrado. — Steve perguntou.
— Eu ainda estava confuso, era como se faltasse partes do quebra cabeça. — Bucky flexionou os dedos de metal, era um velho hábito. — Eu precisava me recuperar antes. Procurei formas de recuperar a memória, exercícios, alimentos, qualquer coisa que me ajudasse.
Bucky se isolou porque não podia ser encontrado pela Hydra e também porque não podia se aproximar de Steve sem colocá-lo em perigo. Mas lá estava ele novamente fazendo de tudo para que Bucky entendesse que não estava sozinho.
Steve tinha uma lealdade admirável, uma dedicação aos seus princípios e valores que agora o colocava contra o seu governo.
— Obrigada, James. — Violet disse e esticou a mão dela até que tocasse a dele. Bucky segurou de volta por um momento, então todos os erros que cometeu voltaram como um sussurro em sua mente e ele sabia que Violet nunca poderia amá-lo de novo. Ele soltou a mão dela gentilmente, se levantou e caminhou pelo amplo espaço até conseguir alguns metros de distância
Violet não o seguiu achando que talvez devesse lhe dar o espaço que precisava, então tentou se comunicar com Sam pelo celular para verificar se ele tinha conseguido recuperar os trajes.
Mas Steve se levantou e caminhou até Bucky que estava encostado em uma das pilastras do galpão. O cabelo comprido o deixava com o olhar mais sério e aquilo fazia algo triste atingir Steve, ele sentia uma vontade de socar todos que causaram sofrimento a ele e ao mesmo tempo garantir que tudo ficasse bem.
Ele parou na pilastra que ficava de frente para Bucky, assim ele teria que o olhar. Steve colocou as mãos no bolso.
— Eu sei que está pensando que não devíamos fazer nada disso por você. — Steve começou, observou de longe Violet dando instruções para Sam pelo telefone. — Mas você significa demais para nós e mais do que isso, você e Violet não são as únicas pessoas que tiveram suas vidas tiradas. O governo não pode simplesmente nos calar, isso nunca é um método que dá certo. — Ele olhou para Bucky que tinha virado para observar Violet também. — Nós vamos parar ele e depois focar nossas forças em provar sua inocência.
— Ainda podemos contar um com o outro. — Bucky disse em um tom que fazia Steve se lembrar de como eles eram antes. — Como ela está?
— Violet? Melhor do que nós. — Steve não pode conter um meio sorriso. — Ela é mais forte do que nós, sempre foi.
— Ela se lembra de tudo?
— Acho que sim, pelo menos da maior parte. — Steve observou os olhos de Bucky sutilmente observar Vi com um misto de contentamento e medo.
— Parece que ela ainda nos olha do mesmo jeito. Como se fossemos dois idiotas que ela gosta muito.
Steve riu baixo.
— Talvez porque ainda sejamos dois idiotas. Eu mais ainda.
Bucky dessa vez lançou um olhar questionador para ele:
— O que você fez?
Steve endireitou a postura e limpou a garganta pensando em como dizer o que havia acontecido:
— Nós estávamos juntos desde que ela começou a recuperar a memória. Mas acho que passei tanto tempo desejando que eu pudesse reviver o passado que esqueci de como é viver o presente.
Bucky balançou a cabeça devagar.
— Mais de setenta anos e quando vocês finalmente ficam juntos...
— Eu sei, eu sei... — Steve suspirou sentindo-se decepcionado consigo mesmo. — E eu odeio saber que a decepcionei. Eu sei que ela acha que eu ainda sou apaixonado pela Peggy, mas não é isso. Peggy já se foi, o Steve que a amava já se foi. Eu só estava com medo de perder a Violet de novo, e fui covarde sem perceber que ela não precisava ser salva. Violet é sua própria heroína e talvez eu tenha sido um idiota por achar que tudo podia ser como antes, porque nunca vai ser assim de novo.
Bycky foi quem suspirou dessa vez.
— Nada nunca vai ser como antes. — Ele concordou.
— Sim, agora eu sei. E também sei que mesmo que não seja igual, ainda pode ser melhor. Ainda pode ser bom. E eu sinto muito por te decepcionar também.
— Steve... — Bucky sorriu fraco como se não pudesse acreditar naquilo. — Quando você me decepcionou?
— Eu notei que havia algo diferente depois que ela desapareceu anos atrás. O jeito que você ficou quando ela estava longe, mas nunca tivemos a chance de falar sobre isso. — Rogers lançou um olhar ansioso de Bucky para Violet. — Tive certeza depois de ver vocês dois, quando você a viu chegar. Algo aconteceu entre vocês e eu não sei o que foi, mas não quero que ache que eu e ela sabíamos disso.
— Como se eu fosse ter ciúmes? — Bucky sorriu. — Se vocês ficarem juntos, eu também ficarei feliz.
— Eu também ficaria feliz ao ver vocês juntos. — Steve completou sincero. Os dois se olharam por um instante percebendo a honestidade daquilo.
— É estranho não sentirmos ciúmes? — Steve perguntou por fim.
— Não. Talvez você me ame também. — Bucky brincou e bagunçou o cabelo de Steve e parecia que fazia milhões de anos desde a última vez que havia feito aquilo.
Steve não protestou, porque era verdade. Ele o amava tanto quanto amava Violet. E a felicidade dele era como a sua felicidade. Ele sabia que Bucky se sentia da mesma forma, conhecia aquele olhar no rosto dele desde que eram jovens. E Violet não era um prêmio pra ser disputada, Violet era a alma que tornava o laço deles mais forte. Os dois a amavam e o amor nunca aprisiona, o amor liberta.
Steve não sabia em que momento ocorreu, era um gesto tão natural entre eles que ele só percebeu que estava abraçando Bucky quando seu rosto estava apoiado no ombro dele.
Ele sentiu Bucky respirar fundo e expirar.
— Rapazes, eu detesto interromper esse momento claramente romântico. — Violet elevou a voz do outro lado do galpão. Se ela ouviu alguma coisa que foi dita, não demonstrou reação. — Mas Sam conseguiu os trajes, Clint conseguiu dois aliados e precisamos ir agora.
***
Para chegar até o aeroporto de Berlim, Steve conseguiu um velho fusca. Claro que ele optaria por um modelo antigo e antiquado e nem mesmo se importaria se não coubesse todos dentro do carro. Violet se recusou a ir no banco de trás, sentou no banco do carona ao lado de Steve. Sam e Bucky resmungavam no banco de trás como se travassem uma luta silenciosa por espaço, Violet sentiu eles chutarem seu banco algumas vezes pelo caminho.
O ponto de encontro era no estacionamento do aeroporto, pegariam os equipamentos o mais rápido possível e seguiriam para o jet que ficava em um compartimento isolado. Era dos pontos reservados para SHIELD anos atrás, em caso de alguma emergência ou durante uma missão era possível se dirigir a um desses pontos particulares da organização que ficavam espalhados pelo mundo. Além de estarem violando o Acordo, estavam roubando o governo. Violet sentiu que sua ficha não ficaria limpa tão cedo.
Mas ao olhar para Bucky lembrou do motivo de estar fazendo aquilo. Não era só por ele, era principalmente por ela. Não podia mais se submeter a formas de controle opressoras, queria um pouco de liberdade para tomar suas decisões e saber quando agir. Como agora que precisavam impedir que um exército de Soldados Invernais acordasse e ninguém além deles iria mover um dedo para evitar.
Steve estacionou ao lado de um furgão cinza, Violet saiu do fusca e viu Clint vindo ao encontro dos dois.
— Obrigado por vir, Clint. — Steve disse enquanto trocavam um aperto de mãos.
— Eu estava cansado das férias, não queria mais pescar. — Ele deu uma piscadinha para Violet e a abraçou.
— Quem mais veio com você? — Ela perguntou e ele se dirigiu até o furgão e abriu a porta lateral a fazendo deslizar. Wanda saiu do veículo e se jogou nos braços de Violet.
Vi apertou seus braços ao redor da menina, às vezes se esquecia de que ela era como uma criança. Sentiu um certo ressentimento por Tony tê-la deixado trancada no Complexo como se ela fosse incontrolável. Wanda deveria estar se culpando o tempo todo pelo ocorrido em Lagos.
— Fico feliz de te ver aqui, os rapazes já estavam me cansando. — Ela sussurrou para a mais nova que sorriu e manteve a sua mão firme na dela.
Clint bateu com o braço na porta do furgão e Violet percebeu que havia um homem lá dentro dormindo. Ele se levantou com o susto e saiu do veículo olhando para Steve impressionado.
— Capitão, é um prazer servir o nosso país com você. — Ele apertou os braços de Steve como se estivesse analisando e ao mesmo tempo admirando os seus músculos.
— Esse é o Scott. — Clint explicou.
— E aí Zé Pequeno. — Sam cumprimentou e os dois trocam um olhar que fez parecer que tinham assuntos pendentes.
— Qual a sua especialidade, Scott? — Violet perguntou curiosa.
Ele sorriu:
— Você vai ver na hora do show, Senhorita.
O alarme de emergência começou a soar pelo estacionamento.
— Já sabem que estamos aqui, estão evacuando o aeroporto. — Bucky traduziu a mensagem que foi passada pelos autofalantes. Mas Violet percebeu que havia entendido antes mesmo dele traduzir, às vezes a língua alemã lhe parecia tão familiar quanto sua língua materna e isso era de certa forma desconcertante.
— Vamos preparar nossos trajes e seguir com o plano. — Declarou Steve.
***
Havia um helicóptero na zona de pouso dos aviões. Steve e Violet se dirigiriam naquela direção, sabiam que Tony iria tentar pará-los antes de tomar qualquer atitude e como todo tempo era valioso, eles seriam a distração.
Os dois entraram na zona correndo a céu aberto. Quando alcançaram o helicóptero, Tony se colocou entre eles, ele flutuava no ar com sua enorme armadura e estava sem o capacete. Ao ver sua expressão, Violet notou que estava sem paciência também.
— Vamos acabar com isso aqui, Steve. — Ele disse. — Entregue Barnes e você vem conosco, porque somos nós e não o exército ou alguma outra equipe tática que não vai pedir educadamente.
— É o psiquiatra que está por trás disso, ele controlou o Bucky em Washington. — Steve começou, mas Tony claramente não estava disposto a dar ouvidos.
— Esse psiquiatra está a caminho da Sibéria para controlar um grupo de soldados como fez com Bucky. Precisamos chegar lá e impedir isso, Tony. — Violet deu um passo na direção dele.
Tony a encarou mais chateado que o normal.
— Olha, eu também não gosto de estar contra você. Mas poderia me escutar agora? — Vi o olhou nos olhos e sabia que ele poderia ouvi-la, os outros também sabiam talvez por isso Rhodes se colocou entre eles enquanto T'Challa e Natasha os cercavam.
— Chega! — Rhodes exclamou se posicionando próximo à Tony.
— Entreguem o Barnes. — Sibilou T'Challa.
— Entendi porque Sam não gosta desse cara. — Violet observou o traje do Pantera Negra, as garras pareciam fazer um ótimo estrago. — Eu fico com ele. — Ela sussurrou de modo que só Steve ouviu.
— Vocês querem mesmo que a situação se complique? — Natasha mantinha uma das mãos prontas para lançar os seus ferrões, mas havia algo hesitante em sua postura. Nenhum deles queria atacar, mas as ordens precisavam ser seguidas.
— Tudo bem, minha paciência se esgotou. — Tony colocou as mãos ao redor da boca e gritou: -Pirralho!
Um vulto vermelho e azul passou rodopiando por cima da cabeça deles e se apoiou na lateral do helicóptero, era um ângulo de apoio estranho para se equilibrar. Violet percebeu que ele era pequeno e tinha uma aranha em seu peito. Alguma substância branca que tinha a textura de um elástico saiu de suas mãos e tomaram o escudo do Steve.
— Oi, gente. Tudo bem? — Ele disse e era a voz de um garoto. Violet franziu os olhos em total desaprovação e encarou Tony.
— Trouxe uma criança?! — Ela resmungou indignada com a coragem de Tony.
— Na verdade eu sou um adolescente e o melhor da minha classe. Também me chamam de Homem Aranha, e eu sou um grande fã do Senhor, Capitão.
— Não precisa se apresentar, garoto! — Tony disse enquanto os outros pareciam desconfortáveis com a possibilidade de lutar com uma criança.
— Scott, eu preciso do meu escudo. — Steve disse e Violet não viu Scott em lugar algum até que o escudo de Steve voou da mão do Homem Aranha.
Scott de repente estava no campo de visão deles e colocou o escudo na mão do Capitão.
— Então você meio que desaparece? — Vi perguntou para Scott, mas não deu tempo de responder porque Tony levantou voou.
— Localizei Barnes e Wilson dentro do aeroporto. — Disse Rhodes. — Clint e Wanda estão no estacionamento.
— Eu pego os dois. — Disse Tony se afastando.
— Barnes é meu. — Disse T'Challa se virando em direção ao interior do aeroporto.
— Tem um jet disponível no hangar cinco! — Clint disse pelo comunicador. — Precisamos de cobertura.
Violet correu na direção indicada pelo sensor de Clint, atravessou a pista de pouso com rapidez e saltou por cima de uma van que Scott havia jogado para alguém. Aparentemente ele guardava algumas miniaturas de coisas que ele usava como armas gigantes, eram muitos os elementos surpresa.
O plano era se espalhar para dispersar a equipe de Tony e todos se reencontrar no hangar do jet. Steve continuou do estacionamento. Bucky e Sam atravessavam o aeroporto por dentro e Violet e Clint estavam na pista de pouso, iriam atravessar evitando chamar atenção. Mas era um processo complicado, porque bem... era tudo a céu aberto. Mas tinham a vantagem se estarem mais perto do hangar.
Violet viu quando Tony sobrevoou em direção ao estacionamento e começou a atirar granadas de gás, ela e Clint estavam fora do alcance dele mais à oeste e seguiram passando por carrinhos de bagagens e escadas de embarque. Ela ficou mais aliviada ao ver que optaram por armas brancas, mas não significava que as coisas não pudessem ficar mais feias.
Vindo na direção oposta dos dois estava Natasha, seus cabelos ruivos soltos e ela tinha em mãos os seus ferrões. Clint acionou seu comunicador ao dizer:
— Eu vou até ela. Scott, dê cobertura para Violet.
Violet se lembrou que não havia visto Scott em lugar algum, mas ainda assim ele respondeu:
— Pode deixar, Gavião.
E ela poderia jurar que ouviu a voz dele bastante fina sob seu ombro direito.
— Pode ir em frente, Senhorita Stark, estarei de olho.
Algo explodiu atrás deles e Violet viu inúmeros carros em chamas onde ficava o estacionamento. Clint e Natasha iniciaram um combate pouco convincente e Violet passou por eles, mas sua passagem foi bloqueada por uma figura esguia e que tinha um traje todo preto. Garras se projetavam pelas luvas que cobriam as mãos.
— Ora, se alguém me dissesse que hoje eu teria a honra de enfrentar Vossa Majestade eu não teria acreditado. — Violet murmurou enquanto ela e T'Challa se aproximavam cuidadosamente um do outro.
Ele flexionou os joelhos e exibiu as garras de seu traje como uma ameaça silenciosa.
— Onde está Barnes? –Ele perguntou.
— Perguntou para a última pessoa que vai entregá-lo. — Violet respondeu avaliando os pontos fortes do príncipe. Sua postura indicava raiva, ele só se importava com a vingança.
Violet considerou a possibilidade de jogar verbalmente com ele, algumas palavras sobre perda poderiam fazê-lo hesitar por um momento. Mas brincar com a dor era uma coisa de Ghost e não de Violet.
— Não tenho tempo a perder. — Murmurou T'Challa avançando para ela, as garras dele arranharam o metal de sua luva quando ela levantou as mãos em sua defesa.
— Muito menos eu. — Ela agarrou o braço e o girou seu próprio corpo no processo. Ele sibilou de dor por um instante, mas se desfez do braço dela e arranhou o pescoço dela no processo. Violet sentiu a pele queimar levemente e voltou a atacar, Bucky se juntou a ela e avançou para T'Challa.
— Eu não matei o seu pai. — Ele disse enquanto bloqueava um dos golpes do príncipe.
Steve se juntou ao dois, Tony estava os encurralando. Steve lançou o escudo contra o Homem Aranha que prendeu as pernas de Steve com as teias. Steve deu um salto elaborado girando as pernas de modo a derrubar o garoto que segurava as teias como se fossem cordas.
Violet viu pelo canto do olho o menino cair enquanto ela mesmo desviava o laser jogado por Tony, ela flexionou seus pulsos cobertos de metal e desviou.
— Não machuque o Moleque Aranha. — Ela falou para Steve pelo comunicador. — Ele é menor de idade.
— Precisamos de uma distração, rápido. Precisamos chegar ao jet. — Steve falou, era possível ouvir sua respiração ofegante.
— Não vamos conseguir todos. — Sam disse sobrevoando o grupo enquanto acertava Tony e desviava de um dos tiros de Rhodes. — Cap, deveria ir você, Bucky e se possível Violet. A prioridade é ter recursos para parar os soldados na Sibéria.
— Pessoal, eu tenho uma distração GRANDE. — Scott falou, de novo não era possível vê-lo, mas Natasha girou e caiu no chão. Violet suspeitou que fosse Scott que tinha a derrubado.
— Você já fez isso antes? — Perguntou Sam.
— Já, em laboratório e depois desmaiei por seis horas. Mas pode dar certo! Estejam preparados! — Ele disse ofegante. — Eu sou o cara! Eu sou o cara! Eu sou o cara!
De repente algo no meio da pista de pouso cresceu em poucos segundos. Todos olharam para cima, Violet percebeu que era Scott. Ele estava com mais de seis metros de altura e ria com uma voz grave e lenta.
— HAHAHAHA. — A risada alta e histérica de Scott ecoou pelo aeroporto.
— Sam, isso não é igual aquele filme que você me indicou? Godzila? — Violet se moveu rápido para atrás de Scott aproveitando a passagem que tinha ficado livre. Corria a toda velocidade para o hangar cinco que estava aberto.
— Está mais para "Querida estiquei o bebê". — Sam respondeu e murmurou de dor depois de ter sido atingido por Rhodes.
A mão enorme de Scott se levantou no ar e afastou o Homem Aranha. Ele puxou Rhodes pela perna como se ele fosse um boneco de brinquedo.
Violet correu o mais rápido que podia -o que era muito- e adentrou no hangar. Colidiu com algo e por não ter conseguido diminuir a velocidade, ela e a outra pessoa rolaram pelo chão e se agarrando uma a outra enquanto os corpos se entrelaçavam e colidiam com o chão várias vezes. Vi conseguiu parar e suas mãos agarraram a outra pessoa que havia se colocado em seu caminho, uma onda de cabelos ruivos bloqueou sua visão.
Natasha agarrou a Stark e as duas começaram uma sequência de golpes que lembrava Violet de suas missões como Ghost durante a Guerra Fria. Ela pegou os pulsos de Natasha, mas a outra era uma oponente tão habilidosa quanto ela e qualquer que fosse o bloqueio não ia durar muito.
Steve e Bucky entraram em seguida correndo no mesmo instante em que uma torre de monitoramento desmoronava na entrada para bloquear a passagem. Natasha se viu cercada pelos três e preparou um de seus ferrões para ser lançado.
— Vocês não vão mesmo parar. — Ela concluiu.
Violet percebeu que ela se afastou em um passo e virou sua luva na direção de Steve e Bucky.
— Eu vou me arrepender disso. — Ela disse ao mirar e atirar, mas o atingido foi T'Challa que seguia sorrateiramente atrás de Steve planejando pegá-lo desprevenido.
No último instante Romanoff havia feito sua escolha.
— Rápido! — Ela disse para os outros três. Violet subiu a rampa que levava até o interior do jet.
Steve e Bucky a seguiram. Quando entraram, Violet se sentou na cadeira do copiloto e acionou o fechamento da porta. Steve se colocou na posição de piloto e ligou o jet acionando a decolagem.
***
Quando a aeronave decolou, Steve continuou sentado na cadeira do piloto apesar de ter acionado o piloto automático. Haviam acabado de sair do aeroporto de Berlim e ele gostaria de ficar atento caso mandassem alguém atrás deles. Por isso ficou e também porque Bucky e Violet não haviam conversado muito desde que se reencontraram, Steve sentia que talvez ele devesse dar espaço a eles.
Mais de uma hora se passou enquanto eles sobrevoavam o continente e não havia nenhum sinal de perseguição ou impedimento. O que era bom, porque não iria atrasá-los, mas era porque também não havia aliados para os ajudar no momento.
Violet desativou sua máscara de proteção e as luvas, o material se desfazia em pequenas partículas até se reduzirem a uma tiara dourada e um par de pulseiras. Bucky a olhou enquanto observava seu traje, mas assim que percebeu que ela também o observava ele desviou o olhar, manteve a expressão séria e começou a se afastar. Ela segurou o braço dele o fazendo virar sutilmente para a encarar nos olhos, os dedos dela deslizaram pelo braço dele e ele pode sentir a firmeza do seu toque mesmo sob a manga. Os dedos dela encontraram sua mão, pele com pele.
— Sem mais fugas. — Ela disse de forma que era impossível não a olhar. — Eu me lembro de tudo, não precisamos ser como estranhos um para o outro.
Ouvir aquilo era tão bom que doía, doía de uma forma que Bucky até se surpreendeu. Sempre achava que não era possível sentir mais nada depois de ser o Soldado Invernal. O toque da mão dela, o reconhecimento em seus olhos, tudo em Violet o fazia ter vontade de continuar a viver com uma certa esperança que no fim lhe parecia amarga, porque até isso a Hydra tinha lhe tirado. Ela não o olharia assim quando soubesse tudo o que ele fez. Mas por um instante ele queria ser egoísta e ter aquele momento para si, queria dizer a Steve para conduzi-los para o lugar mais distante do mundo e longe de todos. Onde nada pudesse os alcançar, os três se bastavam.
— Tudo o que fizemos sob o comando da Hydra não foi pela nossa vontade. — Ela disse e o nó dentro dele não pareceu tão mais apertado naquele momento. — Eu sei que ainda machuca e que não podemos apagar da nossa mente quem machucamos, mas sabemos que se pudéssemos escolher nunca teríamos feitos aquelas coisas.
Ela era tão cheia de esperança que a vontade que ele tinha era de puxá-la para si e abraçá-la. Ele sabia que ela melhor do que ninguém poderia entender o que se passava dentro dele. Todas as coisas que o atormentavam a ponto dele perder o sono e viver acreditando que era mais nada do que um monstro, tudo isso era mais suportável quando ela o olhava assim.
Bucky sabia que ia perder isso também, doía reencontrá-la só para perdê-la de novo.
— Violet... — Ele começou a dizer, a voz falhou. — Eu preciso te contar uma coisa. Mas é tão difícil que eu não sei como começar.
Ela se aproximou mais um passo e com a outra mão tocou o ponto na testa de Bucky que formava uma linha quando ele deixava a expressão séria. Aquilo sempre o fazia relaxar.
— Tudo bem, não precisa se apressar. Se é complicado para você falar, vamos tratar de tudo depois. Nós temos tempo. — O rosto dela suavizou com um sorriso. — E de qualquer maneira, eu sempre vou te achar, James.
Quando ela disse o seu nome ele teve certeza de que o que ele sentia por ela nunca havia mudado. Todos esses anos o sentimento era firme, forte e persistente. Mesmo com todas as memórias tiradas, havia uma parte dele intacta que ele reencontrava toda vez que olhava para ela. Se reencontrava toda vez que Steve estava ao seu lado. Era a sua casa.
— Eu posso? — Ele perguntou se aproximando mais devagar enquanto soltava a mão dela. Ele nunca mais a iria tocar sem a permissão dela, nunca mais iria atrás dela sem que ela quisesse e pararia toda vez que ela pedisse. Ele nunca mais seguiria ordens que não fossem as dela.
Violet balançou a cabeça e ele passou os braços pela cintura dela, havia gentileza no toque e devoção com um desejo de apagar todas as vezes que eles se tocaram de forma rude acertando o ponto fraco um do outro como inimigos. Agora ele a segurou do jeito certo, do jeito que deveriam ser o tempo todo. Ele a abraçou e suspirou temendo que nunca mais fosse ser amado daquela forma.
— Estamos chegando. — Anunciou Steve se preparando para o pouso.
— Tente não afundar a aeronave no gelo desta vez. — Violet murmurou e sentiu o corpo de Bucky se contrair e som grave de sua risada perto do ouvido dela.
Podia sentir a expectativa crescendo dentro de si, esperava que tudo certo. Esperava que pudesse ouvir Bucky rindo descontraidamente daquela forma mais vezes. Só esperava que que um dia pudessem estar a salvo e que esse dia estivesse próximo.
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notas da autora!
Lembro que a primeira vez que escrevi este capítulo, tive um bloqueio muito forte e não conseguia desenvolver a cena do confronto no aeroporto. Levei meses para conseguir me convencer a continuar escrevendo. Ainda acho que não ficou tão bom quanto eu gostaria, mas acho que pelo menos ela ficou divertida. Precisava de um clima mais leve para aprofundar aos poucos até chegar nas angústias do próximo capítulo, rs. Enfim, espero que tenham gostado! Até a próxima, galera! <3
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